terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A Onisciência


“O inferno e a perdição estão perante do Senhor; quanto mais, o coração dos filhos dos homens? Prov 15;11

Essa declaração faz lembrar outra; “Para onde me irei do Teu Espírito, ou, para onde fugirei da Tua face?” Sal 139;7

A Bíblia diz mais: “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz; mais penetrante que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração; não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes, aos olhos Daquele, com Quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Nossos pensamentos e intenções, são atuais; podemos cambiar de uma hora para outra. A Divina Palavra está num texto fixo, que atravessa grande porção de tempo, sem por isso, ficar defasada, sofrer algum anacronismo, perder sua precisão; ela revela fielmente como estão nossos corações, malgrado, tenhamos mudado de posição muitas vezes.

Embora ao olhar do vulgo sejamos vivos, e a Palavra mero livro, uma espécie de volume morto, é exatamente o contrário. Quem se locomove e respira, se, está alienado do Senhor, é só um morto espiritual, na antessala da perdição; ainda pode ser tirado, se der ouvidos ao Evangelho; A Palavra de Deus, apesar de repousar num volume inerte, é “Viva e eficaz.” As questões espirituais não se resolvem no âmbito físico.

A colocação inicial desmonta a pretensão de poder, alguém, se ocultar, ou esconder algo do Senhor. Aquele que vê o inferno e a perdição, não veria nossos corações?

O Salvador denunciou que os homens amaram mais às trevas que à luz; assim, preferem se manter à uma distância “segura” da luz, pensando em suas “reputações.” “Porque todo aquele que faz o mal odeia à luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Esses não almejam alcançar um viver probo; apenas fugir às reprovações.

A privação voluntária da luz, pode, inclusive, “patrocinar” simulacros, de gente que tenta disfarçar seu ódio. Permite que frequentem ambientes onde algumas menções à ela são feitas, desde que, a sua incômoda clareza não esteja presente.

Lugares onde se faz toda uma pantomima sobre a cruz, se encena uma teatralidade “cristã”, se usa O Nome do Santo, a torto e a direito, podem ser frequentados por esses fugitivos disfarçados. Agora, apareça um pregador idôneo, que exponha à Divina Palavra como é, e cause desconforto no ambiente, antes, tão “agradável”; observem se esse “desmancha-prazeres” será convidado outra vez. Não cometerão duas vezes, o mesmo descuido referente à entrada “indevida” da luz.

Fugir dela, pois, não equivale a fugir de ambientas, ditos espirituais, necessariamente. O que causa pavor nos trânsfugas espirituais é a Palavra da Verdade. Desde que alguma falsificação ao gosto do freguês seja apresentada, bastará para que esses incautos enganem a si mesmos.

Mas, se é impossível alguém se furtar à Divina Onisciência, porque tentam se esconder? Porque “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que É A Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Não que esses sejam inocentes, meras vítimas do canhoto; já ofereceram a ele suas incredulidades como cais, para que o tal, aportasse a cegueira que tanto lhe convém.

O fato que Deus pode ver nossos corações, por um lado assusta, dada a sujeira que Ele verá; por outro, deveria tranquilizar, pois, a impossibilidade de escondermos algo Dele, traz anexo, a desnecessidade de tentarmos.

E, eventualmente, quando fizermos algum mal, sem dolo, também não careceremos nos defender; Ele saberá de nossa eventual inocência.

O Santo não requer de nós a perfeição, antes, a honestidade e o arrependimento, quando falhamos. Não somos salvos porque paramos de pecar; mas porque começamos a crer.

Mais um aspecto favorável do Santo ver nossos corações é que Ele mostra nossos descaminhos para nós mesmos, não, para terceiros. Assim, nos dá a oportunidade de lidarmos com o mal no qual incorrermos. Pois, uma das qualidades requeridas do “cidadão dos Céus” é, “Aquele que anda sinceramente, pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração.” Sal 15;2

Tanto vê os males que cometemos, O Senhor, quanto, a sinceridade do nosso arrependimento, quando esse existir; coloquemos, pois, nossos corações aos pés Dele. O homem como Ele criou estava nu e não se envergonhava; perante Ele seguimos nus; se, nossos pecados forem tratados em Cristo, não restará motivo para nos envergonharmos.

Quando, mediante o necessário processo de santificação, Ele lograr nos olhar sem ver máculas, poderá dizer de nós, como disse de Cristo: “Este é o Meu filho amado; Nele está todo o Meu prazer.”

Usemos o poder que recebemos


“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu.” Heb 5;8

Duas objeções poderiam surgir disso, se, interpretado superficialmente. Obviamente fala de Jesus Cristo. Sendo Ele Deus, e um dos atributos Divinos, a Onisciência, precisaria aprender algo? Outro atributo Seu é a Onipotência; assim, precisaria obedecer?

Quanto aos Seus predicados essenciais, deles prescindiu para ser, na medida do possível, como nós. Apenas, sem pecados. Paulo explica: “Que (Jesus) sendo em forma de Deus, não teve por usurpação Ser Igual a Deus; mas esvaziou a Si mesmo, tomando a forma de servo; fazendo-se semelhante aos homens.” Fp 2;6 e 7

Não seria usurpação, O Senhor agir segundo Ele É; antes, a justa medida, o exato lugar das coisas. Todavia, tendo decidido se fazer como nós, para trazer a redenção que precisamos, se, nos dias de Seu esvaziamento, atuasse como Deus, não, como homem, estaria “usurpando” algo, aos Olhos do Própria Justiça. Ele não fez assim. “Achado na forma de homem, humilhou a Si mesmo, sendo obediente até à morte; e morte de Cruz.” Fp 2;8

Obediência lhe era um fato novo, não porque, como nós, antes da conversão éramos avessos à ela; muitas vezes, insistimos depois; vivemos alheios a Deus, obedecendo aos próprios desejos. Ele desconhecia a obediência, por desnecessária, antes de Se esvaziar. O Salvador disse: “Eu e O Pai Somo Um.” Jo 10;30 Em perfeita harmonia, e igual essência, (a relação de Pai e Filho foi um arranjo pontual, para um propósito específico, nossa salvação) resulta que queiram e possam as mesmas coisas, pela absoluta identidade de propósito e poder.

Imaginemos um grande engenheiro, artífice dos maiores projetos do universo, que, de repente, deixasse sua prancheta criativa e resolvesse trabalhar como servente numa obra que projetou. Teria que “aprender” muitas coisas. Seu aprendizado não o faria melhor engenheiro, mas permitiria executar o serviço humilde ao qual se propôs.

Por exemplo, quando orou: “Pai se possível, passa de Mim esse cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas, como Tu queres.” Ele, que sempre pode todas as coisas que quis, naquele momento “não podia”; levou a semelhança conosco, às últimas consequências. “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu.”

Assim, quando demanda daqueles que desejarem ser salvos, o “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”, não está requerendo de nós, nada que não tenha feito.

Infelizmente, muitos pregadores ufanistas desejam uma “identificação” com Cristo, em poder, demonstrações espetaculosas, domínio; no entanto, somos chamados a uma identificação em renúncias. “Ou não sabeis que todos quanto fomos batizados em Cristo, o fomos na Sua morte?” Rom 6;3

A ideia de poder, em geral é vista apenas no sentido “positivo”; como se, renúncia e obediência também não fossem exercícios nesse âmbito. Na verdade, o homem natural, não nascido de novo não pode obedecer, mesmo que, eventualmente o queira. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem.” Rom 7;18 A situação do homem não redimido.

Tornou-se um dito popular que, de boas intenções o inferno está cheio, numa alusão clara aos que querem coisas boas, mas não as fazem; na maioria das vezes, pela mesma impotência apreciada por Paulo. Por isso, a primeira providência do Senhor, quando nos salva, é tornar a obediência possível; “A todos que O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

O Salvador desceu de Sua Santa e Bendita Deidade, para a arena mera da obediência; nós somos chamados a descer da arrogância de “deuses” que decidem a torto e a direito acerca do bem e do mal, (sugestão de Satanás) para a humildade de Cristo; “... Aprendei de Mim que Sou Manso e Humilde de coração.” Mat 11;29

Embora podendo, pela prerrogativa de Ser O Todo-Poderoso, dizer: “Faça o que digo, não o que Faço”, O Senhor amorosamente preferiu se fazer como um de nós, e nos chama a fazermos exatamente o que Ele fez; “Porque para isto sois chamados, pois, também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as Suas pisadas.” I Ped 2;21

Enfim, quando estamos sofrendo por ocasião de alguma desobediência, isso ocorre porque não tomamos posse plenamente, do poder que recebemos. Ainda erramos reféns da carne, quando deveríamos andar em espírito. A Palavra é categórica: “Portanto agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.” Rom 8;1

Assim, quando a Voz do Espírito Santo falar ao nosso espírito o que nos convém, sigamos a ela; em Cristo, nós podemos.

sábado, 25 de janeiro de 2025

Pais solteiros?


“Filho meu, ouve a instrução do teu Pai, e não deixes o ensinamento da tua mãe.” Prov 1;8

Uma conclusão necessária é que, pai e mãe, ensinam coisas alinhadas aos mesmos valores. Só assim, os conselhos de um e outro, não se contraditando, que será possível ao filho, guardar o que receber de ambos.

Imaginemos um cônjuge “inclusivo” tolerando comportamentos mundanos que a Palavra deplora, e outro pretendendo ser fiel à mesma. Nesse caso, ao qual dos dois, o filho ouvirá? Por isso, a importância de pai e mãe falarem a “mesma língua”, terem os mesmos valores. Os filhos não devem crescer como Esaú e Jacó; sendo um, o preferido do pai, outro, da mãe.

Em se tratando da filiação espiritual, também temos “Pai e Mãe”. “Na verdade, na verdade te digo, que aquele que não nascer da água (Palavra) e do Espírito (Santo) não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5

Como sabemos que a água se refere à Palavra? Jesus mesmo disse: “...aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede...” Jo 4;14 Referindo-se à Sua Palavra. Diz mais a Escritura: “... Cristo amou à igreja, e a Si mesmo entregou por ela, para a santificar, purificando-a pela lavagem da água, pela Palavra.” Ef 5;25 e 26

Assim, O Pai que gerou vidas espirituais É O Espírito Santo, a “Mãe”, A Palavra de Deus.
Infelizmente em muitos casos vemos filhos de pais solteiros presumindo viver em famílias normais. Digo, uns que enfatizam sobremaneira a ação do Espírito, os pentecostais, e muitas vezes, se mostram desleixados no conhecimento indispensável da Palavra.

Outros, que são ciosos da Palavra, com esmero teológico, hermenêutica rebuscada, domínio dos idiomas originais, esforço para bem interpretá-la, os ditos tradicionais; que, todavia, são avessos aos dons espirituais, como se esses fossem uma providência sazonal, apenas para a Igreja incipiente, e que tivessem deixado de existir, no decorrer dos dias. Aqueles veem a esses como “frios”; esses, àqueles, como vazios.

Qual seguimento está correto? Uma pergunta de Paulo, noutro contexto, caberia aqui: “Está Cristo dividido?” I Cor 1;13

Acredito que o preceito inicial, que se referia às famílias originalmente, também se aplica à família da fé; “Filho meu, ouve a instrução do teu Pai, e não deixes o ensinamento da tua mãe.”

Os que acreditam nos dons espirituais e por eles se expressam, sejam cuidadosos para não incorrem em criancices; balizem seu cristianismo segundo A Palavra escrita, não, supostas “revelações” e presumidas palavras reveladas, quando devem ancorar seus barcos no que foi escrito, não, singrar noutra direção;

Os que já são alicerçados na Sã Doutrina, reconheçam que os dons espirituais fazem parte do ensino da Palavra; não há nenhum texto, corretamente interpretado, que faça presumir que foi aquilo, um arranjo circunstancial.

Encabeçando o rol dos dons espirituais aliás, estão, Palavra da Sabedoria e da ciência; I Cor 12;8 Se, os dons eram apenas para aquele tempo, até que viesse o que é perfeito, e isso significaria o fechamento do Cânon, como defendem alguns, cessaria apenas o dom de línguas, os demais seguiriam? Algumas sutilezas “teológicas” traem aos seus próprios defensores.

Quanto aos que são adeptos dos dons espirituais e sua manifestação, não esqueçam um detalhe: “A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” I Cor 12;7 Devem ser parte permitida e disciplinada do culto, não, a razão de ser.

Muitas criancices estilo “reteté”, além de escandalosas são totalmente inúteis. Não servem de sinal para nada, senão, de óbice ao fluir da Palavra. Os que ficam girando quais enceradeiras desgovernadas em ambientes onde A Palavra deve ser ensinada, nada recebem e nada comunicam que tenha algum valor. Assoma honesta dúvida, nesses casos, de que não é o Espírito Santo que os anima, pois, O Pai, não atua contra a Mãe.

Assim, as “manifestações espirituais” que ocorrem em prejuízo da Palavra, devem ser contidas, pois, entre outros danos, o encorajamento do que é falso, prejudica ao que é genuíno.

Onde está o equilíbrio, pois, entre o espaço devido à Palavra, e a liberdade para a manifestação espiritual? Paulo preceitua: “Irmãos, não sejais meninos do entendimento; mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Co 14;20

O bom ouvinte da Palavra que é aperfeiçoado pela mesma e capacitado a discernir espíritos, ensinos, separando o joio do trigo; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14

Enfim, não sejamos tão Palavra, que soneguemos ao que a própria Palavra ensina, atuação do Espírito Santo mediante dons; nem tão “espirituais”, que sejamos relapsos com o necessário estudo bíblico.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

As adúlteras


“A sabedoria... está convidando desde as alturas da cidade dizendo: quem é simples volte-se para cá; aos faltos de senso, diz: Vinde comei do meu pão, bebei do vinho que tenho misturado. Deixai os insensatos e vivei...” Prov 9;1, 3, 4, 5 e 6

“A mulher louca... assenta-se à porta da sua casa... nas alturas da cidade, e põe-se a clamar aos que vão pelo caminho e passam reto pelas veredas, dizendo: Quem é simples volte-se para cá. Aos faltos de entendimento diz: As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável; mas não sabem que ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.” Prov 9;13 a 18

Dois convites semelhantes; porém, totalmente antagônicos. Da Sabedoria e da mulher louca. O público-alvo, o mesmo; os simples. O local da busca também; nas alturas da cidade; ainda, o apelo de marketing: “Volte-se para cá.”

No “cardápio” as diferenças começam; “Vinde comei do meu pão, bebei do vinho que tenho misturado.” A proposta de Sophia; “As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável.” A “mesa” da mulher louca. Águas roubadas e pão escondido é uma metáfora para relacionamentos proibidos, adultério.

Por fim, as consequências de uma, ou outra escolha; “Deixai os insensatos e vivei; andai pelo caminho do entendimento!” o resultado de se assentar, alguém, à mesa com a sabedoria.
“... ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.” A ceifa dos que preferem o apelo da adúltera.

Salta aos olhos que, tanto o convite à virtude, quanto, ao vício, naquilo em que podem ser iguais, eles são. Usam os mesmos apelos em busca das mesmas pessoas. Em geral, aquilo que vale mais costuma se assanhar menos. A Sabedoria figura seu sumo como sendo vinho, algo sóbrio, com um quê de amargo no teor. Enquanto, o vício propõe sabores melhores; “as águas furtadas são doces...”

Há uma espécie de “confissão” nos que se dão à falsidade. A certeza de que propõem algo mau, os leva a “dourar a pílula” para que pareça ter melhor apelo que aquilo que é bom. O “vinho” da sabedoria não promete ser doce; apenas, separar da insensatez e dar vida.
As “águas” da mulher louca, prometem destilar doçura, para acompanhamento de um “pão agradável”. Entretanto, o final essa doçura se fará demasiado amarga. “... não sabem que ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.”

Pergunto aos entendidos: Qual costuma trazer uma mensagem mais agradável; o verdadeiro, ou o falso profeta? A certeza que está obrando em falsidade, costuma constranger ao farsante, de modo a buscar pela doçura, como se essa fosse um substituto válido, ao lapso da verdade.

Quando Jeremias advertiu que vinha como juízo um cativeiro de setenta anos, o farsante da vez fez uma “releitura” e reduziu para dois anos. Jr 28;3 Qual soou mais agradável a quem ouviu? Contudo, durou mesmo setenta anos. A questão não era entre agradável ou desagradável; mas, entre verdade e mentira. Em se tratando das coisas espirituais, ainda é assim.

O verdadeiro Evangelho começa com um sisudo e troante “arrependei-vos!” Traz um quê de vinho seco, amargo de digerir. Onde ele é pregado de modo idôneo, longe de gerar entretenimento, enseja tristeza, arrependimento, compunção. Mas como Ele é uma vívida nuance da Divina Sabedoria, também consegue separar da insensatez a quem ouve, e dar vida. “Deixai os insensatos e vivei.”

As “mulheres loucas”, digo, as igrejas do entretenimento, da motivação ímpia via método coach, acenam com faustas grandezas a ímpios que sequer nasceram de novo; adoçam e servem grandes porções de sonífero, onde a carência é de despertador. Com a palavra, Paulo: “... Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Todos somos alvos de um e outro, apelos. Tanto da escolha sóbria para preservação da vida, quanto, da ilusão festeira, para que as almas drogadas pelo engano sequer percebam suas reais condições.

Todas as “mulheres” cuja motivação é alinhada ao modo mundano de ser, são adúlteras, como ensina Tiago: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Muitas “igrejas”, antes sadias, adoeceram e adotaram métodos “inclusivos”, nome bonito para disfarçar a covardia em preservar na sã doutrina.

A sabedoria preceitua: “Deixai os insensatos e vivei”, vemos que ela separa do que não convém, invés de amalgamar.

Façamos a melhor escolha, “Porque o erro dos simples os matará; o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

O dever das palavras



“Diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.” Jo 19;3

Os soldados romanos com O Senhor coroado de espinhos, a escarnecer Dele. A expressão: “Salve, Rei dos Judeus!” Era apropriada; na verdade, Ele É mais; “Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores.” Apoc 19;16

Como “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar” Spurgeon; também aquela saudação que seria boa, se significasse realmente a intenção; usada daquela forma era apenas escárnio, zombaria inconsequente.

A falta de nexo entre falar e agir, embora nem sempre tenha o potencial ostensivo e violento, como naquele caso, sempre acaba em dano àqueles que nisso incorrem. Essa prática foi denunciada pelo Próprio Senhor, que antecipou uma sina futura, quando, os que disseram uma coisa, fazendo outras, entrariam na fila para julgamento.

“Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em Teu Nome? E em Teu Nome não expulsamos demônios? E em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Lembro uma fábula de Esopo, “A Raposa e o Lenhador”. Ela fugia assustada de caçadores, o lenhador teve pena e prometeu protegê-la dizendo que se escondesse entre o monte de lenha em sua casa. Assim ela fez. Chegaram os caçadores e perguntaram se ele não a tinha visto; como não queria mentir, disse: Não vi; gesticulando e apontando para onde ela estava.

Mas os caçadores não perceberam a artimanha, agradeceram-no e seguiram em frente. Passado o perigo, ela saiu do esconderijo e começou a ir embora. O caçador a chamou de ingrata, afinal ele a ajudara e ela nem se mostrava agradecida. A raposa respondeu: Eu seria grata, se tuas palavras e teus gestos estivessem em harmonia.

Essa doença hipócrita de tentar agradar aos dois lados duma questão dual, tem arrastado muitos à perdição. O bobo alegre que se diz “amigo de todo mundo”, na verdade não o é, de ninguém. Quem tem identidade, posição, escolhas veras, não consegue essa proeza. Quanto mais autêntico alguém é, menos “social”.

Muito menos, são amigos de todos, os que são de Cristo, neste mundo maligno. Aqueles “espertos” que em nada atritam, são meros fugitivos de si mesmos, incapazes de tomar posição e perseverar nela. Como o camaleão que muda de cor conforme o ambiente, assim esses “amigos”.

Quando os “dois lados” estão, ambos, nas relações interpessoais, o dano é menor, embora exista também. Entretanto, os hipócritas espirituais, traem a si mesmos, quando de um lado está o homem, e do outro, Deus. Pedro propôs essa questão aos do Sinédrio: “... julgai vós se é justo diante de Deus, ouvir antes a vós, que a Deus?” Atos 4;19

Na nossa relação particular com O Senhor, somos três; de um lado está o nosso “velho homem,” que a Bíblia chama de carne; do outro, O Eterno e Sua Santa Doutrina ensinada por Cristo; no meio, como árbitro, está o novo homem, regenerado, espiritual.

Cada vez que uma tentação nos bate à porta, somos desafiados a uma escolha. Como o caçador cretino da fábula, presto dizemos a coisa certa perante Deus, “não queremos mentir”; mas permitirmos que nossos gestos estejam em harmonia com as falas, tem um preço, que nem sempre logramos atingir. A Palavra chama de, “andar em Espírito;” “Deus É Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

A certos “lenhadores”, Paulo desqualificou nos seus dias; “Confessam que conhecem a Deus; mas negam-no com as obras sendo abomináveis e desobedientes; reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Enfim, a menos que queiramos, como os algozes romanos, usar às palavras para ferir, quando chamarmos a Cristo de Senhor, tenhamos em mente, que isso nos coloca como servos; portanto, devemos obediência a Ele. Mais que Palavras, atitudes são eloquentes. “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

Embora deploremos a abjeta covardia dos que, batiam no Senhor, “honrando-O” como Rei dos Judeus, podemos incorrer no mesmo erro, sem sequer nos darmos conta. Dizermos a coisa certa, enquanto, ferimos ao Senhor com os golpes da desobediência, da hipocrisia.

O mandamento de não tomarmos o Nome Santo em vão, não tem a ver com a grandeza de alguma causa para a qual peçamos seu amparo; antes, com a seriedade com que tratamos nosso relacionamento com O Senhor, e o zelo, para não expormos O Nome Excelso em situações indignas; “O fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que professa o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;29
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

O último Adão


“Deu-lhe poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.” Jo 5;27

A necessidade da encarnação do Verbo, tem pelo menos três aspectos que se pode notar. Ela é essencial, sacerdotal e judicial.

A essencial - Para interceder em nosso favor, O Salvador precisava se fazer como nós, para conhecer nossas fraquezas e poder se sensibilizar com elas. Se, foi diferente de nós no sentido de que Ele não tinha pecados, no mais, padeceu as mesmas coisas que padecemos; fome, sede, cansaço, tentações, dores, frustrações emocionais... 

“Convinha que, em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” Heb 2;17 e 18

Assim, tanto quanto era possível Ele ser como nós, o foi. “Esvaziou a si mesmo tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” Fp 2;7 Paulo lembra: “Porque na verdade Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2;16

Sobre a necessidade essencial há muito mais; porém, esse apanhado basta para que vislumbremos O Santo propósito nesse aspecto.

A sacerdotal – Alguns fazem uma leitura enviesada, do significado do preço pago por Cristo na Cruz, para nos redimir, derivando dele, o “grande valor” que teríamos. Ora, a grandeza do resgate que foi necessário, mensura o tamanho das nossas culpas, não, do nosso valor. Descemos de um lugar santo, perfeito, no qual fomos criados, para uma degradação tal, que não havia criatura sobre a terra, cuja entrega, nos pudesse purificar, tamanha a nossa depravação. A grandeza do resgate, reitero, evidencia a profundidade da nossa culpa.

“Porque nos convinha tal, Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado os pecadores e feito mais sublime que os Céus.” Heb 7;26

O fato de, O Eterno ter se disposto a pagar, mesmo assim, tem a ver com o que Ele É; “Deus É Amor” não com o que somos. Quando disse O Senhor que uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido, quis dizer que o que está perdido não vale nada. Sem Ele, todos estávamos. Não foi nosso valor, pois, que O atraiu em nosso favor; antes, Seu Bendito Amor que nos buscou. “Deus amou o mundo de tal maneira...” Jo 3;16

Os outros sacerdotes fizeram o que puderam, na Antiga Aliança; mas, podiam muito pouco. “Porque a Lei constituiu sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento que veio depois da Lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Heb 7;28 “Mas vindo Cristo, O Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio Sangue entrou uma vez no Santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Heb 9;11 e 12

A “purificação” da Antiga Aliança com sacrifícios de animais, era meramente ritual, exterior, sem tocar no problema; a que foi efetuada por Cristo, é plena, limpa mesmo onde o homem não pode ver. “Porque se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica quanto à purificação da carne, quanto mais O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo, Imaculado a Deus, purificará vossas consciências, das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heb 13 e 14

Por fim, a necessidade judicial – Deus respeita limites que Ele mesmo estabeleceu, por amar à justiça. Não revoga seus dons. Ele entregara o governo da Terra a Adão, que perdeu. “... enchei a Terra, sujeitai-a e dominai...” Gn 1;28

Assim, O Governo da Terra fora dado ao homem. Poderia, O Eterno retomar, uma vez que o homem desobedeceu à restrição que lhe foi prescrita. Mas, preferiu derrotar a Satanás o usurpador, na limitação humana, pois assim pareceu bem à Sua Justiça. Desse modo voltamos ao ponto de partida: “Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.”

O juízo, o governo, foi entregue ao homem. Esse foi derrotado por Satanás e perdeu seu domínio. O “Filho do Homem” resgatou a herança perdida, e agora pode julgar a todos, segundo o poder delegado ao homem. Paulo chamou ao Senhor de “último Adão.” “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em Espírito vivificante.” I Cor 15;45

Após esse tênue e tosco apanhado sobre as Divinas razões, resta pensar nas nossas, para preferirmos ter Jesus Cristo como Juiz, se O podemos ter como Salvador. A pergunta de Pilatos ainda ecoa: “O que farei de Jesus, chamado o Cristo?” Mat 27;22

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Totalmente depravados??



“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Sina de todo o que é nascido da carne. Um pendor natural, contrário ao Divino propósito. O fato de determinada punção em nós ser mais forte, não torna necessária a inexistência d’outra, ou, impossível que sejamos inclinados para outro lado.

Assim, esposo a discordância com a doutrina calvinista da depravação total do ser humano, de modo a ser tolhido de fazer escolhas, exceto as pecaminosas. Na referida doutrina, nenhuma centelha de Deus, nenhum resquício do homem pré-queda, teria permanecido. Seríamos totalmente inertes, incapazes de qualquer atitude correta, senão, pela Divina interferência. Deus atua e capacita, de acordo; mas somos chamados a cooperar.

Ninguém pode ser salvo pelas obras; mesmo a fé, é resultante da Divina iniciativa que propaga o Evangelho, e faculta o entendimento.
Que o homem caído se tornou escravo do pecado e sem o devido resgate não pode ser livre, também não está em discussão.

Contudo, a impotência humana na escravidão, mensura nossa condição no que tange ao poder, não, ao querer. Algo em nós, que chamo de resíduo original, ainda palpita, de modo a querer as escolhas virtuosas, embora, sob as algemas escravistas do pecado, queda impotente.

Paulo descreveu um aprisionado assim, sem Cristo. Mais de uma vez deixou ver a divisão entre a vontade mais profunda e a capacidade de executar o que essa gostaria. Diz: “O querer está em mim, mas não consigo realizar o bem... segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus.” Rom cap 7;18 e 22

Malgrado, a escravidão integral, não vejo a dita depravação total. O simples querer coisas meritórias que é incapaz de praticar, deixa patente a escravidão do pecador, não, a plena depravação. Esse aspecto do homem que quer as coisas corretas, não pode ser tido por depravado.

Paulo chegou a aludir aos atos de uns que, mesmo desconhecendo a Lei de Deus faziam escolhas naturalmente alinhadas a elas; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita nos seus corações, testificando juntamente sua consciência e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15

Sem entrarmos no mérito do alcance da “lei dos gentios”, o simples fato das suas consciências sinalizarem, tanto aprovando, quanto, reprovando-os, também é, ao meu ver, uma centelha residual do homem que foi criado À Imagem e Semelhança de Deus. A transgressão das próprias leis, acabava sendo denunciada pela consciência; minúcia Divina, neles.

Ao ouvirmos a mensagem de Cristo, embora “mortos” essa partícula de Deus, pode se tornar a “cabeça-de-ponte” pela qual O Espírito Santo desembarcará Sua Luz em nós, para que possamos receber ao Salvador. Ele disse: “Em verdade em verdade vos digo que, vem a hora e agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Assim, o “Ninguém pode vir a Mim, se O Pai que Me enviou, não o trouxer...” Jo 6;44 cumpre-se, invés de remeter a uma hipotética pré-escolha. A chispa que restou, se comunica com o Santo e é capacitada por Ele, a decidir segundo Deus. Feito isso, somos renascidos do espírito; aquilo que antes era impossível, agir como filhos de Deus, mesmo um apelo remoto o desejando, agora nos é possibilitado pelo Senhor. “A todos os que O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

O fato de os eleitos o terem sido “antes da fundação do mundo”, não implica num rol de pré-escolhidos, como ensinam os calvinistas.

Cristo também “foi morto antes da fundação do mundo.” Deus que “chama às coisas que não são, como se já fossem”, evidencia com isso, Sua Presciência, não, uma eventual pré-escolha.

Os eleitos o são em Cristo; Ele não disse vinde a Mim todos os que fazem parte dessa lista! Antes, todos os que estão cansados e sobrecarregados...” Os que foram e ainda forem, farão parte do rol dos eleitos.

Quanto à predestinação, refere-se a uma antecipação do predicado, não, do sujeito. Preparou de antemão o destino; os eleitos em Cristo virão para cá. Isso não requer que O Eterno interfira nas escolhas, tolhendo o arbítrio dos que serão destinados.

A Soberania do Eterno não carece ser defendida por nós. Se Ele a identificar ameaçada, Se defenderá soberanamente.

A doutrina da “depravação total” carece de outra, a “Graça irresistível” para ficar em pé. A Sã Doutrina é saudável o suficiente, para andar bem, sem amparo de muletas.
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