sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O peso de falar


“Jó falou sem conhecimento; às suas palavras falta prudência.” Jó 34;35

As falas de Jó sofreram avaliações distintas. No aspecto vertical, O Próprio Senhor denunciou sua ignorância: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Porém, perante os amigos dele, suas palavras foram tidas por retas, ante tantas tolices faladas por aqueles; “... O Senhor disse a Elifaz: A Minha Ira se acendeu contra ti e teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Cap 42;7

Perante O Santo nossas “razões” viram pó; nas relações interpessoais, Ele Vê onde reside a justiça.

Respondendo aos amigos, Jó mesmo os chamou de médico inúteis; aquilatou suas falas como insossas; como clara de ovo sem sal. Mas, perante O Eterno, ele admitiu sua insipiência; “... Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e eu não entendia.” Cap 42;3

Assim, vemos a importância do contexto nas nossas incursões hermenêuticas; pois, como disse Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Dada a solene necessidade de temor, quando estamos em “terra santa”, em lugares consagrados ao Senhor, os homens prudentes têm mais ouvidos que bocas.

“Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Ele Está nos Céus, e tu sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos e a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;1 a 3

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Nesses tempos sombrios, onde o homem domina os meios alienado dos fins, basta “dar um Google” e todos “sabem” tudo, a respeito de tudo, as bocarras sem cérebros abocanham aos próprios ouvidos. Os tolos abdicam do privilégio de ouvir e aprender, pela presunção de “ensinar” o que ignoram.

Se soubessem a seriedade disso, muitos “profetas” e “mestres” se recolheriam para escutar o eloquente discurso do silêncio. Uma pitada de exercício nele, e pouco a pouco descobririam a Voz do Espírito Santo corrigindo seus rumos.

Dos falsos profetas O Eterno Diz: “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, porém, profetizaram. Mas, se estivessem no Meu Conselho, teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Soa tão mais simpático mandar em frente, que chamar de volta. Esses “profetas” optam pela bajulação, invés da salutar e necessária correção. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Cheias estão as igrejas de gente inepta para expor À Palavra do Senhor, por preguiça estudar e aversão a cumprir, que se mete a seduzir incautos com as coisas que “O Senhor lhes mostra”. Não existem Promessas de Deus para quem se recusa a estar em paz com Ele; a não ser, promessas de juízo.

As pessoas preferem essas mentiras particulares aos conselhos gerais e verdadeiros, da Palavra escrita. “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e Meu povo assim o deseja; mas, que fareis ao fim disto?” Jr 5;30 e 31

Quanto aos ensinadores também encontramos sérias advertências: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3;1 e 2

Por fim, a todos os homens O Senhor advertiu, sobre a seriedade que eles devem ter ao falar; “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;36 e 37

No juízo seguidamente fala-se em “abertura de livros”; quais? Certamente, um deles traz o registro das nossas falas, como testemunhas em nosso julgamento.

Nosso conhecimento de Deus não brota ao se “dar um Google”; antes, demanda relacionamento; o que outros dizem, escrevem é deles; o que conta é o nosso; “... Tende sal em vós mesmos...” Mc 9;50

Oremos como Jó: “... eu te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino, me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;4 a 6

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

As provas


“Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

Que os cristãos são submetidos a provas é pacífico; mesmo os que não ousam uma entrega cabal de suas vidas a Jesus, eventualmente, apontam para certas dificuldades e dizem: “essa é minha cruz”; aludindo à figura que representa as renúncias necessárias, aos que pretendem pertencer ao Senhor. A cruz cristã vai mui além de sofrer consequências de más escolhas, como muitas vezes se verifica na “cruz” dos alienados.

Invés de os livrar das provações, O Senhor promete aos Seus, assisti-los nelas; “Quando passares pelas águas Estarei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2 Isso aos escolhidos do antigo pacto; aos do novo, “... eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos...” Mat 28;20

As provas não são para que Deus veja de que barro somos feitos; Ele Sabe. A didática das provações fala aos alunos, não ao Professor. “... para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como animais.”

Quando O Salvador começa pelo “Negue a si mesmo”, pretende “aprisionar os bichos”, e gerar um novo homem.

Embora cada cristão tenha sua saga particular, em âmbito geral, grassa o apodrecimento moral, inversão de valores. O efeito colateral da imbecilização coletiva promove o triunfo das nulidades; a corrupção sistêmica e institucional faz “agigantarem-se os poderes não maus dos maus,” somos tentados até, à “vergonha de ser honestos”, como já observara em seus dias, Ruy Barbosa.

A Bíblia antecipou: “... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

“sem amor para com os bons...”
A mentira sempre foi uma “fuga” para os que, a verdade constrangeria, responsabilizaria. Agora, até seu nome foi atenuado; narrativa; fake news. Essa fujona de outrora agora ataca à virtude como se essa fosse um vício. Indo além de não ter amor para com os bons, os “guerreiros da patranha” não têm respeito.

Emporcalharam o sentido das palavras, esculhambaram nosso idioma natal, em nome da “inclusão” de algo que sempre foi tido como uma paixão infame, um erro moral, o homossexualismo. Não pelejam pelo direito de serem assim; isso é pacífico; entre quatro paredes cada um faz o que quiser.

Sua gritaria visa a imposição das doenças psíquicas, o veto à crítica, em nome das quais pretendem que enviesemos nosso patrimônio cultural, para “provar” que não somos o que somos; gente de valores cristãos, conservadores, e afeitos à língua nacional. De minha parte, danem-se “todes”! Ah, meu corretor de textos segue “homofóbico”, pois, recusou-se a “incluir” essa porcaria.

Nos festejos ímpios do Carnaval, temos visto também reiterados ataques à fé cristã, em mais uma nuance que ao vício não basta o amplo espaço para ser vicioso; precisa atacar quem discorda dele. Houve um tempo em que os maus apenas fugiam da luz; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Agora, partiram para a inversão total, e o enfrentamento; um “ai” os espera: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz e da luz, trevas; e fazem do amargo doce e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

A provação dos justos é passar por tudo isso sem arrefecer; sem abdicar do amor pela justiça e verdade. É muito fácil gritar o que todos gritam e aplaudir o que todos aplaudem. Flutuar a favor da corrente até bosta flutua; agora, nadar ao contrário, rio acima, como fazem os peixes na piracema é ousadia para poucos.

Mas, esses poucos, embora pareçam entregues à própria sorte, contam com a assistência e o zelo dos Céus; “Eles serão Meus, Diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;17 e 18

A coragem de separar-se hoje, só é possível quando o homem foi regenerado. Onde não, os bichos seguem soltos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O menino e o velho


“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se a criança sábia está em oposição ao rei que não aceita correção, admoestação, necessária a conclusão que, a sabedoria da criança em questão, não é um conteúdo luminoso, apto a esclarecer as coisas para outros; antes, uma disposição moldável, de quem aceita a instrução; sua sabedoria é um princípio, não, um contingente.

“Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

Ao pensarmos num rei assim, uma das primeiras figuras que ocorre é a de Acabe. Quando o profeta do Senhor, Micaías, advertiu que ele morreria na batalha que pretendia travar em Ramote Gileade, invés de se dar por avisado e evitar o risco, mandou prender o profeta; disfarçou-se de soldado, abdicando das vestes reais, como se, pudesse malograr ao Divino aviso mediante esperteza; mesmo assim, foi morto.

Certamente, uma criança avisada do perigo o teria evitado. 

Ainda concorrem exemplos e Saul, Jeroboão, e outros tantos, como monarcas insensatos; mesmo os bons reis, Uzias e Josias cometeram insensatez, em momentos decisivos.

Figuradamente, todos os convertidos têm dentro de si, essas duas pessoas. O rei velho que se sente dono do pedaço e quer as coisas à sua maneira, o ego; e a criança regenerada, mediante o novo nascimento em Cristo.

Paulo menciona o velho como descartável; “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;” Ef 4;22 “Não mintais uns aos outros, pois, já vos despistes do velho homem com seus feitos. “ Col 3;9

Pedro encoraja aos novos convertidos a tratarem bem do novo homem; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

O velho homem, também conhecido por homem natural, ou carne, gostou muito da autonomia proposta pela oposição; sua pose enrijecida e insensata leva-o a se opor contra quem não pode vencer. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Se, melhor é o infante que o sênior insensato, natural que, A Palavra da Vida, além de depreciar a um, aprove ao outro. “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no Reino dos Céus.” Mat 18;4

Agora a figura da criança recebe nuances de interpretação, realçando que a qualidade apreciada é sua humildade.

Não significa que os cristãos devam permanecer infantis ao decurso do tempo, antes, devem crescer; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que me tornei homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

A meninice espiritual tem seu lado negativo associado à recusa em crescer, pela negligência em receber à Palavra; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13


O mesmo Paulo explica ambas as “idades” que convém que tenhamos: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Na verdade, quando nos recusamos a crescer, é já nosso “rei velho” que ainda induz ao menino, impondo suas predileções doentias, onde deveria arbitrar apenas A Palavra de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele...” Is 55;7

Quando a Palavra amaldiçoa a quem confia no homem, muitos pensam ser porque as pessoas de suas relações não são confiáveis. Na verdade, o veto refere-se a confiar em si mesmo, invés de o fazer, no Senhor; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 1;5

Não importa nossa idade nem o tempo de conversão. Sempre que seguimos às inclinações da carne, seguimos ao velho insensato. E quando ouvimos a Espírito, andamos segundo “a criança sábia”.

Daí, a sentença. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;12 a 14

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Fora de moda



“Examinais as Escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam; mas, não quereis vir a Mim para terdes vida.” Jo 5;39 e 40

Duas barreiras alienavam os ouvintes de Jesus, da vida. Uma intelectual; mesmo pesquisando no lugar certo, nas Escrituras, não encontravam o que ali estava; outra, volitiva. Embora, O Salvador assegurasse ser O Messias prometido nas Escrituras, e fizesse sinais que testificavam disso, O rejeitavam; “não quereis vir a Mim para terdes vida.”

A incredulidade, invariavelmente assoma como efeito colateral da mentira satânica: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal.”

No exercício insano dessa pretensa autonomia, o homem se dá ao direito de rejeitar às coisas que não desfilam ante si, do exato modo em que ele devaneou em suas expectativas desorientadas.

Como um abismo chama outro, os incrédulos, ao recusarem a Redenção em Cristo, seguem reféns do alucinado mor, que aproveita para acentuar inda mais o que sabe fazer de melhor; cegar. “Mas, se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Salvação é iniciativa graciosa de Deus, natural que seja Ele Quem Escolhe os termos. O modo escolhido destrona esse suicida insano acoroçoado pela oposição, o ego. “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

O ego tem suas próprias medidas, que ante O Santo não valem nada; “Filho meu, não te esqueças da Minha Lei; teu coração guarde Meus Mandamentos. Porque eles aumentarão teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. Acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem. Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;1 a 5


Então, devemos deixar nossa vã maneira de pensar. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8


No fundo, a barreira “intelectual” é uma máscara que os afeiçoados ao mal usam, para, bancando os desentendidos camuflarem seus afetos suicidas. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Ir a Cristo para ter vida requer a mortificação do modo de vida pautado pelas obras más. Embora, a salvação não seja pelas obras, mas pela fé, essa fatalmente mudará o modo de agir dos que creem, uma vez que, sem obras a fé é morta. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus Preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

A barreira intelectual é falaciosa; a da vontade é mui real. Por entenderem o custo do que é requerido, muitos amantes da vida irresponsável que levam não queriam ir ao Salvador para ter vida.

Seu apego doentio à existência sem compromisso é para própria perda; “Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;24

Facilmente as pessoas aceitam a identificação com Cristo nos quesitos, manifestação de poder, operação de milagres; todavia, somos chamados a nos identificar com Ele no serviço, renúncia, na morte. “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim...” Mat 11;29

“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A “porta estreita” e o “caminho apertado” estão fora de moda, nesses dias tão “inclusivos” em que vivemos.

Entretanto, a salvação não se alinha à moda, essa miragem volúvel que cambia mais rápida que as fases da lua, mercê das “tendências”.

O Eterno lida com coisas eternas. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Preço da liberdade


“Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Quando alguém deseja ingressar numa instituição de ensino, além de fazer a inscrição, paga uma taxa estipulada para a mesma, habilitando-se a devida matrícula.

Pois, como vimos, a matrícula para se aprender de Cristo é a perseverança; “se vós permanecerdes na Minha Palavra...”

A alma humana é volátil; como uma criança que vive sonhando com um brinquedo novo. Obtido esse, até se satisfaz, por um dia ou dois, depois, o tal entra para o rol dos “velhos” e outro ocupa o lugar do anseio superado.

Permanecermos na Doutrina do Senhor requer uma constante luta contra nós mesmos, nossa natureza, cuja inclinação se opõe à tal. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Sabedor disso, O Salvador Desafiou quem O quiser seguir, para que comece a caminhada enfrentando ao obstáculo principal; “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Se, só Ele Tem palavras de vida eterna, como disse Pedro, essas nos desafiam à renúncia do modo ordinário de viver; Paulo chamou de “Palavra da cruz”; vejamos: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o Poder de Deus.” I Cor 1;18

Colar o rótulo de cristãos é algo fácil, que a maioria o faz. O cemitério está cheio de sepulcros que trazem uma estrela figurando o nascimento, e uma cruz, a morte de alguém. Quem Veio precedido por uma estrela, e partiu numa cruz, Foi Ele. Então, os que colocam aqueles signos sobre os jazigos dos parentes pretendem identificá-los com Cristo.

Isso é uma decisão pessoal, que cada um toma em vida; após a morte já não há identificação factível. Paulo denunciou uns, que, malgrado a frequência nos ambientes cristãos, recusavam o preço. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.” Fp 3;18

Porque a maioria dos humanos, infelizmente, não apenas não permanece nas Palavras do Senhor; não faz isso nem em relação às próprias palavras. O Senhor ensinou: “Seja, porém, vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5;37

Afinal, o cidadão dos céus é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Quem do Senhor aprendeu um pouco, está em constante combate consigo mesmo, com a própria natureza pecaminosa; quem ignorou às Palavras do Salvador, geralmente combate aos outros; seu alvo não é melhorar, mas prevalecer.

A consequência prometida aos que permanecem no Salvador é a obtenção de uma luz que liberta; “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;32 Se, o agente libertador é a verdade, óbvia a conclusão que, quem aprisiona é a mentira.

Aquela, contada no Éden, que o homem não morreria desobedecendo, antes, seria autônomo para estabelecer valores conforme quisesse.

Embora os pecados da humanidade sejam como as estrelas dos Céus, impossíveis de ser contados, é esse, singular, que incomoda ao Eterno. Quando O Redentor Veio foi apresentado por João Batista, nesses termos: “Eis O Cordeiro de Deus que tira “o pecado” do mundo”. Pecado, no singular, como se fosse apenas um. Aquele, da autonomia suicida proposto pela oposição.

Nossos muitos são remidos por Um só Ato de Justiça, se, nos submetermos aos Ensinos e Mandamentos do Salvador. “... Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” Rom 5;16 e 17

Permanecermos na Palavra Dele, julgarmos a nós mesmos à Luz dos Seus Ensinos, livra-nos do juízo que oportunamente, virá; “Quem Me rejeitar, não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que Tenho Pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

A verdade geralmente nos deixa em maus lençóis; mas o arrependimento e a mudança recolocam as coisas no lugar.

Infelizmente, muitos dos matriculados serão expulsos, por se mostrarem refratários ao Divino Mestre.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tm 4;3 e 4

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

As necessidades


“... vosso Pai Celestial bem Sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Certa vez li algo, onde o autor defendia que as necessidades determinam os valores.

Usou como exemplo um explorador numa aldeia primitiva, possuidora de certa quantia em ouro; se oferecesse em troca do metal, alguns milhares de dólares, a oferta seria recusada.

Porém, se ofertasse armas, cobertores, espelhos e afins, obteria êxito.
Os nativos não necessitavam dólares, sequer os conheciam; mas essas coisas sim. 

Num primeiro momento esse raciocínio me soou lógico, convincente. Mas, como diz no Eclesiastes, “não é dos ligeiros a corrida.”

Pensando melhor, novo aspecto apareceu. Muitas vezes, nossa mais urgente necessidade nos passa despercebida. No caso dos nossos nativos, a carência era de conhecimento e entendimento. Se soubessem o valor do que lhes fora oferecido, teriam aceito; invés de optarem por coisas que, com os bens da primeira oferta, poderiam adquirir cinquenta vezes mais.

As privações relativas à luz é que nos fazem usar “diamantes em fundas”.

Preferindo o comodismo na morte, ao confronto que ilumina, o homem, traidor de si mesmo, se volta contra quem o tenta ajudar, na inglória sina de animal noturno. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Alguns estudiosos categorizam às necessidades como primárias; as que dizem respeito ao físico; alimento, água, procriação; secundárias; que atinam aos anseios da alma; afeto, relacionamento, aceitação, reconhecimento, estima... as coisas do Espírito, intuição, comunhão e consciência, a maioria dos filósofos e psicólogos, pouco menciona.

Embora muitos pretendam harmonizar a psicologia com O Evangelho, eventualmente, tais se mostram antagônicos. Para Abraham Maslow, psicólogo humanista, a autorrealização, estaria no ápice da pirâmide onde valorou as necessidades humanas.

O Evangelho de Cristo, invés de colocar o “auto” no alto, relega-o ao baixo: “Negue a si mesmo”. Invés de nossos mais caros anseios, a vida como Deus deseja; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo Foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Para Deus, nossas necessidades “primárias” são espirituais. “Primeiro, o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Se fôssemos moldáveis pelas adjacências, como disse Ortega Y Gasset, “O homem, é o homem e suas circunstâncias”, em quê superaríamos aos animais?

Não restou grande coisa em nós, após a queda, por causa do pecado; mas, O Criador nos preparou com condições bem mais ricas que os animais; “Pouco menor o fizeste do que os anjos, de glória e honra o coroaste.” Sal 8;5

Não, meros instintos, antes, o entendimento, o exercício da razão no Espírito, deve patrocinar nosso serviço ao Eterno; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

A oposição acoroçoa instintos, enquanto, tenta embaçar entendimentos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho...” II Cor 4;4

A fé que agrada a Deus, desafia-nos à firmeza baseada na Integridade Divina, não no que vemos. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A inversão de valores que grassa, onde autoritários são tidos por democratas, devassos, por expoentes culturais e corruptos, por benfeitores, não é reflexo de uma necessidade; antes, de uma inclinação global, do espírito do mundo, que usa rótulos de pretenso engajamento social unificado, para maquiar a ruptura contra O Ungido do Senhor, Jesus Cristo. “Os reis da terra se levantam os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Como nossos nativos ignorantes do exemplo inicial, outra vez estão os homens desprezando coisas valiosas em troca de quinquilharias pontuais, ordinárias.

Os mortos espirituais que precisam urgentemente de regeneração para a vida mediante reconciliação com O Criador, seguem em guerra contra Ele. Correm após prazeres e afirmação, de costas para o Príncipe da Paz. “Isto é: Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo; não lhes imputando Seus pecados; e Pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Essa geração Tik Tok, avessa à leitura, inepta para reflexão, não ousa além da superfície das coisas, como se as pérolas se extraíssem de cobras d’água.

A presunção pinta titãs onde vivem anões. Tais não necessitam dessas ninharias infantis, tipo, depender de Deus.

“As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.” Saint Exupérry

Taças da soberba


“Todos nós somos como o imundo; todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Na Terra há distinções por “honra ao mérito”, louros aos destaques em determinada área da cultura, ciência, como o Prêmio Nobel; feitos no jornalismo e artes cênicas, música, como o “Troféu Imprensa”, o “Grammy”, Oscar; exaltação à excelência no futebol como a “Bola de Ouro”, etc.

Os “critérios” para eleição dos melhores são confusos; às vezes, interesses econômicos via patrocinadores, favorecimento às empresas onde trabalham os “vencedores”; outras, de domínio mediante a promoção dos alinhados a determinada ideologia, fisiologismos vários... não raro, os que estão no topo trazem à lembrança, Ruy Barbosa, que se referiu ao “triunfar das nulidades.”

A Palavra de Deus é avessa ao aplauso humano, por causa das doenças que enfermam nossas almas. “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

“A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Do ponto-de-vista que conta, perante O Senhor da vida, todos começam no subsolo, gostando ou não. “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;2 e 3

Por isso, a sisuda figura usada por Isaías: “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.”

Geralmente, quanto pior uma pessoa é, mais ela se ofende se for arrolada entre os maus. Parte da sua maldade, a presunção, patrocina seus melindres.

Seguido deparo com uma frase: “Você não precisa de religião para saber o certo e o errado; isso não é questão de religião, mas de caráter.” 

Embora pareça uma ousada defesa filosófica, no fundo é só a reengenharia de uma antiga frase do capeta: “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal”.

Saber do certo e do errado é possível a todos sim, graças a um fragmento do original que permaneceu no homem após a queda, a consciência.

Entretanto, saber do mal, e mesmo assim incidir nele, mesmo contra vontade é a escravidão ao pecado onde erra o homem divorciado do Criador. “Porque o que faço não aprovo; o que quero isso não faço, mas o que aborreço faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 20

Quem não reconhecer que está sob esse rude feitor, jamais receberá a “carta de alforria” assinada pelo Sangue de Jesus Cristo.

Um dos efeitos colaterais de estar amasiado com o pecado é a cegueira espiritual, que, vê pureza onde O Santo contempla imundícia. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Daí, o antídoto à sugestão de independência do tentador: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Não basta saber diferir entre certo e errado. Em geral o homem presunçoso até pratica alguns certos que não lhe incomodam, como se, essa “obediência” lhe desse direito aos errados de sua predileção. Aqueles na vitrine, esses, no fundo da loja.

É preciso negar a si mesmo, abraçar como nossas, as predileções do Salvador. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Além de ampliar nossa percepção para vermos no prisma espiritual, O Salvador faculta poder, aos Seus, para agirem como Ele; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Nem é questão de religião, mas submissão. Ou, isso em Deus, e a vida, ou, mero Faraó embalsamado, cheio de ouro de tolos no sarcófago.