segunda-feira, 5 de maio de 2025

Os soberbos


“... Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes; sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao Diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4;6 e 7

“... Deus resiste aos soberbos...”
geralmente o soberbo não lida bem com a realidade; divaga na índole megalomaníaca; nela, presume-se muito maior do que é; pela sua falta de noção, imagina que merece um lugar excelente; muitas vezes, se atreve a importunar o Altíssimo, não obstante, sua rejeição aos santos preceitos.

Deus resiste, não num sentido de se defender, como se, o soberbo tentasse tomar bens de assalto; antes, resiste no aspecto de mostrar sua aversão a esse arrogante e sem noção. O pune, desprezando-o; ignorando-o. 

Mesmo que, eventualmente faça alguma pantomima religiosa, nunca encontrará a benevolência do Criador, enquanto, persistir na soberba. “O que desvia seus ouvidos de ouvir à Lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Tiago ensina a inutilidade de rogarmos ao Senhor com motivações doentias. “Pedis e não recebeis porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

Desde o início, Adão culpou à mulher; que, por sua vez acusou à serpente. Eis a soberba! mesmo tendo males bastantes em si, nas suas ações, para ser condenável, o homem soberbo “escuda-se” nos males alheios, como se, a existência desses, purgasse aos seus.

“Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.” Autor ignorado
Não significa que os males circunstantes não existam, ou não sejam maus; porém, somos mordomos sobre nossas almas, não das vidas dos semelhantes; essa pasta é deles; cada um em particular. Quando oportuno, podemos aconselhar; comissionados, ensinar; mas, a escolha dos caminhos sempre será pessoal.

Sempre que “corrijo” aos erros alheios pela recusa de lidar com os meus, estou tentando uma fuga inglória, acrescentando pecado a pecado, como denunciou Isaías: “Ai dos filhos rebeldes, diz O Senhor! Que tomam conselho, mas não de Mim; se cobrem de uma cobertura mas não do Meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado.” Is 30;1 Naquele contexto era a nação de Israel; mas, os imitamos, infelizmente.

A Palavra sentencia: “Bem aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, não respeita aos soberbos nem aos que se desviam para a mentira.” Sal 40;4

“... dá graça aos humildes;”
Não que a humildade seja um mérito capaz de apagar culpas; mas, o reconhecimento das faltas, a capacidade de encararmos nossos deméritos, sem tentar fugir nem transferir erros, evidencia uma inclinação, da qual, O Eterno se agrada; e a esses que comparecem ante Ele sem máscaras, sem “atenuantes” fajutas, mas de frente pros fatos, O Criador se dispõe a suprir o que lhes falta gratuitamente. O Senhor “dá graça aos humildes.”

Por isso, o conselho: “Nada façais por contenda ou vanglória; mas, por humildade; que cada um considere os outros, superiores a si mesmo; não atente cada um ao que é propriamente seu, mas cada qual, também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós, o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus;” Fp 2;3 a 5

Ambos precisam graça; o soberbo e o humilde; a diferença é que esse admite suas carências, enquanto, aquele, busca camuflar, diluir. A rigor, O Senhor resiste à mentira e se apraz com a verdade.

“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao Diabo e ele fugirá de vós.” Assim como, O Senhor nos resiste e ignora nossos pleitos, quando nos portamos de modo soberbo, somos desafiados a fazer nossa parte, resistindo ao “Pai da Mentira”, quando pleitear nossa anuência mediante tentações; em sujeição ao Eterno.

Como são forças espirituais excludentes, e não podemos servir a dois senhores, ao nos sujeitarmos a Deus, necessariamente, haveremos de resistir ao Diabo. Pois, não é possível alguém ser humilde e soberbo, ao mesmo tempo. Muitos em nome do “amor” maltratam à disciplina” como se fossem coisas antagônicas.

A Palavra nos ensina a darmos a cada um o que lhe é devido; o cidadão dos Céus é “Aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado, mas honra aos que temem ao Senhor...” Sal 15;4

Por isso, a adoção dos preceitos Divinos, requer a separação das coisas que servem ao canhoto. Quando A Palavra louva ao que tem prazer na Lei do Senhor, na qual, medita de dia e de noite; um pouco antes, elenca três coisas das quais deve se separar, prefaciando isso; “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na rodados escarnecedores.” Sal 1;1

Enquanto o soberbo costuma se bastar, aos humildes é ensinada a suficiência Divina; “Confia no Senhor de todo o teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5

terça-feira, 29 de abril de 2025

Apagão moral


“Tudo isto vi, nos dias da minha vaidade; há justo que perece na sua justiça, e ímpio que prolonga seus dias na sua maldade.” Ecl 7;15

Ao dizer que viu algo na sua “vaidade”, a rigor, está aludindo que viu, na sua vida; uma vez que a definiu como sendo mera vaidade. Não significa que viu as coisas que menciona, por uma ótica específica; no caso, vã.

“Um justo que perece na sua justiça...” Por ser a justiça uma veste nobre, natural pensarmos que seus praticantes sejam honrados; esse seria o preciso lugar das coisas se vivêssemos num mundo com valores devidamente apreciados; mas, infelizmente não é assim.

No dia do juízo cada coisa estará na sua prateleira; aqui ainda não; “... naquele dia, serão para mim joias, poupá-los-ei como um homem poupa seu filho que o serve; então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não O serve.” Mal 3;17 e 18

A advertência do Salvador, que no mundo teríamos aflições, alude a uma necessidade, de quem é instado a viver de modo justo, em meio de um sistema perverso. As aflições fazem parte do pacote.

Malgrado, algumas derivarem de produção própria, digo, consequências dos nossos erros, (nesses casos, as merecemos) quanto mais reto andarmos, maiores as chances de nos afligirmos meramente, observando a paisagem, como aconteceu com Ló em Sodoma. “Porque este justo habitando entre eles, afligia todos os dias, sua alma justa, pelo que via e ouvia das suas obras injustas.” II Ped 2;8

Basta assistirmos a um noticiário para ver o vilipêndio da justiça, a derrocada dos valores, num mundo regido por patifes, onde ladrões “administram” gente que trabalha.

Não tivessem o Sumo Juiz como “pano de fundo”, os cidadãos honestos chutariam o balde e deixariam de sê-lo; tomados pela desesperança, agiriam animalescos, virando tudo de cabeça para baixo, e salve-se quem puder! num predatismo social, onde os mais bárbaros e fortes, amassariam e oprimiriam aos frágeis. Mesmo os ladrões atuais, que furtam com mãos de veludo teriam que “trabalhar”; seu roubo demandaria esforços, mais do que, apenas engano, como atualmente.

Pois, também os biltres que servem a Satã, devem suas comodidades ímpias a Deus; se não fosse o temor do Eterno, os corações dos justos vacilariam; acabariam medindo forças com esses, em defesa dos seus direitos; os canalhas não teriam as facilidades que desfrutam, em sua pilhagem “organizada.”

Talvez por isso, os dois lados da moeda, aparecem na mesma sentença, quase, como se um fosse consequência do outro; “Tudo isto vi, nos dias da minha vaidade; há justo que perece na sua justiça, e ímpio que prolonga seus dias na sua maldade.” Ecl 7;15

Sonegar direitos de tantos, é o cuidado “oficial” dos que, em lugares estratégicos pelejam pelo crime, embora pretendendo a pose de benfeitores. Falo dos governantes, óbvio! O crime organizado que furtou a nação inteira.

Os justos pelos seus escrúpulos, têm limites; as leis, convenções sociais, Constituição, direitos civis, a opinião pública... os maus, desgraçadamente desconhecem cercas. Fazem tudo ao arrepio de tudo, leis, costumes, opinião pública, direitos adquiridos, etc. Acham que o planeta foi criado para eles cagarem.

Por isso, reitero, aos olhos puramente temporais, abstraída a ideia de um juízo no além, os maus parecem ser os veros sábios, os filósofos dos nossos dias; enquanto, os cidadãos tributários à justiça, não passam de beócios, desinformados.

Eis um campo de trabalho para o ateísmo explicar! Dado que, tudo evolui naturalmente, segundo os instintos animais, de onde essa barreira íntima que veta aos de boa índole, que adotem à injustiça como modo de vida, malgrado, suas evidentes desvantagens “evolutivas”?

“Duas coisas povoam a mente, com uma admiração e respeito sempre novos e crescentes; o céu estrelado por cima, e a lei moral dentro de nós.” Immanuel Kant

Se há uma lei moral pulsando dentro que estabelece limites, aos quais não ultrapassaríamos sem dor, sem certeza de culpa, certamente há um legislador interessado nesses valores, que nos formatou assim.

A ausência dele, também é verificável, nos “animais” instintivos que predam mil vezes mais que cabe em seus ventres, sem saber direito porque o fazem; “O seu pensamento interior é que suas casas serão perpétuas, e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras, seus próprios nomes; todavia, o homem que está em honra não permanece; antes, é como os animais que perecem.” Sal 49;11 e 12

Eventualmente O Supremo Legislador intervém para que os justos não desanimem das suas escolhas; “O cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estende suas mãos para a iniquidade.” Sal 125;3

segunda-feira, 28 de abril de 2025

A fé em xeque

“Convidarás Jessé ao sacrifício, e te farei saber o que hás de fazer; ungir-me-ás a quem Eu te disser.” I Sam 16;3

Caso O eterno desejasse, poderia ter dito a Samuel: “Vai à casa de Jessé, em Belém, pois, lá tenho escolhido um rei dentre seus filhos; dos oito, escolhi o mais jovem, Davi.”

Tudo seria veraz, e pouparia ao velho profeta de cometer equívocos. Contudo, O Eterno revelou apenas o que era necessário, deixando o essencial para o momento que julgou adequado.

O homem pode se agradar com posses, renome, prazeres; dada sua percepção do imanente como a essência das coisas. O Criador que supera o logro das aparências se apraz noutras coisas. Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus...” Heb 11;6 

Pois, a Abraão, o “pai da fé”, o tratamento foi semelhante ao de Samuel, quando da sua chamada; “... sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para uma terra que te mostrarei.” Gn 12;1

Foi revelado o necessário para sua ação inicial, reservando o devir aos cuidados Divinos. Deixar uma situação estável, e seguir rumo ao desconhecido fiado “apenas” na Palavra de Deus, sem dúvida foi uma demonstração de fé ímpar. 

Se Deus nos disser para fazermos algo, ousado, meio temerário aos olhos humanos, quantos nos atreveríamos sem antes exigir “garantias”; tá eu faço, mas e depois?

A fé que agrada ao Senhor é como a vista nesses dois exemplos, de Abraão e Samuel; ao primeiro foi dito: Por agora, vai; quanto à terra, oportunamente te mostrarei; a Samuel; “vai à casa de Jessé; chegando lá, te instruirei e me ungirás a quem Eu te disser.”

Atrevo-me a dizer que não apenas Samuel estava na alça de mira da Divina bênção, com aquele incidente; estávamos todos. De que outra forma mais didática, aprenderíamos sobre a visão Divina que sonda corações, invés de se render às aparências, senão, através do engano do profeta, (que também cometeríamos) corrigido pelo Eterno?

Como dizia Spurgeon, “Deus nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa”; tanto aludindo às muitas “pedras do tabuleiro” que são movidas em direção a um alvo bendito, quanto, ao fato que essa bênção se pode multiplicar, atingindo a muitos outros mais.

Assim, embora a fé costume apontar suas setas ao devir, somos supridos mediante ela, de modo prático, quanto às necessidades imediatas; “basta a cada dia o seu mal;” e desafiados e descansar na Divina integridade, quanto às demandas, cuja necessidade virá no tempo futuro.

Quando Pedro, exortado a apascentar às ovelhas do Senhor, caiu em certo diversionismo, dando vazão à curiosidade quanto à sorte de João, O Salvador o exortou: “Que importa a ti? Segue-me tu.”

Não que seja pecado termos curiosidades; quem não as tem? Todavia, quem pretende andar pelas veredas da fé, precisa aprender a “ver” com os olhos dessa, também. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera; a prova das que se vê.” Heb 11;1

Não são anexas garantias circunstanciais, às promessas Divinas. Eventualmente, O Eterno dá alguns sinais, em atenção misericordiosa, às nossas fraquezas; como fez com Gideão, Manoá, Zacarias, etc. Porém a excelência da fé é confiarmos “apenas” porque O Senhor disse, sem carecermos de nenhuma muleta palpável para crer e seguir após. 
Por agora faça isso; depois te direi o quê, mais. 

Deus não testa nossa fé para que saiba se ela é oca ou maciça. Ele já sabe. Não teria apostado Sua Honra, contra o inimigo, acerca da fé de Jó se não soubesse. Mas, eventualmente permite duros testes para que nós saibamos, e que, eventuais superficialidades pueris sejam purgadas, e não venhamos enganar a nós mesmos.

Do outro lado da prova Jó saiu muito melhor; “Eu te conhecia de ouvir falar; mas agora te veem meus olhos;” disse.

Então, se mesmo desejando com todas as forças ver luzes que nos apontem caminhos, quando O Senhor nos priva delas, não desfaleçamos; depois da prova sairemos melhores. Por agora, Isaías aconselha: “Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do Seu servo? Quando estiver em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o Seu Deus.” Is 50;10

Diferente da prudência natural que, pesa custos e benefícios, faz pesquisas de mercado, etc. antes de se aventurar nalguma empresa; aos que temem O Senhor, o essencial é que a direção prescrita tenha vindo mesmo Dele; no caso de dúvidas atinentes a isso, é prudente pedirmos algum sinal.

Porém, uma vez certos do rumo, imitemos a Moisés; “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme como vendo o invisível.” Heb 11;27

Bendita loucura


“... os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 A sabedoria é o produto; a instrução, o método.

Loucura; uma espécie de errância involuntária no exercício do siso, desvario mental, lapso nas faculdades cerebrais, que tolhe uma apreciação coesa, em relação à realidade. Qualquer que seja o incidente avaliado, fatalmente a loucura se evidenciará numa aferição imperfeita, na falta de acuidade ante seu apreço e os fatos, que lhe é própria.

Como se, o bom siso fosse acessível pela porta da higidez psíquica, e os loucos, tolhidos de saber onde fica a entrada, vivessem “fora da casinha”, como o imaginário popular os figurou.

Entretanto, os loucos que desprezam a sabedoria e instrução, não padecem de lapsos bioquímicos, capazes de tolher o bom funcionamento do cérebro. Antes, em pleno exercício das suas faculdades, fazem escolhas morais; deixam seu “não!” a Deus, patente, nas suas escolhas avessas. Desprezar algo não é um derivado de falta de juízo, no sentido da possibilidade de julgar; mas, pode ser sinal de falta, pela omissão voluntária das consequências que se revelarão inevitáveis. “Tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

No prisma estrito, o desprezo é já fruto dum juízo; quando, julgamos que algo não merece nossa consideração; nosso apreço. Em suma, a loucura do que se opõe à Sabedoria Divina, não é subproduto de uma impossibilidade; antes, de uma manifestação livre, da vontade. Seu lapso é moral, não, cerebral. O sujeito prefere ser “libertário” à moda do anjo caído, a ser servo fiel, como nos ensinou Jesus Cristo.

A “loucura” que atinge a capacidade cognitiva, nem sempre é bastante para fechar a porta às decisões virtuosas. Antevendo o caminho que se abriria aos povos mediante Cristo e Sua Vitória, Isaías versou: “Ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles, os caminhantes, até mesmo os loucos não errarão.” Is 35;8

Assim, há muitos que mal sabem escrever o próprio nome, ou nem isso, que tomam decisões sábias. Enquanto, auditórios de universidades lotam para ouvir eminentes ateus, “provando” que a grama é vermelha. Onde estão os loucos? Se, preciso escolher alguém que “confirme” o que quero, já não estou em busca de sabedoria mediante instrução; antes, o meu “quero” já é minha escolha; o “mestre” que busco é apenas um cúmplice para silenciar as vozes íntimas que tentam despertar minha razão a qual, voluntariamente droguei.

Ouvi um ateu acusando a “indiferença Divina” que teria deixado o homem entregue a guerras, enfermidades, destruição por cem milhões de anos; passando a se importar conosco há pouco mais de três mil. Os “cem milhões” derivam da “fé” ateísta sem nenhuma evidência. A idade da humanidade segundo a Bíblia se aproxima de seis mil anos. Usar um pressuposto ateísta para provar o ateísmo? Heráclito ensinava: “O falso não deve ser considerado assim, porque se opõe ao suposto verdadeiro; antes, deve ser demostrado falso em si mesmo.”

Não podemos desconsiderar, que, os loucos morais, tendo feito suas escolhas em aversão a Cristo e Sua Obra, se ocupam de desqualificar aos que buscam a Sabedoria, Nele; no cumprimento rigoroso de um dos “mandamentos” do “Decálogo de Lenin”, “Xingue-os do você é; acuse-os do que você faz”, desqualificam sem evidências palpáveis, aos que se atrevem a tomar suas cruzes e seguir O Salvador.

Paulo aludiu a isso desde seus dias; “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus.” I Cor 1;18

A distinção entre a sabedoria espiritual e a meramente intelectual, enseja um abismo, que, por não poder, o homem natural, enxergar do “outro lado do muro” atribui loucura aos que tem olhos espirituais. Sabedor dessa discrepância, Paulo nadou um pouco na ironia; “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O Conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar aos crentes pela loucura da pregação.” V 21

Depois, colocou os pingos nos is; “... falamos não com as palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que O Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais, com as espirituais; ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura, não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente; mas o que é espiritual discerne bem a tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;13 a 15

Enfim, quem ler “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdã, descobrirá que, sua bem humorada abordagem tem muito de sabedoria disfarçada; “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus, mais forte que eles.” I Cor 1;25

domingo, 27 de abril de 2025

Vítimas do vitimismo


“O que guardar o mandamento guardará sua alma; porém, o que desprezar seus caminhos, morrerá.” Prov 19;16

O vitimismo é um mal que nos acompanha desde o início da saga humana. Quando confrontados com sua desobediência, a mulher acusou à serpente, Adão culpou à mulher; como a criação dessa fora uma ideia Divina, quase que, o homem culpou ao Criador. “A mulher que Tu me deste por companheira.” Gn 3;12 Faltou só dizer: Eu não pedi; por que me destes? Lavo minhas mãos.

Como numa extensão dessa doença, o vitimismo inconsequente, a tendência à desobediência acaba sendo uma postura esperável, infelizmente. “Porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Algo nos é vetado, uma cerca qualquer nos limita, e pronto: Estamos sendo vítimas da castração dos mais legítimos direitos; Deus não nos deixa nem respirar, não nos que ver felizes. Leis, mandamentos, outra coisa não visam, senão, nos tolher, limitar, acusam.

O Criador não tenciona fazer felizes aos mortos espirituais; antes, quer fazê-los retornar à vida; isso requer algumas dores. Aqui é local de adquirirmos ingressos; a felicidade está reservada no além. Lá, “Deus enxugará dos seus olhos, toda a lágrima...” Apoc 7;17

Os avessos à disciplina, ultimamente têm aplicado uma reengenharia à sua linguagem; a culpa é do legalismo, da religiosidade tóxica; falta de inclusão, discurso de ódio. Ora, os mensageiros idôneos não constroem cercas, não criam limites; apenas se esforçam para serem probos na apresentação da Palavra da Vida; os limites que estão lá, são para o nosso bem. Felizes os que ouvem pregoeiros idôneos.

Certamente, com um discurso “libertário” assim, que Satanás seduziu a terça parte dos anjos. Como é uma criatura, portanto, não é proprietário de nada do que foi criado, por certo acenou com coisas que não possuía, para se mostrar “melhor” que O Eterno. “Na multidão do teu comércio se encheu o teu interior de violência e pecaste... pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários...” Ez 28;16 e 18

A ideia que Lúcifer comerciou, está associada a violência e injustiça; a primeira, porque violou limites que não deveria, e a injustiça, porque acenou com coisas que não possuía. Pelos menos duas cercas rompidas; a dos limites, e da propriedade.

Dada a diferença abissal entre criaturas e o Criador, natural que Ele, coloque limites àquelas; afinal, o poder e a posse são Dele. E pela essência revelada do Nosso Bendito Senhor, “Deus É Amor”, sempre que coloca um termo, uma restrição a nós, o faz para o nosso bem. “Agora, pois, ó Israel, que O Senhor teu Deus pede de ti senão... Que guardes os mandamentos do Senhor, os Seus Estatutos, que hoje te ordeno para o teu bem?”

Pois, como vimos no princípio, “O que guardar o mandamento guardará a sua alma;” precisamos ser cautelosos com os discursos libertários, pois; nem sempre o que nos fala as coisas agradáveis de se ouvir, está laborando pelo nosso bem. Como uma isca apetitosa se oferece toda, no habitat do peixe, assim, muitas “bondades” que nos assediam.

O Senhor capacita aos Seus ministros para falarem segundo Ele, o que nem sempre soa agradável ao ouvido, mas sempre será medicinal, no que importa, o prisma espiritual.

Nossa situação após a queda é de pacientes, de enfermos; e quando somos tratamos da saúde física nos hospitais, não vamos lá em busca de entretenimento, tampouco impomos condições aos médicos de como queremos ser medicados. Nos submetemos ao que eles prescrevem, sem nos sentirmos vítimas, sabendo que aquilo é uma necessidade para o nosso bem.

Abstraídas as diferenças objetivas, é exatamente a mesma coisa. Quem procura “Igrejas” movido por predileções, pela “afirmação de direitos”, está mais doente que a maioria. Além das mazelas comuns que costumam permear às vidas alienadas de Deus, nesses inda grassa a cegueira espiritual, que os leva a presumir a existência de um doentio “afirme-se”, onde o Médico dos Médicos receitou um sisudo “Negue-se!” “... o que desprezar os seus caminhos, morrerá.”

Cheio está por aí de “hospitais alternativos” e cada um poderá escolher o “tratamento” que aprouver; porém, se no fim da lida a opção dos que preferiam o “bálsamo da Graça” onde eram necessárias algumas incisões de justiça, se revelar também enfermiça, inócua, não queiram culpar ao Senhor pelas escolhas particulares alienadas da “Receita” Dele. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

“Porque o erro dos simples os matará; desvario dos insensatos os destruirá; mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temos do mal.” Prov 1;32 e 33

sábado, 26 de abril de 2025

Cristãos sazonais


“Tardando o esposo adormeceram todas”. Mat 25;5

Sempre que ocorre algum evento de proporções globais, como o 11 de setembro de 2001, o Tsunami devastador na Ásia, agora o falecimento do Papa, os “cristãos sazonais”, que esperam encontrar com o Salvador pela esperteza, mais do que, pela submissão, em gratidão, por ter sido salvos, excitam-se; apregoam “fim do mundo.”

Um pastor amigo, da denominação onde congrego, ante algum descalabro, exaspera-se: “Isso é o fim do mundo!” diz. Pois, esse excesso de “fins do mundo”, é o fim do mundo, adotando sua linguagem.

O próximo Papa será isso, aquilo, esperneiam os pseudo intérpretes das Escrituras. Decidiram em sua hermenêutica peculiar, que o “Oitavo Rei” predito em Apocalipse capítulo 17, será um papa, necessariamente; ordenado, depois do estabelecimento do Estado do Vaticano em 1929. 

Para encaixar suas “interpretações”, uns, excluem o Papa de então, Pio XI, outros, que contavam Francisco como sendo o oitavo, não tendo acontecido como previsto, colocam dois numa só “cabeça”, ele e Bento XVI; assim, o próximo seria o oitavo; animam-se.

Há chances de coincidirem dois oitos, caso seja esse o número do próximo; como a idade do Francisco, 88. Coincidirem o oitavo Papa com o oitavo reino global, digo.

Ora, onde o anjo mostrou a João o fim ligado aos oito reis, ou reinos, foi preciso: “Cinco já caíram e um existe;” Apoc 17;10 Os cinco impérios que tinham caído até aqueles dias, povos que oprimiram a Israel foram, pela ordem: Egito, Assíria, Babilônia, Medo/Pérsia e Grécia; “um existe”, o que então existia era o Império Romano, do qual João era prisioneiro. Outro ainda não é vindo; a divisão do império em dois, as duas pernas da estátua do sonho de Nabucodonosor; a parte ocidental sediada em Roma e a oriental em Constantinopla, os turco/otomanos, hoje, Istambul.

O oitavo império simbolizado nos pés da estátua, pela multiplicidade dos dedos, parece tratar-se de um conglomerado de nações, algo como a ONU governando tudo. Quem conhece os alvos da agenda 2030, sabe que isso está em célere gestação.

Nada impede que o novo Papa seja o falso profeta, o líder da Sociedade Ecumênica Global, única religião permitida sob a batuta no magnífico Novo Secretário Geral da ONU, também conhecido como, o Anticristo.

Assim, aos que esperam ver a casa cair nesses dias, achando que Trump será o cara, e o novo pontífice já vai chegar arrasando tudo, podem ter uma decepção; uma sensação de que o “esposo tardou”.

O risco de “colocar todos os ovos num só balaio”, é que, caindo esse, nada reste. Mais importante que saber quando, é estar alinhado ao “como” devemos estar, quando esse dia chegar.

Em meus breves dias já passei por uns três ou quatro “fins do mundo”, e sigo teimosamente vivo; milênio, Calendário Maia, morte do Papa, etc. É perigoso ficarmos mais atentos ao relógio do que à cruz. A coisa pode demorar um pouco ainda, e sinceramente espero que demore; quanta gente ainda não salva, que poderá vir a ser!

Quanto aos sazonais, mudada a estação eles mudarão também. O imediatismo é já um indício de oportunismo, mais do que amor fraterno, como convém; como a febre não é uma doença em si; antes, o sintoma de alguma, o zelo oportuno desses, é só sinal de egoísmo doentio. ‘Eu estando salvo, o resto que se exploda!’

O texto que tomamos como base desse apanhado, alude a dez virgens que esperavam pelo esposo; cinco prudentes e outras tantas, não; tardando o esposo, adormeceram todas, diz o relato. Porém, à voz do noivo, as que tinham “azeite” nas lâmpadas foram ao encontro Dele, as demais, se perderam.

Então, mais importante que sabermos datas, segundo o intérprete a ou b, é termos o azeite (Espírito Santo) em nós. Assim, quando o esposo chamar, pareça cedo, ou tarde, haveremos de ouvir. 

E ter o Espírito não é fazer barulhões pentecostais como supõem alguns; antes, é sermos conduzidos pelo Espírito Santo, que sempre nos advertirá e chamará de volta, se nos desviarmos nalguma parte, da Palavra de Deus.

Mas, se o novo Papa se revelar um tirano, inimigo dos cristãos, associado aos globalistas mais que à Palavra de Deus?

Caso aconteça, não estará fazendo nada diferente que o finado Chico fez, nos últimos doze anos. Promoveu as pautas woke invés do Evangelho, compactuou com o PCC na perseguição aos cristãos chineses, validou todo tipo de fé, por esdrúxula que fosse, de modo que, os próprios católicos, em grande parte o denunciaram como impostor, e a vida seguiu.

Nada garante que minha interpretação esteja correta. Sou falho como qualquer um. Todavia, o que conta mais é estar preparado que, saber quando, disso estou seguro.

Traços do Pai



“... Santos sereis, porque Eu, O Senhor vosso Deus, Sou Santo.” Lev 19;2

Diferente da ideia vulgar, onde alguém deveria viver de maneira piedosa, morrer fiel, e em seu nome se fazer preces recebendo pelo menos dois milagres comprováveis, e depois do devido “processo de canonização” a Igreja o declarará santo, a abordagem bíblica é outra. É uma necessidade, não uma possibilidade.

Não tem nada a ver com operação de milagres; pois, por esse prisma a igreja teria que “canonizar” Satanás. Só no livro de Jó ele operou duas coisas que o vulgo chamaria de milagres; produziu do nada, um vendaval tal, que colocou abaixo a casa do primogênito, dele, onde todos os demais estavam e os matou; depois, fez descer fogo dos Céus, queimando rebanhos. O que o Vaticano está esperando para instaurar o processo? Ver Jó cap 1;16 a 19

Uma das nuances dos últimos dias, são os chamados “prodígios da mentira” (mat 24;24 etc.) milagres de origem espúria. Pois o “Santo Anás” consegue, entre outras coisas se disfarçar de anjo de luz. II Cor 11;14 Com o avanço da tecnologia, muitos servos dele nem carecem auxílio espiritual para se lambuzarem no engano. Manipulam meios e “revelam”, onde incautos assistem.

A santidade que Deus requer dos Seus tem a ver com identificação; “Sede santos, porque Eu O Senhor vosso Deus, Sou Santo.” Assim como um pai humano se alegra encontrando seus traços num filho, também O Pai dos Espíritos deseja identidade espiritual em nós; afinal fomos projetados, originalmente, à Sua Imagem e Semelhança.

Assim, as coisas que Ele revelou probas, devemos aprovar; as réprobas, reprovar. Não diz isso, no salmo 15, aludindo ao cidadão dos Céus? Entre outras coisas é “Aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado, mas honra aos que temem ao Senhor...” v 4 É um que se identifica com O Pai.

A santidade requer que formemos fileira após O Senhor, Seus Valores, Sua Palavra, mediante, Seu Espírito em nós. A santificação é um processo; dados os maus hábitos do nosso pretérito, tendemos em incorrer nas práticas que andamos antes da conversão. Agora, em Cristo, quando erramos, nossa consciência avivada no Espírito, não permitirá que deixemos para lá, como se fosse algo desimportante. Por isso, reitero, é uma necessidade, não, uma possibilidade; “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14

A “perfeição” possível a homens de carne e osso, herdeiros das consequências da queda, onde as inclinações naturais palpitam, é bastante imperfeita. Não significa não errar nas atitudes; mas requer não errar na leitura delas. Podemos pecar em nossa conduta, não, em nossos princípios.

Assumirmos nossos erros tentando corrigi-los, invés de dar de ombros e os renomear, como fazem os ímpios. “... não pequeis; mas se alguém pecar, temos um advogado para com O Pai; Jesus Cristo, O Justo.” I Jo 2;1

Uma condenação pesa sobre os que mudam os valores para não mudar comportamentos: “Ai dos que, ao mal chamam, bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas, luz, e da luz, trevas; fazem do amargo, doce, e do doce, amargo;” Is 5;20

Cheio está por aí, dos que acham que a Divina Graça seja um lixão, onde toda sorte de sujidades morais podem ser alocadas. Crasso engano! A Graça nos trouxe da morte pra vida; O Espírito nos convida e capacita à santificação; se negligenciarmos nossa parte, a desgraça espera.

Todos os servos de Deus, são “santos”; são chamados assim, não pela perfeição das suas atitudes; mas, porque fizeram profissão de pertencer ao Senhor pela fé, e disso deram pública demonstração pelo ritual do batismo. Se as atitudes ainda destoam dos preceitos bíblicos, é outro aspecto.

A Igreja em Corinto, por exemplo, tinha toda sorte de carnalidades, disputas, invejas latentes entre eles; todavia, escrevendo-lhes, Paulo introduziu seu texto, assim: “À Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Jesus Cristo, chamados santos...” I Cor 1;2 Logo, num sentido amplo, todos os que dizem pertencer a Jesus Cristo, são “santos”; num sentido estrito, só O Senhor conhece.

Aqueles que decidem tomar O Excelso Nome do Salvador como fiador das suas vidas, precisam considerar na seriedade que isso requer; “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Dos que assim não fazem, misturando o Santo com coisas profanas, devemos nos distanciar; “... não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão ou roubador. Com esse, nem ainda comais.” I Cor 5;11 "Porque está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16
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