sexta-feira, 26 de março de 2021

Campeões de Deus


“Então, também Eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.” Jó 40;14

O advérbio, “então” refere-se a determinado caso, ou, momento. As palavras acima são de Deus, que, após propor a Jó algumas tarefas Divinas, disse que se ele as executasse, O Próprio Criador reconheceria que o desafiado poderia salvar a si mesmo.

E olha que Jó era um do qual O Mesmo Senhor dissera que era reto, temente Deus que se desviava do mal.

Acontece que o mais alto padrão de justiça humana ainda fica mui aquém dos parâmetros Divinos. Isaías chutou o pau da barraca: “Todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Mesmo que sejamos justos em nossas relações interpessoais, e devemos ser, ainda estaremos distantes das aspirações do Santíssimo. O salmista expressou nossa impossibilidade redentora: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Esse valor, entretanto, não se mensura em bens, riquezas materiais ou mesmo, justiça horizontal; pois, nesse caso, um justo como Jó serviria para desfazer o mal feito por Adão.
A demanda celeste era “um pouco” mais alta.

Buscou para o Sumo Sacerdócio um, “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;16, 26 e 27

Gostemos da assertiva ou não, os melhores de nós não passam de meros layouts; esboços grosseiros da arte final almejada por Deus. “Os melhores homens que conheci, - disse Spurgeon - estavam sempre descontentes consigo mesmo, em busca de algo que os tornasse ainda melhores.” Eis uma virtude que Deus preza: Humildade, reconhecimento de nossas imperfeições e concomitante anseio por aperfeiçoamento.

Afinal, nosso parâmetro proposto não é Jó, malgrado sua retidão; antes, Cristo, Sua Justiça e Santidade. “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Um dos traços mais marcantes da Estatura Espiritual do Senhor era sua capacidade de manter-se Íntegro, Santo, em meio às controvérsias. Nós, por nossa natureza frágil e comodista tendemos a querer facilidades, mesmo em ambientes adversos.

Os vencedores da Terra ganham coroas, faixas, troféus, medalhas... os do Céu, chagas, perseguições, calúnias, ódio... Nossa vitória, enquanto na Terra, não consiste numa chegada, antes, numa travessia perseverante.

Quantas vezes contemplamos alguém sofrendo por causa da justiça e “ajudamos”: “Confie, vai dar tudo certo”. Ora, quem sofre injustiças, perseguições, danos, e não abdica de seu temor a Deus, da prática das melhores obras, não carece que “dê tudo certo”, para tal, já deu. Cristo vence nele!

Uma canção cujo autor ignoro traz: “Um campeão se mostra na derrota”. Não sei qual a luz espiritual tem quem escreveu; mas, se refere-se aos campeões de Deus, com certeza, disse muito bem. Aquilo que soa derrota aos olhos naturais é o triunfo dos de visão espiritual. Foi no auge da “derrota” que o Campeão do Campeões disse: “Está consumado”. Eu venci, acabou.

Paulo, na iminência de sua execução, invés de portar-se como perdedor, sua despedida foi de um grande campeão: “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual, o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas, a todos os que amarem Sua vinda.” II Tim 4;6 a 8

Em momento algum rogou pela sua vida; antes, descansou seguro na Justiça de Deus, mesmo em face à morte. Vencedores assim são os mais eloquentes. Nenhum deles carece sair apregoando que venceu, pois, a própria vitória se encarrega de exibir isso em alto relevo na rocha do testemunho.

Em suma, a justiça própria é incapaz, como Deus dissera a Jó; mas, a de Cristo imputada aos Seus, satisfaz ao pleito dos Céus. Nossa justiça é necessária, como servos que obedecem; porém, redentora é apenas a Dele, a do “Senhor, Justiça Nossa.”

domingo, 21 de março de 2021

À prova, pelo quê se aprova

“... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

A tendência natural do homem é justificar-se mesmo no erro, jamais condenar-se; quando não pode isso, não raro, transfere a culpa, como no incidente do Éden.

Então, quando A Palavra adverte da possibilidade de alguém condenar a si mesmo, usa um modo oblíquo de dizer que o tal aprova coisas reprováveis.

Contudo, o cidadão dos Céus seria um, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4 Em oposição ao réprobo temos O Senhor, e óbvio, Seus Estatutos, Ensinos.

É comum vermos desfilando nas redes sociais um reducionismo idólatra, onde de um lado estaria Bolsonaro, do outro Lula. As pessoas seriam meros “torcedores” tentando desqualificar um, promover outro.

Ora, há toda uma carga de valores morais, espirituais, no pacote que excede em muito às pessoas que os representam.

Lula vem de uma corrente ultra corrupta, que defende perversões sexuais de toda ordem, profanação religiosa, ateísmo, drogas, aborto, etc. (pensar que há cristãos que o aprovam)

Bolsonaro, malgrado seus muitos defeitos, defende valores como família, Deus, pátria, probidade... então não se trata de duas pessoas meramente, mas de tudo o que significam.

Esses discursos rasos tipo, “no tempo do Lula tinha dinheiro, gasolina custava tanto...” deriva de mentecaptos, gente incapaz de juntar dois mais dois.

As variáveis econômicas dependem de fatores internacionais, ora favoráveis, ora não; quando o governante tem um viés populista e desonesto como alguns, bem podem maquiar fatos para fingir que tudo está bem quando não está. (Eis pedaladas fiscais senhora Maria Flor)

Uma pessoa honesta, por outro lado, assumirá a realidade como é, de modo que seu senso de dever e valores superará o anseio de agradar, simplesmente. 

Nas filosofias de botecos todos esposam que preferem acres verdades à alegres mentiras; mas, “na prática a teoria é outra” como dizia Joelmir Betting.

Aqueles “cujo Deus é o estômago”, invés de pautarem suas aprovações ou reprovações pelo valores caros a Deus, morrem pela boca prostituindo-se por nacos de pão; “... mordem com os seus dentes e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” Miq 3;5

Para esquerdistas, exemplos fartos mostram que o poder conta, não os fatos. Se um deles manda, como em Cuba, Venezuela, é uma “democracia”, mesmo sendo crassa ditadura; onde um desafeto governa, como no Brasil, é “Fascismo” mesmo sendo o resultado das urnas.

Vivem como se, narrativas mentirosas mudassem fatos. Ora, podemos mudar os rótulos; os produtos seguirão sendo o que são. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

Quem disse que podemos aprovar ou reprovar ao bel prazer foi o inimigo. Para O Criador, o mal segue sendo o que é, apesar dos afetos dos defensores da maldade.

Dos cristãos se espera que tenham “A Mente de Cristo”; isso não se dá por um transplante de órgãos. É preciso ser convencido pela Palavra, de modo a mudar as inclinações naturais em favor dela. “... torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se alguém diz: ‘Fulano rouba mas faz’, está a dizer que não se importa de servir ao ladrão; seja esse do tamanho que for, é um representante do ladrão mor; e “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir...” Jo 10;10

Assim, aprovando tais coisas eu condenaria a mim mesmo, por deixar que minhas doentias predileções superassem À Vontade Divina.

Embora o preceito demande sacrifício do corpo, de certa forma também a alma que se inclina aos ventos do mundo precisa negar-se, caso desejemos mesmo, haurir da aprovação celeste; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Aos avessos a Deus o que se pode fazer? Mas, dos que tomam Seu Nome e Sua Palavra, desses Ele espera que aprovem apenas as coisas que Ele aprova. “Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos” Sal 50;18 e 21

“Filho Meu, se aceitares as minhas palavras... Então entenderás o temor do Senhor...” Prov 1;1 e 5

sábado, 20 de março de 2021

A vereda da vida


“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26;7

“... Porque os caminhos do Senhor são retos; os justos andarão neles, mas os transgressores cairão.” Os 14;9

Figuras fiéis da Integridade Divina; ora, Seus Caminhos são planos; sem acidentes verticais; ora, são retos; sem desvios laterais.

Quando se diz que Deus escreve certo por linhas tortas, significa que Ele interagiu conosco; Sua Escrita segue fiel; as linhas são por nossa conta.

Por isso quando da Sua busca pela humanidade para regeneração, Seu precursor começou a abordagem justo pelo “relevo” acidentado. “... Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” Mat 3;3

Não significa que então, ou agora, se possa fazer tal proeza sem auxílio Dele; o desafio de João era antes um convite ao arrependimento para que, desde então, os arrependidos fossem conduzidos mediante O Caminho, por veredas de justiça.

Mais ou menos como se deu com Ezequiel; O Senhor deu-lhe uma ordem; Seu Próprio Espírito ajudou a cumpri-la; “Disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

Nosso desafio é como certo preceito que está nos Provérbios: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

O combate se intensifica cada dia, pois, como aqueles coevos do Salvador que “amaram mais as trevas que a luz,” assim segue o mundo cada vez mais alienado da retidão, em busca de emoções fortes na “montanha-russa” dos desejos da natureza perversa.

A inversão de valores tão cara ao príncipe desse mundo e aos seus faz parecer que os caminhos tortos são retos, e vice-versa. Quem não guardar em si porções significativas do “bom depósito” corre risco de naufragar no mar de lama que cobre a terra.

Cada dia fluem mais céleres as águas dos vícios que, mediante tecnologia têm seus meios acelerados; a inversão de valores se ocupa de justificar seus fins.

Dias sombrios antevistos por Isaías; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59;14 e 15

A gente acaba se cansando de protestar contra injustiças pontuais, ao constatar que as mesmas parecem regra; os “grandes” da terra estão cada vez menores; os pequenos, em ampla maioria embasam os feitos dos maus, legítimos representantes dos que esposam os mesmos valores. “... enfraquecem os mais altos do povo da Terra. Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna.” Is 24;4 e 5

A “mudança de estatutos” não é uma coisa tênue, de difícil percepção; antes, Francisco, o argentino “representante de Deus” tem viajado pelo mundo validando todos os credos, por avessos que sejam À Palavra de Deus. Se, O Salvador ensinou que devemos trilhar pelo “Caminho estreito” agora em nome do ecumenismo ele está ampliando tal caminho e deixando semelhante à Avenida Nove de Julho de Buenos Aires.

Nesse balaio de gatos tenciona cruzar pombo com crocodilo; falam até em “Crislam” que seria uma religião mundial fundindo cristianismo e islamismo numa só tendo as menores como satélites.

Não importa a quais desdobramentos isso nos leve; no fundo, trata-se do mesmo incidente inicial de quando se deu a queda; Deus facultou liberdade ao primeiro casal, com limites, reponsabilidade; a oposição pregou seu vale tudo e prometeu bens que não possui.

Como o homem natural se apega aos esportes radicais, essa coisa de caminho plano, reto, parece sem atrativos; seu negócio é ousar. Suas proezas consistem e buscar novidades; a nossa, exibir traços do novo homem, em Cristo, não importa se soa antiquado a eles; importa que brilhe; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Aas mesmas coisas que parecem velharias aos que correm atrás das sombras têm sabor de pão novo, aos que conhecem a vereda da vida. “... todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Não adrenalina que turva a vista; carecemos da paz de Cristo que alumia. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

quinta-feira, 18 de março de 2021

O inimigo mais duro


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Um dos textos favoritos em autos fúnebres, sobretudo, quando parte um que serviu a Cristo. Assim, grosso modo subentende-se que o tal combate adjetivado como bom, é o mero fato de alguém professar fé cristã. Contudo, ouso propor que não é tão simples assim.

A qual combate somos desafiados? É comum vermos pessoas com austeras diatribes contra o inimigo, alguns se atrevem contra a miséria, desemprego, enfermidade... seu modo de atuar, reflexo do crer, deixa entrever que esse tipo de combate ocupa seus esforços.

Paulo usou como figura daqueles que erram o alvo do devido embate, o “dar golpes no ar”. Esforçar-se sem propósito, ou com o propósito equivocado.

Lembro um incidente de outrora; um culto no qual eu deveria pregar; o dirigente abriu o mesmo numa “oração” que parecia um ato de exorcismo; expulsou todo tipo de demônios, ordenou que os tais saíssem, “soltassem às mentes” dos presentes então, etc.

Quando me coube falar procurei as palavras para não ferir; mas, adverti que nosso culto é Ao Senhor; a Ele devemos orar; o inimigo não é convidado; mas, se vier será desmascarado; O Senhor tratará com ele.

Lembrei disso a propósito da figura do que dá golpes no ar; dez minutos de oração que poderia ser dirigida ao Senhor em adoração, confissão, súplicas que foram perdidos falando indevidamente com quem sequer deveria estar ali.

De igual modo, combatermos vicissitudes cotidianas, ou mesmo dirigir impropérios ao inimigo, invés de encetarmos o “bom combate” que A Palavra de Deus ensina.

Quando os grandes combatentes pretéritos são expostos numa galeria que usamos chamar de, “Heróis da fé”, seus feitos, martírios até, são expostos como o preço que pagaram por serem santos, fiéis ao Eterno em meio a oposições; “homens dos quais o mundo não era digno.” Heb 11;38

Cotejando suas tribulações violentas com as nossas, o autor faz ver que nosso combate anda não é tão intenso quanto foi o deles; se bem que, devemos lutar na mesma arena; contra o mesmo adversário, digo. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 

Dizer a Herodes que não era lícito possuir sua cunhada, por exemplo, custou a cabeça a João Batista. Às vezes a chamada de um homem íntegro requer que o mesmo se perca, para que a verdade, não.

Quando disse que buscava o devido alvo para seus golpes, Paulo também fez ver que a má inclinação humana, a nossa tendência pecaminosa carnal deve ser combatida, mortificada, por quem desejar um cristianismo genuíno; no caso dele, um ministério probo também. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar; antes, subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo, não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Quando os exércitos humanos preparam seus combatentes treinam-nos em batalhas imaginárias munição de festim e exercícios o mais próximo da realidade possível; ainda assim, é uma guerra de mentirinha; sisuda é a realidade quando, os corpos dos colegas começam a cair despedaçados ao seu lado num combate à vera.

Assim, nossa formação espiritual tem seu “festim” no aprendizado teórico das virtudes que devemos desenvolver; porém, sãos as provas do dia a dia as calúnias, perseguições, violências, maledicências, mortes, que nos imergem no calor das batalhas reais, dentro das quais devemos vencer o bom combate contra o pecado, mesmo em circunstâncias tão adversas.

Não é nos púlpitos, como nos apresentamos nas igrejas que exibe nossa essência; antes, como nos saímos na prova de fogo das tentações, cotidianas, que mensura com qual matéria prima nosso “templo” é feito; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Quando A Palavra ensina que cada um dará conta de si mesmo a Deus, Rom 14;12, tem a ver com termos lutado o bom combate ou não, pois é às nossas más inclinações que somos desafiados a vencer em Cristo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9

terça-feira, 16 de março de 2021

Orações sem noção


“Se o Meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, orar, buscar Minha Face e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, Perdoarei seus pecados e Sararei sua terra.” I Cron 7;14

Tenho deparado com esse verso repetidamente nas redes sociais, como se fosse uma receita para nos evadirmos à pandemia que grassa; alguns publicam essa “receita”; outros “oram” de modo, no mínimo temerário. “Senhor visita aos hospitais, socorre aos que estão com dificuldade de respirar, sara todos; livra-nos da pandemia, amém”.

Anda que tal “piedoso” dissesse palavras melhores, o simples fato de dizer ao público invés de, a Deus, já seria grotesco erro de alvo. Lembra os fariseus que oravam nas esquinas das ruas com o fim de serem vistos pelos homens.

A condição demandada pelo Eterno seria humilhação contrita, busca pela Sua Face e mudança de caminhos mediante conversão; me pergunto em quê, se parece com isso, tais “orações” que invés do prescrito dão ordens expressas sobre o que O Todo Poderoso deve fazer.

Basta um mínimo de noção para reconhecer que Daniel, foi um homem espiritualmente muito melhor que o mais santo dos nossos dias; entretanto, Ele evitava falar arrogantemente com Deus como o fazem os “servos” em apreço.

 Vejamos um fragmento duma oração dele:
“Pecamos, cometemos iniquidades, procedemos impiamente; fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;” Dn 9;5

Alguns confundem relacionamento com religiosidade; essa não passa de um amontoado de desejos humanos envernizado com algumas expressões bíblicas. Como se O Santo olhasse para bajulações mais que para a sinceridade dos corações.

Se, mera oração divorciada de um caráter probo tivesse eficácia estariam certos os que fazem tais coisas;

entretanto, a Bíblia tem instruções precisas sobre isso. Do ímpio diz: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Ainda, “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;16 a 18

Por outro lado, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso aprenderam também os amigos de Jó que tendo falado temerariamente desagradaram O Santo de tal modo, que só a intercessão de Jó foi aceitável. “... oferecei holocaustos por vós, e Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme vossa loucura;” Jó 42;8

Entretanto, quando for uma questão de juízo, e até a Santa Paciência Divina se tiver esgotado, mesmo um homem idôneo, aceitável, não terá deferida sua oração.

Por isso algumas vezes O Eterno preveniu a Jeremias que nem tentasse, pois não seria ouvido. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem Me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Portanto, mais prudente que mantermos nossa impiedade intacta enquanto apresentamos uma listinha de tarefas para Deus cumprir seria, nos humilharmos deveras, reconhecendo nossas misérias, pelas quais o Juízo Divino é justo; feito isso clamarmos a Ele, não à torcida por misericórdia. “... porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte;” I Ped 5;5 e 6

Se a oração de Daniel não nos ensinar, que tal a de Neemias? “Tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque Tu tens agido fielmente e nós temos agido impiamente.” Ne 9;33

Se nem numa dolorosas crise como essa, sequer orar como convém sabemos, isso não deixa de ser um triste retrato do “cristianismo” que vivemos. 

Nossa “fé” em linhas gerais não passa de um pretexto abstrato, nos domínios do qual, fazemos a pose de gente espiritualmente engajada, quando, nada nos importamos em saber sobre Deus e Sua Vontade.

Uma “fé que “joga pra torcida” invés de buscar relacionamento sadio com O Eterno denuncia que, o aplauso humano nos é mais caro que a aprovação Divina.

Pois, O Deus Santo e o mundo ímpio são coisas excludentes; carecemos abdicar de um para termos o outro; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

segunda-feira, 15 de março de 2021

O poder que não pode


“... De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: Não falas a mim? Não sabes que tenho poder para te crucificar e para te soltar?” Jo 19;9 e 10

Nem sempre devemos responder porque alguém nos perguntou. Às vezes o silêncio é a melhor resposta. Pilatos achara que seu poder como regente o fazia mui digno de atenção; tudo que desejasse se lhe deveria responder. Jesus silenciou.

Quanto ao poder que jactou-se de ter, o qual pensava derivar de César, O Salvador sabia que a origem era mais elevada. “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” V 11

Os postos altos na Terra são ocupados por permissão ou Vontade Divina. “Ele muda tempos e estações; remove reis e estabelece reis; Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

Embora o escopo humano atinasse a quem teria mais poder, o Salvador observava quem tinha maior culpa. “Quem me entregou a ti maior pecado tem.”

Duas nuances da natureza humana caída que sempre assomam nas vicissitudes da vida. Todo homem deseja ter poder, mesmo sendo indigno para o exercício; raramente assume ter culpa, mesmo o discurso dos fatos sendo tonitruante em demonstrar isso. Quem pensou no príncipe dos ladrões evocou um bom exemplo, pois.

O poder em mãos indignas geralmente acaba mal; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O “poder” eventual de Pilatos sobre Cristo não foi exercido para honra ou de alguma forma meritória. Como todo o político carreirista que atua mais para a torcida que, para valores da consciência; ele jactara-se de ter poder tanto para condenar, quanto para absolver; e invés de uma decisão cabal sobre isso se deixou levar “democraticamente” soltando um ladrão e entregando um inocente.

Depois lavou as mãos cinicamente, alegando inocência ante o crime em curso; sujou a alma tendo dito categoricamente que nada pesava contra o réu, permitiu que a vontade do sinédrio nos lábios dos seus fantoches prevalecesse.

Quem é investido de poder no âmbito humano deveria fazer outra leitura; uma vez que esse é delegado, no fundo é um dever de atuar de modo condigno com o anseio de quem delegou.

Por isso no Velho Testamento além dos Sacerdotes os reis deveriam ter um exemplar da Lei, para atuar conforme a Vontade do Reis dos Reis, que delegara o trono. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar teu caminho, e serás bem sucedido.” Js 1;8

Embora o vulgo veja nas Leis Divinas certa castração, restrição de “direitos”, o texto que prescreveu sua observância apontou como consequência, prosperar, ser bem sucedido.

Todavia, essa “Teologia da Prosperidade” que demanda obediência à Palavra, não é ensinada. Antes, outra que requer oferendas, votos, dinheiro; quando um homem fala a outro, pretextando fazê-lo em Nome de Deus, mesmo que o faça divorciado da Palavra Dele, se, lograr ser obedecido, não passa do exercício do poder de um homem sobre outro;

O Nome do Eterno é apenas blasfemado; não participa das coisas espúrias à Sua Vontade. “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram. Mas, se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras...” Jr 23;21 e 22

Ora, o poder que a Sabedoria Eterna nos tenciona dar visa capacitar-nos a um modo de vida que nos assemelhe ao Pai; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Pois, embora vulgarmente qualquer um diga: “Também sou filho de Deus; Deus é Pai e não padrasto.” Na verdade a coisa não é bem assim.

O homem natural não pode obedecer às coisas do Reino; sequer pode vê-las sem o nascimento espiritual; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Afinal, o nascimento carnal nos lança na esfera da desobediência “natural”, fazemos isso sem esforço nenhum; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e, nem pode ser.” Rom 8;7

Enfim, se o “poderoso” Pilatos se achou, tendo autoridade sobre Jesus, aos pequenos que tomam Seu Jugo e O Seguem, Jesus dá poder sobre a própria má inclinação, para invés de lavarem as mãos justificando-se, deixem que O Senhor Justiça Nossa lave às almas, regenerando-as.