quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Homens malignos


“Porque o homem maligno não terá galardão; a lâmpada dos ímpios se apagará.” Prov 24;20


“O homem maligno...”
a ideia que o homem não seja basicamente bom, fere suscetibilidades. Em geral, as pessoas presumem que são boas, mesmo enquanto planejam um crime; ou, o executam. Aqueles com os quais os bandidos se identificam são “sangue bom”; os demais, apenas manés.

A “régua” desses, não costuma ir acima das próprias inclinações; assim, aos que eles gostam, aprovam, a despeito das consequências do agir dos tais ante terceiros; e aos que desgostam reprovam, com a mesma inconsequência.

Ainda que não expressem a ideia, necessariamente, em seus corações negam a existência de Deus e Seu direito de arbitrar sobre valores, limites, escolhas. “Apartam seu coração do Senhor, fazem da carne mortal o seu braço.” como amaldiçoou Jeremias. Cap 17;5


O agir totalmente alheio ao Criador, é uma forma de dizer mediante ações, que descrê, ou não se importa com Ele. “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.” Sal 14;1 

Deus define a alienação voluntária dos autônomos como maligna, porque é derivada do maligno mor.

Pois, há um “dito” que é mais no íntimo, no coração, não carece de palavras; o mero modo de agir permite que se “ouça.”

Logo, por mais que a sociedade tente dourar a pílula dizendo que nascemos basicamente bons e eventualmente, más companhias nos desvirtuam, ou a sociedade nos corrompe, A Palavra de Deus não costuma usar esses subterfúgios que atinam mais aos paladares que à saúde dos que ouvem. De outra forma: desejam agradar, mais do que revelar a verdadeira situação.

A revelação Divina coloca o dedo na ferida; adverte que não há um justo sequer, e deixa patente que a mensagem de salvação busca por homens malignos, que precisam ser mudados na forma de pensar; depois, no agir. “Deixe o ímpio os seus caminhos, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor; que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque É Grandioso em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vosso, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

“Porque o homem maligno não terá galardão...”
O galardão é uma recompensa que alguém recebe do Senhor, quando, por algum motivo O Santo galardoador entende que deve premiar, recompensar determinada pessoa.

Como o homem maligno desconsidera a existência de Deus em seu agir, natural que se baste, e não busque nada de cunho espiritual, em Deus.

Ele reserva recompensa para os que O buscam, por Nele crer; “Ora, sem fé e impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que de Deus se aproxima, creia que Ele existe e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Quem ousar buscar ao Senhor, deverá fazer nos termos Dele. Não é próprio dos malignos, reconhecerem outro poder, além deles mesmos.

Os Divinos termos são categóricos: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento; reconhece-o em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas; não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isso será saúde para teu âmago e medula para os teus ossos.” Prov 3;5 a 8

“... a lâmpada dos ímpios se apagará.”
A Palavra ensina qual lâmpada é essa: “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor; que esquadrinha todo o interior, até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

Num sentido a “lâmpada” é dos ímpios, posto que são os responsáveis pelo cuidado com ela; mas, em última análise, a lâmpada é do Senhor; Ele preside sobre as vidas, tem poder e autoridade para decidir quem vive e quem morre; isso até em âmbito espiritual, eterno.

Mesmo em homens malignos, caídos, uma centelha da criação original ainda palpita, na consciência, tentando coagir a ação rumo às coisas que O Criador aprova. Porém, findos os dias da vida terrena, para quem não os aproveitou segundo o propósito do Criador, “xeque-mate”, “game over”, a lâmpada se apaga.

Nosso limite de tempo e espaço, é uma dadiva do Eterno com um fim específico: “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra; determinando os tempos, já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura tateando O pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27

Nada adiantará Ele estar perto, enquanto nosso coração maligno preferir ficar longe. Com os que se arrependem, a comunhão é restaurada, o galardão do novo nascimento é imediato.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Depois...

 

“Lembra do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles, contentamento.” Ecl 12;1

Na verdade, não é comum em nenhum homem, de qualquer idade, a propensão à obediência espiritual, por causa das tendências à que a carne ficou sujeita após a queda. “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois não é sujeita À Lei Dele, nem pode ser.” Rom 8;1 Carecemos nascer de novo.

Malgrado, a desobediência seja uma inclinação natural, pois, nos dias da juventude essa inclinação se mostra mais pujante ainda. Em geral somos refratários aos conselhos; aprendemos com os erros, mais do que, com os ensinos.

Deixamos para depois, coisas cuja execução demandem algum peso, renúncia. Me ocorrem três motivos para a procrastinação: Preguiça, presunção e vaidade. Todas com assessoria da oposição.

O preguiçoso “empurra com a barriga”, como se estivesse deixando para depois, coisas que sequer pretende fazer. Contra esse fugitivo da responsabilidade está dito: “Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco a dormir, outro a tosquenejar, um pouco a repousar de braços cruzados, assim sobrevirá tua pobreza como o meliante; e tua necessidade como um homem armado.” Prov 6;9 a 11

Diz ainda mais: “Por muita preguiça se enfraquece o teto; pela frouxidão das mãos, a casa goteja.” Ecl 10;18 Não existe oração contra a preguiça; ela deve ser expulsa a chutes. “Vai ter com a formiga ó preguiçoso!”

A presunção é derivada da falta de noção, quando o homem trata coisas que não estão em seu domínio, como se estivessem. Tiago aconselha: “...vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã; porque o que é vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco depois se desvanece; devíeis dizer: Se O Senhor quiser, se vivermos faremos isso ou aquilo. Agora vós gloriais em vossas presunções; toda glória tal qual essa, é maligna.” Tg 4;13 a 16

Assim o presunçoso procrastina deixa para amanhã, sem sequer saber se haverá um amanhã para ele. Quantos projetos deixados para o porvir, para os quais, o devir nunca chegou? Mesmo o convite à salvação, sempre deve ser apresentado com certa urgência, algo a ser decidido no presente; “Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; eis aqui, agora, o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2

Por fim, a vaidade. Parece estranho que alguém deixaria para depois, algo importante, apenas para alimentar um vício tão fútil. Nesses casos, as pessoas não procrastinam por que não queiram fazer, como o preguiçoso, ou por se acharem donas do tempo, como o presunçoso. Vulgarmente dizemos que as pessoas “fazem doce, valorizam”, quando retardam suas respostas às coisas que desejam. Esse erro pode ser fatal também.

Nos cânticos encontramos: “Eu dormia, mas meu coração velava; eis a voz do meu amado que está batendo! Abre minha irmã, meu amor, minha pomba, imaculada minha; porque minha cabeça está cheia de orvalho, meus cabelos das gotas da noite. – Já despi minha roupa, como a tornarei a vestir? Já lavei os meus pés, como os tonarei a sujar? O meu amado pôs sua mão pela fresta da porta, minhas entranhas estremeceram por amor dele. Me levantei para abrir ao meu amado, mas ele já tinha se retirado, tinha ido; a minha alma desfaleceu quando ele falou, busquei-o e não o achei; chamei-o e não me respondeu.” Cant 5;2 a 6

Deixando as coisas do coração, a apreciando as do espírito, quantas almas se comovem ao ouvir a voz de Jesus? Mas, sempre tem algum problema que “impede.” A mulher do exemplo, tinha se lavado já, estava em vestes de dormir; não abriu mesmo querendo. Porém, quando o fez era tarde demais.

Mais um “deixar para depois” cujo depois não veio; não, como desejado. O Eterno adverte: “Clamarão a Mim mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não me acharão. Porque odiaram o conhecimento, não preferiram o temor do Senhor.” Prov 1;28 e 29

Por isso o conselho: “... Hoje se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15 Ou num sentido mais amplo, “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que venhas a dizer: não tenho neles, contentamento.”

Jeremias reportou a triste sina dos que deixaram as ocasiões propícias passar, e estavam perdidos; “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” Jr 8;20 Resta um pouquinho de tempo ainda; como o usaremos?

domingo, 17 de novembro de 2024

Os santos


“... santidade convém à Tua Casa, Senhor, para sempre.” Sal 93;5

Santo; vulgarmente, uma pessoa piedosa, que após a morte realizaria milagres; o que ensejaria, ser “Canonizado” uma vez comprovados os supostos milagres; essa concepção é espúria, totalmente profana.

Objetos dedicados exclusivamente a Obra do Senhor, vestes sacerdotais, oferendas, etc. eram coisas santas. Qualquer emprego para fins alheios significava profanar, macular o que deveria ser exclusivo. 

Belsazar perdeu seu reino em Babilônia, quando profanou utensílios sagrados. “... te levantaste contra O Senhor do Céu, pois, foram trazidos a tua presença os vasos da Casa Dele; tu, teus senhores, tuas mulheres e concubinas bebestes vinho neles...” A causa da queda do reino entregue através de Daniel.

Quando somos desafiados a viver em santidade, significa separados do mundo, nas coisas que conflita com as do Senhor. Separação espiritual e de valores, não, geográfica. “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Ninguém precisa operar milagres; somos desafiados a ser santos em vida; para tanto, basta viver o “milagre” da obediência e consagração; tal separação estará honrando ao Senhor. Pedro reitera um mandado que vem desde antes: “Porquanto, está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Santificação não é opção; antes, uma necessidade para os que anseiam ver a Deus; “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14 “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mat 5;8 Se, santificação e limpeza de coração são similares, isso facilita a compreensão.

Não apenas os servos, também os locais de culto devem ser santos. “... Santidade convém à Tua Casa...” O Sábio exortou a não irmos a ela, de modo irreverente, paroleiro, descuidado. “Guarda teu pé quando entrares na Casa de Deus, porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifício de tolos, pois, não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Ele está nos Céus, tu, sobre a terra; pelo que, sejam poucas tuas palavras.” Ecl 5;1 e 2

Não faltarão críticos para concluir biblicamente que somos templos do Espírito Santo, que a adoração que O Pai requer é em espírito e verdade, não em locais específicos. Como se, tais coisas elementares para quem conhece a verdade, fossem uma profunda descoberta teológica, eliminassem a necessidade de congregar; liberassem os filhos da Nova Aliança, da necessidade de santificação.

Está na moda a defesa dos “desigrejados”, derivada das “platitudes” espirituais criticadas. Ora, Ekkésia, de onde derivou Igreja, é a palavra grega para assembleia. Como poderia dizer alguém, “igreja somos nós”, cada um em particular? Como diria o humorista André Damasceno, alguns têm um jeito singular de falar no plural.

Pois, se cada um em si, é uma igreja, assembleia, reunião, congregação, já não é um; são muitos. O exemplo bíblico de “multidão” num só é o do endemoniado gadareno, no qual havia uma “legião de demônios.” Os santos são chamados a fazer parte de um rebanho, após a Voz do Bom Pastor. O fazem habitados pelo Espírito Santo, não por miríades de espíritos imundos. “... Santidade convém à Tua casa...”

Qualquer ambiente, não importa o propósito original pelo qual foi construído, se, consagrado para a Obra do Senhor, torna-se “igreja”, no sentido de exclusividade para as coisas santas serem ali tratadas. Uma assembleia dos que temem ao Senhor se reunirá ali periodicamente para servi-lo; isso é de alta relevância.

Foi quando, chegando no templo, a “Igreja” da Antiga Aliança, tendo o achando eivado de mercadores invés de adoradores, que O Senhor ardeu em zelo, e colocou os vendedores a correr, virando suas mesas. A exclusividade original da “Casa de Oração”, havia sido usurpada, e profanada de modo a se tornar um covil de ladrões. O mesmo desvio de função ainda ocorre muito, infelizmente; onde, lugares que deveriam ser de uso exclusivo das coisas do Senhor, acabam, convertidos em feiras de miscelâneas góspeis várias, segundo os interesses rasos dos mercadores atuais.

O lugar mais restrito da Antiga Aliança era chamado de Santo dos Santos; para uso exclusivo do Sumo Sacerdote. Naqueles dias eram “santificados” pelo sangue de animais; nós fomos, pelo de Cristo.

Aos que barateiam a Graça, resta a questão: “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto maior castigo será julgado merecedor, aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Faze isso


“... respondeste bem; faze isso e viverás.” Luc 10;28

Um mestre da Lei perguntara ao Senhor sobre como herdar a vida Eterna, ao que, O Salvador redarguira: “O que está escrito na Lei? Como lês?” v 26 “... amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, toda a tua alma, todas tuas forças e entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” V 27 Então, Cristo concluiu: “... respondeste bem; faze isso e viverás.”

A barreira para servir a Deus não está no âmbito do entendimento. As pessoas mais simples conseguem compreender o básico para salvação. Por isso, O Senhor não se preocupou e chamar aos mais instruídos, embora tenha usado alguns. Aos líderes religiosos da época disse: “Publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino dos Céus...” Mat 21;31

Um dos poucos letrados escolhidos, Paulo, pontuou: “Porque vede, irmãos vossa vocação, não muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos ou nobres que são chamados; mas Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir às sábias, escolheu as coisas fracas, para confundir as fortes; as coisas vis desse mundo as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são.” I Cor 1;26 a 28

Responder bem, a maioria consegue, como o mestre da Lei que vimos. A questão é quando devemos passar da mera resposta, para o “faze isso.”

Vulgarmente se diz que, de médico e louco cada um tem um pouco; pois, de teólogo também. Muitos conhecem as receitas do que agrada a Deus e do que não. Agora, beber das soluções que receitam, não é a prática comum.

Eis um grande problema! O conhecimento é “inofensivo” quando não ousa nada além da academia do intelecto, na qual, se exercita em sua ginástica, para fazer boa figura, onde os músculos tatuados dos “sarados” em conhecimento costumam desfilar.

O “cristianismo” de performance, de tiradas perspicazes para “cortes” nas redes sociais, para engajamento dos consumidores dessas coisas, nem sempre se mostra eficaz na hora o “faze isso.” Basta ver a pujança virtual da “virtude” e o deserto da mesma na vida real, para ter essa conclusão como necessária.

O Salvador condicionou a ventura dos que sabem as coisas certas, à prática das mesmas; “Se sabeis estas coisas, bem aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

E, há uma diferença grande entre tropeçar por estar no escuro, e chutar uma pedra de propósito vendo-a. Ambas as situações são tratadas na Palavra de Deus. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prv 4;19 “... se fôsseis cegos não teríeis pecados, mas como agora dizeis: vemos; por isso o vosso pecado permanece.” Jo 9;41

Desse modo resulta que, a ignorância nas coisas espirituais é uma atenuante; e o conhecimento, um agravante. Daquele que mais recebeu, mais será requerido.

Não significa que erros cometidos na ignorância não sejam erros, nem que o escuro seja um bom lugar para se ficar. Apenas, que Deus nos trata com brandura quanto ao que desconhecíamos, mas nos faz conhecer o necessário e nos desafia a agir conforme o que Dele aprendemos. “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam.” Atos 17;30

A luz espiritual é uma informação; nosso modo de agir é que expõe a reação ao que vemos nessa área. A eficácia do que Jesus Cristo Fez, a regeneração espiritual alcança apenas aos que ousam andar conforme; “Se andarmos na Luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e O Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

Em última análise, pois, não são os nossos lábios que dizem a quem servimos, a quem pertencemos; antes, nossas atitudes. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; ou, do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16

Como vimos no princípio, amar a Deus e ao próximo resume toda a Lei Divina, no Antigo e no Novo Testamento. E o amor também é um estranho no reino das palavras, embora mui propagado por lá. Em relação a Deus costuma ensejar obediência, adoração; atinente ao semelhante, forja empatia, misericórdia, socorro, isonomia.

É lugar comum entre os cristãos que a fé sem obras é morta. Todavia, muitos acham que caridade resume as obras necessárias. Não. Faz parte. 

Entretanto, tudo o que professamos com nossos lábios, deve ser confirmado na arena das atitudes. Senão, nossa luz será inócua como as que o vulgo usa no Natal. Enfeita fachadas por um pouco, depois dorme em caixas empoeirados, nas garagens e porões.

sábado, 16 de novembro de 2024

O Estado laico


“... Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mat 22;21

Alguns veem aí, a separação entre Estado e Igreja, algo que teria sido ensinado por Cristo. “O Estado é laico!” Apressam-se os que têm ojeriza à Lei de Deus.

Atrevo-me a pensar que a autonomia humana em relação ao Criador, que deu azo ao Estado laico é um pouco mais antiga. Nasceu no Éden, onde a oposição assoprou ao primeiro casal: “Vós sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”.

Como a “independência” humana dependia da desobediência sugerida, invés de laico, ficaria mais correto se disséssemos: O Estado é ímpio; alienado ao Criador. Assim, a laicidade tem a idade da humanidade, que mesmo citando Deus quando convém aos seus interesses, apressa-se a negá-lo, quando a conveniência muda.

Como toda a humanidade caíra pela ideia aquela, O Criador escolheu um povo, para que fosse um “enclave” dos Céus sobre a Terra. A eles disse: “Vós Me sereis um reino sacerdotal e povo santo; estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Ex 19;6

As leis desse reino deveriam chamar atenção pela superioridade em relação aos demais. “Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e entendimento, perante os olhos dos povos que ouvirão todos esses estatutos e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deut 4;6

Essa honra demandava duas ações; guardar os mandamentos e cumprir, as coisas acabaram não acontecendo. Passados alguns anos, a ideia do “estado Laico” voltou à baila. Deus governava diretamente Seu Povo, mediante líderes que escolhia; nos dias de Samuel, disseram que queriam um rei como as nações vizinhas.

Invés de serem expoentes do Divino Saber e Justiça, conforme o projeto, queriam ser como os demais povos alienados do Eterno. Quando, após ouvir tal pleito Samuel sentira-se rejeitado, O Senhor pontuou: “... não têm rejeitado a ti, antes, a Mim têm rejeitado, para Eu não reinar sobre eles.” Deixar de obedecer ao Criador, por um rei humano era crescer para baixo, como rabo de cavalo; o povo preferiu assim. A ideia do Estado laico não foi derivada de Cristo.

Seus opositores o queriam apresentar como um sedicioso, inimigo de César, uma vez que dizia ser Rei. Mais de uma vez, ensinou: “Meu Reino não é desse mundo”. Dos Seus servos, disse: “Não são do mundo, como Eu do mundo não Sou.” Seu Reino é algo superior; não impede de obedecermos às leis terrenas, que não afrontam a Deus. Pague o devido tributo! “Dai a César o que é de César!”

“... a Deus, o que é de Deus.”
Não esquecer que os governos humanos são uma concessão dos Céus, não uma alternativa. Quando Pilatos se jactou do seu poder O Salvador o situou: “... Nenhum poder terias contra Mim, se de cima não te fosse dado...” Jo 19;11

Nos anos noventa, a revista Veja publicou uma pesquisa onde 98% das pessoas diziam crer em Deus. Atualmente o percentual deve ser menor. Entretanto, ainda alto. Todavia, na hora de legislar, esses que “creem em Deus” não têm pejo de o fazer contra as diretrizes Dele.

Se, O Reino de Deus permite que obedeçamos às leis terrenas também, em caso dessas conflitarem com as Divinas, nenhuma dúvida deve restar sobre a melhor escolha; “... julgai vós se é justo, ouvir antes a vós do que a Deus.” Atos 4;19

Assim quando uma pretensa lei obra a serviço da maldade, nós que tememos ao Senhor devemos lembrar que temos leis superiores, que se contrapõem aos sofismas e casuísmos humanos. “Porventura se associa contigo o trono da iniquidade, que forja o mal a pretexto de uma lei?” Sal 94;20

Então, os que pretendem legislar afrontando os Divinos mandados, invés de dizer que o Estado é laico, vão direto ao ponto: O Estado é ímpio.

Cansa ouvir papagaios que aprenderam repetir fonemas que ouviram, como se isso significasse falar, entender. As redes sociais dessas aves estão cheias de citações a Deus e suposta intimidade com Ele. Porém, esteja em voga algum interesse rasteiro, presto formam fileira ao lado do canhoto, mostrando, assim, a qual “Deus” estão alinhados.

O Estado deve representar a totalidade dos cidadãos, priorizado a vontade da maioria. Se essa diz crer em Deus, que mal tem se as leis criadas estiverem alinhadas às Divinas? Não seria o esperável?

O Estado laico não deve impor questões de fé por força de leis, tampouco, ignorar que a fé faz parte da vida dos que legislam, refletindo-se, necessariamente, nas coisas que aprovam ou reprovam.

As coisas de César se resolvem no âmbito das moedas; as de Deus, não são tão rasteiras assim.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Simples; perfeito


“Toda a boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança, nem sombra de variação.” Tg 1;17

Os que pretendem “atualizar” à Divina Palavra, talvez careçam ler com mais atenção, versos como esse.

Diferente das lojas de venda a distância, que, dentro de determinado prazo se dispõem a devolver o dinheiro, em caso de insatisfação do comprador, nas coisas oriundas do alto isso não é necessário nem possível, por duas razões: a) são dádivas, dons; portanto, não recebem nenhum dinheiro em troca; b) são boas, perfeitas, não carecendo de reparo nenhum.

Em geral as coisas imanentes são usadas como pano de fundo na didática das transcendentes. O que são as parábolas, alegorias, símiles e metáforas, senão, exemplos disso? Cenas ordinárias da vida agropastoril de então, foram usadas pelo Senhor, para tipificar as de cunho espiritual. “Pelo fruto se conhece a árvore;” “tudo que o homem semear, isso ceifará”, a Parábola da ovelha perdida, do filho pródigo etc. são exemplos de coisas cotidianas, que foram usadas visando incutir neles a compreensão das eternas.

Mesmo quando os fariseus se dispunham a censurar O Salvador por curar enfermos nos sábados, Jesus expunha a farsa deles usando esses mesmos exemplos: “... hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura, cada um de vós seu boi, ou jumento e não o leva a beber?” Luc 13;15 Assim como um animal é importante para vós, são as pessoas para Mim; era a mensagem do Senhor.

As objeções espirituais deles, refutadas de modo paralelo no apreço ordinário das ações corriqueiras os deixava sem argumentos. Se há uma qualidade ímpar que a vera sabedoria tem, é a simplicidade.

Tanto que, Paulo exortou: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, sejam de alguma forma corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3 Em Cristo, sim, é sim; não, é não; luz, é luz; trevas, são trevas; nada poderia ser mais simples, nem sadio.

A necessidade de “contorcionismos teológicos”, matizes de sofismas onde bastariam as nuances simples da verdade, são características de apóstatas, que precisam vestir suas perversões da verdade com vestes sofisticadas, para que façam “boa figura” parecendo o que não são.

Quando alguém olha no espelho, por exemplo, caso não gostar do que vir, dará um “tapa no visual”, para que, aquilo, cujo parecer desagradou melhore; ninguém, exceto um louco, discutiria com o espelho, sugerindo que ele mostre algo diferente da realidade.

Pois, A Palavra de Deus é o “Espelho” que reflete fielmente as nossas almas. Como, “... os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”; Prov 1;7 Invés de “melhorarem os visuais” adequando os modos de viver à Palavra de Deus, se revoltam contra essa, e o “mal estar” que sua mensagem enseja. O Salvador expôs o motivo: “... a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más; todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Escrever coisas filosoficamente profundas, socialmente palatáveis, pela submissão ao “politicamente correto”, não, À Palavra de Deus, é fácil. Há muitos que são hábeis nessas coisas por aí.

Há diferença entre o que forja músculos no labor, e outro que os desenvolve no ar condicionado de uma academia. Não me refiro ao físico estritamente, que pode ficar mais belo no último caso; mas, aos processos; um vinculado ao trabalho e seus frutos probos; outro, sem necessidade disso, bastando a vaidade e seus objetivos dúbios.

Assim, um apto escritor, destro orador, certamente faz melhor figura que um simplório. Todavia, aquele que se expressa de modo limitado, e entende apenas coisas simples, se as obedece, tem melhores “músculos” que o hábil retórico, cuja aptidão não lhe molda o ser.

Nos dias de Jeremias já havia destros escritores tentando sofisticar para substituir à Palavra de Deus; “... Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas; os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram A Palavra do Senhor, que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;8 e 9

Invés de “atualizar” à Palavra, foi lhes dito que reaprendessem veredas esquecidas; então, era como agora; a simplicidade, não a sofisticação é que melhor fala acerca do “Pai das luzes.” “Assim diz O Senhor! Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele, achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16

Desconfiemos dos que se propõem a melhorar os “dons perfeitos”; em geral, são maus, disfarçados, que se recusam a ser melhorados.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Morrer por amor


“Por amor de ti somos mortos todo dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.” Sal 44;22

O relacionamento do homem com Deus requer uma intensidade maior que palavras, uma entrega irrestrita, que despreza até o amor pela vida.

O vero amor é apresentado como mais forte do que a morte. “... ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” Cant 8;7 Paulo pontuou como insignificante entregar vida até, se o motivo não fosse o amor; “... ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

O apóstolo pontuou que nosso relacionamento com Cristo requer uma identificação com Ele até à morte; “Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo, fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

O Salvador também colocou a “perda” da vida como indispensável, para herdarmos a vida eterna; “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 16;25

Antes que alguém mais suscetível conclua que estou sendo muito dramático, cabe lembrar que a preocupação com a verdade deve ser maior que, com as inclinações naturais.

A epístola aos Hebreus foi endereçada a um povo que começara vigorosamente, abrira mão das suas posses até, por amor a Cristo.

Passado o calor emocional, tendo que lidar com a realidade das perseguições, muitos estavam duvidando do cuidado Divino. O mesmo risco corremos, de abraçar uma “fé” meramente emocional, que depende do calor do momento e do concurso de muitos outros. Cristo equacionou tal postura a uma semente caída entre pedras; que nasceu rápido e igualmente rápido, secou. O amor veraz não é uma planta ordinária assim.

Adiante, (voltando aos hebreus) A Palavra de Deus traz imenso rol de pessoas que perderam suas vidas pela fidelidade ao Senhor, a chamada “Galeria dos Heróis da Fé” no capítulo 11; isso significaria que Deus não os amara? Por que permitira tais sofrimentos? Paulo ensina: “Se esperarmos em Cristo apenas nessa vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19 Aqueles apostaram as fichas na Integridade Divina que por amor os chamou a um plano eterno; por que se agarrariam à vida aqui, como se fosse tudo que tinham? Negariam à fé, se o fizessem.

Pois, aquele povo que estava dando sinais de esfriamento na fé; a verdade lhes foi enviada, não motivações vazias, ao estilo dos coachs; foi-lhes dito, na contramão dos desigrejados da moda: “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes, admoestando uns aos outros, tanto mais, quanto vedes que vai se aproximando aquele dia.” Heb 10;25

A necessária exortação à perseverança, reiterada; “Não rejeiteis, pois, vossa confiança, que tem grande e avultado galardão; porque necessitais de paciência para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;35 e 36

Depois de feita a vontade Dele; tendemos a colocar nossas vontades antes, o que mostra amor próprio, não amor a Deus; afinal, “... o amor, não busca os próprios interesses...” I Cor 13;5

Aos que achavam sua sina demasiado dura, um cotejo que os heróis aqueles para que pudessem entender que estavam reclamando por menos que eles suportaram, por amor a Deus. “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 Aqueles foram mortos por seguirem fiéis.

Por isso, o amor a Deus não é um habitante do reino das palavras; requer um comprometimento cabal, da própria vida, se necessário. “... se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

A sina de perder a vida por Cristo não é uma saga remota, epopeia superada que só é contada para servir de motivação; infelizmente nos dias atuais, muitos são mortos ainda, em países como Indonésia, Nigéria, Gabão etc. onde radicais de outra fé tentam calar aos que creem em Cristo.

Na presente geração que busca sucesso, não salvação; que prefere motivação à verdade, anseia por aplausos, não por conselhos, e busca as visões insossas dos falsos profetas invés da Palavra de Deus, quantos serão capazes de entregar a vida para seguir fiéis, quando a prova cabal vier?

Por enquanto a rejeição inda é branda. Cultural. Somos o “Gado, os radicais, fundamentalistas, negacionistas...” Quando o sistema resolver acabar com os que se recusam a se alinhar, com seus “pecados sociais e intolerância”, por ter uma fé peculiar, diferente da ecumênica, então, nosso amor será provado às últimas consequências.

A fidelidade Divina estará no lugar de sempre: “... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10 e a nossa?