quarta-feira, 31 de agosto de 2022

O longe é perto


“Porventura Sou Deus de perto, diz o Senhor, não também de longe?” Jr 23;23

Sendo O Eterno, Onipresente, quando fala, perto ou longe, refere-se à humana percepção, não à Sua. O verso seguinte ajuda a esclarecer: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não Encho os Céus e a Terra? diz o Senhor.” v 24

Os falsos profetas se sentiam seguros de “longe” do Senhor; “escondidos” Dele. Nesse contexto, a pergunta aquela que desnuda à insensatez dos farsantes.

Davi tinha uma ideia mais apurada da “distância” que O Eterno estava dele; “Se subir ao Céu, lá Tu Estás; se fizer no inferno minha cama, eis que Tu ali Estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua Mão me Guiará e Tua Destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para Ti a mesma coisa;” Sal 139;8 a 12

Trevas e luz são a mesma coisa no sentido de não se poder fugir das Sua Vistas; não, da valoração desses, estritamente.
Como Davi sabia que o Eterno Estaria naqueles lugares todos, Céu, inferno, mar, trevas, se ele nunca fora lá? Porque sabia que O Espírito de Deus estava nele; então onde fosse, O Santo iria; tentar fugir seria como correr da sombra.

Esse privilégio de ser habitado pelo Senhor foi dado a todos os salvos da Nova Aliança. “Jesus Respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai o amará; Viremos para ele e Faremos nele morada.” Jo 14;23

Os que evitam o chamado ao arrependimento, para receber perdão e novo nascimento, estão “longe” de Deus no sentido de alienados da Sua Santa Presença; privados da Sua Bendita Habitação; não, longe o bastante para poderem se esconder; afinal, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4;13

Todos prestarão contas; não é mera possibilidade; antes, uma necessidade; crendo ou não, como Ele “temos de tratar”.

Certa vez, um ateu, a propósito da “hipotética” Onipresença Divina objetou: “Se Deus está em todos os lugares, deve estar no inferno também.” Ao que o pregador respondeu: Sim. Lá está Sua Ira. O castigo dos rebeldes é chamado também de Ira Divina, não apenas de inferno; “Segundo tua dureza teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5
Jeremias também mencionou: “Eis que saiu com indignação a tempestade do Senhor; uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a Ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do Seu Coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” Jr 23;19 e 20

Os que “se escondem” de Deus fazem como o avestruz que, uma vez enterrada sua cabeça na areia sente-se protegido; lê sua cegueira como se fosse o escape das vistas alheias. Assim os ímpios, mentem para si mesmos e acreditam; “Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu Seu Rosto; nunca isto verá.” Sal 10;11

Dizer tais coisas nos domínios do próprio coração é como encomendar sua segurança a um assassino; “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9

Mesmo nós que cremos temos um coração assim; daí, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Agora os corações enganados e enganosos criaram nova rota de fuga; agradecem ao “Universo” pelas coisas que recebem de Deus; vida, saúde, alento, paz... poderá acontecer que na hora do aperto lembrem Dele e não sejam atendidos. Nesse caso, Deus poderia se aproximar nas emergências; porém, na hora da calmaria deveria ficar em “Seu Canto”.

“O telhado a gente concerta em dias de tempo bom.” Benjamim Franklin

Enfim, quem, se dizendo crente, seguidor do Mestre, faz uma encenação piedosa quando cultua, se nas coisas cotidianas ainda age de modo ímpio, diverso do que aprende na Casa do Senhor é mais um traidor de si mesmo que atua pensando que Deus Seja apenas “de perto”; não, também de longe.

Templos são quartéis; os cultos o treino, a ordem unida; as tentações do mundo que nos rodeia é o campo de batalha onde devemos vencer como Ele Venceu.

Quem vive como se tudo fosse um teatro, o que terá quando se fecharem as cortinas?

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Falsos doutores


“Houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição; negarão O Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” II Ped 2;1

Os produtos de um falso profeta são profecias falsas; mas, temos os falsos doutores. Então, um doutor era um pouco distinto dos atuais. A formação superior em diversas áreas legitima o uso de tal título, ao formado. Médico, advogado, psicólogo, etc... naquela época, doutor tinha a ver com ensinador de uma doutrina; no caso da igreja, da Doutrina de Cristo.

“Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores; querendo o aperfeiçoamento dos santos...” Ef 4;11 e 12

Seu método: Introdução dissimulada. “Introduzirão encobertamente, heresias de perdição...” A Obra de Deus não combina com coisas ambíguas, ocultas; por atuar mediante à Luz, condena essas coisas. “Jesus lhe Respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; sempre Ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus se ajuntam; nada Disse em oculto.” Jo 18;20

Paulo foi enfático quanto às coisas ocultas; “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas; antes, condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.” Ef 5;11 a 13 Não há espaço para coisas encobertas na Obra de Deus.

Quem prefere seguir na prática do mal, mantém “distância segura” da Luz. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Um suicídio particular.

No entanto, quem se infiltra para perverter à Sã Doutrina é mais que uma pessoa que prefere a prática do mal; antes, é um ministro de Satanás disfarçado em ministro de justiça. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros da justiça...” II Cor 11;13 a 15

A um falso profeta basta o não cumprimento de sua profecia para desmascarar; quanto ao falso doutor, demanda que tenhamos conhecimento da Sã Doutrina para cotejarmos essa com os ensinos do tal.

Sua profecia ou “sinal” até poderá se cumprir; mas a doutrina subsequente se mostrará falsa. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder tal coisa, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador...” Deut 13;1 a 3

Os do nosso texto em apreço, segundo Pedro, “Negarão O Senhor que os resgatou trazendo sobre si mesmos, repentina perdição.” Existem mil maneiras de negar a Cristo. Não é preciso uma posição ostensiva nesse sentido, como fez Pedro em suas fraquezas.

Basta perverter a Graça Divina como fizeram alguns na Galácia e pronto. Paulo pegou pesado: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8 Uma interpretação, diversa da sadia, criara “outro evangelho”.

Quaisquer credos, que proponham caminhos alternativos como válidos, (vide ecumenismo) derivam de falsos doutores; Cristo não abre mão da Exclusividade: “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6 Os de Cristo formam um rebanho de ovelhas, não um balaio de gatos.

Mero desvio de foco; tendo O Mestre Ensinado a buscarmos Tesouros no Céu; se, invés disso um aponte para conquistas efêmeras na Terra, também é produto de falso doutor. “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” I Jo 2;15 e 16

O problema é que, as almas adoecidas, acostumadas à falsidade buscam por falsários que ensinem segundo suas inclinações perversas. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3

Quando existe simbiose entre farsantes e consumidores de falsidade, pouco se pode fazer. “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e Meu povo assim o deseja; o que fareis no fim disto?” Jr 5;30 e 31

A pessoa falsa geralmente parecerá mais simpática, carismática que a média; sabe que seu produto é ruim; daí capricha na embalagem e no rótulo. Assim, os falsos doutores.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Pesos leves, mortais


“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos.” Prov 14;30

Juvenal, pensador latino teria dito: “Mens sana in corpore sano;” ou, mente sã num corpo são.

A medicina lida com doenças psicossomáticas; (cuja causa está na alma, com reflexos no corpo). Apatia, desânimo, depressão, pânico... Aliás, ânimus é a palavra latina para alma; logo, desânimo significaria, sem alma.

Embora isso vulnere ao corpo tolhendo seu vigor e iniciativa, a causa está além.

Essas coisas são encontráveis também na Bíblia; “O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos.” Ainda: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Prov 15;13 etc.

O Senhor ensinou sobre o dever de perdoar, preocupado com nossa própria saúde, inicialmente. Mágoa é como um câncer; faz mal a quem possui. “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e, nenhuma raiz de amargura, brotando vos perturbe e por ela, muitos se contaminem.” Heb 12;15

O conselho contra a “raiz de amargura” traz anexo o aviso para não se privar da Graça de Deus, óbvio que, o não perdoar implica em não ser perdoado. Isso é privar-se da graça. O Salvador Disse: “Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores... Se, porém, não perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai não perdoará as vossas.” Mat 6;12 e 15

Quem é perdoado também desfruta alívio; livra-se de um incômodo peso. Então, por suas propriedades benfazejas nos dois lados, de quem dá e de quem recebe, o perdão é indispensável para quem deseja viver segundo Deus.

Sua prescrição é ilimitada; “Então Pedro, aproximando-se Dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim e lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” Mat 18;21 e 22

Porém, é preciso que a parte que falhou reconheça e peça perdão. Eu não poderia dar ao meu semelhante uma coisa que ele não deseja. Ademais, quando alguém nos ofende, por exemplo, e deixa sua ofensa cimentada com argamassa forte, isso atua como uma ferida aberta a sangrar em todo o tempo. Que adiantaria eu dizer: Te perdoo, para quem não procura perdão?

Mesmo com uma “ferida aberta”, porém, não precisamos agir mal contra quem nos feriu. O preceito aponta noutra direção: “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu Recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;19 a 21

“Amontoar brasas” sobre a cabeça de nosso desafeto é uma figura para as inquietações que assomarão nele, sendo ajudado por nós, não obstante, uma inimizada não tratada. Em muitos casos poderá cair em si, arrepender-se e reconciliar.

O amor é um argumento imbatível para dobrar à mágoa. Por isso, acima de todos os possíveis dons, Paulo o colocou em realce: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria.” I Cor 13;1 e 2

Diferente do mundo que “ama” aos belos, famosos, talentosos, o amor Ágape atua mui além; “Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que Está nos Céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Consciência culpada incomoda o sono de quem possui uma alma sadia; contudo, os viciados na impiedade são incomodados se não alimentarem seus vícios; “Não dormem, se não fizerem mal; foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar.” Prov 4;16 Almas doentes “pilotam” seus corpos para difundir enfermidades.

Enfim, O Temor do Senhor, invés de gerar medo, cuida de nossa saúde; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, medula para teus ossos.” Prov 3;7 e 8

“Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de ajudá-lo.” Sócrates

domingo, 28 de agosto de 2022

Transparência necessária


“Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, prostrou-se diante Dele e disse toda a verdade.” Mc 5;36

Jesus estava cercado por uma multidão; porém, queria saber quem lhe tocara de um modo tal que de Si saíra virtude. Objeções dos discípulos lembraram que muitos os apertavam; O Senhor pontuou que não se referia ao empurra-empurra; mas, a um toque especial, diferente, movido por fé. Então, a mulher se revelou.

Se alguém nos “tocar”, se aproximar de modo a ser, de alguma forma, contagiado pelo que em nós há, o será pelo quê? De nós sairá virtude, ou vício? Bons conselhos, exemplos, ou, maledicências? “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele Andou.” I Jo 2;6

Em muitos casos, “cristianismo” é apenas uma “esperteza” que usa Seu Nome e ambientes dedicados a Ele, tentando auferir vantagens egoístas. “Por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas;” II Ped 2;3

O juízo será mais severo contra profanos, que, contra pecadores comuns. “O servo que soube a Vontade do seu Senhor e não se aprontou, nem fez conforme ela, será castigado com muitos açoites;” Luc 12;47

Muito da “igreja”, atualmente, não passa de um puxadinho do mundo, decorado com papéis religiosos.

A sociedade é reflexo filosófico do mundo que “jaz no maligno;” não se cansa de afrontar valores, vilipendiar leis, premiar injustiça. Além disso, criaram a tal “Lei do Abuso de Autoridade” segundo a qual, os criminosos devem ter suas identidades preservadas. Um patife desses mata um homem de bem, o nome da vítima é publicado; do assassino quando muito as iniciais; francamente!

Outra coisa que discordo: O tal “direito de ficar calado”. Porém, caso alguém decida não falar quando acusado, como fica? O Estado o torturaria? Não.

Se dirigiria a ele, mais ou menos nesses termos: “Fulano de tal, estás sendo acusado de formação de quadrilha, latrocínio, seguido de ocultação de cadáver; lhe é facultado amplo direito de defesa, no exercício do qual, podes falar o que quiseres; caso te recuses a falar, O Estado o considerará culpado dos crimes que és acusado; por eles o julgará”.

hipotética sociedade sadia, que buscasse justiça; entretanto, não vivemos numa assim.

Pois, perante Deus esses “direitos” de defecar e cobrir com areia como fazem os gatos não têm espaço.

Nos dias de Josué um pecado oculto tinha dado azo a uma vergonhosa derrota perante um exército mui inferior; lamentaram-se perante O Senhor, que, Revelou a causa do abandono e da derrota; pecado oculto.

Então, se reuniram para descobrir quem fizera o quê? Um por um, os líderes eram inquiridos; chegada a vez de Acã ele o foi nesses termos: “... Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante Ele; declara-me agora o que fizeste, não me ocultes. Respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel; fiz assim e assim.” Jo 7;19 e 20

Como vimos, não foi permitido falar apenas treinado por um advogado; tampouco, oferecido direito ao silêncio. “não me ocultes”.

No caso da mulher com fluxo de sangue de nosso texto inicial, também; O Senhor requereu que ela se apresentasse e confessasse o que tinha feito.

“Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, prostrou-se diante Dele e disse toda verdade.” Mc 5;36

Não que nossa confissão seja necessária perante O Deus Onisciente; mas Ele a deseja porque a plateia que a ouvirá não é assim.

O próprio batismo de quem se converte é uma confissão pública de que deixamos a vida pregressa e passamos a pertencer a Jesus; Ele diz: “Portanto, qualquer que Me confessar diante dos homens, Eu o confessarei diante de Meu Pai, que Está nos Céus. Mas qualquer que Me negar diante dos homens, o Negarei também diante de Meu Pai, que Está nos Céus.” Mat 10;32 e 33

Somo chamados à Luz e para sermos também, luz. Invés de esconder o que fazemos devemos mudar a qualidade dos nossos atos, para que não haja motivos para isso. O Mestre ensina: “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16 Pois, “Quem pratica a verdade vem para luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20

Invés do direito de calar, temos dever de falar das coisas santas que vivenciamos; “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4;20

Para o mundo “a propaganda é a alma do negócio”, para os regenerados em Cristo, ser verdadeiros é o negócio da alma.

sábado, 27 de agosto de 2022

O molde permanece


“Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Livros sapienciais não são A Palavra de Deus, estritamente; algo que O Próprio Deus falou através dum Profeta, precedido de, “Assim Diz O Senhor!”, são textos inspirados; seus conteúdos, embora não sejam normativos são válidos; “Toda Escritura é divinamente inspirada, proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;” II Tim 3;16

Então, o verso supra também é. Parece esposar a ideia que, alguém instruído desde criança no caminho do dever, nele se manterá sem nenhum desvio; será?

Quem convive no meio cristão pode alistar dezenas de “desviados;” pior: Há muitos que sofreram decepções tais, no seio da igreja que, embora ainda crendo em Deus decidiram seguir às suas maneiras, sem congregar. Embora atropelem ensinos Bíblicos sobre isso, eles existem em quantidade. Também “deixaram o caminho”.

Como harmonizar esses dois fatos com o verso inicial: “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele?”

A natureza humana é volúvel; dada a carga emocional da qual é paciente, as pessoas se dão a mudanças, nem sempre para melhor. Alguém disse: “Sentimos nas mudanças certo alívio; ainda que estejamos mudando para pior.” Eventualmente, a leitura das causas ou a enfrentamento das consequências não são sadios.

Então, uma decepção qualquer assoma e não lidamos bem com a tal, nem com possíveis soluções. Quantos já disseram: “Eu era feliz e não sabia!” Maneira oblíqua de reconhecer que mudou para pior.

Que força magistral teria o aprendizado do dever ainda na infância, que me protegesse do perigo de me desviar? 

A alma infantil é um CD virgem, onde o aprendizado se grava para a vida toda. Por isso, aliás, o esforço dos “desconstrutores” das famílias em implantar a perversão sexual desde a infância nos colégios.

Para harmonizar o verso aquele com os fatos, talvez, nossa interpretação de texto é que careça de melhor lupa.

A afirmação não pretende assegurar que um assim ensinado, abraçaria à virtude apreendida e jamais a deixaria; antes, que o ensino sobre o caminho, a virtude, o conhecimento da vereda direita seria um valor nele entranhado, de maneira tal, que jamais se desviaria dele.

Eventual erro do caminho será por escolha, levante contra o que foi apreendido, não por desinformação.

Assim poderíamos parafrasear: “Ensina o bom caminho para a criança; tal ensino ficará gravado; jamais se desviará dela.” Ela fará suas escolhas na vida, sempre com esse vetor; seja, a encorajar, seja, a deplorar sua escolha.

O pródigo vergastado pelas consequências insanas dos descaminhos tomados, ainda tinha, mesmo entre os porcos, a informação sobre o bom caminho: “Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;” Luc 15;17 e 18

Notemos que, para ver o bom caminho não precisou escalar uma montanha em busca de um melhor mirante; tampouco, existiam binóculos, então; o “upgrade” para a visão estava dentro dele; ele voltou a ver direito, “tornando a si”. Pois, tinha dentro de si as placas para o bom caminho do qual ele se desviara; porque, apesar do desvio, o caminho, ainda continuava ali.

Por essa razão, aliás, se diz que, quando alguém age de modo intempestivo, insano, o tal está “fora de si”; isso encerra a presunção legítima de que, em si, em perfeita sanidade não agiria daquela forma.

Eventualmente nos iludimos com carismas como se esses fossem sinônimos de caráter; não são. Quantos talentosos que admiramos um dia, olhando-os pelo prisma do talento; mas, vendo-os agora, escorregar na falta de caráter os desprezamos, como certos artistas e jornalistas da moda?

Possivelmente já tinham consigo esses lapsos, mas, a cortina de fumaça dos dons não nos permitia vê-los; a falta de “peças” moldadas na forja dos valores acaba emprestando o espaço nos depósitos ermos, para as tralhas dos interesses mesquinhos.

Chamados pelo desfio das circunstâncias, as vilezas ocultas vêm à tona. Esse é o outro lado da moeda. Os que sempre foram treinados na vereda dos direitos, quando a demanda é pelos deveres perdem-se confusos; seus “depósitos” não contêm essas ferramentas.

O ensino na infância torna-se parte de quem aprende. Molda seu agir como uma necessidade. Fora dele a pessoa trai a si mesma.

“Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Essa geração perita em tralhas eletrônicas desde infante, come da Árvore da Ciência; precisamos ensinar as crianças a olhar para a Árvore da Vida: Jesus Cristo.

Transplante de coração


“Lhes Darei um só coração, um espírito novo Porei dentro deles; Tirarei da sua carne o coração de pedra, lhes Darei um coração de carne; para que andem nos Meus estatutos, e guardem Meus Juízos, e os cumpram...” Ez 11;19 e 20

Alusão Divina à conversão de Israel; seriam ajuntados dentre os povos, levados à sua terra, onde, finalmente se converterão.

Óbvio que não se trata de uma conversão coletiva, cabal; liberdade de escolha é um bem que O Eterno preza; então, sempre restarão os que não desejarão. “Quanto àqueles cujo coração andar conforme o coração das suas coisas detestáveis e abominações, Farei recair nas suas cabeças o seu caminho, diz O Senhor Deus.” v 21

Espírito novo e coração novo para uns; juízo para outros. Sempre foi assim; liberdade de escolha assegurada; e as consequências dessas, inevitáveis.

O mesmo se aplica a nós; pois, também somos chamados Em Cristo, a reconciliarmos com Deus. O apelo do Seu Amor Regenerador nos abrange; “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Remover o coração de pedra dando um de carne, óbvio que se trata de figura de linguagem que descreve um coração egoísta, alienado, insensível, sendo transformado em outro, obediente, ensinável, submisso. “Aprendei de Mim que Sou Manso e Humilde de coração...” Mat 11;29

Adiante Deus reiterou a figura do transplante de órgãos: “Dar-vos-ei um coração novo, Porei dentro de vós um espírito novo; Tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos Darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, Farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis Meus juízos e os observeis.” Cap 36;26 e 27

Nas entrelinhas vemos em que consistia o tal “coração de pedra:” “... farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis Meus Juízos e os observeis.” Estavam endurecidos para as coisas de Deus, pois. A renovação espiritual prometida os reconduziria à obediência.

O Espírito Santo Atua mediante A Palavra de Deus. Através Dela, na Unção Dele, somos convencidos do pecado, da justiça e do juízo. A “remoção do coração de pedra” não é de uma vez por todas; antes, é um processo paulatino, concomitante ao aprendizado e prática da Palavra.

A “pedra” é esmiuçada e removida aos poucos; “Porventura Minha Palavra não é como o fogo, diz o Senhor, como um martelo que esmiúça a pedra?” Jr 23;29

As pessoas em sua maioria são acostumadas mediante o ofício de falsos profetas, a esperar mudanças radicais. O “Ungido do Senhor” ora e nossas vidas mudam; não é assim! O processo de edificação demanda ensino de uns, e aprendizado de outros; atualmente é mais notável pela ausência, que pela incidência, infelizmente.

Ora, O Salvador ordenou: “Fazei discípulos de todas as nações... ensinai!” Como nossos corações serão convertidos se, ignorarmos ao quê, devem sê-lo?

A primeira mudança deve ocorrer no domínio dos pensamentos, onde os nossos, egoístas e endurecidos, devem ser abandonados em prol dos Divinos. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

A Vontade Divina, uma vez conhecida, deve ser vivida; busca ir além do domínio dos pensamentos, ocupando o espaço das ações; ela, fatalmente, nos chamará à contramão do mundo que jaz no maligno; “... não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Embora a figura radical, aquela, onde Deus muda nossos corações, a “cirurgia” é um processo relativamente extenso, que requer nossa participação, bem acordados. Quem tenta nos “anestesiar" para que não vejamos nem mudemos, é a oposição. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho...” II Cor 4;4

Deus atua de modo oposto; “... Jesus Cristo, Pai da glória, vos dê em Seu Conhecimento o espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18

Embora os traficantes de graças baratas tenham gerado um leva imensa de viciados em falsas perspectivas, não será por falta de promessas, nem de pregações ostensivas que muitos vão se perder, infelizmente; antes, por falta de entendimento da Vontade Divina que foi abafada pelo vício das cobiças humanas.

Muitos corações duros são religiosos; “... amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências...”

Só restará O Divino Lamento; “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento...” Os 4;6

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Amor impossível


“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5;10

Quem ama, uma vez de posse do objeto do seu amor repousa; eventual cuidado será de manutenção; uma vez que, já usufrui a saciedade do amor. No entanto, o dinheiro, conforme a sentença supra é um amor insaciável. “Quem amar o dinheiro, jamais dele se fartará;”

Então, diria que esse é um amor impossível. Pior é que, na reta final, não obstante o quanto de riquezas materiais tiver amealhado, nada lhe valerão. “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu tornará, indo-se como veio; nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão.” Ecl 5;15

O Salvador aconselhou a busca de riquezas melhores, mais duradouras; “Não ajunteis tesouros na terra, onde traça e ferrugem tudo consomem, onde ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem traça nem ferrugem consomem, onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver vosso tesouro, aí estará também vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Certa ambição por melhorar de vida todos têm; é uma coisa saudável. Agora o amor ao dinheiro faz nossos corações estacionarem em locais proibidos; defender o indefensável como certos “jornalistas” têm feito.

Podem tentar vender que se trata de rejeição a determinada pessoa, discrepância ideológica; mas, sabemos que não é. Tais conseguem “gostar” de algo abjeto se, virem possibilidade de, dessa fonte verter dinheiro.

Vendem a alma ao diabo. Bom nome, reputação, consciência em paz são valores menores do que a sede pelo metal que não é vil; antes, apto a demonstrar quais pessoas são. Nos seus domínios se pode diferir os que têm valor, dos que têm preço.

Um homem sóbrio, talvez orasse como Agur: “Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem pobreza nem riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome O Nome de Deus em vão.” Prov 30;8 e 9

Na privação ou fartura, seu cuidado era para não macular ao Nome Santo. Orações feitas nesse espírito, com esse cuidado, sempre encontram respostas favoráveis.

Paulo andou nas mesmas pisadas; “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Escrevendo a Timóteo advertiu contra os descaminhos dos amantes do dinheiro; “Os que querem ser ricos caem em tentação, em laço, em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas...” I Tim 6;9 a 11

Há injustiças praticadas por quem deveria ter zelo pelo Nome Santo; embora possam, eventualmente, parecer ter caducado pela ação do tempo, ante Deus não é assim. A demora Dele em julgar não é conivência; antes, longanimidade a espera pelo arrependimento; senão, um dia tira os esqueletos do armário. “Por muito tempo Me calei; Estive em silêncio, Me contive; mas agora Darei gritos como a que está de parto...” Is 42;14 “Estas coisas tens feito e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que Eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Sal 50;21 e 22

Fosse apenas o amor ao dinheiro, tal amante faria mal a si mesmo; como Esaú, correndo por “lentilhas” e desprezando a primogenitura.

Porém, os que sobem na enganosa escada da cobiça precisam forjar degraus indevidos; fazem dos direitos alheios serviçais seus; dos fatos precisam fugir fabricando versões; da consciência, até tentam se esquivar com doses de ativismo, onde, o clamor é por arrependimento, concerto. O bom é que sempre tem concerto, desde que, se deseje.

Dinheiro digital logo será o único meio de comprar e vender; para tanto, será necessária certa marca de adesão ao inimigo. Como evitarão essa cilada letal, os que, tendo uma vida inteira para amar Deus e o próximo, gastaram as pilhas de amar no rádio do dinheiro?

“Queres ser rico? Pois não te preocupes em aumentar teus bens, mas sim em diminuir a tua cobiça.” Epicuro