domingo, 8 de junho de 2025

A fuga das sombras


“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes, se esqueceu dele.” Gn 40;23

O mestre de cerimônias do faraó, restituído ao seu posto depois de uns dias preso com José. Lá ouvira dele a interpretação de um sonho, cujo significado apontava para sua absolvição e consequente retorno ao cargo. O que, então, estava cumprido cabalmente.

José pedira que esse falasse em favor dele, na corte, uma vez que, estava preso sem culpa nenhuma. Cumprida a ditosa predição, o copeiro, “...não se lembrou de José, antes, se esqueceu dele...”

Assim a ímpia alma humana; em momentos de angústia, fraqueza, dependência, compromete-se a qualquer coisa, no afã de ser ver livre; uma vez obtido isso, em geral, com a mesma facilidade que se comprometeu, esquece.

Por isso, na Escritura é ensinado que o compromisso com a Palavra empenhada deve ser lei; “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. Mat 5;37

Desde a Antiga Aliança, se ensina a justiça em sua plenitude; somos exortados a agir conforme falamos. O cidadão dos Céus, além de outras qualidades necessárias, é “... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda”. Sal 15;5 etc.

Para os que jogam compromissos sob o tapete, a angústia pode voltar, em alguns casos, retorna mais forte. Dois anos após o incidente da absolvição do copeiro ingrato, o Faraó sonhou algo que o perturbou; convocou os sábios do seu reino, em demanda duma uma interpretação convincente. “... Faraó contou-lhes seus sonhos, mas ninguém havia que os interpretasse”. V 8

Então, o distraído e desleal copeiro resolveu mostrar serviço; finalmente mencionou a José. “Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas me lembro hoje”. V 9

Ofendera quem? O que compromete-se empenhando a palavra, não cumprindo-a, ofende à verdade, à justiça; em última análise, a Deus que colocou em nossas consciências a luz necessária para que saibamos como convém agir. Embora ignorantes acerca do Criador, eventualmente, ninguém o é, sobre o que deve fazer. A consciência o chama à responsabilidade. Há uma digital do Santo, até nos que ignoram a existência Dele.

Quando informados por ela, acerca do que nos convém, se o fizermos, a harmonia entre a consciência e ações, ensejará um silêncio de aprovação, paz. O hábito em agir sempre assim, forjará o caráter probo, digno.

Por outro lado, ignorar os íntimos comandos recebidos, pouco a pouco obrará a cauterização da consciência, o “número de Deus” riscado das nossas “agendas”. Não podendo mais falar-nos diretamente, mercê das nossas escolhas, quando O Eterno quer, manda um “recado” pela sua mensageira eficaz, a angústia.

Samuel Bolton um pregador puritano dizia: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote”.

Sei que sempre surgem os que romantizam o pecado, e em nome do “plano de Deus”, atribuem injustiças ao Santo; “Era o plano de Deus para José, por isso, o copeiro esqueceu”. Os que assim falam, confundem a presciência com a iniquidade.

Nessa linha “teológica” alguns defendem o embuste de Jacó e Rebeca, enganando a Isaque, acerca da bênção da primogenitura. “Precisava ser assim; Deus dissera que o maior serviria ao menor”. Sim, dissera. Mas, O Eterno não precisa de astúcias desonestas, para realizar Seu propósito.

Às portas da morte, quando também estava cego como Isaque, Jacó finalmente entendeu isso. Ia abençoar aos filhos de José, seus netos. José esperou vê-lo dando a primogenitura a Manasses o mais velho, como era usual.

Porém, sem nenhum truque, apenas a direção de Deus no íntimo bastou para que ele invertesse a ordem, segundo o Divino querer; “José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe tua mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai recusou, e disse: Eu sei, meu filho, eu sei; também ele será um povo, também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações”. Gn 48;18 e 19

Não estamos tratando de José, e sua inspiradora saga; mas de dar ouvidos à consciência quando ela fala-nos.

Muitas doenças ditas “psicossomáticas”, são derivadas das fugas inglórias nesse campo; como é impossível fugir da sombra, esses desprezam à saúde psíquica, apenas, preferindo perder a paz, que os maus hábitos. “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus”. Is 57;20 e 21

Jacó levou o peso dum ardil por toda a vida; no fim dela, cego, finalmente pode ver segundo Deus. A visão espiritual não requer retinas melhores; antes, ouvidos melhores.

sábado, 7 de junho de 2025

O homem no tempo


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ecl 3;1

Essa sentença poderá ensejar uma interpretação errônea, como se, A Palavra de Deus ensinasse o fatalismo, aos moldes da mitologia grega, por exemplo. Tudo estaria escrito, determinado, chegado o seu tempo se cumpriria; seríamos títeres nas mãos do Eterno.

A ideia é que as coisas têm seu momento adequado, sem que haja alguma coação para que aconteça assim. Caso alguém queira dançar na chuva, cantar no velório, casar na guerra, nada o impedirá. Apenas, que as coisas no devido tempo têm melhor encaixe.

“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem... ” Ecl 3;11 Algumas versões trazem, “Pôs a eternidade no coração do homem.” Vendo tantos senis abastados, pelejando por adquirir mais, facilmente vislumbramos isso; agem como que, sonegando a si mesmas, a certeza do encontro inevitável.

Pelo arbítrio de seres livres, sempre pode algum fator extra remir o tempo, antecipá-lo. O simples clamor dos oprimidos, pode obter resposta Divina, a despeito do tempo; “Pela opressão dos pobres, pelo gemido dos necessitados me levantarei agora, diz o Senhor; porei a salvo aquele para quem eles assopram.” Sal 12;5

Assim, embora muitas coisas O Eterno situe no tempo, por razões da Sua Soberania, ainda é o tempo que obedece ao “Pai da Eternidade”, não o contrário.

Eventualmente ouvimos, quando alguém comete uma imprudência e padece tragicamente: “Estava escrito; quando chega a hora não adianta.” Escrito onde? Na Palavra de Deus que versa sobre tudo o que diz respeito à vida, não temos nada que se assemelhe a isso. Antes, somos exortados à prudência, a sermos consequentes, para que não abreviemos nossos dias. “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” Ecl 7;17

Então, a ideia de que tudo tem seu tempo determinado, a rigor, talvez encaixe melhor se dissermos, o tempo adequado, oportuno; tanto é assim, que a própria fala, é chamada a observar essa regra; para que, vertendo na devida confluência de tempo e ocasião, seu valor seja exponencialmente aumentado; “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25;11

Entendendo a Natureza Divina conforme revelada, Amor, e sendo esse, impreterivelmente livre, não há a menor chance Dele brincar com Seus filhos, ensinando um caminho e convidando a todos, malgrado, já tenha uma elite escolhida, como defende o Calvinismo.

A suposta defesa da Divina Soberania pelos tais, a rigor atribui falsidade, injustiça ao Altíssimo. Se ensina que todos que preencherem determinadas condições serão salvos e manda convidar a todos, como faria Ele uma pré-lista excluindo pessoas antes delas fazerem suas escolhas? Os “eleitos de Deus” não são pré-escolhidos; foram eleitos em Cristo. Todos os que, O recebem e obedecem, estão eleitos.

Justiça e impiedade são possíveis a todos, sobretudo, justiça em Cristo. Se todos estão “julgados” antes mesmo das suas escolhas, qual o sentido do Evangelho a toda a criatura? Não confundir presciência com pré-escolha.

Abraão disse: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18;25

A bem da verdade, invés de seguirmos um “Script” caprichoso, amoral, e alheio às nossas vontades, estamos escrevendo nossas biografias nos céus, ao arbítrio de cada um. Cada escolha que fazemos, cada sentença que proferimos são anotadas por lá; por isso, nas cenas em que videntes (Daniel e João) anteviram o julgamento, mencionam a abertura de livros. Dn 7;10 Apoc 20;12

Enviarmos em depósito para lá, atitudes meritórias, de misericórdia, fé, obediência, perdão, verdade, justiça, foi o que O Salvador figurou como ajuntar tesouro nos Céus. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu...” Mat 6;19 e 20

A Malaquias foi mostrado os “escrivães celestes” anotando até mesmo o que falamos, para que nossas escolhas constem no eterno registro. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu. Um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 6;16 e 17

Enfim, a distinção não se dará entre eleitos e perdidos, mas segundo nossas escolhas; “Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Os escarnecedores

 

“Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11 

Os livros sapienciais, Provérbios e Eclesiastes, especialmente, não trazem, necessariamente, verdades incontestáveis, inerrantes, como é A Palavra de Deus, vertida da Fonte. São um compêndio de preceitos de sábios. 

Embora, seu registro faça parte da Palavra, e seu proveito seja inegável, não trazem a selo da inspiração, como diziam os profetas: “Veio a mim A Palavra do Senhor.” São verdades filosóficas que geralmente se cumprem; sem a precisão pontual de uma profecia.

O verso inicial expõe a longanimidade Divina, retardando a punição dos maus; em linhas gerais, é isso. Deus costuma dar tempo aos errados. “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;9 

Assisti um vídeo, onde, seu criador alistou uma série de pessoas que blasfemaram, queimaram Bíblias e fizeram coisas semelhantes, e estariam colhendo duras consequências. 

Parece que o recurso de um tempo maior é oferecido para que se arrependa, o errado de espírito, e reconsidere; isso tem a ver com uma misericórdia extra em face da ignorância. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;30 

Assim, quem blasfemou no escuro é esclarecido; se, removida a atenuante da ignorância prosseguir blasfemo, colidirá com o juízo.

Quando não se trata de um desinformado, de um atrevido que pensa poder lutar contra O Eterno, expondo O Soberano Nome ao ridículo, em geral o tempo para a resposta é mais breve. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7 

Antes de tudo, se ressalve que em nada apraz ao Todo Poderoso, lutar contra o homem, tenha ele a envergadura que tiver. Não obstante Seu Poder inefável, O Criador deseja a reconciliação, com o homem que erra, constrangido pela força do amor. 

“Não há indignação em Mim? Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da Minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;4 e 5

Infelizmente do jeito que está formatada a situação atual, onde, se assalaria o barulho, não, necessariamente o conteúdo, as pessoas se tornaram barulhentas contumazes, nas publicações. 

Não importa o que se diga, se gerar bastante interação, a coisa acaba rendendo; muitos, de olho nesse nicho, com uma “moralidade” que topa tudo por dinheiro, publicam qualquer coisa; quanto mais polêmico, melhor, visando o engajamento, nem que seja dos oponentes.

Assim, temas de grande apelo midiático, como a queda do Paulo Júnior, o escândalo do Pastor Ritter, as “profetadas” do menino Miguel, o suicídio do Daniel Mastral, etc. acabam sendo filões, onde, muitos garimpam seus trocados.

Postagens atrevidas de alguém que ousa contra O Eterno, têm grande potencial de reação, dos que temem a Ele. 

Se nos botecos se canta loas às coisas que o dinheiro não compra, na raia da vida real, o cifrão acaba pautando a corrida dos pangarés que adoram posar de puros-sangues; a maioria do que se faz, mesmo a pretexto de arte, tem fins metálicos, como ironizou Millôr Fernandes: “Depois de devidamente ajustados o preço, nos esforcemos por amor à arte.”

Os tais algoritmos, parecem ter vontade própria, e facilmente desmonetizam postagens que não interessam ao sistema.

Vergonhosamente muitas palavras precisam ser evitadas, para que as publicações recebem a contrapartida monetária pelas visualizações. 

Respeito os que fazem disso o seu ganha-pão; mas é possível ter saudáveis limites, e ainda assim, ganhar a vida. Quanto a mim, prefiro mil vezes, a liberdade de escrever o que penso com todas as letras, à subserviência ao sistema imoral, ímpio, em demanda de alguns trocados. 

Alguns conselhos estão postos, ao homens que desejam ser abençoados por Deus, não por fontes ímpias; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1 

Escarnecedores são esses que zombam das coisas Santas, pensando que é bonito ser feio, como dizia o Batoré. Se, em linhas gerais o juízo do Eterno demora, para os que se recusam a mudar, uma vez informados da verdade, o tempo pode se esgotar ainda durante seus escárnios.

No início da Igreja, Ananias e Safira morrem de imediato, ao contar uma mentira diante de Deus. Por isso, reitero, não é seguro que tenhamos tempo para brincar com o que não devemos.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

O ferro, e o barro

 

“Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois, viste o ferro misturado com barro.” Dn 2;41

Último império mundial humano, que foi interpretado por Daniel; o descreveu figurado nos pés duma estátua, que eram de ferro misturado com barro. Um reino unido pelo poderio bélico e político, com discrepâncias ideológicas, culturais, espirituais; forte e fraco. 

O Apocalipse tratando do mesmo tempo, aludiu a um poderio espiritual reinando e controlando à humanidade; esse dominará pela força; pois, menciona a imposição de uma imagem com espírito, que exigirá adoração. A força militar estará a serviço da coação espiritual;

“Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a sua imagem.” Apoc 13;15

Se, essa exige adoração sob pena de morte contra quem se recusar, não é difícil entender qual espírito que a anima. 

Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, uma imagem falando e exigindo adoração não fazia sentido. Mas era a descrição possível, então, das coisas que, hoje são triviais.

 Um exército de drones foi descrito como sendo, de gafanhotos; 

“O parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; sobre suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro; os seus rostos eram como rostos de homens... tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; seu poder era para danificar os homens por cinco meses.” Apoc 9;7, 9 e 10 

Caudas venenosas refere-se ao potencial de disparar armas; os ditos “ataques não tripulados” são uma realidade em nossos dias; os detalhes da aparência dos “gafanhotos” por certo estão por vir, ao gosto estético, das “forças de segurança”, na hegemonia do império mundial em gestação. Rostos de homens e coroas podem simbolizar o reino ao qual servirão.

Terão homens pilotando-os e um comando real, patrocinando suas ações. 

João descreveu o que viu, na linguagem da época; não foi entendido, e nem poderia; porém, hoje, com os avanços que a IA vem fazendo, coisas antes impensáveis, agora soam mui factíveis. 

Está sendo forjado um hibridismo que pouco a pouco vai fundindo homem e máquina; e a maioria as máquinas nas redes virtuais, parece possuída, pilotada por espíritos malignos; Na saúde humana, redes neurais atrofiadas, podem ser estimuladas via chips implantados, sempre com o nobre fim de restauração da saúde.

Com muita frequência, a IA consegue atuar com autonomia em determinadas áreas, como se, invés de dados humanos coletados nas redes, apenas, bebesse de outra fonte, uma espécie de universo paralelo, adiante do nosso. Assim, além de fusão entre o homem e a tecnologia, essa parece estar acima de nós, habitada por seres inteligentes, muito mais do que o homem, que nos vigiam e controlam mediante as redes. Basta que falemos a alguém sobre o desejo de comprar um pônei malhado, e breve o sistema exibirá um catálogo desses, diante de nós.

Especialistas em “futurologia” já preveem a conquista da imortalidade até 2030, através da inserção dos tais, Nanobots na corrente sanguínea; o que geraria seres híbridos, transhumanos, imunes à decrepitude; ou, pós humanos. 

Qualquer elo entre isso e a mescla de ferro com barro, não é coincidência; faz parte do pacote. A fragilidade e a força se fundiriam também, nas vidas particulares. 

No afã de ter vida eterna sem Deus, sem as renúncias necessárias em Cristo, a possibilidade soará mui atraente, à maioria, que assim o deseja. Porém, quando descobrirem que a “vida” nesses termos será absolutamente vegetativa, robótica, indesejável, pela perda do arbítrio, das sensações naturais, e consequente ventura de ser livre, esses homo-máquinas desejarão morrer; os mesmos sentidos que fazem a vida dolorosa, eventualmente, também a fazem aprazível; sem eles, seremos autômatos sem sentido.

Pois, a existência compulsória à qual estarão presos, não trará nenhum alento; a centelha humana que restar, desejará fugir da escravidão, o barro ansiará separar-se do ferro, nem que seja, anulando-se; porém, o feitor tecnológico impedirá.

“Naqueles dias os homens buscarão a morte, e não acharão; desejarão morrer, a morte fugirá deles. Apoc 9;6 

Os que recusaram à vida eterna nos termos de Cristo, aceitarão um simulacro, imitação fraudulenta de Satanás. Quando descobrirem que não passa de uma prisão, será demasiado tarde, infelizmente. Deve ser uma antecipação do inferno, anelar com todas as forças, morrer, e não ser possível.

“Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

 

 

 

 

 

O incômodo da luz


“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa.” Mat 5;11

Antes de tudo, convém atentar às letras miúdas; os que seriam ditosos nas perseguições, não o seriam por alguma profissão de fé; por se dizerem pertencentes a Cristo, malgrado, vivendo à ímpia maneira.

Quando sonegadores, fraudadores, estelionatários, charlatães são “perseguidos”, é a própria mão da justiça que os busca, pois, estão endividados para com ela; caso se digam cristãos, ou não, é irrelevante; suas obras falam mais alto que os lábios. Por elas são chamados a prestar contas.

A receita para não carecermos temer às autoridades não está num rótulo; antes, numa maneira de agir; “Porque os magistrados não são terror para boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.” Rom 13;3

Entendido isso, voltemos aos que são perseguidos por causa de Jesus. Primeiro, é necessário que os maldizentes sejam gratuitos; isto é: estejam mentindo. Ele mesmo ensinou a impossibilidade de ocultarmos, um “crime” tão grande; “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 a requerida fidelidade, deve, necessariamente, tornar Cristo visível.

Há dois motivos, pelos quais, o bom porte em Cristo, incomoda aos que não andam assim. Um, psicológico, outro, espiritual.

Em geral, pessoas que escolhem o vício, invés da virtude, valoram aos que agem diferente, como arrogantes, presunçosos; “pensam que são melhores que os outros.” O bom andar em face aos valores de Cristo, acaba sendo uma denúncia oblíqua, mesmo que silenciosa, contra os que assim não fazem. Essa emulação gera mal estar; eventualmente, alguns impropérios podem verter dela, também.

Entretanto, não buscamos a Cristo, ou, acatamos Seu Chamado, tentando nos tornar melhores que os outros; antes, melhores que nós mesmos; reconhecemos nossos muitos erros, e convencidos do Seu perdão e regeneração, nos esforçamos para viver, ajudados pelo Espírito Santo, segundo O Salvador. Portanto, as objeções das almas que assim não fazem, devem ser encontradas nelas mesmas, não em nós.

Porém, se a razão psíquica não vai muito além da emulação, de alguns desdéns verbais, a objeção espiritual é muito séria. A Palavra ensina que o “mundo jaz no maligno”; portanto, todo aquele que vive à maneira mundana, com seus valores invertidos, e suposta autonomia em relação a Deus, está sob influência do espírito contrário.

Nessa influência, facilmente se chega a odiar quem não deu motivo para isso. As perseguições incidem, diretamente proporcionais à nossa santificação; quanto mais próximos de Cristo estivermos em obediência, consagração, mais potencialmente seremos alvos de ódio, por “razões que a razão desconhece”. Paulo ensina: “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Se estamos errados por crer em Deus, que sequer existiria, como tantos defendem, qual o problema? Nossos erros dirão respeito a nós. Há pessoas que creem em astrologia, quiropraxia, numerologia, ufologia, etc. Os que não pensam como eles, não escrevem, nem gravam inflamados vídeos, em desagravo, cobrindo-os de impropérios. A maioria nem liga. Por quê, Cristo não pode ser tratado com a mesma indiferença?

Porque há um combate milenar entre Luz e trevas, verdade e mentira; gostemos disso, ou não, estamos alinhados de um lado, ou de outro.

Basta alguém se dizer cristão, conservador, heterossexual, defensor da família, em muitos ambientes, para ser rejeitado cabalmente e virar alvo de pesadas diatribes. Por quê? Porque o espírito desse mundo não deseja as coisas assim.

A religião não é o problema; antes, Cristo é. Está em célere implantação o dito ecumenismo, que será uma religião global, a única permitida. 

A Palavra de Deus antecipa quem deverá ficar de fora; “Os reis da terra se levantam governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós as suas cordas.” Sal 2;2 e 3

O Eterno, e Seu Ungido, Jesus Cristo, não devem fazer parte da nova religião; então, a serviço de qual espírito estará esse arranjo multifacetado e amoral? Sim, os mesmos entes que, odeiam a Cristo, e aos que O servem, serão os “anjos” da nova fé.

O combate ao Evangelho e seus desdobramentos vem desde que Ele foi anunciado; “Mas, se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

O lado pesado das nossas lutas é que somos chamados a seguir atuando em justiça, mesmo ante injustos; o lado bom, é que até os ímpios testificam, que Cristo está em nós.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Disciplina; camuflagem do amor


“Já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;5 e 6

A repreensão do Senhor nem sempre é entendida, pelo o que é; um gesto de amor. O “amor” que a presente geração preza, a rigor, é apenas, frouxidão moral, leniência irresponsável, sentimentalismo insosso, que tudo tolera.

Conheço casos de pais que vivem mal, para que seus filhos “amados”, ostentem carros luxuosos e consumam drogas, às custas dos genitores; não é assim o Amor do Eterno. A primeira necessidade é disciplina; depois, provisões ordinárias.

Nenhuma espécie de amor, conjugal, fraternal, paternal, pretende carreira solo; toda expressão de amor, embora não dependa disso para ser o que é, certamente, deseja a devida correspondência. “Aquele que tem Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;21

Malgrado, haja um componente de obediência necessário, para quem pretende pertencer ao Senhor, sempre o motivo desejável será o amor.

Os “inconvenientes” de recebermos algum puxão de orelhas são imediatos; mas, em dias futuros, quando seu resultado for palpável, os entenderemos plenamente. “Na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão, de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 6;11 Se, traz sensação de paz e justiça, isso testifica, da sabedoria amorosa dos motivos Divinos, quando nos corrigiu.

Quando um ministro idôneo prega à Palavra, com graça e entendimento, todos os que ouvem, cada um num grau diferente, sofrerão correção. Inclusive, o pregador. Ele não está fora do “aquário”; antes, nada nas mesmas águas. É natural certa discrepância, quando, algo perfeito como a Palavra da Vida, é cotejado com coisas imperfeitas como nós.

Muito acontece de acordarmos no meio da noite, “ouvindo” coisas que falamos na pregação. Então, é o momento de bebermos nossa dose de correção, da mesma palavra que servimos. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido, hão de medir a vós.” Mat 7;2

Pois, se, dos ministros do Evangelho se requer boa reputação, integridade de caráter, ainda assim, não atingimos a perfeição; e também somos pacientes de correções, por parte do Eterno.

Então, quando ouvimos murmúrios de alguns, que, determinado pregador (eventualmente, nós mesmos) “não tem amor”, porque sua mensagem é mui dura, a maioria das vezes que isso ocorre, tais falas vertem de vidas desorganizadas, refratárias à correção, que pretendem camuflar seus lapsos, jogando o peso das suas culpas, sobre ombros alheios. Nada mais contraproducente, que, abrirmos nossas bocas, quando era a vez dos ouvidos.

Só se coloca em rota de colisão com uma mensagem “dura”, aquele que vive um cristianismo mole; numa desobediência obstinada, ainda que, diluída no vistoso verniz de uma religiosidade oca.

Quem, bem ordena seu caminho, se incomoda com farsantes, com os aduladores nos púlpitos, invés dos mensageiros sóbrios. Os que sonegam à Palavra, anunciando suas próprias inclinações, são réprobos ante O Senhor; “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, porém, eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

O que faziam os falsos profetas de antanho, senão, acarinhar vidas ímpias, invés de anunciar retamente à Palavra do Senhor? Havia feridas graves no relacionamento do homem com Deus, mas esses “amorosos” colocavam panos quentes; “Curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6;11

Depois que a cidade de Jerusalém foi destruída e o povo levado para o cativeiro, em seus lamentos, Jeremias alistou as causas; “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura; não manifestaram tua maldade, para impedir o teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 2;14

O único que pregava mensagens “duras” era Jeremias; foi preso, esbofeteado, lançado num poço. A aversão dos ímpios à verdade é uma doença antiga.

Portanto, quem pode ouvir com frequência, mensageiros “duros”, agradeça a Deus pelos tais. Enfrentam uma série de tentações, para seguirem fiéis, onde, muitos preferem o comodismo de “maquiar defuntos espirituais”, ao inconveniente de chamá-los à vida.

O ódio costuma se disfarçar de beijos, enquanto o amor, pelo discernimento das necessidades, e o fim nobre pelo qual labora, eventualmente, fere; “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;6

A senda luminosa


“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

A escolha pela justiça, não traz consigo, o necessário discernimento. Esse é derivado de uma aquisição progressiva, onde, a cada dia entendemos um pouco mais.

Podemos estar inclinados a agir de modo reto, sem ver totalmente o que abarca nossa atitude, e errar por ignorância; por estar “no escuro”, naquele aspecto preciso, que respeita à nossa ação pontual. Quantas vezes isso já aconteceu?


Portanto, além de escolhermos a justiça como nosso princípio norteador, precisamos meditar na Lei do Senhor, para entender em quê, consiste ela.

Se colocarmos nossos rasteiros pensamentos como aferidores estaremos perdendo tempo; “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, assim são Meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

“Com minha alma te desejei de noite, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Além de um desejo profundo, Isaías colocou a oração da madrugada, como coautora na busca por conhecer à justiça.

Invés de questionar aos Divinos preceitos, ele atribuiu aos juízos Divinos, a veraz retidão. Abraão dissera: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18;25

Quantas vezes ouvimos: “Não acho justo Deus mandar a alguém para o inferno só por isso.” Se, conhecesse aos Juízos Divinos entenderia que Deus não nos manda para lá; mas, contra Sua Santa vontade, respeita nossas escolhas. “Dize-lhes: Vivo Eu, diz O Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis... ?” Ez 33;11

Por que O Eterno juraria pela Própria Vida, que Seu prazer é salvar, não, condenar, se não desejasse ardentemente que, nós valorizemos essa Sua disposição amorosa?

Quando dizemos que Deus É Amor, e Ele É, geralmente a ênfase repousa no fato de que Ele se inclina a perdoar; Sim, o mesmo Isaías diz: É Grandioso em perdoar; Is 55;7 porém, o amor tem algumas características mais; “Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.” I Cor 11;6

A “justiça” que Deus requer de nós, é muito mais, um reconhecimento das nossas injustiças; arrependimento veraz de um coração transformado, que tributa ao Feito de Cristo, sua salvação, não a presumidos méritos; isso, é conhecido como conversão, mais que, justiça, estritamente.

Tendo recebido a justificação, e aprendido a vontade do Senhor para nossos passos, não mais agiremos como em dias passados, pois, já não estamos no escuro; “... Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Rom 6;2

Para sermos salvos não carecemos mérito nenhum; apenas arrependimento, confissão e submissão ao Senhor; tendo sido regenerados, óbvio, que se espera uma nova maneira de agir, consoante com O Senhor ao qual, passamos a pertencer; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

A Palavra chama à necessária progressão no entendimento espiritual, de edificação. Esse é o sentido do verso inicial, que alude à vereda dos justos que vai clareando pouco apouco, como o romper da aurora.

Além do crescimento até à “Estatura de Cristo” Ef 4;13 O que nos fará representantes Dele em verdade e justiça, a edificação também nos “vacinará” contra ensinos errôneos, dos que caçam almas, invés de as evangelizar. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia agem fraudulosamente.” Ef 4;14

Quem se dispuser a crescer em iluminação espiritual, esteja pronto para ver melhor aos próprios defeitos. Cada conquista do Espírito Santo, em nossas almas, implica numa derrota da carne. Mas, essas “derrotas” não são a castração de algum direito como pensa o vulgo; antes são cercas a proteger nossas vidas. “O mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.” Rom 7;10

Enfim, a luz espiritual nos é dada mais para os pés, que para os olhos; para andarmos conforme, não apenas vermos; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7