sexta-feira, 29 de julho de 2022

No pé do ouvido


“Guarda teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.” Ecl 5;1

“Guardar o pé”, aqui, trata-se de uma metáfora; na verdade o alvo desse conselho deveria ser, guardar a língua, entrando na Casa de Deus; afinal, “chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos...”

Então, “Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu, sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos; a voz do tolo da multidão das palavras.” Vs 2 e 3

Quem fala demais dá bom dia a cavalo”, se diz. Tiago reiterou a ideia em sua epístola: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a Justiça de Deus.” Tg 1;19 e 20

Se, o mero falar é já desaconselhado a bem da prudência, o que dizer de se tomar O Santo Nome em vão? Basta sofrer uns minutos num grupo de “profetas” de WhatsApp para constatar duas coisas: “Deus” está loquaz como nunca, tagarela até; e fala apenas de coisas novas ao interesse do ímpio paladar, como se já tivesse cansado de Sua Santa e Eterna Palavra.

Há uma qualidade na arte de calar a boca que muitos precisam urgentemente conhecer; como advertiu Jó, aos que vociferavam sem nexo: “Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos médicos que não valem nada. Quem dera vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5 A plena liberdade de expressão estava garantida; mas, mentirosos encontravam seu real valor: “... médicos que não valem nada.”

Nossas falas compõem um memorial; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor Atentou e Ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor; para os que se lembraram do Seu Nome.” Mal 3;16

O Salvador advertiu da seriedade do falar; “Eu vos digo que, de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Tratando-se da Casa de Deus, um inconveniente mais; normalmente Ele Está falando lá, através de alguém escolhido. Se nas relações interpessoais é deseducado falarmos quando deveríamos ouvir, como seria na relação com O Eterno?

Na horizontal se diz: “Quando um burro fala o outro murcha as orelhas”. Pois, no caso do Divino Falar, o espanto foi que quem ouviu não morreu; “Ou se algum povo ouviu a Voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste e ficou vivo?” Deut 4;33

O Eterno falar, mesmo de modo indireto, através de alguém que O Represente, deve produzir edificação, crescimento. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Aos cristãos hebreus que não aproveitaram para aprender quando Deus lhes falou, coube dura reprimenda: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13

A Palavra de Deus não é para falar, simplesmente; é alimento; como tal deve ser comida; (meditada, praticada) “... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da Boca de Deus.” Mat 4;4

Normalmente, o falar corrobora valores abrigados no coração; esses moldam caminhos. Assim, o sentido do, “guarda teu pé” é: Pondera teus caminhos e não se apresse com as palavras.

Aqueles que aprendem a andar segundo o Divino pensar e o ensinam, “Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8 tais, tem seus caminhos avaliados de modo elogioso; “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus Reina!” Is 52;7

Enfim, tudo tem seu tempo devido; inclusive, calar. Sobretudo, quando Deus fala. “Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo; nenhuma delas é sem significação.” I Cor 14;10

Quando Deus Fala significa, no mínimo, duas coisas: Ele É O Deus Vivo; e deseja comunicar algo. “Quem tem ouvidos ouça!”

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Os incrédulos


“Rodearam-no, pois, os judeus e disseram-lhe: Até quando terás nossa alma suspensa? Se tu És O Cristo, dize-nos abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vos tenho dito e não credes. As obras que Faço, em Nome do Meu Pai, essas testificam de Mim.” Jo 10;24 e 25

O Senhor estaria fazendo suspense acerca de si mesmo? “se tu És O Cristo...” O “se” é inevitável em caso de dúvidas; mas, nos domínios da fé é a negação dela. Esse “prefácio” traz o carimbo com o selo da descrença. “Já vos tenho dito e não credes.”

Quando O Salvador andou sobre as águas, a reação dos discípulos fora de medo. Sabedor disso O Senhor tranquilizou-os: “Não temais, Sou Eu”. Então, o intrépido Pedro mostrou sua “fé”; “Respondeu-lhe Pedro: Senhor, se És Tu, manda-me ir ter Contigo por cima das águas.” Mat 14;28

O Senhor disse: “Vem”; ele deu alguns passos. Todavia, começou afundar e rogou auxílio; depois ouviu: “... Homem de pouca fé, por que duvidaste?" Embora o texto mencione que ele se assustou com ventos fortes, ele não duvidou depois de estar andando sobre as águas; o fez antes, ao usar o “se” quando O Senhor se identificara; “se És Tu...”

Jesus não apenas dissera claramente em Seus Ensinos, quem Era, como, a todo momento apresentava “testemunhas” que confirmavam: “As Obras que Faço em Nome de Meu Pai, essas testificam de Mim.”

Quem desejar se lavar com água suja sempre terá um recipiente cuidadosamente preparado pelo inimigo; esse ilusionista perito na arte de fazer parecer coisas, ao seu bel prazer, ante os olhos que ofusca, enquanto desvia a atenção. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é A Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Não devemos gastar muito latim com gente ruim de ouvidos e rápida de lábios; “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca; estando já, em si mesmo, condenado.” Tt 3;10 e 11

Pela incredulidade daqueles, a “culpa” era do Salvador que não estava sendo suficientemente claro; quando, O Criador falou desde os Céus, à ressurreição de Lázaro, disseram os incrédulos que fora um trovão; quando Jesus curara um cego de nascença acusaram de agir pelo poder maligno; a incredulidade sempre tem um “argumento” para desfazer dos fatos que apontam para a vereda da fé.

Nos caminhos da filosofia, onde a verdade deve ser descoberta paulatinamente, fruto de uma investigação séria, o processo comporta toda sorte de dúvidas honestas, questionamentos; no caso da verdade revelada, a dúvida deixa de ser uma faceta plausível e joga na oposição.

Como essa “oponente”, a verdade, é imbatível “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8 resta aos incrédulos lançarem mão da desonestidade intelectual; transferência de culpa, perversão dos fatos, atribuição gratuita de motivos no fajuto exercício dos sofismas.

Isso só confirma que, a barreira à salvação é na área da vontade, não do entendimento. Quando homens maus entendem que Deus os ama, mas chama-os a uma mudança de vida, arrependimento para que andem Consigo, incapazes de ousar esse passo, dado que reféns da maldade, produzem toda sorte de monstrengos “lógicos” segundo artifícios que vimos; recusam a produzir a única coisa que os levaria rumo à salvação; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8

A Palavra não desculpa quem se recusa a aceder ao que foi revelado. Deixa patente quem Jesus É: “O Qual, sendo o Resplendor da Sua Glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa..." (de Deus); pontua também como reagiram à revelação os incrédulos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou... Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;19 e 21

Eles não tinham razões lógicas para descrer, como pretendiam encenar; optaram pelas trevas, no lado oposto aos apontes do próprio bom senso; “seu coração insensato se obscureceu.”

Pois, diferente da luz física, a espiritual demanda andar conforme; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

A incredulidade como ponto de partida tende a afundar seus passageiros na via das trevas; os que creem são justificados em Cristo, reputados justos; tendo enxergado o básico para iniciar a peregrinação, são enriquecidos cada dia; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Doces vigaristas


“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem ao nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” Rom 16;17 e 18

Pessoas infiltradas com pretextos espirituais para enganar aos descuidados em busca do interesse próprio. Seu meio de convencer: Lisonjas. Nada mais facilmente manipulável que um consumidor de bajulações.

Isso foi cantado em prosa e verso numa antiga canção: “... mente pra mim, mas diz coisas bonitas...” (Agnaldo Timóteo) Danem-se os valores! Viva as sensações, mesmo enganosas! Ocorre-me uma quadra de Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado e vais contente de o ter; que importa o falsificado, se é verdadeiro o prazer?”

Desde sempre, A Palavra de Deus denuncia a aversão a ela pelos ímpios; “Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” Is 30;10 e 11 

Hoje basta compartilhar, “receber” digitar “amém”, para a coisa acontecer; o engano, claro!

Demandas do Santo exigem temor, reverência; enquanto as falas doces dos bajuladores fazem os maus se sentirem bons, merecedores.

Por isso, frontal rejeição ao Salvador; pela forma transparente que as almas ficavam ante Ele; não queriam que fosse assim. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

As redes sociais trazem miríades de patifes com pretensões de profetas, mestres na arte de fazer parecer que O Todo Poderoso, O Santíssimo, está ao alcance dos desejos mais rasos e sucumbe aos ridículos truques desses vigaristas espirituais.

Traficantes de mentiras alimentando uma geração majoritariamente viciada em engano, incauta, traidora de si mesma.

Sobriedade reverente, invés da “doçura” irresponsável foi sinalizada desde dias antigos. “Nenhuma oferta de alimentos que oferecerdes ao Senhor se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao Senhor... Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da Aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2;11 e 13

O mandado ao homem após a queda foi: “Do suor do teu rosto comerás teu pão;” no entanto, esses salafrários avessos ao trabalho ressignificam como fosse: “Das falácias e artimanhas, produzirás teu alimento.”

O Espírito Santo entre nós veio pra mostrar um monte de coisas duras, mas verdadeiras; “Quando Ele Vier, Convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque Vou para Meu Pai e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

A mensagem que visa convencer do pecado não apela ao sabor; mas, à verdade. Quem não aprender a lidar com ela, nem gaste seu tempo com as demais facetas da Obra de Deus; “Porque do Céu se manifesta a Ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” Rom 1;18 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

Por mais ornamentada que seja, em seu desfile; agradável ao “skanner” do paladar, a lisonja não passa duma mentira envernizada; um frasco de veneno com vistoso rótulo de mel.

Dizem que a mentira circunda o planeta, antes que a verdade consiga vestir as calças. Uma hipérbole bem humorada que realça esse paladar estragado da humanidade, apressado, 
sequioso por enganos e refratário à verdade.

A mentira é grave em qualquer circunstância; mas, quando desfila em paragens religiosas é mais; torna-se profana. Ao bajulador assim, não basta sujar as mãos no carvão das próprias misérias; também precisa sujar O Nome Santo.

“Mas ao ímpio Diz Deus: Que fazes tu em recitar os Meus Estatutos, e em tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção e lanças Minhas Palavras para detrás de ti?” Sal 50;16 e 17

Nada errado com as boas sensações, os elogios verazes. Mas, ao homem prudente deve contar mais a chegada que a travessia; digo, onde determinado caminho leva, mais que eventual facilidade que se assanhe propondo atenuar a caminhada; pois, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

domingo, 24 de julho de 2022

A tosca verdade


“Começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava dizendo: Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida.” Jn 3;4

Normalmente uma pregação começava com um sonoro, “arrependei-vos!” um convite à mudança de vida.

Contudo, a pregação de Jonas não era uma escolha sua sobre o modo de pregar; mas, estrita obediência ao que ouvira do Próprio Senhor, “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e prega contra ela a mensagem que Eu te Digo.” v 2 Invés de um convite ao arrependimento acenava com um severo e cabal juízo: “... quarenta dias e Nínive será subvertida.”

Subverter significa; “virar de baixo para cima, agitar, revolucionar, revirar, desestabilizar, devastar...” nada parecido com um convite à conversão. Assim, a mensagem significava: Mais quarenta dias para vocês e fim de papo.

No jargão dos crentes suscetíveis da atualidade, que fundem sentimentalismo com amor, se diria que Jonas pregara sem amor.

Deveria ter decorado um agradável ambiente à meia-luz, colocado uma suave trilha sonora ao gosto da sonolência espiritual, e assegurado que aquele povo, malgrado suas barbáries e impurezas, era o favorito do Senhor, como fazem os “coachs” da atualidade.

Todavia, apesar do modo tosco e da dura mensagem do desajeitado pregador, “Os homens de Nínive creram em Deus; proclamaram um jejum e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.” v 5

Ele não fora chamado para ser amoroso; seu sentimento em relação aos bárbaros assírios era bem diverso; mas, fora fiel, veraz; era isso que Deus desejava que ele fosse. A Bíblia ensina que O Espírito Santo capacita mediante dons, cada um, para o que for útil. Naquele caso, a utilidade prescindia de ornamentos.

Quem pensa que um profeta tem que ser agradável ao falar, e, necessariamente, operador de sinais, precisa ler com mais atenção o que se disse daquele que, segundo O Salvador, foi o maior de todos, João Batista: “Muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste era verdade.” Jo 10;41 Tudo quanto disse de Jesus e da “raça de víboras”, também.

De um profeta não se requer que seja milagreiro, nem um retórico hábil; antes, que seja verdadeiro; que represente a Quem o comissionou com lealdade.

No fundo temos um entendimento apurado sobre as maldades que fazemos; “um pingo é letra para quem sabe ler,” como se diz. Não foi preciso que o profeta do Altíssimo dissesse qual o motivo de tão severa ameaça. O povo sabia que agia de modo perverso; seus pecados, enfim, geraram um “boleto” que deveria ser pago em quarenta dias.

Numa esperança não prometida na mensagem, de que, se houvesse arrependimento poderiam alcançar perdão, arrependeram-se mesmo assim. Talvez, numa escolha lógica; pois, nada tinham a perder fundando suas esperanças na misericórdia; quiçá, teriam a ganhar; como, deveras, ganharam. Ninguém que se lança arrependido sobre a Misericórdia Divina cai no vazio.

Contudo, quando alguém banca o desentendido, ofendido, melindrado pela mensagem de arrependimento que ouve, o problema geralmente não está na mensagem, nem no portador; mas, no ouvinte que desejaria ser agradado invés de confrontado. Nos dias de Cristo foi assim: “Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram de mau grado, fecharam seus olhos; Para que não vejam, ouvidos para que não ouçam, compreendam com o coração, se convertam e Eu os cure.” Mat 13;15

Usamos toda sorte de linguagem; metáforas, alegorias, símiles, parábolas, ironia e facilmente entendemos a piada, a crítica, o conceito filosófico, a “moral da história”, como se diz. Entretanto, em se tratando de ensinos que nos desafiam a uma mudança, um ajuste de posturas segundo Deus, aí dizemos que a Bíblia é um livro difícil de entender, que cada um interpreta como quer, há tantos credos dissonantes, etc.

A conclusão que esses traidores de si mesmos, cegados pela própria hipocrisia pretendem pavimentar é que, não têm culpa pelos seus erros; pois, Deus não teria sido claro o bastante.

Os ninivitas viveram uns três mil anos antes de nós e não tiveram esse problema; ante uma mensagem sisuda, severa, presto entenderam e mudaram. Isso tocou o Coração de Deus, que suspendeu o juízo prometido, dada a mudança coletiva daquele povo.

Jesus usou o exemplo deles contra os “desentendidos” dos Seus dias: “Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E está aqui Quem É mais que Jonas.” Mat 12;41

Que a Bíblia é difícil não há dúvidas: “Lendo a Palavra de Deus encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho

Mas, o sacrifício Inocente em prol de perversos, para legar-lhes, a “fonte da eterna juventude” trazendo-os da morte para vida deveria ser fácil?

sábado, 23 de julho de 2022

Desobediência é para os fracos


“Guardai todos os mandamentos que Eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, entreis e ocupeis a terra que passais a possuir;” Deut 11;8

A ideia vulgar de obediência é que, a devemos porque, quem manda a deseja; “manda quem pode, obedece quem precisa;” em se tratando das relações interpessoais é assim. Porém, a obediência a Deus é requerida em benefício do próprio obediente; “... para que sejais fortes...”

Agrada a ideia de ser protegido, ter um confiável amparo; não importa se, ancorado na própria força do braço, em amizades influentes, no poder econômico; ou, no caso dos servos, em Deus.

Quem renuncia ao Santo por confiar em si mesmo é maldito; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Fraco é o que preenche a lacuna espiritual da alma adorando futilidades, invés de adorar ao Deus Vivo; “... deste louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está tua vida, de Quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dn 5;23

Belsazar, alvo dessas palavras, não apenas foi enfraquecido por sua idolatria e profanação; foi morto na mesma noite em que Daniel lhe falou.

Nada errado com a força em si; mas, quando deriva de egoísmo, engano, injustiça, acaba sendo apenas um simulacro da fraqueza; se as origens não forem puras, os motivos honestos, por forte que seja determinada empresa, fatalmente ruirá; “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Retidão e obediência estão para a força espiritual, como respiração e músculos para a força física. Quando Paulo preceituou a Timóteo que ele tornasse um “sarado” o encaminhou à “Academia do Espírito.” “... exercita-te em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Escrevendo aos efésios ampliou: “... fortalecei-vos no Senhor, na força do Seu Poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” Ef 6;10 e 11

Astúcia é uma arma do inimigo; discernimento é o Escudo do Espírito a nos defender.

Cristo resistiu ao tentador em três ataques quando jejuou no deserto; depois, em Seu Ministério o expulsou, quando oportuno, das vidas de terceiros. O mesmo deveria se dar conosco; depois de resistirmos ao inimigo em nós mesmos mediante suas tentações, receberemos autoridade para exorcizá-lo de outros. Uma faceta mais, da força pela obediência.

Uma coisa que até um cego curado por Jesus sabia, muitos parecem ignorar; “Nós sabemos que Deus não ouve a pecadores (desobedientes); mas, se alguém é temente a Deus, faz Sua Vontade, a esse ouve.” Jo 9;31

Circulam nas redes as tais de “orações poderosas” que, a rigor, não podem nada. Se uma oração tivesse poder em si mesma tornar-se-ia um ídolo; um substituto para Deus. Quem tem poder É Ele. O que faz a eficácia de uma oração é que Ele aceite a vida que está orando, não um grupelho de “palavra mágicas”. “... meu servo Jó orará por vós; porque a ele Aceitarei...” Jó 42;8 Pois, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

O mesmo Tiago ensinara que orações egoístas são rejeitadas; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Cap 4;3

Mediante Jeremias O Senhor ensina: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender e Me conhecer, que Eu Sou O Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jr 9;23 e 24

Um modo de vida em dependência e submissão alegra ao Senhor, e aos que estão em comunhão com Ele também; “... este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a Alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8;10

Aos olhos dos ímpios, obediência parece um sinal de fraqueza. Se pudessem ver tudo o que está em jogo refariam seus pensamentos; pois obedecendo ao mais fraco, como fazem, se revelam também frágeis; “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...? Rom 6;16

A força do inimigo é a do espantalho; reside na ignorância das aves. “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Racionais sem Razão


“Quanto ao trato dos homens, pela Palavra dos Teus Lábios me guardei das veredas do destruidor” Sal 17;4

O contexto imediato esclarece que a Palavra citada é a de Deus. Uma barreira protetora; mas, o fato mais alarmante nesse verso é que nosso trato com os homens é uma ameaça que nos pode levar às veredas da destruição.

Assim como a difusão do Evangelho ocorre mediante homens que temem a Deus, os caminhos do destruidor vêm até nós através de outros que se identificam com o maligno em sua desobediência.

“Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis... ?” Rom 6;16

O fato de o homem ser inteligente, capaz de fazer uso da razão, não significa que agirá necessariamente desse modo. Isaías apresentou a uns, inferiorizados ante os animais; “O boi conhece seu possuidor; o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, Meu povo não entende.” Is 1;3

Na escravidão voluntária ao pecado, o homem se dobra à vontade; e entre o que sabe e o que quer, acaba capitulando a esse, embora sabendo que labora em erro.

O conhecimento de Deus, essa dádiva tão nobre e vital foi desprezada por homens de vontade enferma, em consórcio suicida com a oposição. “Porque do Céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;18 a 21

Embora os ímpios opositores da fé tentem taxá-la de obscurantista, são eles os reféns de corações obscuros; pois, a Luz de Cristo para os tais é luminosa demais; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

Como um abismo chama outro, os que se recusaram a crer e mudar de vida, embora entendendo claramente as implicações, ganharam um “upgrade” na escuridão, por obra do inimigo que, deles finge ser amigo. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

A luz espiritual não é uma placa em neon, em lugar fixo, a anunciar determinado comércio, instituição, produto... é um desafio a caminharmos doravante, segundo Deus. Só assim fruiremos a eficácia do que Cristo Fez por nós; “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

Assim, no trato com homens, amigos até, se nossas decisões não forem alinhadas aos valores Divinos expressos na Sua Palavra, cairemos na insensatez que sermos cordatos, agradáveis, mais que verdadeiros, e deixaremos a vereda da vida, pelos descaminhos do destruidor.

À medida que o mundo “evolui” tende a se afastar cada vez mais do Criador. Então, os que seguirem leais a Ele, segundo as “veredas antigas” estarão expostos a escárnios, perseguições, motejos vários.

O Salvador preveniu aos Seus: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos Escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que seu Senhor. Se a mim perseguiram, também perseguirão a vós; se guardaram Minha Palavra, também guardarão a vossa.” Jo 15;19 e 20

Para os “racionais” reféns dos instintos, a meta é seguir o som do berrante, junto à manada; a razão submissa ao Espírito nos leva a romper com o “modus vivendi” mundano, em busca da Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

quinta-feira, 21 de julho de 2022

De todo coração



“Ouve tu, filho meu e sê sábio; dirige no caminho o teu coração.” Prov 23;19

A ideia vulgar é nossos corações nos dirigirem; primeiro nos levam a desejar algo; depois, empreender esforços vários em busca de tal desejo.

No entanto, vemos o ensino de que podemos ser “motoristas” dos nossos corações. “... dirige no caminho o teu coração.” Se ele é, como defende a maioria dos pensadores, o centro de nossa personalidade, depósito de conhecimento, experiências, habitat de pensamentos, emoções e vontades, não seria natural que fosse ele o dirigente das nossas ações?

Jeremias o descreve assim: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, não deriva da prudência que entreguemos o leme das nossas vidas a um piloto enganoso e perverso.

Paulo apresentou uma duplicidade em conflito dentro da mesma pessoa: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;14 a 17

Se esse indesejável habitante o força a fazer o que não quer, então, o escraviza.

Adiante ele pede socorro, livramento, por identificar a morte pulsando no próprio corpo: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” v 24 A resposta que ele mesmo alcançou preceitua a mortificação dessa influência nefasta. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo...” Rom 12;1
A renúncia de si mesmo em obediência, que O Salvador chamou de “jugo”.

O brado de vitória não veio derivado do coração, mas de Deus; “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” v 25

Depois, a conclusão da “inocência” dos seguidores do Bom Pastor: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito. Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Os que foram regenerados Nele, não seguem mais ao próprio coração; antes, são desafiados à novidade de vida; não esqueçamos que a exortação inicial prescrevia dirigirmos “no caminho” nossos corações; Jesus Ensina: “... Eu Sou O Caminho...” Jo 14;6

Nesse caso, “dirigir” é se deixar conduzir, andar após O Caminho; “Quando tira para fora Suas ovelhas, Vai adiante delas; as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4

Então, nosso desafio é pautarmos o viver segundo o Coração de Deus; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

O precursor do Salvador, João Batista, deveria “preparar o caminho do Senhor...” Is 40;3 Diferente dos caminhos pedregosos e empoeirados onde andou, referia-se ao coração humano que deveria deixar de confiar em si mesmo, para ser fortalecido no Senhor. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Dizem que as aparências enganam; contudo, é o coração que se engana. As aparências não passam de iscas forjadas em prol do engano. Logo o primeiro passo na vereda do discernimento é reconhecer as próprias inclinações más a pulsar dentro de nós; essas nos apressam em busca do favorável, apetitoso, confortável, prazeroso, lucrativo, antes do justo, do verdadeiro.

Quem aprende andar segundo Deus, não coloca vantagens adiante de valores; antes, suporta reveses firmado no que o espera; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;10

Quando ouço certo “missionário” exortando pessoas a fazer apenas o que “sentirem no coração” me pergunto: De onde ele tirou isso? A Palavra até faz uma concessão aos jovens de modo irônico, depois os situa: “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te Trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

A purificação desejável, a santificação, bebe de outra fonte mais profunda que nossos corações superficiais; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Demócrito defendia que “bondade se aprende”; pois, nossos corações maus, acostumados aos próprios descaminhos precisam aprender de Cristo. Um coração regenerado deixará de ser enganoso e perverso; alegrar-se-á na justiça; “A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Sal 97;11
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