segunda-feira, 7 de março de 2022

A guerra


“De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Tg 4;1

Rússia e Ucrânia digladiam-se numa guerra de repercussão mundial; muitos opinam sobre a culpa de A, ou B; até mesmo o Presidente Bolsonaro teria culpa; ouvi de um que foi graças à sua passagem por lá que explodiu o conflito. Francamente!

Pipocam postagens mostrando que, quem morre e quem faz as guerras, não são as mesmas pessoas.

Como tenho preguiça de ter preguiça de pensar, recuso-me ao comodismo pré-fabricado do lugar comum, da clonagem travestida de consciência, na trilha fácil da colagem dos alheios ditos.

Dado o peso da opinião púbica, para todas as guerras, por mais mesquinhos que sejam os motivos, sempre haverá certo pretexto plausível, quando não, nobre.

Vaticinando a guerra de uma confederação de nações que virão do norte, (de Israel) a Bíblia também apresenta a leitura dos motivos, malgrado, eventuais pretextos “nobres.” ao líder dessa confederação avisa: “... Dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; virei contra os que estão em repouso, habitam seguros; todos eles habitam sem muro; não têm ferrolhos nem portas; a fim de tomar o despojo, arrebatar a presa; tornar tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas, contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens...” Ez 38;11 e 12

Pretextos, danem-se!! O motivo é a velha pilhagem das riquezas alheias. “...a fim de tomar o despojo...”

“Especialistas” pipocam de todo lado aventando motivos “culturais, estratégicos, geopolíticos”, para fazer parecer que a pirataria tem matiz diferente; outro nome mais palatável. Estou tossindo e andando, para essas “explicações” envernizadas.

O bicho é tão feio quanto parece! Vidas inocentes são coisificadas, descartadas de modo vil, pela velha sede de poder e bens.

Malgrado, a brevidade da vida, muitos portam-se como se fossem viver eternamente; semeiam violência esperando que colherão flores. Em Jó, livro escrito aproximadamente, 1700 antes de Cristo, já se denunciava isso; “Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são seus dias como os do jornaleiro?” Cap 7;1

Infelizmente, muitas guerras foram necessárias, rumo à terra prometida.

Mas, O Eterno não mandou lutar contra inocentes; antes, expôs os motivos: “Não chegarás à mulher durante a separação da sua menstruação, para descobrir sua nudez; não te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela. Da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; não profanarás o Nome do teu Deus. Eu Sou O Senhor. Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é. Com nenhuma destas coisas vos contamineis; ‘porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que Expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; Eu visito sua iniquidade e a terra vomita seus moradores’.” Lev 18;19 a 25

Mais que uma guerra, estritamente; tratava-se de juízo. Ainda haverá uma outra semelhante, onde o motim Global previsto no salmo segundo ousará, contra o povo do Senhor.

Claro que, das guerras ordenadas pelo Senhor também resultaram despojos! embora, nunca fosse a posse desses, o motivo primeiro; mas, mero “efeito colateral”.

O Criador diz: “Meu é todo animal da selva, o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não te diria; Meu é o mundo e sua plenitude.” Sal 50;10 a 12 Disse mais: “Minha é a prata, Meu é o ouro...” Ag 2;8

Não são coisas, mas valores espirituais, os motivos pelos quais, O Eterno peleja. Qualquer conselho, ensino que desafine das coisas aprovadas por Ele devem ser alvo do “bombardeio” dos que conhecem à verdade.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Notemos que os “despojos" do pleito são o entendimento; da oposição se diz: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo...” II Cor 4;4

É triste ver inocentes morrendo; como, infelizmente, vemos todos os dias. Mas, os que acham tiranos “democratas”, descriminação das drogas, atitude desejável, aborto, um direito, não têm direito de se alarmar com violência; deveriam ter vergonha na cara, berrar suas diatribes, diante do espelho.

sábado, 5 de março de 2022

Pais e filhos


“Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e dos filhos aos seus pais; para que Eu não venha e fira a terra com maldição.” Ml 4;6

O Elias que haveria de vir, segundo O Próprio Salvador fora João Batista. Sua mensagem, “arrependei-vos!” pois, após ele viria O Príncipe, do qual nem era digno de amarrar as sandálias; Esse separaria a palha do trigo.

Sem me deter mais em quem era, e quando atuou “Elias”, convém atentarmos um pouco mais na mensagem. Converter o coração dos pais aos filhos, e vice-versa; sob pena de maldição.

O amor entre pais e filhos não carece mandamento, por ser algo óbvio; o “afeto natural”; até animais enfrentam perigos enormes em defesa das suas proles.

O que a Lei diz é: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” Ex 20;12 Subentendido que desobediência por parte de filhos maus poderá abreviar seus dias.

Elementar que, “honra” demanda sujeição, obediência, no mínimo.

Os pais não deveriam ser apenas provedores do pão e vestes; antes, preparar os filhos para a vida. “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

“Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; as ensinarás aos teus filhos; delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, deitando-te e levantando-te.” Deut 6;6 e 7

Nada de “Lei da Palmada;” quando oportuno, a vara deveria ser usada. “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.” Prov 13;24 Invés de engendrar “traumas psíquicos” na criança, como se diz hoje, era um gesto de amor; uma dor eventual a prevenir catástrofes maiores.

O coração dos filhos voltado aos pais os faria submissos, obedientes; o dos pais voltado aos filhos, além de provedores das necessidades materiais traria a educação no Senhor, para proveito dos filhos ao longo da vida. Nem uma coisa nem outra, se verificou, infelizmente; a maldição prometida como juízo, veio.

“A terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Isso, nos dias de Isaías; a vinda do Senhor Justiça Nossa, deveria repor as coisas no lugar, se Ele fosse ouvido. Mas, não foi. Foi crucificado para “acalmar às consciências”, às quais, Sua mensagem inquietava.

Uns poucos ditosos creram e se deixaram transformar; sempre uma minoria. E, chegamos aos dias vaticinados por Paulo, ao clímax do desamor; “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, ‘sem afeto natural’...” II Tim 3;2 e 3

Um filho, invés de ser visto como bênção do Senhor, tornou-se um estorvo comercial; demanda pagar pensão, para quem foi coautor da geração, e não o quer.

Em muitos lugares se aprovou o aborto; noutros, safadezas travestidas de escrúpulos limitam a tantos dias após a concepção, como se, matar com mais, ou, menos dias, fizesse diferença.

Os filhos atuais são “educados” pelo mundo virtual; invés de raízes familiares, valores atávicos, formam uma massa, amorfa, amoral, desprovida de identidade, mal agradecida, incapaz, sequer, de respeitar pais; quiçá, honrar como O Senhor Ordenou.

Um provérbio Japonês diz: “Administra bem tua casa, e saberás quando custa o arroz; cria bem aos teus filhos, e saberás quanto deves aos teus pais.” A maioria não sabe, nem quer saber. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Não apenas rejeitam à “Aliança Eterna”; mas, alteram-na, mudam as leis, e pasmem! atrevem-se a tocar até no texto Sagrado, suprimindo partes que condenam suas comichões rasas, como se, Deus tivesse que mudar, porque eles se recusam a isso.

Uma inundação aqui, um vulcão destruidor acolá, um tsunami mais pra lá; invés de ver tais coisas como primícias da colheita porvir, a maldição dos que ousam contra O Todo Poderoso, recrudescem no erro; blasfemam, acrescentam pecado a pecados.

Um dia por ano, dois, dos pais e das mães, a galera tira selfies com os velhos, enche a bola deles; uns poucos, sinceros; no demais, tratam-nos como estorvos e enchem o saco.

Muitos morrem na flor da idade, colhendo juízo como fruto... “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

Nada vale a mensagem pós morte de que os pais viraram “estrelinhas nos céus”, se em vida os tratamos como buracos negros. “Filho meu, ouve a instrução do teu pai; não deixes o ensinamento da tua mãe.” Prov 1;8

terça-feira, 1 de março de 2022

Saúde da alma


“Senhor meu Deus, clamei a Ti e Tu me saraste.” Sal 30;2

A ênfase sobre o poder curador do Senhor nunca será exagerada. Entretanto, nossa percepção costuma se ater às moléstias do corpo, como se, com a alma tudo estivesse bem.

A Obra de Cristo visa salvar almas; essas são mais importantes que os corpos; aos salvos estão prometidos novos corpos, espirituais; mas as mesmas almas. Falando sobre a nova vida no velho corpo, Paulo alegoriza: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não nossa.” II Cor 4;7

Dada a decrepitude do corpo, quando o fim chegar, diz: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos Céus.” II Cor 5;1

Então, embora O Senhor possa cuidar de nossa saúde física, e o faça, segundo Sua Vontade, a regeneração do Espírito para salvação da alma é Prioridade.

Antevendo a Saga do Messias Isaías disse: “O castigo que nos traz a paz, estava sobre Ele; pelas Suas pisaduras fomos sarados.” cap 53;5

Se, a dádiva que Ele trouxe foi a paz, óbvio que a cura foi da alma. A consequência da “saúde” restaurada mediante o perdão foi a reconciliação. “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Voltemos ao salmo 30: “Senhor meu Deus, clamei a Ti e Tu me saraste. Senhor, Fizeste subir minha alma da sepultura;” vs 2 e 3

O Salvador não escondeu que falava com mortos espirituais: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Quando trouxeram um paralítico perante O Salvador e tiveram que introduzi-lo pelo telhado dada a multidão, antes de qualquer preocupação, O Salvador disse: “Perdoados estão os teus pecados.” Deixando claro que, para Deus a cura da alma é mais importante que a do corpo; ainda que possa, e eventualmente opere, a desse também.

Para alguém clamar e ter sua alma sarada, resgatada da sepultura, como disse o Salmista, precisa ter ciência disso; de que está espiritualmente morto e carece do socorro do Senhor.

Davi, depois de um adultério e um assassinato sabia que estava morto; mesmo assim, clamou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da Tua Presença; não Retires de mim Teu Espírito Santo.” Sal 51;10 e 11

Ter pecados mortais não é privilégio de ninguém; se o “salário do pecado é a morte...” Rom 6;23 todos nós temos “direito” a esse salário. O problema é que a maioria se recusa a ver as coisas da perspectiva Divina.

O que Ele revela como um feitor mortal, para a maioria não passa de “direito” de “curtir a vida”. Como um assim oraria pela cura da alma, perdão dos seus pecados, sem ter noção que os comete? “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Quando da dedicação do Templo de Salomão, ele orou para que fossem perdoados e sarados os que, reconhecendo suas falhas se humilhassem diante do Senhor. “Toda a oração e súplica, que qualquer homem fizer, ou todo o teu povo Israel, conhecendo cada um, sua chaga...” II Cr 6;29

Há meio evangélico uma ênfase doentia em “vitória”, um ufanismo insano acenando com poder, e preocupante silêncio quanto à santificação, e o ensino. Daquela A Palavra diz: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14
E do conhecimento: “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

Pois, esse tipo de vitória, contra ignorância e profanação, demanda algo mais que uma “oração forte” prometida por um fraudulento qualquer. Requer dedicação, compromisso, busca pelo Senhor em Sua Palavra.

Portanto, urge que as almas sejam salvas desse comodismo suicida, dessa crendice derivada das bajulações de falsos obreiros, que, fazem parecer inversos os papéis de Senhor e servo.

Figuram levianamente a vida espiritual, como se, para essa viçar bastasse certa mandinga ou mantra, e Deus se colocaria ao nosso dispor.

O Eterno chama a uma troca, onde deixamos nossos pensares rasos pelo Seus, “Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8

Feito isso, ordenemos nossas vidas segundo Suas diretrizes, para sermos sarados, e finalmente, salvos. “O que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Neofatalismo


“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Aparente liberação para que os jovens extravasem seus desejos, com a advertência que tais, terão consequências. Não mais que uma ironia, portanto.

A Palavra de Deus sempre traz o homem como “condenado a fazer escolhas”; um ser arbitrário, logo, responsável; diferente da visão fatalista.

O fatalismo é uma chave-mestre que abre diversos armários, permitindo que eu pendure minhas roupas sujas onde eu quiser. Mas, segundo Deus, nossas semeaduras trarão, necessariamente, colheitas. Minhas escolhas gerarão “boletos” com meu nome como devedor.

A crença num destino pré-determinado, ante o qual não temos escolhas, permeava a cultura grega antiga; esse modo de pensar dos helenos influenciou romanos, hebreus, pregadores, o alemão Nietzsche, e chegou aos nossos dias. A questão básica é: Somos agentes dos nossos destinos, ou, meros pacientes? Noutras palavras: Somos reflexos das nossas escolhas, ou, já estava escrito como seríamos?

Na tragédia, “Édipo, o Rei”, o oráculo de Delfos previu que o menino mataria ao seu próprio pai; então, para evitar um destino tão cruel, ele foi levado para Corinto; criado sem sequer conhecer seu genitor, temendo tal catástrofe. 

Entretanto, já adulto, teve um desentendimento com um estranho durante uma viagem, com o qual brigou; a luta resultou na morte do seu opositor. Só bem mais tarde ele veio a saber que, aquele que matara era seu próprio pai. Assim, nada valeu tentar evitar o parricídio profetizado pois, ao fugir, acabou facilitando as coisas, cumprindo a sina à qual estava fadado; não teve escolha. Essa forma de crer era comum entre os gregos.

Sua literatura era permeada por tal conceito; sua mitologia trazia vasta gama de “deuses” com vícios bem rasos, ao estilo dos humanos.

No meio teológico há séculos duas correntes disputam; os ditos Arminianos, que creem no arbítrio como prerrogativa dos salvos, e os Calvinistas, que advogam que Deus já predestinou quais serão salvos. Ele faria Sua graça irresistível para esses eleitos, enquanto, soaria desprezível aos demais. Com o devido respeito aos que pensam assim, tal atitude feriria a justiça, que Deus tanto ama.

Certa vez, por ocasião de um massacre de na cidade de Newtown em Connecticut, Estados Unidos, alguns “cientistas” pretenderam estudar o código genético do assassino, Adam Lanza; para descobrir, se possível, os genes da maldade. Se, ele já trazia essa “carga genética”, estava fadado a isso, não teve escolha; era mero peão, nas “mãos de Deus?”

Uma coisa é preciso que entendamos; se, a maldade tiver causas biológicas, deixará de ser maldade e se converterá em enfermidade. Desse modo, uma vez confirmado isso, teremos que implodir nossos equivocados presídios e construir mais hospitais. Afinal, há tantos políticos que definem estupro e pedofilia como doenças. Inevitável pensar nas “drágeas Bolsonaro” como cura.

Interessante que esses que creem no determinismo genético, ou no fatalismo providencial, aplicam sua “crença” apenas no âmbito moral e espiritual.

Nas coisas práticas da vida, são bem arbitrários, consequentes; afinal, estudam, preparam-se para ser médicos, psicólogos, engenheiros. Fazem uma escolha e perseveram nela; trabalham, acreditando nas consequências da mesma; os políticos se esforçam por inflar o roubo coletivo oficializado, que chamam de Fundo Eleitoral; mas, por uma questão de coerência, não careceriam nada disso; poderiam se “jogar nas cordas” afinal, seriam um dia, aquilo que nasceram para ser, independente das opções. Com ou sem campanha, os “escolhidos” pelo Fado acabariam eleitos.

Não gosto de desonestidade intelectual; pois, como caçadores noturnos, esses desonestos usam a luz para cegar às presas; invés de, como líderes probos usarem-na para iluminar. Cristo apreciou tal “Luz”; “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

Claro que trazemos alguns dons inatos! mas, nosso existenciário, educação, e formação moral, forjam nosso “paladar adquirido” e, são placas confiáveis que indicam, aonde a vereda da vida nos vai levar.

Afinal, se eles estiverem certos, nem mesmo o pleito entre arbitrários e fatalistas fará sentido; pois, uns nasceram fadados a crer de um modo, outros, de outro. “Cada qual no seu quadrado”.

A bem da verdade, o fatalismo é muito conveniente à má índole; pois, transfere à divindade, providência, destino, acaso, a conta pelos estragos das escolhas desastrosas feitas espontaneamente.

Por isso, muitos, mesmo “não tendo escolha”, escolheram crer assim. Para os tais, soa menos humilhante morrer do câncer da indiferença irresponsável, que submeter-se à luz da verdade, e ao ridículo exame de toque, em suas consciências.

“O fatalismo é sempre uma doença do pensamento ou uma fraqueza da vontade.” Paolo Mantegazza

O duro coração de Faraó


“O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó, este não os quis deixar ir.”

Críticos lendo textos assim dizem que há injustiças em Deus; afinal, teria endurecido o coração do soberano para que não obedecesse, e o punido com pragas, pela desobediência.

Todavia, como disse Jó, “... ao meu Criador atribuirei justiça.” Jó 36;3

Paulo ampliou: “... sempre seja Deus verdadeiro, todo o homem mentiroso...” Rom 3;4 ainda, Agostinho: “lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos, em mim.”

Após esses três testemunhos de peso a favor da Integridade Divina, o problema do endurecimento do coração de Faraó permanece clamando por uma solução.

Ainda em Jó temos: “Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante Dele.” Jó 34;23

Filósofos fazem distinção entre fenômeno e númeno. O primeiro seria a coisa como parece; o segundo, a coisa em si, como é; a despeito de nossa percepção.

Por exemplo: A Terra gira; dizemos que o sol nasce ou se põe. É assim que percebemos as coisas; nosso corpo ganha peso e dizemos que determinada roupa ficou apertada; foi o corpo que mudou, não a roupa; etc.

O homem natural não pode agir como filho de Deus. É refém da carne, alienado de Deus; “A inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus...” Rom 8;6 e 7

Por isso, a primeira mudança nos que recebem a Cristo é uma capacitação, para contrariar essa tendência natural; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Isaías dissera: “... Tu És o que fizeste em nós todas nossas obras.” cap 26;12 As boas obras, acrescento. As más tem nossa autoria, pela inclinação natural já vista.

Essa é a atuação do Espírito Santo, mediante A Palavra de Deus; persuadir corações, rumo ao entendimento e prática da Santa Vontade. O homem sozinho não consegue; daí, “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Deus não precisa intervir para que façamos o mal; a gente se vira “bem” sem Ele. O inimigo, a carne e o mundo patrocinam a empresa.

Mas, como vimos, a prática da justiça requer um reforço celeste, senão nossos esforços fracassarão. Assim, O Eterno não “endurece corações” no sentido de os fazer maus; antes, no de não interferir para refrear a má tendência. Deixa o rebelde entregue a si mesmo; “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12

Em suma: Deus deixava Faraó entregue a si mesmo; o resultado eram ações teimosas de desobediência; o fato. “Deus endureceu o coração de Faraó” a percepção humana do mesmo.

Ele deixa patente Seu amor, cujo prazer é consorte do arrependimento e salvação, não de algum sadismo, doença humana. “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...? Ez 33;11

O mesmo Ezequiel aliás, mostra como O Senhor “amolecia” seu coração para obediência: “Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então ‘entrou em mim o Espírito’, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Cap 2;1 e 2 O Senhor ordenou algo; Seu Espírito ajudou o profeta a obedecer.

Ainda é assim; A Palavra evidencia a Vontade Divina para nós; O Espírito Santo em nós, nos ajuda a obedecê-la; a quem o ouve e se submete é claro! Ninguém é forçado ao que não quer. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

A Santa Palavra ensina que devemos nos inconformarmos com uma série de coisas “normais” que nos rodeiam, para termos acesso ao sobrenatural que nos quer habitar; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Deus não cria ímpios pela sina de punir; regenera-os pelo prazer de perdoar. Todavia, muitos seguem insistentes no erro, avessos ao Seu Amor que chama, desviam-se da ventura porvir, reservada aos salvos; escolhem o “dia do mal.” Ainda assim pertencem ao Criador. Não há autonomia possível.


O que existe é possibilidade de escolha; seguir de coração endurecido, ou dar ouvidos A Cristo, para salvação.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Aves Noturnas


“Tornaste meu pranto em folguedo; desataste meu pano de saco e me cingiste de alegria.” Sal 30;11

Uma mudança emocional, dos lamentos para festa; “tornaste meu pranto em folguedo;” depois, mudança de vestes; “desataste meu pano de saco e me cingiste de alegria.”

No mesmo salmo o autor equacionara tristeza com a Ira Divina, e alegria com o favor de Deus; “Porque Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” v 5

Antevendo o Messias, Isaías disse que Ele viria, para “Ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que Ele seja glorificado.” Is 61;3

Se, essas transformações em nós devem culminar na Glória de Deus, é porque Ele Se alegra sendo partícipe da nossa alegria.

E, pelo Ministério do Messias se traria "glória em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de tristeza, para que fossem chamados, árvores de justiça...” implica que, fora por ter capitulado à injustiça, que acabaram na tristeza.

Quando um anjo anunciou a vinda do “Senhor Justiça Nossa” disse: “Não temais, porque vos trago novas de grande alegria, que será para todo povo.” Luc 2;10

Salomão usou “noite” como figura de trevas espirituais, impiedade; “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” v 18 A mudança do escuro para a luz é gradual e constante.

Diferente da alegria natural que geralmente deriva de circunstâncias externas, é pontual, efêmera, alegria no Espírito tem a ver com nossa proximidade de Deus; como o fato Dele estar alegre conosco; “... portanto não vos entristeçais; porque a Alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8;10

O aumento de bens via uma safra abençoada era motivo de júbilos naturais; estar em comunhão com O Santo enseja alegrias sobrenaturais que só quem sente conhece; “Puseste alegria no meu coração, mais que, no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4;7

Jesus Cristo ensinou: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eu vos digo: Levantai vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para ceifa.” Jo 4;35

O homem se alegra por bens terrenos, Deus sente o mesmo por salvar almas. “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

A tristeza tem dois aspectos distintos; segundo o mundo e segundo Deus; também a alegria. “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera morte.” II Cor 7;10

Salvação é a “noite” que acaba transformada em alegria; a tristeza segundo Deus onde Seu Espírito nos persuade ao arrependimento, e então, “alegria vem pela manhã”.

“Minha alma anseia pelo Senhor, mais que os guardas pela manhã, mais que aqueles que aguardam pela manhã.” Sal 130;6

O mundo tem suas “alegrias” de plástico; devassidões como o famigerado carnaval, cujo frêmito depende do concurso de drogas, bebidas, promiscuidade; numa sincera autocrítica acaba em cinzas, na quarta-feira.

O Senhor oferece “óleo de gozo por cinzas...” O fim da noite com alegria pela manhã.

Porém, como certas aves possuem hábitos noturnos, ímpios preferem o império das trevas, o dia lhes mete medo. “Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte; sendo conhecidos, sentem pavores da sombra da morte.” Jó 24;17

Os que se escondem quando a manhã chega seguem ainda a saga de Adão que foge ao ouvir a Voz de Deus. A alegria com Cristo está depois de um funeral, onde o ego, o si mesmo precisa ser sepultado pelo arrependimento. “Melhor é ir à casa onde há luto que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

O Salvador alertou que Seus discípulos teriam breve noite pela Sua separação e Morte; e um dia que não findaria, graças à Sua ressurreição; “Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e vosso coração se alegrará; a vossa alegria ninguém vos tirará.” Jo 16;22

Para os salvos, “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia...” Rom 13;12 e 13

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Questão de peso


“Agora, pois, ó Israel, que é que O Senhor teu Deus pede de ti, senão ... que guardes os mandamentos do Senhor, Seus Estatutos, que hoje te ordeno, para teu bem?” Deut 10;12 e 13

Quando entendermos que, os nãos de Deus significam Sua proteção, mais que Seu veto; ou, que Seus mandamentos, invés de tolher “direitos” atuam para nosso bem, então, veremos as coisas como, deveras, são.

Tendemos a ter os mandamentos como castração de liberdade, restrição de direitos, estreitamento de vida; entretanto, Aquele que sabe onde os caminhos levam, conhece o fim desde o começo, o que o que cada semente produz, adverte que o erro de avaliação pode ser letal; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Quando prescreve que entremos pela porta estreita, não o faz por algum prazer sádico de nos ver andar estreitados; mas, pela Sabedoria Amorosa a antever, que, na amplidão, nos perderemos.

Embora, o motivo dos Divinos encargos seja Seu amor, ama também à justiça, a qual, demanda que seja um muro, um limite para os que tencionam ser Seus. “Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante Dele.” Jó 34;23

Sobrecarga significa peso excessivo. Um sábio não requereria de ninguém que levasse uma carga maior que suas forças. O príncipe desse mundo que veio para roubar, matar e destruir, não está nem aí se alguém for esmagado sob sua carga; desconhecendo amor, misericórdia, compaixão e demais sentimentos nobres, se satisfaz em sua sanha destrutiva.

O Criador se preocupa até com cargas dos animais; ordenou que se superassem divergências, para socorrê-los, quando fosse o caso; “Se vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, deixarás, pois, de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo.” Ex 23;5

Quanto mais, com os que Criou com Suas Mãos, para serem Reflexo de Sua Santa Imagem? Por isso O Salvador chamou-os: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave, Meu fardo, leve.” Mat 11;28 a 30

O Salvador veio para um povo que ainda era inimigo de Deus; senão, não seria necessária Sua mediação reconciliadora; “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados, pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Dizemos que, o costume do cachimbo deixa-nos com a boca torta; uma figura de linguagem para ilustrar o que os hábitos fazem com o caráter. Nos habituamos a agir de certo modo; se, for proposto que façamos diferente, estranharemos; quiçá, acharemos pesado.

O homem natural não age diferente das suas vontades desorientadas. Abrir mão delas, (negue a si mesmo) pela Vontade Divina; (tome sua cruz e siga-me), ao primeiro momento parece insuportável.

Mas, à medida que cambiamos nossos pensares pelos Divinos, fruímos a paz interior e alívio que o Perdão de Cristo enseja, vamos percebendo que, as coisas passam a ficar mais leves; João ensina: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos Seus mandamentos; e Seus mandamentos não são pesados.” I Jo 5;3

Depois que a obediência se faz usual, os valores humanos se alinham aos Divinos, até o “caminho estreito” fica mais amplo; ouçamos Pedro: após recomendar uma caminhada com fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal, caridade, concluiu: “Porque assim vos será ‘amplamente’ concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

Quem aprendeu, finalmente, a obediência, não precisa de argumentos externos para concluir que os mandamentos, além de não serem pesados, são para o seu bem. Tendo sido resgatado do cativeiro do inimigo pelo Sangue de Cristo, frui uma paz interior, uma leveza de consciência que compensam; além disso, uma luz espiritual que “insiste” em crescer; “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Claro que, ao homem natural, obediência soa pesada; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7 

Assim, o “negue a si mesmo” não é a castração de um direito; antes, o enfrentamento de um adversário.

A regeneração daquele que foi criado À Imagem e Semelhança de Deus, requer o banimento do que foi deformado, segundo as perversões do inimigo.

Deus nos imporia pesos, querendo nos elevar aos céus? “Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas...” Is 40;31