domingo, 2 de março de 2025

O lugar das coisas


“Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, até o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;14

Se, o “Eclesiastes” parece um tratado mui pessimista, onde, nem prazeres, posses, ou mesmo, sabedoria têm muito valor, “tudo é vaidade e aflição de espírito”; no epílogo, o autor deixa uma porta aberta para que a justiça, enfim, se estabeleça. “... Deus há de trazer a juízo, toda obra...”

Abraão dissera: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti; não faria justiça, o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

A essência das coisas escapa aos olhos da carne; não conseguimos ir além das aparências; só nesse prisma é possível que haja ações encobertas. Os anjos fiéis e os caídos veem tudo.

Na nossa atuação, dos que são fiéis a Cristo, mesmo reduzidos às fraquezas de corpos carnais, há um ensino para aqueles que não estão presos aos mesmos limites; tanto denunciando como injustificável as escolhas dos que caíram, quanto, emulando aos fiéis, para que assim permaneçam.

Soa meio pretencioso, seres pífios, falhos, como nós, serem instrumentos didáticos ante aos anjos nos Céus; porém, é A Palavra de Deus expõe: “Para que agora, pela Igreja, a multiforme Sabedoria de Deus seja conhecida, dos principados e potestades nos Céus.” Ef 3;10 Afinal, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo, para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo, para confundir as fortes.” Isso vale tanto no escopo terreno, quanto, universal. É a Sabedoria Dele, que se evidencia mediante isso, não, nossa.

Acaso, quando escolhemos obedecer, malgrado nossas fraquezas e más inclinações, nossa escolha não está sendo um “juízo” contra os anjos que preferiram a desobediência? Nossa atuação nos faz “juízes” dos anjos, tanto condenando os que preferiram a corrupção, quanto, justificando os que escolheram a fidelidade. “Não sabeis que havemos de julgar os anjos? Quanto mais, as coisas pertencentes a esta vida?” I Cor 6;3

Se, nosso agir está visível ante as criaturas espirituais, o que dizer, do Criador? “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes, aos Olhos Daquele, com quem temos de tratar.” Heb 4;13 Diante Dele, não apenas nossos atos, mas, até desejos, pensamentos; pois, “vê” nossos corações.

Passarmos por momentos de descrença, ao vermos as coisas fora do lugar, indignos sendo honrados, e probos perseguidos, vilipendiados, é inevitável nesse mundo; mesmo o mais sábio dentre os homens, passou. Ele escreveu: “Tudo sucede igualmente a todos, o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim, ao que sacrifica, como ao que não sacrifica; tanto ao bom, quanto ao pecador, ao que jura, quanto, ao que teme o juramento.” Ecl 9;2

Isso deve ser entendido como um derivado da longanimidade Divina que dá tempo a todos, esperando pelo arrependimento, e da Sua Graça abrangente, que envia sol e chuva, sobre justos e injustos. Nada a ver com juízo, que está reservado para os dias porvir.

Se, as coisas não podem suceder despercebidas no aspecto espiritual, no prisma imanente não é assim; porque a visão plena das ações, no tocante a nós e nossa relação com o mundo invisível, depende dos “olhos da fé”, e se restringe ao existenciário de cada um; quanto mais incrédulo alguém for, menos verá. “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das que não se vê.” Heb 11;1

Onde vislumbra nuances de incredulidade, o traíra investe suas fichas, transformando essa miopia incipiente, em cegueira cabal. “Nos quais, o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Então, se, como Salomão, observando as vicissitudes da vida, as coisas nos parecerem fora do lugar, (elas insistem nisso) saibamos que, ainda não foi pronunciado o juízo do Eterno, quanto o devido mérito de cada uma.

A Palavra de Deus é categórica: “Não vos enganeis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará; porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no espírito, do espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8

O mesmo Juiz aponta as duas escolhas possíveis e suas consequências: “Portanto, comerão do fruto dos seus caminhos, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos; porque o erro dos simples os matará, e o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do poder do mal.” Prov 1;31 a 33

sábado, 1 de março de 2025

Carnaval gospel??


“Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete; porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

Quem já pregou num culto fúnebre sabe por experiência, que os ambientes de tristeza, consternação, são muito mais permeáveis às coisas espirituais, que os festivos. Essa é a ideia esposada no verso acima.

Quando, o mundo comemora o carnaval, muitas igrejas fazem seus “blocos” a pretexto de evangelizar nesses festejos que a maioria das pessoas se envolve. Seria essa atitude, sábia, prudente, oportuna, ou um erro?

Quando Paulo prescreve pregar a tempo e fora de tempo, ou diz: “Fiz-me de tudo para com todos”, não devemos levar a extremos, que “embasem” situações que ele não tencionava. A tempo e fora de tempo, significa, quer seja oportuno, quer não; como ele e Silas cantando louvores no cárcere; ou escrevendo suas cartas em prisões. Mesmo não parecendo situações oportunas, usou-as.

O fiz-me de tudo para com todos, o contexto imediato explica: “Fiz-me como judeu, para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da Lei, para ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem Lei, como se estivesse sem Lei... fiz-me de fraco para com os fracos, para que pudesse ganhar os fracos...” I Cor 9;20 a 22 Portanto, o “tudo” deve ser entendido nesse contexto, nada além disso.

Se, o Carnaval fosse um Estado, dentro do qual, para ingressar fosse necessário contextualizar, adotando o idioma e alguma faceta cultural, poderia ser uma boa iniciativa, os cristãos se disfarçarem de “Carnavalenses”, para circular entre eles, difundindo sua mensagem.

Entretanto, o Carnaval é um estado de espírito, onde os espíritos das crenças afros, os orixás, são cultuados, e concomitantemente, embriaguez, drogas e promiscuidade ocorrem para quem quiser ver. Não bastasse isso, zombarias com símbolos cristãos, e escárnios contra O Senhor, até, também desfilam nesses ambientes.

Salvaguardada, eventual boa intenção de alguém sincero, se, vista a coisa pelo prisma da prudência, do zelo e da sabedoria, ela não se firma.

Uma coisa é contextualizar, adotando linguagem semelhante a determinado grupo, suportando ambientes inóspitos, até; outra seria “lançar pérolas aos porcos, ou dar aos cães as coisas santas”, coisas que O Salvador disse que não devemos fazer.

Sabem as pessoas esclarecidas que, para certas “questões” o silêncio acaba sendo a melhor resposta; de igual modo, para determinados ambientes e manifestações, não compactuar nem se misturar acaba sendo a mensagem mais eloquente.

Não fomos chamados para parecer “legais” aos ímpios; antes devemos ser como sal e luz; eloquentes ao paladar e aos olhos, invés de camuflarmos Cristo de diabinho, para parecermos inofensivos.

Outra coisa: Seriam esse “bloqueiros góspeis” tão ciosos da necessidade de pregação do Evangelho em todos os dias, que não aceitariam ficar nenhum, sem o fazer? Ou, estariam se misturando à festa profana, com um pretexto evangelístico para matar a saudade? Se o zelo evangelístico dos tais também acaba na quarta-feira de cinzas, eles próprios sabem que são fraudulentos.

Se, no prisma da interação social, devemos ser acessíveis a todos, independente das nossas diferenças filosóficas e espirituais, quando nosso relacionamento com O Pai está em escopo, uma escolha radical se faz necessária;

Paulo é categórico: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Ele disse: Neles habitarei, entre eles andarei, Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo; por isso, saí do meio deles e apartai-vos, diz O Senhor, não toqueis nada imundo e Eu vos receberei; Eu serei para vós, Pai, e sereis para Mim, filhos e filhas, diz O Senhor, Todo Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Pois, o fiz-me de tudo para com todos, certamente não abarca a ideia de me fazer como o drogado, o promíscuo, o profano, ou o ébrio, para “ganhar” aos tais.

Não foi quando na esbórnia que o Filho Pródigo recobrou a luz e o siso que precisava; mas, depois, quando o calor dela arrefeceu, e as consequências das escolhas pretéritas assomaram. O carnaval é um culto, e não é dedicado a Deus.

Se, circunstâncias alheias à sua vontade levarem alguém que teme ao Senhor e peregrinar por lá, sentir-se-á estrangeiro, sem motivos para cânticos, como os judeus no cativeiro. “Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137;4

Os negligentes

 

“O que é negligente na sua obra é também irmão do desperdiçador.” Prov 18;9

Vemos na negligência uma face do desperdício; pois, sendo o negligente um “irmão” do desperdiçador, é esse traço, o comportamental que os aproxima.

Se, outra coisa estraga, o negligente, por certo, é relapso para com as oportunidades que a vida oferece.

Perde à chance de crescer, sendo bom ouvinte da Palavra de Deus; assim uns foram apreciados: “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos torne a ensinar, os primeiros rudimentos das Palavras de Deus, vos haveis feito tais, que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;11 e 12 Desperdiçaram tempo, pela preguiça de ouvir; seguiam crianças espirituais, quando, já poderiam ser professores. Davam trabalho, quando, deveriam dar frutos.

Tende o homem, a dar ouvidos para as coisas com as quais se identifica; às outras, ouve de má vontade; “O ímpio atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna.” Prov 17;4

Daí, se diz que a mentira dá duas voltas na Terra, antes que a verdade tenha tempo de calçar suas botas. Más notícias voam, enquanto, os bons exemplos nem chamam a atenção. Porque, majoritariamente somos maus; ouvir da maldade alheia, como que “justifica” à nossa.

O que faz desafiadora a mensagem do Evangelho é que, invés de acarinhar nossos egos adoecidos, ou acoroçoar nossas maldades reiteradas, nos desafia a mudar, confronta segundo Deus. Conversão não é coisa para covardes; apenas para os que se atrevem contra si mesmos.

Quando estamos dispostos a dar ouvidos apenas às coisas para com as quais concordamos de antemão, não estamos ouvindo a ninguém; antes, às nossas próprias inclinações, ainda que, desfilem pelos lábios alheios. Sócrates dizia que, quando alguém aplaude algo com o qual se identifica, no fundo, aplaude a si mesmo.

O Evangelho como nos é proposto, é de um confronto tal, que não pode conformar com nosso modo de pensar; nem pretende reformá-lo; antes, anela nos transformar radicalmente, de modo a deixarmos nossa rasa percepção das coisas; “negue a si mesmo”, e adotarmos como diretriz, doravante, os pensamentos Divinos.

“Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque, Grandioso É, em perdoar; porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos, os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Por isso a Divina mensagem traz consigo uma cruz; para que nela, mortifiquemos nossas ímpias maneiras às quais estávamos acostumados, nos identificando com Cristo, pela obediência ao Pai, às últimas consequências; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua morte?” Rom 6;3

Antes Dele, poderíamos ser negligentes, porque nada tínhamos a perder. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 Nada tínhamos a perder, uma vez que estávamos mortos. “Porque o salário do pecado é a morte...” v 23

Logo, tendo sido redimidos, regenerados em Cristo, não nos cabe mais sermos negligentes, desperdiçando a magnífica graça, com a qual Ele nos buscou. “... o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça; pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da Graça? De modo nenhum.” Rom 6;14 e 15

A negligência para com a edificação segundo A Palavra de Deus, nos deixa à mercê de qualquer salafrário da praça; até desses pirralhos da moda, que “veem anjos, varões de branco, revelam macumbas, adivinham nomes, CPFs” invés de serem mensageiros da Palavra da Vida. Quem aprendeu dos Pensamentos de Deus, não se faz presa de babaquices ao rés do chão, como essas.

Àqueles mesmos, que foram acusados de negligentes ao ouvir a Santa Mensagem, foi apresentado como resultado da devida diligência, a maturidade espiritual, e com ela, o discernimento. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume têm os sentidos exercitados, para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14 Perfeitos aqui, significa aptos, espiritualmente maduros, não, sem pecados.

Escrevendo aos Efésios, Paulo esposou a edificação como necessária, para não sermos ludibriados pelos enganadores. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens, que com astúcia agem fraudulosamente.” Ef 4;14

Toda sorte de negligência é perdulária; mas, nenhuma tem potencial para ensejar maiores danos, que a espiritual, pelo valor que está em jogo nesse âmbito; a vida eterna.

Corramos por mais, pois, sem sermos descuidados com o que já recebemos; “Mas, o que tendes, retende-o até que Eu venha.” Apoc 2;25

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Adúlteros



“Vem, saciemo-nos de amores, até à manhã; alegremo-nos com amores.” Prov 7;18

A adúltera, ao jovem imprudente. Avisa-o que seu marido está viajando e convida-o para o desfrute dos vícios, aos quais, chama de amores.

O sonolento não mostra nenhum cuidado, escrúpulo; antes, “logo a segue, como o boi que vai ao matadouro...” V 22

O hábito de chamar aos vícios perniciosos por outros nomes é bem antigo. Quando determinado artista cantou: “Consideramos justas todas as formas de amor”, a rigor, ele queria dizer, todas as formas de relações sexuais. Tanto que, ele vive sua sexualidade alternativa. É direito dele; agora definir o que é justo e o que não, essa pasta não lhe foi dada.

As coisas não são, necessariamente, como as consideramos. A verdade não é maleável, como se, cada um tivesse sua porção, tipo aquela platitude “filosófica” ante a qual, idiotas babam; a do número escrito no chão, que de um lado é seis, do outro, nove; engenho forçado do relativismo, para que, mesmo as visões opostas todas, “tenham razão”. Nada poderia ser mais estúpido e pernicioso.

No exemplo em apreço, temos a mesma situação vista por duas leituras diferentes. A saciedade do amor, e, adultério. Quem sugeriu que podemos valorar às coisas ao nosso bel prazer, foi o canhoto; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal, sereis como Deus.” Contudo, quem se atreve contra os valores que O Eterno estabeleceu, e contra a verdade que Ele revelou, se faz como o diabo. Como certo político conhecido, o diabo em campanha promete picanha; na hora do vamos ver, acena com ovos. Os seus filhos saem semelhantes ao pai.

Se, tudo é relativo e cada um pode ver o “número” que aprouver, sequer a inversão de valores é possível. Os tais, seriam diluídos na miscelânea de deuses, e cada um escolheria aos da sua predileção; todavia, os valores estão estabelecidos na Divina revelação.

Os que se atrevem contra eles, estão em rota de colisão contra o juízo do Eterno. “Ai dos que, ao mal, chamam, bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas, luz, e da luz, trevas; que fazem do amargo, doce, e do doce, amargo.” Is 5;20

Cada um pode defender a moralidade que aprouver, sofismar sobre O Santo, sobre a conveniência e atualidade da Palavra, etc. Ela segue, solene, sóbria, radicada, imutável; “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, herdarão o Reino de Deus.” I Cor 6;10

Para a mulher adúltera, bastava o marido não estar, para que ela fosse em busca dos seus deleites ilícitos. Invés do necessário apreço por compromissos, valores, honra, pautar suas escolhas, ela preferia que as comichões do corpo o fizessem.

Assim também fazem os que escolhem “doutrinas inclusivas”, que afrontam ao que O Eterno revelou. Invés do compromisso com Ele pautar escolhas, esses adúlteros espirituais escolhem o prazer de escutar o que anseiam, nas alcovas proibidas dos falsos mestres. “Porque virá o tempo em que não suportarão à Sã Doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si, doutores, conforme suas concupiscências, desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Como o que segue à adúltera que vimos no princípio, também esses encontrarão sorte semelhante: “Assim, o seduziu com palavras muito suaves, e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios; ele logo a segue, como o boi que vai para o matadouro, e o insensato para o castigo das prisões; até que a flecha lhe atravesse o fígado, ou, como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que esse está armado contra sua vida.” Prov 7;21 a 23

Deus nada escreveu de ambíguo, que possa ser lido de uma forma, e de outra, totalmente oposta, também. A verdade é absoluta, categórica, cabal. Quem não consegue lidar bem com ela, busque em si mesmo as razões, não em Deus, no Qual, “Não há mudança nem sombra de variação.”

Essa balela de que cada um interpreta como quer à Palavra de Deus, não passa de desculpa esfarrapada de gente avessa à ela, que tenta camuflar com “lógica” sua pecaminosa e resiliente aversão.

O básico para andar bem todos sabem, mesmo, os que não leem À Palavra. Como o jovem do exemplo, o fato do marido não estar em casa era sua “segurança”; desses, o do juízo demorar um pouco.

Aos “descuidados” assim, O Eterno adverte: “Estas coisas tens feito e Eu me calei; pensavas que Eu era como tu; mas Eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Médicos falidos



“Como tornar a mensagem mais relevante para a nova geração?” Essa pergunta foi feita ao pastor Douglas Gonçalves, que, trocando em miúdos sua resposta, basicamente disse que as pessoas precisam de alguém que seja melhor pastor, que pregador.
Alguém que saiba mais, agrupar, aconselhar, motivar do que ensinar. Mais que aprender, as pessoas precisariam se enturmar, encontrar seus nichos.

A pergunta está errada, assim como, a resposta.

A Palavra de Deus não pode ser tornada naquilo que já é; relevante. “Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir, os pensamentos e intenções do coração.” Heb 4;12 Qual receita humana conseguiria melhorar isto?

O que faz a Mensagem falhar, é a irrelevância dos mensageiros descompromissados com o cumprimento dela. O que a mente ímpia usa chamar de relevante, é o que enseja a ideia de sucesso, de adesão massiva. Como a eficácia da Palavra é para dar vida, apenas onde isso acontece, não importa com quantas pessoas, o objetivo do Evangelho se cumpre. No mais, os vistosos efervesceres da religiosidade, não passam de movimentos vãos, sem vida espiritual.

Independentemente, de quais traços psicológicos sejam mais encontráveis no pregador, se é mestre ou, um aglutinador; um traço, é indispensável, se esse pretende ser um representante do Senhor; “... requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;2 Deles foi dito: “Que os homens nos considerem como despenseiros dos mistérios de Deus.” I Cor 4;1 Quando se perde a fidelidade, a mensagem perde a relevância, pela companhia deletéria da hipocrisia, onde deve ser assento exclusivo da verdade.

Benjamin Scott, autor do livro “As Catacumbas de Roma”, ilustrou de uma forma bem didática, o vilipêndio do Evangelho, já naqueles dias. Lembro a ideia, não farei uma citação “ipsis litteris”.

“Um Grande Médico nos visitou, e, condoído com a enfermidade mortal que atingia todo o ser humano, trouxe uma receita milagrosa que, devidamente ministrada curaria o mal, e todos seus efeitos colaterais. Ministrou exemplarmente em seus dias, e curou aos que o buscaram. Precisando ausentar-se, treinou uma equipe de médicos para que, seguisse ministrando sua receita, e a transmitisse às gerações futuras.
Assim foi feito e seguiu o bálsamo, curando. Porém, com o passar do tempo, como alguns achavam à fórmula meio delicada, carecendo certas ervas de remoto acesso, foram trocando uns componentes por outros que julgaram ter eficácia similar. As alterações “progrediram” tanto no decurso do tempo, que já não eram encontráveis mais, os componentes originais, de tal modo, que se podia dizer com acerto, que o remédio não era mais o mesmo; não estranhável, pois, que tenha deixado de curar”.

A receita, O Evangelho da Salvação; os ingredientes, a Doutrina de Cristo. Os médicos, os pregadores. As renúncias necessárias, o viver probo, as “ervas” de difícil acesso, que pouco a pouco foram abandonadas. Assim, a Mensagem apta a discernir pensamentos e intenções dos corações, se tornou mero simulacro, sem eficácia, pela omissão dos que se recusaram à necessária obediência.

O que necessitamos, para que o remédio volte a curar? Para que O Evangelho deixe patente sua relevância? Paulo adverte: “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

A simplicidade da verdade que confronta, foi substituída por artifícios que entorpecem; o “bem estar” do médico, se tornou mais importante que a cura dos pacientes, a eficácia passou a ser mensurada pelo número de mortos que tomam o placebo, não pelas vidas que são regeneradas; alguns, os materialistas, ainda falam do céu, com muito custo, para disfarçar as pesadas correntes que os atraem pra terra;

Os coachs, com seus métodos artificiais, fazem parecer que é possível crucificar às dores, onde devem ser mortificadas as inclinações insanas; o feminismo com sua rebelião “libertária”, transformou as adjutoras em competidoras dos homens, para perda de ambos os gêneros.

Na verdade, a Palavra da Vida nada perdeu, segue estritamente a mesma. Os que fazem seus contorcionismos para que ela “diga” o que os ímpios anseiam ouvir, são, como os conselheiros de Jó, “médicos que não valem nada.” Jó 13;4

Oferecer uma turba, engajar nela um eventual desgarrado, ignorando que ele carece desesperadamente, nascer de novo, sonegando o ensino da Palavra, é como legar uma serpente a quem procura por peixes.

A Palavra nada perdeu da sua eficácia, reitero; apenas, uma leva de veterinários disfarçados de médicos, pretende ensinar a viver melhor, aqueles a quem deveria ensinar a morrer melhor. “Negue a si mesmo.”

Temor e temeridade



“Minha Aliança com ele (Com Levi) foi de vida e paz, Eu as dei para que temesse; então, temeu-me e assombrou-se por causa do Meu Nome.” Ml 2;5

Alguém cantou que, é “na tempestade que se pensa no abrigo”. Embora tenha um quê de lógico, também evidencia outro quê, de oportunismo, casuísmo, o que polui um relacionamento por causa do interesse, invés de exibir a excelência, por razões afetivas e reverentes apenas.

Aludo, óbvio! ao relacionamento do homem com Deus. Em momentos que grande necessidade, medo, pavor, quando um barco ameaça naufragar, como no caso de Jonas; a seca consome a terra, como nos dias de Acabe; o cativeiro se mostra monótono, desesperado, como no exílio babilônico; a escravidão pesa sobremodo, como na servidão sob faraó; enfim, em dias em que as coisas vão mal, lembrar alguém de Deus, a Ele clamar, parece a coisa certa a ser feita. Ele se apresenta como “socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1

Então, clamemos a Ele em nossos momentos de dificuldade. Afinal, quando uma frustração, uma dor qualquer no leva a orar, já está fazendo mais bem, do que mal.

Porém, concorre o fato de que foi necessária a dificuldade, a carência para que lembrássemos do Eterno. A excelência seria sermos fiéis, zelosos, em momentos de paz, quando tudo vai bem; apenas, porque O Nome Dele é Excelso, Santo, merece toda a reverência e adoração.
Vimos O Senhor rememorando Sua Aliança com Levi, em plenitude de vida, e paz; o patriarca não temeu a Deus porque lhe pareceu oportuno, nem ofereceu adoração requerendo algum socorro. Antes, “temeu-me e assombrou-se por causa do Meu Nome.” Eis a excelência de não tomarmos O Santo Nome em vão!

Termos ciência que, pertencermos a Ele é algo sublime, ao mesmo tempo solene, responsabilizador, deveriam ser motivos bastantes, para que nosso temor viesse à tona.

Os que pecam nas coisas santas, profanando ao Excelso Nome, mercadejando com Ele e A Palavra do Senhor, a quem recorrerão para defesa, no dia do julgamento? “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra O Senhor, quem rogará por ele?” I Sam 2;25 Isso foi dito contra os filhos de Eli, que pelas suas muitas profanações das coisas sagradas, estavam já no “corredor da morte.”

Todos os dias surgem novos mercadores “góspeis” com suas “revelações” e adivinhações, em “Nome do Senhor”; falcatruas com as quais ganham muito metal, enquanto perdem suas vidas. Desgraçadamente, esses pilantras vicejam quais ervas daninhas, lotam igrejas, nas quais “pastores” preocupados mais com o público que com o santo, os chamam por altos cachês; convoque-se a um probo ministro da Palavra; certamente, a frequência diminuirá, mas verdade será ensinada, invés de profanada.

Os apologetas da praça presto denunciam esses erros; porém, mal acabam de rasgar a máscara de um, surgem mais dez. A vacina contra esses inchaços da carne não deve estar neles, mas em nós; Quem foi edificado e aprendeu andar em espírito, não será mercadoria para esses; “O que é espiritual discerne bem a tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 1;15

Ora, a “fé vem pelo ouvir, e ouvir à Palavra de Deus;” Para nada prestam os “reveladores” de macumbas, de portas que se abrem, adivinhadores de nomes, de CPFs, replicadores de postagens em redes sociais, e coisas afins. Enquanto esses ganham dinheiro tripudiando sobre a sonolência dos incautos, ainda furtam que se pregue aos pecadores, A Palavra da Vida. Seu dano é duplo; estragam à semente, e pisoteiam à terra.

Antes de alguém pretender fazer qualquer coisa em Nome de Jesus, ministerialmente, deve aprender a fazer uma faxina nos próprios passos, e nos motivos para usar a esse Nome Santo; A Palavra é categórica: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece ao que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade." II Tim 2;19

Infelizmente, o egoísmo humano acoroçoado pela sanha dos que avivam às paixões que deveriam desafiar a crucificar, campeia, drogando gente que carece desesperadamente de salvação, não de entorpecentes.

A ganância dos “ministros” associada à sonolência e cobiça dos ministrados, gera uma simbiose deletéria, para a perdição de ambos. “Porque virá o tempo em que não suportarão à sã doutrina, mas tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscências.” II Tim 4;3

Aqueles que temem ao Senhor por cientes do que significa isso, não precisarão de “temores” oportunos, quando a conta pelas humanas escolhas, chegar. Desses O Senhor diz: “Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias, poupá-los-ei, como um homem poupa ao seu filho que o serve.” Mal 3;17

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

As "phobias" de Deus


“Os pensamentos dos justos são retos, mas os conselhos dos ímpios, enganos.” Prov 12;5

Assisti alguns “cortes”, do “Redcast”, onde o entrevistado era Caio Fábio; umas falas do reverendo me causaram certo espanto. Em dado momento o tema da conversa foi o Papa Francisco, que segundo o entrevistado, “Foi o maior papa de todos os tempos;” possivelmente tenha se inspirado nele, que nos anos noventa fez uma campanha de sete dias de ministrações em Buenos Aires, onde, o hoje Papa, servia como arcebispo. 

Se, o melhor em alguma coisa se inspirou em mim, certamente meu ego, que deveria estar morto ainda está no trono, orgulhoso da coroa.

Mas, algumas pessoas não gostam dele, afirmou o entrevistador; “Não gostam porque são xenofóbicos, heterofóbicos, homofóbicos... ele, não é fóbico, apenas, humano”, ponderou. Escolheu a dedo, cardeais “abraçantes, inclusivos” e enfrentou o conservadorismo religioso. Disse mais que isto, mas esta era a ideia básica do motivo pelo qual ele admira ao referido Papa.

Bem se é mesmo o melhor de todos, isso é um assunto para os católicos; embora, grande parte deles esteja em desacordo com a ideia. Muitos padres, de viés conservador o consideram um falso Papa, até; dado, seu engajamento comunista e ecumenista, mais que, às tradições católicas.

Porém, meu ponto de desacordo com a fala de Caio, aqui é outro. Esse reducionismo, onde todo e qualquer resquício de disciplina, e bom ordenamento do viver, segundo a Palavra de Deus, se torna traço de alguma “fobia”, é moralmente abjeto, intelectualmente desonesto, espiritualmente herege.

O Eterno não tem os cabelos eriçados pelos ventos modernistas, da teologia liberal, como se Ele carecesse se alinhar aos “tempos modernos”; antes, diz: “... Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16 O tempo submete-se ao "Pai da Eternidade", não o contrário.

Ademais, o termo Phobia em grego significa medo, não, aversão ou, discordância, sentido com que, muitos que se fazem convenientemente de ignorantes têm usado. Caio pode ser tudo, menos, ignorante.

Assim, se, dizer um categórico não! a determinado modo de comportamento significa necessariamente, uma fobia, então A Palavra de Deus está eivada delas. Ela é “Idolofóbica”, cleptofóbica, mentirofóbica, adulterofóbica, cobiçofóbica, assassinofóbica... etc.

Ora, os limites que A Palavra coloca diante de nós são como cercas para nossa proteção; se, ignorarmos e fizermos as coisas à nossa maneira, na hora das consequências estaremos por nossa conta. “... porque Eu clamei e recusastes, estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também da Minha parte Eu me rirei, na vossa perdição, zombarei, vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Certo que, os dez mandamentos podem ser resumidos a dois, como O Salvador o fez; atinentes ao amor a Deus, e ao próximo; mas como pode alguém amar ao semelhante se, vendo esse tomar um caminho que sabe ser de perdição, omite-se de avisar, finge que o errado está certo, ressignifica os ensinos de Deus, apenas por temer aos rótulos de “fobias” da praça? Isso quanto ao semelhante; e o amor a Deus, como fica, quando nos colocarmos subservientes às mundanas inclinações, às que se opõem ao Eterno?

A desonra ao Nome de Deus, mormente, por queles que O devem representar, é algo muito sério, punido com maldição, ainda sobre a terra; “Agora, ó sacerdotes, esse mandamento é para vós; se não o ouvirdes, e não propuserdes no vosso coração, dar honra ao Meu Nome, diz O Senhor dos Exércitos, enviarei maldição contra vós e amaldiçoarei vossas bênçãos; também, já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração.” Ml 2;1 e 2

Meu caro Caio Fábio! Aprendi muitas coisas com O Senhor, nos meus primeiros passos no ministério da Palavra. Mensagens maravilhosas como “O Drama de Absalão” e outras do mesmo calibre; livros esclarecedores, edificantes como “Síndrome de Lúcifer”, e outros. O que aconteceu com O Senhor?

Não ignoro as grandes decepções que o sistema religioso lhe ocasionou; e falta de amor com que muitos lidaram com suas fraquezas.

Acho que foi Cícero que disse que os homens são como o vinho; a uns o tempo apura; outros viram vinagre. Não apenas o tempo, mas as dores contidas nele fazem isso. Mas, nada impede que eu me entristeça e ore pelo Senhor. Por quê essas bodas de Caná ao contrário, deixando o pior vinho para o fim?

Quiçá, como nos dias de Isaque, removendo as pedras que a inveja jogou fechando a fonte, ainda fluam águas vivas. O Dono do poço pode fazer; mas cabe a nós remover às pedras.