segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Neofatalismo


“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Aparente liberação para que os jovens extravasem seus desejos, com a advertência que tais, terão consequências. Não mais que uma ironia, portanto.

A Palavra de Deus sempre traz o homem como “condenado a fazer escolhas”; um ser arbitrário, logo, responsável; diferente da visão fatalista.

O fatalismo é uma chave-mestre que abre diversos armários, permitindo que eu pendure minhas roupas sujas onde eu quiser. Mas, segundo Deus, nossas semeaduras trarão, necessariamente, colheitas. Minhas escolhas gerarão “boletos” com meu nome como devedor.

A crença num destino pré-determinado, ante o qual não temos escolhas, permeava a cultura grega antiga; esse modo de pensar dos helenos influenciou romanos, hebreus, pregadores, o alemão Nietzsche, e chegou aos nossos dias. A questão básica é: Somos agentes dos nossos destinos, ou, meros pacientes? Noutras palavras: Somos reflexos das nossas escolhas, ou, já estava escrito como seríamos?

Na tragédia, “Édipo, o Rei”, o oráculo de Delfos previu que o menino mataria ao seu próprio pai; então, para evitar um destino tão cruel, ele foi levado para Corinto; criado sem sequer conhecer seu genitor, temendo tal catástrofe. 

Entretanto, já adulto, teve um desentendimento com um estranho durante uma viagem, com o qual brigou; a luta resultou na morte do seu opositor. Só bem mais tarde ele veio a saber que, aquele que matara era seu próprio pai. Assim, nada valeu tentar evitar o parricídio profetizado pois, ao fugir, acabou facilitando as coisas, cumprindo a sina à qual estava fadado; não teve escolha. Essa forma de crer era comum entre os gregos.

Sua literatura era permeada por tal conceito; sua mitologia trazia vasta gama de “deuses” com vícios bem rasos, ao estilo dos humanos.

No meio teológico há séculos duas correntes disputam; os ditos Arminianos, que creem no arbítrio como prerrogativa dos salvos, e os Calvinistas, que advogam que Deus já predestinou quais serão salvos. Ele faria Sua graça irresistível para esses eleitos, enquanto, soaria desprezível aos demais. Com o devido respeito aos que pensam assim, tal atitude feriria a justiça, que Deus tanto ama.

Certa vez, por ocasião de um massacre de na cidade de Newtown em Connecticut, Estados Unidos, alguns “cientistas” pretenderam estudar o código genético do assassino, Adam Lanza; para descobrir, se possível, os genes da maldade. Se, ele já trazia essa “carga genética”, estava fadado a isso, não teve escolha; era mero peão, nas “mãos de Deus?”

Uma coisa é preciso que entendamos; se, a maldade tiver causas biológicas, deixará de ser maldade e se converterá em enfermidade. Desse modo, uma vez confirmado isso, teremos que implodir nossos equivocados presídios e construir mais hospitais. Afinal, há tantos políticos que definem estupro e pedofilia como doenças. Inevitável pensar nas “drágeas Bolsonaro” como cura.

Interessante que esses que creem no determinismo genético, ou no fatalismo providencial, aplicam sua “crença” apenas no âmbito moral e espiritual.

Nas coisas práticas da vida, são bem arbitrários, consequentes; afinal, estudam, preparam-se para ser médicos, psicólogos, engenheiros. Fazem uma escolha e perseveram nela; trabalham, acreditando nas consequências da mesma; os políticos se esforçam por inflar o roubo coletivo oficializado, que chamam de Fundo Eleitoral; mas, por uma questão de coerência, não careceriam nada disso; poderiam se “jogar nas cordas” afinal, seriam um dia, aquilo que nasceram para ser, independente das opções. Com ou sem campanha, os “escolhidos” pelo Fado acabariam eleitos.

Não gosto de desonestidade intelectual; pois, como caçadores noturnos, esses desonestos usam a luz para cegar às presas; invés de, como líderes probos usarem-na para iluminar. Cristo apreciou tal “Luz”; “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

Claro que trazemos alguns dons inatos! mas, nosso existenciário, educação, e formação moral, forjam nosso “paladar adquirido” e, são placas confiáveis que indicam, aonde a vereda da vida nos vai levar.

Afinal, se eles estiverem certos, nem mesmo o pleito entre arbitrários e fatalistas fará sentido; pois, uns nasceram fadados a crer de um modo, outros, de outro. “Cada qual no seu quadrado”.

A bem da verdade, o fatalismo é muito conveniente à má índole; pois, transfere à divindade, providência, destino, acaso, a conta pelos estragos das escolhas desastrosas feitas espontaneamente.

Por isso, muitos, mesmo “não tendo escolha”, escolheram crer assim. Para os tais, soa menos humilhante morrer do câncer da indiferença irresponsável, que submeter-se à luz da verdade, e ao ridículo exame de toque, em suas consciências.

“O fatalismo é sempre uma doença do pensamento ou uma fraqueza da vontade.” Paolo Mantegazza

O duro coração de Faraó


“O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó, este não os quis deixar ir.”

Críticos lendo textos assim dizem que há injustiças em Deus; afinal, teria endurecido o coração do soberano para que não obedecesse, e o punido com pragas, pela desobediência.

Todavia, como disse Jó, “... ao meu Criador atribuirei justiça.” Jó 36;3

Paulo ampliou: “... sempre seja Deus verdadeiro, todo o homem mentiroso...” Rom 3;4 ainda, Agostinho: “lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos, em mim.”

Após esses três testemunhos de peso a favor da Integridade Divina, o problema do endurecimento do coração de Faraó permanece clamando por uma solução.

Ainda em Jó temos: “Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante Dele.” Jó 34;23

Filósofos fazem distinção entre fenômeno e númeno. O primeiro seria a coisa como parece; o segundo, a coisa em si, como é; a despeito de nossa percepção.

Por exemplo: A Terra gira; dizemos que o sol nasce ou se põe. É assim que percebemos as coisas; nosso corpo ganha peso e dizemos que determinada roupa ficou apertada; foi o corpo que mudou, não a roupa; etc.

O homem natural não pode agir como filho de Deus. É refém da carne, alienado de Deus; “A inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus...” Rom 8;6 e 7

Por isso, a primeira mudança nos que recebem a Cristo é uma capacitação, para contrariar essa tendência natural; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Isaías dissera: “... Tu És o que fizeste em nós todas nossas obras.” cap 26;12 As boas obras, acrescento. As más tem nossa autoria, pela inclinação natural já vista.

Essa é a atuação do Espírito Santo, mediante A Palavra de Deus; persuadir corações, rumo ao entendimento e prática da Santa Vontade. O homem sozinho não consegue; daí, “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Deus não precisa intervir para que façamos o mal; a gente se vira “bem” sem Ele. O inimigo, a carne e o mundo patrocinam a empresa.

Mas, como vimos, a prática da justiça requer um reforço celeste, senão nossos esforços fracassarão. Assim, O Eterno não “endurece corações” no sentido de os fazer maus; antes, no de não interferir para refrear a má tendência. Deixa o rebelde entregue a si mesmo; “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12

Em suma: Deus deixava Faraó entregue a si mesmo; o resultado eram ações teimosas de desobediência; o fato. “Deus endureceu o coração de Faraó” a percepção humana do mesmo.

Ele deixa patente Seu amor, cujo prazer é consorte do arrependimento e salvação, não de algum sadismo, doença humana. “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...? Ez 33;11

O mesmo Ezequiel aliás, mostra como O Senhor “amolecia” seu coração para obediência: “Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então ‘entrou em mim o Espírito’, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Cap 2;1 e 2 O Senhor ordenou algo; Seu Espírito ajudou o profeta a obedecer.

Ainda é assim; A Palavra evidencia a Vontade Divina para nós; O Espírito Santo em nós, nos ajuda a obedecê-la; a quem o ouve e se submete é claro! Ninguém é forçado ao que não quer. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

A Santa Palavra ensina que devemos nos inconformarmos com uma série de coisas “normais” que nos rodeiam, para termos acesso ao sobrenatural que nos quer habitar; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Deus não cria ímpios pela sina de punir; regenera-os pelo prazer de perdoar. Todavia, muitos seguem insistentes no erro, avessos ao Seu Amor que chama, desviam-se da ventura porvir, reservada aos salvos; escolhem o “dia do mal.” Ainda assim pertencem ao Criador. Não há autonomia possível.


O que existe é possibilidade de escolha; seguir de coração endurecido, ou dar ouvidos A Cristo, para salvação.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Aves Noturnas


“Tornaste meu pranto em folguedo; desataste meu pano de saco e me cingiste de alegria.” Sal 30;11

Uma mudança emocional, dos lamentos para festa; “tornaste meu pranto em folguedo;” depois, mudança de vestes; “desataste meu pano de saco e me cingiste de alegria.”

No mesmo salmo o autor equacionara tristeza com a Ira Divina, e alegria com o favor de Deus; “Porque Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” v 5

Antevendo o Messias, Isaías disse que Ele viria, para “Ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que Ele seja glorificado.” Is 61;3

Se, essas transformações em nós devem culminar na Glória de Deus, é porque Ele Se alegra sendo partícipe da nossa alegria.

E, pelo Ministério do Messias se traria "glória em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de tristeza, para que fossem chamados, árvores de justiça...” implica que, fora por ter capitulado à injustiça, que acabaram na tristeza.

Quando um anjo anunciou a vinda do “Senhor Justiça Nossa” disse: “Não temais, porque vos trago novas de grande alegria, que será para todo povo.” Luc 2;10

Salomão usou “noite” como figura de trevas espirituais, impiedade; “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” v 18 A mudança do escuro para a luz é gradual e constante.

Diferente da alegria natural que geralmente deriva de circunstâncias externas, é pontual, efêmera, alegria no Espírito tem a ver com nossa proximidade de Deus; como o fato Dele estar alegre conosco; “... portanto não vos entristeçais; porque a Alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8;10

O aumento de bens via uma safra abençoada era motivo de júbilos naturais; estar em comunhão com O Santo enseja alegrias sobrenaturais que só quem sente conhece; “Puseste alegria no meu coração, mais que, no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4;7

Jesus Cristo ensinou: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eu vos digo: Levantai vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para ceifa.” Jo 4;35

O homem se alegra por bens terrenos, Deus sente o mesmo por salvar almas. “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

A tristeza tem dois aspectos distintos; segundo o mundo e segundo Deus; também a alegria. “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera morte.” II Cor 7;10

Salvação é a “noite” que acaba transformada em alegria; a tristeza segundo Deus onde Seu Espírito nos persuade ao arrependimento, e então, “alegria vem pela manhã”.

“Minha alma anseia pelo Senhor, mais que os guardas pela manhã, mais que aqueles que aguardam pela manhã.” Sal 130;6

O mundo tem suas “alegrias” de plástico; devassidões como o famigerado carnaval, cujo frêmito depende do concurso de drogas, bebidas, promiscuidade; numa sincera autocrítica acaba em cinzas, na quarta-feira.

O Senhor oferece “óleo de gozo por cinzas...” O fim da noite com alegria pela manhã.

Porém, como certas aves possuem hábitos noturnos, ímpios preferem o império das trevas, o dia lhes mete medo. “Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte; sendo conhecidos, sentem pavores da sombra da morte.” Jó 24;17

Os que se escondem quando a manhã chega seguem ainda a saga de Adão que foge ao ouvir a Voz de Deus. A alegria com Cristo está depois de um funeral, onde o ego, o si mesmo precisa ser sepultado pelo arrependimento. “Melhor é ir à casa onde há luto que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

O Salvador alertou que Seus discípulos teriam breve noite pela Sua separação e Morte; e um dia que não findaria, graças à Sua ressurreição; “Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e vosso coração se alegrará; a vossa alegria ninguém vos tirará.” Jo 16;22

Para os salvos, “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia...” Rom 13;12 e 13

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Questão de peso


“Agora, pois, ó Israel, que é que O Senhor teu Deus pede de ti, senão ... que guardes os mandamentos do Senhor, Seus Estatutos, que hoje te ordeno, para teu bem?” Deut 10;12 e 13

Quando entendermos que, os nãos de Deus significam Sua proteção, mais que Seu veto; ou, que Seus mandamentos, invés de tolher “direitos” atuam para nosso bem, então, veremos as coisas como, deveras, são.

Tendemos a ter os mandamentos como castração de liberdade, restrição de direitos, estreitamento de vida; entretanto, Aquele que sabe onde os caminhos levam, conhece o fim desde o começo, o que o que cada semente produz, adverte que o erro de avaliação pode ser letal; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Quando prescreve que entremos pela porta estreita, não o faz por algum prazer sádico de nos ver andar estreitados; mas, pela Sabedoria Amorosa a antever, que, na amplidão, nos perderemos.

Embora, o motivo dos Divinos encargos seja Seu amor, ama também à justiça, a qual, demanda que seja um muro, um limite para os que tencionam ser Seus. “Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante Dele.” Jó 34;23

Sobrecarga significa peso excessivo. Um sábio não requereria de ninguém que levasse uma carga maior que suas forças. O príncipe desse mundo que veio para roubar, matar e destruir, não está nem aí se alguém for esmagado sob sua carga; desconhecendo amor, misericórdia, compaixão e demais sentimentos nobres, se satisfaz em sua sanha destrutiva.

O Criador se preocupa até com cargas dos animais; ordenou que se superassem divergências, para socorrê-los, quando fosse o caso; “Se vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, deixarás, pois, de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo.” Ex 23;5

Quanto mais, com os que Criou com Suas Mãos, para serem Reflexo de Sua Santa Imagem? Por isso O Salvador chamou-os: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave, Meu fardo, leve.” Mat 11;28 a 30

O Salvador veio para um povo que ainda era inimigo de Deus; senão, não seria necessária Sua mediação reconciliadora; “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados, pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Dizemos que, o costume do cachimbo deixa-nos com a boca torta; uma figura de linguagem para ilustrar o que os hábitos fazem com o caráter. Nos habituamos a agir de certo modo; se, for proposto que façamos diferente, estranharemos; quiçá, acharemos pesado.

O homem natural não age diferente das suas vontades desorientadas. Abrir mão delas, (negue a si mesmo) pela Vontade Divina; (tome sua cruz e siga-me), ao primeiro momento parece insuportável.

Mas, à medida que cambiamos nossos pensares pelos Divinos, fruímos a paz interior e alívio que o Perdão de Cristo enseja, vamos percebendo que, as coisas passam a ficar mais leves; João ensina: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos Seus mandamentos; e Seus mandamentos não são pesados.” I Jo 5;3

Depois que a obediência se faz usual, os valores humanos se alinham aos Divinos, até o “caminho estreito” fica mais amplo; ouçamos Pedro: após recomendar uma caminhada com fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal, caridade, concluiu: “Porque assim vos será ‘amplamente’ concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

Quem aprendeu, finalmente, a obediência, não precisa de argumentos externos para concluir que os mandamentos, além de não serem pesados, são para o seu bem. Tendo sido resgatado do cativeiro do inimigo pelo Sangue de Cristo, frui uma paz interior, uma leveza de consciência que compensam; além disso, uma luz espiritual que “insiste” em crescer; “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Claro que, ao homem natural, obediência soa pesada; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7 

Assim, o “negue a si mesmo” não é a castração de um direito; antes, o enfrentamento de um adversário.

A regeneração daquele que foi criado À Imagem e Semelhança de Deus, requer o banimento do que foi deformado, segundo as perversões do inimigo.

Deus nos imporia pesos, querendo nos elevar aos céus? “Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas...” Is 40;31

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A mesmice de Deus


“Porém Tu És o Mesmo; Teus anos nunca terão fim.” Sal 102;27

“Porém” aponta para trás; o envelhecimento das obras da Criação, e a necessidade de uma mudança por isso; “Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás...” v 26

As coisas criadas envelhecerão, carecerão renovo; porém, Tu És O Mesmo. Assim se diz do Salvador. “Jesus Cristo é o Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” heb 13;8

A efemeridade dos modismos, gostos artísticos, estéticos, troca sistemática de governantes, supressão dum invento útil por outro mais esmerado, etc. Nuances, do desejo e necessidade humana, por mudanças.

Heráclito dizia que não se pode passar duas vezes pelo mesmo rio; na segunda passagem já não é o mesmo, dado seu movimento. Diferente das águas que são reféns da gravidade, o ser humano move-se acossado por ansiedades, ou atraído por miragens, fantasiando com felicidade.

Todavia, inércia é melhor que mover-se na direção errada; “Porque o Egito os ajudará em vão, para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus!” Sal 46;10

Ninguém muda para pior, deliberadamente. Alguma coisa acredita que vai melhorar; até mesmo um suicida pensa que suas angústias cessarão à sombra da morte. Alguém disse: “sentimos nas mudanças certo alívio; ainda que estejamos mudando para pior.”

Inventos tecnológicos assomam superando modelos em uso, que acabam descartados. Tal ato deixa patentes duas coisas; um ganho de qualidade via saber, e a imperfeição humana; pois, se o invento fosse perfeito, não seria objeto de aperfeiçoamento.

Tendemos a abstrair mudanças comportamentais, como se fossem frutos do acaso, ou, uma ordem natural. Hoje os tempos são outros, dizemos, como se, o mero passar dos dias demandasse por elas. Falo dos fins, não dos meios, que, óbvio, sofrem melhoramentos à medida que o saber melhora.

Os tempos são os mesmos; o homem muda constantemente, para pior. A inversão de valores não tem nada a ver com os tempos, mas com escolhas; “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem, mal; que fazem das trevas, luz; da luz, trevas; fazem do amargo, doce; do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

Eça de Queiroz falando sobre os políticos realçava isso; “Políticos, como fraldas - disse - devem ser trocados frequentemente; pelo mesmo motivo.”

Como seria se, O Eterno mudasse; agisse como nós, ao sabor do momento? Ele mesmo responde: “Porque Eu, O Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” Ml 3;6 Somos aconselhados a superar momentos ruins sem praticar atos ruins também; “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Ef 4;26 e 27

Como, sempre tendemos a mudar para pior, se, O Todo Poderoso desse vazão à ira que lhe causamos, nos consumiria pelo caminho; bem antes do juízo, ou, do final dos nossos breves dias.

Portanto, as coisas que os “progressistas descolados”, “moderninhos” da vez julgam “Jurássicas” ultrapassadas, são os leitos que ainda sustentam o rio da vida, não obstante, sua imensa poluição. “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;9

Aos “loucos” “obscurantistas” e “fanáticos” que ainda ouvem ao Santo, Ele aconselha: “Assim diz O Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Como um alpinista que chega ao topo na escalada, à partir dali só pode mover-se para baixo; assim, quem conheceu a Deus, andou com Ele; caso deseje uma mudança, só pode mudar para pior.

Se, os escarnecedores da terra riem dos que deixam o “moderno” o “diversitário”, o “inclusivo” pelo “radicalismo” que persevera nas coisas antigas, os filhos dos Céus ficam estupefatos com os que trocam a Água da Vida, por fontes sujas, mortas;
“Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, O Manancial de Águas Vivas e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;12 e 13

Por fim, uma “má notícia” aos modernizantes que se atrevem a mudar porções da Palavra de Deus, para torná-la palatável aos que preferem acalentar comichões carnais, à abraçar a cruz de Cristo; Ele assegura que coisa grandes sairão de cena, invés da Palavra; “Passará o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão.” Mc 13;31

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Divirta-se


“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.” Col 4;5

É comum vermos “cristãos” mostrando incisivas armas, em ditos agressivos contra toda e qualquer aproximação; “Só me dê conselhos quando fores perfeito; pague minhas contas antes de palpitar na minha vida; sua opinião é sua; fique com ela...” coisas dessa estirpe, para deixar patente que não deseja proximidade, interação, muito menos, conselhos. Como uma tartaruga, esconde-se na própria carapaça.

“... cada qual cuida de si, e os outros que se danem...” Cantou Nelson Gonçalves.

Nos alheios a Cristo, ainda sob domínio do ego, embora insana, é compreensível a postura. Mas, os que se dizem cristãos não têm direito de agir assim. Se, pertencem ao Senhor devem ter entendido o “Negue a si mesmo.”

Somos membros de um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo; assim, vivemos interdependentes. Malgrado, as funções sejam diferentes, todas são necessárias. Paulo explicou: “O olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;” I Cor 12;21 e 22

Vai além da esfera funcional; atinge até mesmo a emocional; “De maneira que, se um membro padece, todos padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos se regozijam com ele.” v 26
Assim, um “cristão” avesso a correção, conselhos, ensinos ainda não entendeu sua posição.

Pois, como vimos no texto que encabeça essa reflexão, até com os que estão fora devemos interagir, interessadamente; “Andai com sabedoria para com os que estão de fora... vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6

Prudência no falar; nuance da prescrita sabedoria; e, claro! como disse Pedro, termos ciência das razões pelas quais cremos; “santificai ao Senhor Deus em vossos corações; estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós;” I Ped 3;15

Uma pregação mais eloquente que palavras, atitudes; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Embora, fé venha pelo ouvir, ao nos verem atuar diferente nas questões espirituais e morais, isso despertará curiosidade neles, sobre nossos motivos para assim agir; nosso modo de caminhar na vereda da fé deve ser um precursor do Evangelho, como prescreveu Paulo: “calçados os pés na preparação do evangelho da paz;” Ef 6;15 Notemos que nosso andar é uma preparação, não pregação; feito isso O Espírito Santo completará a obra.

Como negar a eloquência da salvação, numa vida que, outrora errava em toda sorte de vícios, perversões, maldades; após ouvir o “vinde a Mim”, pouco a pouco foi sendo transformada num vaso novo; onde habitaram vícios vários, agora a virtude de Cristo faz assento?

O testemunho aos olhos é muito importante. Também capaz de gerar mudanças, como versou o salmista: “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Se, o mau testemunho gera uma reação dos que nos veem, “Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Mat 5;13 Eles nos pisariam. 

Eventual bom exemplo, enseja inquietações nas suas mentes; mais que ter algo a contar, fomos chamados a ‘sermos’ testemunhas vivas, por nosso modo de viver; “... ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém quanto em toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” Atos 1;8

Como o ensinado na parábola do Bom Samaritano, o próximo é aquele que se importa com a dor alheia, independente da raça, ou da função religiosa que exerça; o mandamento de amarmos ao próximo como a nós mesmos amordaça aquelas malcriações todas, próprias de egoístas, individualistas.

Não que falarmos a coisa certa baste; mas, não falarmos as erradas já é um primeiro passo; o caminhar demanda fazer as coisas que Cristo faria, ou aprovaria.

Fomos figurados como sendo sal e luz; nenhuma dessas coisas existe para si mesma; antes, para servir, ou, O Salvador errou as figuras, ou, muitos de nós inda erramos no entendimento.

Se, alguém descrê porque assim escolheu, paciência; ainda assim, deve ser alvo de nossas orações, para que receba o mesmo perdão regenerador que recebemos. “Para o tolo, cometer desordem é divertimento; mas para o homem entendido, divertimento é ter sabedoria.” Prov 10;23

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Híbridos


“Não semearás tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se degenere o fruto da semente que semeares e a novidade da vinha.” Deut 22;9

Preservar a pureza das espécies, sob pena de degeneração, caso houvesse mistura.

A simples sentença do Criador, que cada ser vivo reproduzisse conforme sua espécie trazia em si o veto aos hibridismos que o ser humano pudesse vir a forjar.

Se, supervisionando a Obra da Criação, “Deus viu que era bom,” cada arranjo em busca de uma espécie diversa implica uma crítica velada ao Criador; como se, algo que Ele aprovou pudesse ser melhorado pela mão humana.

A não observância disso, não se restringiu às coisas plantadas pelo homem; também nas relações afetivas a mistura trouxe degeneração. O profeta denunciou, daí, a mescla de diferentes espécies espirituais: “... porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual Ele ama, e casou com a filha de deus estranho.” Ml 2;11 “... Porque O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira, e a mulher da tua aliança. Não fez Ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? Por quê, somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.” vs 14 e 15

Pior que o divórcio, ainda se casaram com gente que adorava deuses estranhos; aí a degeneração espiritual se tornava inevitável.

Esdras teve que lidar com algo assim, quando o povo retornava do cativeiro.

Ao saber que muitos judeus tinham casado com mulheres estrangeiras orou entristecido; “Tornaremos, pois, agora a violar os Teus Mandamentos e a aparentar-nos com os povos destas abominações? (As abominações eram os deuses dos povos, não as pessoas) Não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos consumir, até que não ficasse remanescente nem quem escapasse?” Ed 9;14” “Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; faça-se conforme a Lei.” Ed 10;3

Um divórcio coletivo foi feito. O Eterno silenciou; pois, o motivo do mesmo foi evitar a degeneração espiritual, não o mero repúdio por razões mesquinhas.

Comparando Seu Povo com uma vinha, O Senhor denunciou a degeneração; a incapacidade de produzir os frutos, por Ele desejados. “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando Eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;4 e 7

Um povo que fora chamado para ser puro e santo estava degenerado; falhava até nas relações comerciais, movidos pela cobiça; “Ai dos que ajuntam casa a casa, campo a campo, até que não haja mais lugar; fiquem como únicos moradores no meio da terra!” Is 5;8 

Naquilo que aumentaram mediante fraude, pelo juízo de Deus seriam diminuídos; “... Em verdade que muitas casas ficarão desertas; as grandes, excelentes, sem moradores.” v 9

Aos do Novo Testamento, outra “Videira” foi dada; “Eu Sou a Videira Verdadeira, Meu Pai é O Lavrador. Toda vara em mim, que não dá fruto, tira; e limpa aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

O risco de degenerar, agora, não é da “Videira”; mas, das varas. Toda sorte de deuses estranhos à Palavra de Deus tem grassado por aí, nas ondas pujantes do ecumenismo; a pureza que O Santo ama, tem sido depreciada como “radicalismo, intolerância, fundamentalismo, discurso de ódio...”

Quem, deveras, nasceu de novo e está em Cristo, não tem direito de macular isso com a mescla entre “diferentes espécies”, sob a mesma pena aquela: Degeneração.

O antídoto contra adesão aos ensinos alternativos é a edificação; se possível, até à Estatura de Cristo, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

Permanecer na Videira, frutificar, requer identificação com a raiz; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

As coisas são relativamente simples ao entendimento, embora, seja complexa a perseverança. 

Ajudados pelo Espírito Santo, podemos viver em Cristo; Sua Pureza nos é imputada para salvação; ou, aceitarmos o coquetel do mundo, bebido sob aplausos humanos, pra depois acordarmos com a ressaca da perdição.