sábado, 21 de janeiro de 2023

Os escolhidos


“... O Senhor seja contigo; prospera, edifica a casa do Senhor teu Deus, como Ele disse de ti. O Senhor te Dê tão-somente prudência e entendimento, te instrua... isso para guardar a Lei do Senhor teu Deus.” I Cron 22;11 e 12

Davi comissionando Salomão, para a edificação do Templo. Houve um tempo em que O Senhor Escolhia os servos específicos para Sua Obra. “... como Ele disse de ti.” Hoje, infelizmente, muitos, mal aprendem alguns cacoetes, já se arvoram pastores, bispos; fundam seus “ministérios”, cujos frutos, nem sempre são de alguma utilidade. A maioria escandaliza, mais do que estimula à conversão.

A facilidade, não raro, leva a lugares baixos. Perante O Altíssimo, algumas credenciais e certo preço são inevitáveis. Aqueles que “baixam a régua demais” não se comprometem com O Santo; “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

“Convém que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda modéstia (Porque, se alguém não sabe governar sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora...” I Tim 3;2 a 7

Se fizéssemos um “revalida” com todos que estão ministrando por aí, à luz desse padrão, teríamos uma debandada como a que houve na convocação de Gideão; de trinta e dois mil, restaram trezentos.

Não se conclua dessas palavras, porém, que defendo o clericalismo, onde apenas uma “elite” espiritual teria acesso às coisas santas. Esse sistema, ainda que, de aparente conhecimento e prudência, mantém as escolhas em patamares humanos; por esse prisma, Samuel se equivocou antes os robustos filhos de Jessé. “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o Tenho rejeitado; porque o Senhor vê não como o homem; o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Inevitável que um coração probo aos Olhos Divinos, enseje a produção de frutos, conforme a fonte; “Sobre tudo que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Certa vez ouvi de um pregador, que, um pastor não deve separar obreiros para que venham a ser; antes, porque já o são. Pelos frutos que produzem onde congregam, deixam evidente que O Eterno já os fez aptos a determinadas funções. Assim, o homem espiritual, com oração, temor e discernimento, apenas confirma o que O Senhor já fez.

A separação, embora honrosa, não é uma subida no quesito, poder ministerial; antes, uma responsabilidade maior no prisma do dever, da obediência; “O Senhor te Dê tão-somente prudência e entendimento, te Instrua... para guardar a Lei do Senhor teu Deus.”

Se, algumas coisas para essa função, pedimos a Deus, prudência, entendimento, instrução; guardar a Lei do Senhor ainda será uma tarefa humana. Uma escolha arbitrária, que podemos fazer ou não.

Um líder espiritual aprovado não é alguém que ensina como os outros devem agir; antes, outrem que mostra mediante seu exemplo; “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” I Ped 5;2 e 3

A edificação do Templo, nos dias de Salomão era literal; para isso Davi provera os meios necessários doando de seus bens e estimulando o povo a fazer o mesmo. O mencionado exemplo.

Para a edificação dos templos espirituais, que somos nós, O Rei dos Reis Proveu tudo que é necessário e nos Deu, em Sua Palavra; “Visto como Seu Divino Poder nos Deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;3

Entretanto, de nada valerá todo “material” disponível, se nossos corações seguirem endurecidos, indolentes, alheios. “... edifica a Casa do teu Deus.” “Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; Viremos para ele e Faremos nele morada.” Jo 14;23

Vemos que a “planta do templo” traz duas credenciais iniciais necessárias: Amor e obediência; “Se alguém Me Ama guardará Minha Palavra.”

Em Seu amor Infinito O Eterno chama todos; os que correspondem ao Seu Amor, a esses, escolhe. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Presença de Deus


“Minha alma anseia pelo Senhor, mais que os guardas pela manhã...” Sal 130;6

O que significa a chegada da manhã, para guardas que vigiam a noite inteira? Fim da jornada, missão cumprida, descanso. Mais do que isso, segundo Davi, sua alma esperava por Deus; ansiava por Ele.

Há uma diferença muito grande entre esperar pelo Senhor, e esperar do Senhor; digo, desejar Sua Pessoa Bendita, ou, apenas desejar receber coisas Dele. Pois, uns desejam a bênção do Senhor; outros, a Presença.

Muitos pregadores exaltam Jacó, quando, em Peniel, lutou com O Anjo do Senhor; insistiu até o fim, nesses termos: “Não te deixarei ir, se não me abençoares.” Gn 32;26

Óbvio que se trata de figura de linguagem. Jacó não poderia reter o Anjo; “não te deixarei ir” deve ser entendido como expressão da mais íntima vontade do Patriarca; não irás, me deixando contente sem antes fazeres isso. Não significa que Jacó tivesse poder superior, e condicionasse o Anjo a fazer algo para ser livre.

No entanto, permanece o fato que ele lutou pela bênção. Para os que acham esse episódio um modelo, ensinando que devemos “lutar com Deus” até obtermos o que desejamos, a Palavra traz um incidente mais inspirador ainda; Moisés.

“... Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui.” Ex 33;15

Vimos que, Jacó desejou com toda sua alma, as bênçãos de Deus; a Moisés, bastava a Presença. Qual das duas posturas seria mais agradável diante do Eterno? A Palavra ensina: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele Existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Quem O tiver consigo, terá como Ele É; ser galardoador, abençoador, é parte do Divino Ser. Se, buscarmos a coisa certa, até as não buscadas virão. Se tivermos conosco a Santa Presença, certamente teremos também, a bênção.

Salomão teve oportunidade de pedir o que quisesse; pediu sabedoria para fazer justiça, ao julgar o povo. Eis a resposta! “... Porquanto pediste isso, não pediste para ti muitos dias, nem riquezas, nem a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; eis que Fiz segundo tuas palavras; te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará. Também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos teus dias.” I Rs 3;11 a 13

Salomão pediu algo que agradou ao Eterno, e recebeu mui acima do que rogou.

Devemos ser prudentes quando lemos as Promessas de Cristo, “Tudo quanto pedirdes em Meu Nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.” Jo 14;13 Esse “tudo” deve se enquadrar nas Palavras que Ele ensinou: “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Tudo o que buscaria alguém espiritual, identificado com Cristo; quanto aos meros mercadores de bênçãos, Tiago adverte: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” Tg 4;3 e 4

Não confundamos, “em Nome de Jesus” como sendo mera fórmula infalível para ter orações atendidas. Primeiro, arrependidos após ouvirmos A Palavra da Vida, devemos nos identificar com O Salvador, ritualmente, pelo batismo; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Então, nos identificar espiritualmente, pela santificação; “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor Conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Se, Nele nascemos de novo, aprendemos andar em novidade de vida, como pediríamos ainda, coisas do velho homem? “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

A Divina presença em nosso mundo não deve ser desejada como uma epifania, uma visão extraordinária. Quando Seus atributos, comunicáveis, verdade, justiça, integridade, pureza, mansidão, amor, forem motrizes de nossas ações, de certa forma estaremos na Santa Presença. Quem presume amar a Deus, que aprenda a amar Seus atributos.

Davi conseguia ver a Divina Face na justiça, e já queria ser parecido com ela; “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Tesouro de tolos


“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos... Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1, 2 e 5

Não é erro o amor próprio; na devida medida é tido como referencial do amor devido ao semelhante; “Ama ao teu próximo como (amas) a ti mesmo”.

Quando Paulo denunciou os tempos difíceis, no qual, os homens seriam “amantes de si mesmos” aludiu ao egoísmo doentio de nossos dias; onde, o amor devido ao próximo é sonegado, e doentiamente carreado para si mesmo. Quando alguém faz algo na área da caridade, tira fotos, filma e coloca nas redes sociais; exibe-se, para que todos vejam. Amou a admiração humana e já teve sua recompensa; nada depositou para o “Tesouro nos Céus.”

Se, o próximo é alvo do meu amor, as necessidades dele, em certo grau, são minhas também. “As necessidades materiais do teu próximo, são as tuas necessidades espirituais.” Como disse Israel de Salant.

Sendo ele mero expectador de meu amor próprio desmedido, vira observador de minha “bondade”, alguém que deve me admirar, invés de outrem que, eu devo amar. Para conseguir isso, preciso parecer “bem na foto” aos olhos dele, por isso capricho na “aparência de piedade”. Notemos que, as raízes da hipocrisia são alimentadas pelos “sais minerais” do orgulho e do egoísmo.

A piedade verdadeira me faria preocupado, solícito; a mera aparência é só o doentio desejo de aplausos. Por honrarias humanas, o homem hipócrita consegue fazer sacrifícios até. Contudo, “Ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Por que alguém faria tais coisas se não tivesse o amor altruísta como motivo? Pelos motivos vistos acima. Desejo doentio de celebrizar seu nome, invés de, desinteressadamente, partilhar, socorrer.

A prioridade ao semelhante antes de nós, foi defendida por Cristo; “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12;7

A Parábola do Fariseu e do publicano ilustra; nela vemos dois homens, um cheio de sacrifícios, jejuns, religiosidade... enfim, cheio de si. Outro, sem nenhum mérito, apenas, sincero e arrependido. Esse foi justificado, aquele, não.

A misericórdia coloca meus dons, afetivos, espirituais, materiais, a serviço das necessidades alheias; o sacrifício pode ser patrocinado pelo fanatismo, orgulho, egoísmo, buscando coisas exclusivamente para mim.

O Único Sacrifício verdadeiramente altruísta, que se deu inteiramente pelas carências alheias, foi o de Cristo; a maior demonstração possível, de amor; “Ninguém tem maior amor que este, de dar alguém sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13

Então, foi por urgente necessidade nossa. A impostura de Satanás escravizara o homem, apenas um Resgate como O de Jesus Cristo, redimiria; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos pecadores, e feito mais Sublime do que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Ele disse que Daria Sua Vida pelos Seus amigos; porém, condicionou essa amizade a certa maneira de ser; “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que vos Mando... Isto vos Mando: Que ameis uns aos outros.” Jo 15;14 e 17

Mas, voltando ao início, como é possível negar a eficácia da piedade? Antes, devemos ver em quê, ela consiste. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Nas duas esferas, a presente e a eterna, a piedade traz proveito; o apego excessivo às coisas materiais, busca por honrarias na terra dos homens, mostra alguém que, mesmo aparentando ter, não usufrui a eficácia dessa qualidade.

Há um mineral chamado pirita de ferro, que, pela cor confunde incautos, por se parecer com ouro. Vulgarmente a chamam, por isso, de ouro de tolos. Pois, a vida espiritual também possui sua “pirita”, a hipocrisia; essa faz um estardalhaço áureo/religioso, mas nada valerá diante do Divino Ourives;

“Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes Direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

“A aparência das virtudes é muito mais sedutora que as próprias virtudes; quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente possui.” Madame de Ricobboni

Porém, “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” Jo 7;24

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O bom combate


“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” Heb 10;32

Invés da migração de um lugar a outro, iniciação ritual em determinado credo, ou, adesão a um conjunto de regras, normas, a salvação é figurada como sendo o raiar de uma luz. “... depois de serdes iluminados...”

Nossas almas eram ambientes escuros, dentro dos quais, a vinda de Cristo, O Salvador, acendeu uma luz que permitir vermos o que nos estava oculto.

Há uma migração, mas não envolve endereços que identifiquem um percurso; antes, duas condições, uma escura, outra, iluminada. “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da Glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” II Cor 4;6 “... Eu Sou a Luz do mundo; quem Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida.” Jo 8;12 etc.

Iluminação, refere-se a abertura do entendimento; A Palavra de Deus deixa ver isso, quando alude ao trabalho da oposição; “Mas, se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

É obra estrita da Graça Divina; “vós sois a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para Sua Maravilhosa Luz;” I Ped 2;9

Esse “iluminar” em nossos espíritos mostra-nos as coisas como são e nos desafia a andarmos conforme; “Esta é a mensagem que Dele ouvimos e vos anunciamos: que Deus é luz, não há Nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

Conversão não é mero desafio a mudar de vida; antes, um chamado para receber vida, àqueles que, em si mesmos estavam mortos; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que ouvirem viverão.” o 5;24 e 25

Essa luz opera muito mais que o mero possibilitar ver; “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” Jo 1;4

Enquanto errarmos em trevas, a oposição não se importará muito conosco; entretanto ao ouvirmos o Chamado de Cristo, as trevas passarão a resistir; “... depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.”

O inimigo não gasta seu latim para dissuadir a quem já está morto em delitos e pecados. Ele “deu corda” a toda maldade do mundo e deixa a mesma “no piloto automático”. A própria natureza humana caída trabalha para ele; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Seus esforços visam cegar, barrar o caminho daqueles que aprendem de Cristo.

Muito se fala alhures, em batalha espiritual; poucos, contudo, percebem que a mesma tem como objetivo a conquista das mentes, pois, segundo as diretrizes dessas, as ações humanas são decididas.

Por isso, quando Paulo menciona nuances da batalha, alude a isso; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Desse modo, a derrota do nosso inimigo tem a ver com nossos entendimentos aprimorados em Cristo, não com exorcismo, como parecem crer, alguns. As armaduras figuradas em Efésios capítulo seis, têm a ver com caráter transformado, justiça, verdade, fé, salvação, Evangelho; e a “arma” que faz a operação disso tudo; A Palavra de Deus.

Num mundo que, em nome de evitar polêmicas se “canoniza” tolerância, inclusão e similares, o menor desafio a seguir a Luz de Deus é tachado como “discurso de ódio”, os que desejam manter sua fidelidade a Ele precisam estabelecer prioridades. As coisas periféricas eventuais, combates da oposição, são o preço a pagar.

É compreensível que os “bichos” de hábitos noturnos tenham aversão à luz. Não sejamos dos tais; “Viu Deus que era boa a luz; e Fez separação entre a luz e as trevas.” Gn 1;4

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

A Luz


"Agora Senhor, despedes em paz Teu servo, segundo a Tua palavra; pois, já os meus olhos viram Tua salvação, a qual Tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, e para glória de Teu povo Israel.” Luc 2;29 a 32

Simeão, por ocasião da apresentação do Menino Jesus, com oito dias de vida. Deus lhe revelara que ele não morreria antes de ver O Ungido do Senhor, uma vez cumprido, disse essas palavras. Despedes em paz Teu servo.

Além de ser informado sobre quem era O Escolhido, Simeão pareceu ter uma ideia clara sobre a Missão do Salvador. Salvaria das trevas, e teria uma missão universal. “Luz para iluminar as nações...”

Fora vaticinado pelos profetas, que O Senhor viria com fulgor de uma imensa Luz; “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9;2 “Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, a Glória do Senhor vai nascendo sobre ti; porque eis que as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas, sobre ti o Senhor Virá surgindo, a Sua Glória se verá sobre ti. Os gentios caminharão à tua luz...” Is 60;1 a 3

Essa compreensão esperável, a partir dos escritos dos profetas, não foi encontrada quando do Ministério do Senhor. Invés de alguém que os iluminasse, os judeus desejavam outrem, que odiasse seus ódios, alimentasse seus preconceitos, e tornasse Israel, outra vez, um império, como nos dias de Salomão.

Invés disso, Jesus se mostrou amigo de publicanos e pecadores, solícito para com samaritanos, e até, pasmem! curava empregados dos romanos.

Grande parte do Ministério libertador do Senhor se perdeu, porque as pessoas não podem ser libertas daquilo que não desejam.

Consideravam mal, coisas que estavam ao redor deles, jamais, as que estavam dentro; ao revelar essas coisas, a rejeição assomou; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

A luz tanto é boa, quando, nos mostra as coisas circunstantes, quanto, quando nos mostra. 

O episódio da mulher adúltera, no qual O Salvador Desafiou a lançar a primeira pedra aquele que estivesse sem pecados, ilustra bem a facilidade humana de ver culpas nos outros, e a dificuldade de encontrá-las, em si.
A Luz não tem problemas com isso; mostra as culpas onde estiverem.

O erro que os coevos de Jesus cometeram é o mesmo de muitos atuais. Estão dispostos a ter um relacionamento com Ele, desde que, possam estabelecer em quais termos.

Duas coisas a considerar: Ninguém é forçado a seguir Jesus; mas, se o fizer, que o faça nas condições Dele. “Chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após Mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-Me.” Mc 8;34

“Se alguém quiser...”
Ele jamais coage ao homem. Livremente esse terá que decidir se O segue, ou não. A única forma justa de responsabilizar pelas consequências é advertir das mesmas, e facultar liberdade de escolha; Deus o Faz assim.

Quando A Palavra diz que Ele “nos predestinou em Cristo” isso refere-se aos predicados, não, sujeitos. Digo, preparou d’antemão o destino dos que estarão “em Cristo”, sem predeterminar quem estaria. A escolha continua sendo do homem. “... te tenho proposto a vida e morte, a bênção e maldição; escolhe, pois, a vida...” Deut 30;19

Se alguém supõe tomar para si O Nome do Senhor, para obter vantagens segundo seus desejos desorientados, não entendeu a Missão Dele; “Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Há uma inimizade eterna a ser desfeita, primeiramente. Cada um de nós, por cioso de suas boas obras que seja, tem sua parcela de culpa, pelo largo consórcio com o pecado.

A Luz Veio, não para realizar nossos desejos, mas, para suprir uma necessidade vital, e desafiar-nos a segui-la. Apenas assim, a eficácia do que Ele Fez por nós se verifica; “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

O homem espiritual


“Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior;” Ef 3;16

O Novo Nascimento é que gera em nós o que Paulo chamou de “homem interior”. Corroborar é o mesmo que, dar robustez, enrijecer, fortalecer. Quais exercícios poderiam fazer isso com o homem espiritual? “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Em Provérbios encontramos a migração do potencial para o atual; “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

O homem sábio traz em si esse potencial, de agir conforme a sabedoria; ao atuar assim, ele solidifica o que pode.

Atuar fortalecido no homem interior, muitas vezes requer uma aparente fraqueza; pois, precisamos renunciar às armas naturais, em prol das espirituais; quanto mais de Cristo em nós, mais enfraquecemos em nosso afã natural, para que Nele, sejamos fortalecidos.

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias, por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;10

O mesmo Paulo ensinou que lutava contra sua natureza, para que permanecesse subjugada, de modo a não atrapalhar seu ministério. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

A velocidade da vida moderna faz com que as pessoas anseiem resultados cada vez mais rápidos. O Espírito não embarca para essa insana corrida contra as sombras. Seu processo é lento e demanda espera. “Sede, pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.” Tg 5;7 e 8

Assim como o natural requer alimento e água para viver, o homem interior precisa da Palavra; “... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que sai da Boca de Deus.” Mat 4;4

Infelizmente, a nossa geração sofre anorexia, no que tange ao alimento espiritual; negligência nisso, não apenas nos enfraquece, como tolhe o crescimento. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13

Como fortaleceríamos nosso homem interior, se todos os nossos cuidados se voltam ao natural?
A prioridade das coisas espirituais é uma teoria bonita que a maioria tem na ponta da língua; porém, poucos se dão a isso. “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

O egoísmo seria a primeira coisa a perder força, cumprido o “negue a si mesmo”. Entretanto, nem sempre é assim. Alguém ironizou: “Quando atravesso uma floresta, a única coisa que vejo é a lenha para minha fogueira.” Tantas vidas, animais e plantas para ver; mas, o egoísta vê apenas o que supre seus interesses. Esse vício é letal na caminhada espiritual.

“Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.” Fp 2;4

Num mundo como esse, egoísta, inacessível, onde as pessoas implicitamente dizem: Me ame, aceite como sou, aplauda, não me corrija. A ideia de interdependência, interação, cuidado mútuo, visão de rebanho, soa a agressão, intromissão, invasão.

Quem pertence a Cristo, não faz parte disso; “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso que o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Homens espirituais, muitas vezes são rejeitados em seu próprio meio; não poucos preferem o conforto da mediocridade adjacente, a conviver com a luz que desafia.

Há um nível de entendimento excelso ao alcance; mas, só poderemos galgá-lo levando a cruz. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

domingo, 15 de janeiro de 2023

Tesouro a buscar


“Eu te conheci no deserto, na terra muito seca. Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso esqueceram de Mim.” Os 13;5 e 6

O Eterno e Sua conturbada relação com Israel. Quando eles estavam no deserto, no cativeiro sob Faraó, e mesmo na peregrinação do Êxodo, facilmente foram conhecidos pelo Senhor. No entanto, levados à Terra Prometida, à abundância, a maioria esquecera a graça recebida. “Estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração...”

Daí, a parcimônia Divina com as bênçãos materiais. Quando pedimos algo, Seu Amor certamente O Inclina a nos dar; porém, o mesmo Amor consorciado com Sua Presciência, O Faz cauteloso; fartura recebida fácil, pode afastar aos ingratos de memória ruim.
Seríamos, perante Ele, como o filho insensato que cansa os ouvidos do pai, pedindo dinheiro para comprar drogas. O que o amor paterno faria?

Às vezes O Santo precisa nos curar de anseios malsãos, antes de nos socorrer nos bens. “Por isso, O Senhor Esperará, para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que Nele esperam.” Is 30;18

Ao salvo, talvez caiba a fala registrada em Jeremias, quando esse falou a Baruque: “Procuras tu grandezas para ti mesmo? Não as procures; porque eis que trarei mal sobre toda carne, diz O Senhor; porém te Darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.” Jr 45;5

O homem prudente haverá de rogar, mais ou menos como Agur; “Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar; tome O Nome de Deus em vão.” Prov 30;8 e 9

Se, é vero que O Salvador prometeu abundância, “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir; Eu Vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Jo 10;10. Convém que observemos o contexto imediato da Sua Fala; está em oposição aos feitos do “ladrão”, Satanás.

Se, ele rouba, mata e destrói, por que seus servidores gozam grandes fortunas na terra, viram presidentes da república até? Porque a vida e a abundância, que O Senhor Trouxe, são de outra estirpe. Assim como, a morte com a qual o ladrão engana aos seus, “folhando carne a ouro”.

Que a vida não tem nexo com a fartura material, Ensinou mais de uma vez; “A vida de cada um não consiste na abundância do que possui.” “Louco! Esta noite pedirão tua alma! O que tens preparado, de quem será?” “Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e essas coisas vos serão acrescentadas.” etc.

O Salvador pontou, sobre quais riquezas devemos buscar. “Não ajunteis tesouros na terra, onde traça e ferrugem tudo consomem; onde ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde ladrões não minam nem roubam.” Mat 6;19 e 20

Paulo seguiu as pisadas do Mestre: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo Está assentado à destra de Deus; pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;1 a 3

Parece contraditório estarmos mortos, e nossa vida escondida com Cristo; quer dizer, mortos para as coisas terrenas, mas vivos para Deus. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Quem presume que seja, O Evangelho, um manual de prosperidade, um compêndio de dicas motivacionais, que nos fará sentirmos satisfeitos conosco mesmos, ou, algo assim, devaneia vestir animais com vestes angelicais. Sim, o homem em si, sem a regeneração é só um bicho; “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

A filiação celeste depende de nossa relação com Cristo; “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Aqui somos peregrinos; lá seremos herdeiros do Rei. Esperemos pela herança no tempo certo; “A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada.” Prov 20;21