terça-feira, 8 de junho de 2021

Os répteis alados

“... neste chifre havia olhos, como de homem e uma boca que falava grandes coisas.” Dn 7;8

Os especialistas em escatologia defendem que esse chifre pequeno será o Anticristo; último governo terreno antes de assumir O Rei dos Reis.

Que chifre simboliza poder, autoridade, é pacífico entre os estudiosos de profecias.

Esse tinha “olhos como os de homem”, malgrado falasse de grandes coisas, de esfera Divina, possivelmente.

A queda se deu justo por ter o primeiro casal sucumbido a isso; ao desejo de divinização. De ver todas as coisas com “olhos de homem”; ou, como disse certo “filósofo”, ser “O homem a medida de todas as coisas”.

São nossas mentes limitadas, passionais, ineptas, ignorantes, facciosas ... A existência do Absoluto, Deus, corta nossas asas, e desafia a ser submissos. Sua Palavra traz: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

A aceitação da Obra de Cristo em nosso favor para salvação e regeneração começa com, “Negue a si mesmo”; Ou cambie teus pensares pelos Divinos segundo Isaías.

O amor próprio no modo doentio, nos faz preferir as trevas, cúmplices da maldade, feitoras da perdição, à Luz que nos desnuda, mas salva. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

O descrédito de Deus se faz necessário para implantação do império da mentira; isso explica esse mar de lama que grassa, onde fatos perdem preferência para narrativas. Alguém definiu a presente era com da pós-verdade. Pós para eles; cumpre-nos ainda conhecer “às veredas antigas.”

Nossa resiliência é testada cada vez que uma mentira é apregoada; quem ama à verdade fará proezas em Deus, defendendo-a; os outros facilmente receberão como benfeitor ao chifre aquele, que reduz tudo, as coisas espirituais e eternas, ao pífio nível dos olhos do homem.

“Esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;9 a 11

Eis a maravilha da Justiça Divina! Tenta em todo o mundo fazer conhecidos Seus Pensamentos através dos que O servem. Se O rejeitam preferindo suas próprias formas de pensar, então, será isso que terão. “... Eis que Trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos porque não estão atentos às Minhas Palavras; rejeitam Minha Lei.” Jr 6;19

Não se trata de privação de luz. Antes, de escolha da humana visão, em cima da rejeição à Divina. “Não estão atentos às Minhas Palavras” disse o Senhor, então; o que se repete agora.

Não atentam para obedecer, porém. Para perverter há muitos vigilantes que, no afã de “santificar” perversões alteraram à pureza da Palavra. A tal “Bíblia Inclusiva” que troca algumas placas fazendo trazer “Céu”, na trilha do inferno.

Será que o veto para não se alterar nada vale só para o Apocalipse; no demais está liberado? Os olhos do homem superaram, ou, no mínimo se igualaram aos de Deus? Dele se diz: “... trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139;12 O contexto atina à Onisciência Divina; portanto, a “mesma coisa” no sentido de não ocultarem nada dEle, não a mesma coisa em termos de valor.

A nós a luz é dada de forma progressiva, à medida que desejarmos mais dela iremos recebendo. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Esse desejo não é algo pueril tipo jogar uma moeda na “Fontana di Trevi”, fechar os olhos e fazer um pedido. Antes, é um compromisso com O Salvador e Sua Palavra, na qual, permanecendo (obedecendo) seremos iluminados. “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O “chifre pequeno” terá poder sobre o mundo inteiro, não por alguma dignidade que possua, mas por das asas à toda sorte de visão humana. O relativismo total; todo credo e comportamento serão intocáveis. Exceto, crer em Deus.

O espírito usurpador trabalha célere pela imbecilização e massificação; quanto mais curta nossa visão, mais fácil esse mago fazer seus truques.

Assim rasteja a humanidade. Filosofa que aparências enganam e pauta escolhas por elas. Pois, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos ...” II Cor 4;4

segunda-feira, 7 de junho de 2021

O Prato de lentilhas


“Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste um bezerro cevado.” Luc 15;30

O irmão do pródigo indignado, porque aquele fora recebido com festa, enquanto ele seguia sua rotina de trabalho.

Pensando no “alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” grosso modo acharemos mais fácil partilhar alegrias.

Não é assim. A dor alheia comove; mesmo com um que nem tenhamos laços, podemos nos solidarizar à perda de um ente querido, por exemplo.

A alegria alheia nem sempre nos tem, pelo nefasto concurso da inveja. Quando outrem se alegra por receber um bem, honraria, destaque que preferiríamos que fosse nosso.

A inveja é amoral; tanto se pode invejar um que anda bem, quanto, outro que está nos prazeres da perdição. Depende do grau de identificação.

Quiçá, o irmão do pródigo não pensava: Eu aqui dando duro sob esse sol e aquele inconsequente se divertindo com meretrizes; eu deveria ter a “coragem” dele. No entanto, em sua “covardia” perseverava.

Quando soube que o esbanjador estava mendicante deve ter se sentido “vingado” pelo desconforto de sofrer as agruras, enquanto o outro se divertia.

Invés de saber dele “comendo do ruim”, vê-lo sendo recebido com festa foi demais para ele.

Decidiu não se misturar àquela “injustiça”.
Do prisma exclusivo da justiça até que fazia sentido. No entanto, os olhos amorosos do Pai viam valores maiores, a regeneração, a vida. “Teu irmão estava morto e reviveu.”

Ele acusou o pai de parcialidade; “Nunca me deste um cabrito para me alegrar com meus amigos.”

Quantos agem assim; mesmo ouvindo do Pai: “Tudo o que tenho é teu” vivem mediocridades desnecessárias, antes que, se alegrarem pelo que receberam sofrem vigilantes para com os dons de terceiros que, devaneiam, deveriam ser seus.

Esses não se alegram, não pela privação de meios; porém, por olharem para o que não lhes pertence, invés de fruírem do que lhes foi dado.

O jardim do Senhor é amplo; com árvores frutíferas, ornamentais, pássaros, flores, vermes, insetos... qualquer um teria motivos para ser infeliz, se deixasse de ser o que é para tentar “ser” outro ao qual inveja.

Quando vemos alguém, aparentemente mais alto que nós, em dons, posição, uma coisa devemos ter claro; esse já esteve muito mais baixo, em calúnias, perseguições, incompreensões, privações, sofrimentos ...

No tempo do vale das sombras da morte, a inveja nem sequer os via, não passavam de errantes dignos de pena. Mas, chegado o tempo do Senhor para restaurar suas sortes,
Sempre surgirão os “irmãos do pródigo” acusando “parcialidades” do Pai.

Como aquele, privam-se de alegrias por inveja; rejeitam à festa.

Quando alguém prega, canta, ensina, escreve melhor que eu, não me faz mal. Serve de estímulo para melhorar; os frutos do seu ministério me fazem bem. O que incomoda são os que falam coisas desalinhadas da Palavra, e seus viveres produzem testemunhos rasos, pífios.

Quantos falsos obreiros, imitadores de mensagens que ouviram alhures tomam púlpitos e falam de grandezas que seu modo de ser e viver insiste em desmentir.

Nada contra a assistir bons pregadores na NET, assisto também, aprendo com eles; mas, todo o ministro idôneo, quando for ao púlpito deveria poder falar como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei”. I Cor 11;23

Deve orar e buscar do Senhor a mensagem a entregar, pois, A Vontade Dele é o que conta, não nossa “performance” como se, invés de servos no labor, fôssemos artistas no palco.

Há coisas ao longo da estrada que são para pausas; restaurantes para viajores; borracharias para reparar um pneu; postos de repor combustíveis; refúgios ao longo de auto estradas para breves paradas ... Todas essas coisas são importantes, mas não são o alvo, nem o caminho.

Servem de figura de nossa jornada espiritual; são importantes os cultos, nossos “restaurantes”, louvores, orações, visitas, profecias, (sérias) etc ... Mas O Caminho É Jesus. Os que centralizam as vidas espirituais na igreja, no ativismo espiritual, e fora vivem de qualquer maneira, trocam o caminho pelas pausas.

A Palavra não foi dada para pausas, mas para marchar; “Se andarmos na luz...” “Anda na Minha presença e sê perfeito ...” “Vinde após mim...” Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” etc.

Deus anseia relacionamento que prime pelo amor e pela vida, como o pai do pródigo; mas, nos perdemos por mesquinharias, invertemos valores; como Esaú, trocamos Deus por um prato do lentilhas; teria Ele prazer em nós?

Urge entendermos o papel da igreja; é lugar para ensinar cambiar nossos pensamentos doentios pelos Divinos, não de servir; serviço é em nosso dia a dia; “... o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 6 de junho de 2021

Questão de honra


“Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.” Et 6;12

Depois de quê? De Mardoqueu ter desfilado em vestes reais, sobre o cavalo do rei; o fez escoltado pelo príncipe Hamã, apregoando como se faz com quem o rei deseja honrar.

Ele nunca desejara honra; apenas denunciara uma conspirata contra o rei. Lembrado oportunamente por Deus, o distraído monarca resolvera “pagar a dívida”.

Hamã era um dos maiores príncipes do reino, dado às bajulações comuns dos que rodeiam ao poder por interesses; tanto que, para “mostrar serviço” tencionava matar todos os judeus, ignorando que a rainha também era judia, para sua perdição.

Após o ato, o honrado não deu a mínima; “... voltou para a porta do rei ...” enquanto, o humilhado Hamã “se tapou de nojo” como dizemos cá no sul, ou, “... se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.”

Talvez esse incidente tenha dado azo ao surgimento de certo dito do Talmude: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.”

Ou, “O coração do homem se exalta antes de ser abatido; diante da honra vai a humildade.” Prov 18;12

Não que a honra seja ruim; não é. Todos gostamos dela. Entretanto, aqueles que aprenderam que na festa do Senhor, o “último vinho é melhor”, que “há tempo de semear e tempo de colher o que se plantou”, não confundem estações, nem pretendem ceifar em dias de semeadura.

O salvo, ciente das próprias indignidades, sabe que o foi por graça; e capacitado pelo mesmo “mérito” recebeu dons para servir; não se considera digno de honras pelo que faz, mesmo que faça coisas desejáveis aos Olhos do Senhor. Se, honrado, como Mardoqueu, volta sentar-se em lugar humilde com o qual se identifica.

Embora a coroa fique bem sobre os legítimos vencedores, diante de Cristo, as nossas podem ser jogadas aos Seus pés, como fizeram certos anciãos; “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam suas coroas diante do trono ...” Apoc 4;10

O domínio que deveríamos buscar é o domínio-próprio; o lapso aí dá ocasião a certo ativismo compensatório, e tendemos a buscar domínio sobre o semelhante. A Caim após certa exortação foi dito: “... se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;7

Estava sob domínio do pecado da inveja que turbara seu rosto; fora desafiado a inverter os papéis; triunfar sobre o pecado. Não fez.

Não é tarefa fácil; o homem ímpio tende antes, à desgraça de dominar sobre outrem. “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Quem tem olhos muito ávidos por encontrar nichos de poder, acaba com ouvidos surdos aos clamores por servir. O desafio do Salvador aos Seus é que sejam “grandes” servindo.

Paulo explicou: “Nada façais por contenda ou vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus ...” Fp 2;3 a 5

É preferível que sejamos, como Mardoqueu, surpreendidos por inesperada honra, que, buscarmos sôfregos o que não devemos para nossa perdição, como fez Hamã.

Nós somos desafiados a ajuntar “Tesouros no Céu”, buscar as honras terrenas são dispêndios desnecessários. Por quê gastaríamos aqui o que devemos entesourar lá? Os que assim fazem “recebem cá seus galardões”.

Se, como dizem, “caixão não tem gavetas” significando que posses materiais não acompanham aos que dormem, nossos feitos em Cristo vão conosco; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Nosso Rei, sendo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, quando veio o fez em vestes de humildade, de serviço; por agora, desfilar por aí trajando Suas Vestes é a honra que nos cabe. “... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

Agindo assim, em tempo oportuno, O Rei nos deseja honrar; “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

sábado, 5 de junho de 2021

O "Silêncio de Deus"


“Buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Inicialmente, o estabelecimento de prioridades na vida cristã; entretanto, uma faceta pode nos passar desapercebida. Se, devemos, priorizar O Reino, os valores a pautar nossa busca não são nossas noções de justiça que, geralmente são parciais, doentias. Devemos buscar O Reino e “Sua Justiça”.

Em nossa autoindulgência tendemos a ser lenientes para com nossas injustiças; não raro, interpretarmos o silêncio de Deus como aprovação. “Estas coisas tens feito, Eu me calei; (pecados) pensavas que era como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Na verdade o “silêncio de Deus” quanto às nossas iniquidades deriva de nossa omissão; o veto já está na Palavra que, em parte fingimos não ver, ou entender; O Eterno permite, em Sua Longanimidade, mas uma hora intervém e julga. Não sem antes usar meios amorosos e reiterados de advertir buscando arrependimento; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1 Quando o Amor Divino cansa de bater educadamente à porta, então Sua justiça vem e bate com o pé.

A Lei do Reino nos ensina a amarmos ao próximo como a nós mesmos; no prisma da justiça a “medirmos” ele com a mesma medida que a nós. Ou seja: dar-lhe os mesmos direitos que pleiteamos.

Muitas disputas por espaços e bens derivam da iniquidade nessa área. Uso ‘iniquidade’ aqui, não no sentido espiritual de pecado, mas, no estrito sentido literal original, de falta de equidade; igualdade, enfim, de parcialidade.

Nossas vontades, antes de serem patrocinadoras de escolhas pessoais deveriam ser aferidoras das nossas escolhas no tocante a terceiros. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Se, o primeiro dos mandamentos é o amor, que, “Não folga com a injustiça ...” os pleitos entre cristãos mostram que, no mínimo, uma das partes não está cumprindo-o, quando não, as duas partes. Paulo censurou aos coríntios por isso; “Para vos envergonhar digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas, o irmão vai a juízo com o irmão, isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” I Cor 6;5 a 7

Aqui refere-se ao litígio quando ambas as partes professam ter a cidadania celeste; nesta terra temos demandas lícitas e justas contra pessoas injustas com certa frequência, infelizmente.

No caso do Reino de Deus, a justiça deriva da Sua Palavra, nas das imperfeitas e ambíguas leis humanas.

Por isso, aos que ingressam é posto o “Negue a si mesmo” como indispensável, isso demanda negar também a antiga maneira de pensar, para, doravante adotar a “Mente de Cristo;” os pensamentos de Deus.

“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos do que a Terra, são Meus Caminhos mais altos que os vossos e os Meus Pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Por isso somos ensinados a orar; “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores ...” o triunfo do perdão antes que do juízo é a parte mais visível da “Justiça” do Reino.

Os salvos são justificados, tidos como justos, pela Justiça de Cristo a eles imputada; quando ouço profanos sem noção falando em “exigir direitos de filhos de Deus” sofro inevitável vergonha alheia.

Nossa busca pelo Reino e Sua Justiça refere-se mais aos deveres que aos direitos; pois, recebemos infinitamente mais que merecíamos; quiçá, deveríamos beber um gole de noção na bilha de Mefibosete. Como ele, somos indignos exaltados, qual pleito nos resta ainda? “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Não devemos fantasiar nossas predileções de Vontade de Deus. Nada não nos faz diferentes de nosso semelhante, nem favoritos do Eterno.

Quem peleja na arena espiritual, por alvos egoístas, leu o rótulo apenas; desconhece o produto; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Na escola de Deus


“Tenho posto com ele a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã; Dei sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo que te tenho ordenado.” Ex 31;6

O Senhor designando artífices para o Tabernáculo assegurando que lhes tinha dado habilidades necessárias para a edificação, bem como, dos móveis.

O Eterno não requer de ninguém, um feito para o qual não esteja capacitado.

Na parábola dos talentos ensinou a diferença dos dons, onde um recebera cinco, outro, apenas um. Não combinaria com a justiça, demandar que cantasse, ao que desconhece a arte do canto; que ensinasse, o inepto para o ensino; ou, que esculpisse artifícios esmerados, um que desconhecesse o ofício.

Como disse certo general em “O Pequeno Príncipe”, “Tenho direito de exigir obediência, porque minhas ordens são razoáveis”. As do Senhor, mais que razoáveis são sábias.

Antes de permitir que Davi “medisse forças” com Golias, exercitara-o contra forças maiores que as dele; um leão e um urso, como treino para que aprendesse a não depender estritamente do seu braço mas, do Senhor.

Quando pensou num que enfrentasse o “establishment” religioso denunciado sua hipocrisia, e fosse capaz até de apontar pecados do rei, O Eterno forjou nas cavernas a um antissocial, eremita e asceta, alimentado de gafanhotos e mel, João Batista. Não legaria tão rude missão a um Nicodemos, cujo medo de perder posição social o forçou a buscar por Jesus de noite.

Outrora, quando desejou julgar à casa de Acabe quebrou o protocolo; a sucessão no trono viria de um príncipe da casa real; todavia, mediante Eliseu, mandou um profeta ao front para ungir ao capitão Jeú.

Esse, pra guerra era tal, que bastava sua silhueta se mover ainda distante, fora da possibilidade da leitura fisionômica para que fosse identificado. “... o andar parece como o andar de Jeú, filho de Ninsi, porque anda furiosamente.” II Rs 9;20

O Senhor usou um poeta como Davi, no trono; um filósofo como Salomão; um estrategista como Uzias; mas, era a vez de um militar valente, Jeú.

Então, quando O Eterno nos ordena algo é porque de alguma forma nos treinou para aquilo, ou a tentativa de executarmos o que ainda não estamos aptos é treinamento para uma missão futura, onde o aprendizado será necessário. Obedecer sempre é o melhor caminho.

O Salvador dissera a Pedro que o faria pescador de almas; e quando veio aos apóstolos após Sua ressurreição encontrou ao bravo Simão buscando peixes outra vez; depois de uma noite de pesca fracassada, Jesus ordenou uma redada mais, em local específico, para o lado direito. Feito isso pegaram tantos peixes que tiveram dificuldades em tirar a rede.

O Senhor os aguardava na margem tendo pão e peixe preparados. Além da provisão material o ensino; o lado direito, da obediência, onde estarão as ovelhas em oposição aos bodes no esquerdo.

Então, tivemos a célebre passagem onde O Mestre perguntou três vezes se Pedro O amava, como num contraponto às vezes que O negara.

Como o apóstolo insistia em afirmar seu amor, O Senhor reiterava à ordem: “Apascenta minha ovelhas.” Demonstre teu amor pela obediência!

Por um lado temos atrevidos que se lançam a empresas para as quais não estão preparados; por outro, os que foram treinados, ensinados pelo Mestre, e se recusam a fazer o ordenado, preferindo gerir ainda suas vidas que deveriam ter submetido ao Senhor.

Tanto querer fazer o que não sabe, quanto, recusar a assumir o que deve, são derivados da vontade enferma.

No ministério do Espírito (Santo) no Novo testamento, já não se requer habilidades específicas, como dos artesãos do tabernáculo; antes, comunhão com O Espírito, para que Ele nos capacite, conforme lhe parecer bem.

Se escolhe as “coisas loucas, as que não são”, é porque não contam aptidões meramente humanas nos domínios do Espírito. Ouvidos atentos são as “aptidões” necessárias; “Os teus ouvidos ouvirão a Palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Tendemos a não querer o que O Senhor quer, e a querer o que Ele não quer. Por isso a necessidade de um ruptura com os meios mundanos, antes de alinharmos nossas vidas à do Eterno. “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Não mais pedras, esculturas, engastes... antes, a moldura em “pedras vivas”, mediante obediência à Palavra, para o templo de Deus. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5
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domingo, 30 de maio de 2021

As duas testemunhas


“Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto ...” Luc 2;20

Tinham ouvido coisas grandiosas sobre o menino e visto o mesmo, na manjedoura. Um testemunho aos ouvidos, outro, aos olhos. Glorificaram a Deus pelo que tinham ‘ouvido e visto ...’

Dito está: A fé vem pelo ouvir A Palavra de Deus; em diversas partes, do Apocalipse, sobretudo, a importância dos ouvidos espirituais está em realce: “Quem tem ouvidos ouça o que O Espírito diz às igrejas.”

Tiago aconselha que sejamos prontos a ouvir e tardios pra falar. Contudo, há uma faceta visual que não podemos ignorar; por ela também se testemunha sobre Deus ante nossos olhos e alhures.

Paulo disse que a própria Existência de Deus é visível nas Suas Obras; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem, claramente se veem pelas coisas que estão criadas ...” Rom 1;20

E, as transformações que opera nos “pródigos” que saem da lama para a casa do Pai, também saltam aos olhos; testificam para novas conversões; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos ‘verão’, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

O que glorifica ao Pai, não é a expressão, “Glória a Deus”! que tanto usamos. Mas, a transformação que Ele opera em nós, feita visível em nosso novo modo de agir, aos olhos de quem nos observa; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Se, o que se desvia em meio à caminhada é semelhante ao que começou uma torre e não pode acabar, sofrendo escárnios por isso, o que persevera mesmo em dias escuros honra ao Senhor; não precisa nenhum acessório à fé, basta a Integridade do Santo Nome. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Ao esposarmos que passamos pelo novo nascimento, que Cristo foi gerado em nós, é necessário que aqueles que “visitam a manjedoura” possam falar do que têm visto e ouvido; digo, que ambos os sentidos tenham um testemunho conforme; pois, “O dito de duas testemunhas será válido.”

Quando não vivemos como pregamos acabamos sendo ambíguos, contraditórios; a confissão dos lábios se perde no concurso das ações. “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

O aval aos olhos está preceituado na “armadura espiritual” embora, nem todos percebam; diz que devemos ter “... calçados os pés na preparação do Evangelho da Paz ...” Ora, os pés falam de caminhar, não de pregar. O texto traz, “Preparação”, não, pregação.

Assim como João Batista foi adiante do Salvador preparando Seu caminho, também nosso testemunho, pela luz que deve irradiar há de ensejar questionamentos nos que nos observam; então, será a vez de Cristo, após João; digo, de pregar, depois de preparar o caminho. “Santificai ao Senhor Deus em vossos corações; estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós ...” I Ped 3;15

Embora o dom da vida eterna seja imediato aos que se convertem, o usufruto disso se reserva ao além, de modo que, como disse Paulo, “em esperança somos salvos...”

E mudar de um modo de vida relapso, ímpio, para outro em santificação, fiados numa esperança é um milagre que salta aos olhos; somente O Senhor pode operar.

Aqueles que partilham da mesma esperança, podem, como os pastores, se alegrar pelo visto e ouvido, se virem Cristo em nós.
Nos dias do Salvador a carência identificada foi matemática; “A seara é grande e são poucos os obreiros”. Hoje, o lapso é de essência, há muitos que professam; poucos que são íntegros, fiéis.

As pregações são doentias; pessoas são estimuladas a buscar coisas, não relacionamento com Deus; servir-se invés de servir.

Muitos “Ministros do Evangelho” pelos bens que ostentam e vidas nababescas que levam são o que todo o ímpio quer ser quando crescer.

O ministro idôneo, quando aperfeiçoado no Senhor, recebe discernimento, se faz como a Voz Dele. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Se a Estatura de Cristo nos é inatingível, renunciar a crescer, é pactuar com a morte.

sábado, 29 de maio de 2021

Como Zaqueu


“Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Luc 19;10

Só pode ser salvo quem necessita de salvação. Por motivos do arbítrio recebido carecemos reconhecer nossa condição de perdidos; senão, alheios à urgente necessidade, jamais seremos achados Naquele que salva e reconduz, Jesus Cristo.

Na Parábola das cem ovelhas, onde, uma se perdera e as demais estavam seguras, incautos bem poderiam presumir que eram as 99 guardadas; quem não andava com eles, a perdida. Ou, de outro modo; “Não precisam de médico os sãos, mas os enfermos”; pelo viés da pretensão poderiam chegar ao mesmo erro fatal; se acharem vendendo saúde espiritual, mesmo estando mortos, enquanto, os doentes seriam os outros.

Como O Salvador veio salvar “o que se havia perdido”, tais não precisariam Dele. Acontece que as coisas de Deus são aquilatadas aos Seus Olhos, não aos nossos.

Sua Palavra ensina em muitos lugares que na Terra não havia um justo sequer. Então, o ensino da ovelha e do médico tanto podem se referir aos anjos que não caíram e não carecem salvação, quanto, ser mera ironia dizendo aos que pensavam não necessitar, que não viera para eles, os arrogantes; mas, para os humildes que reconhecem a necessidade de ajuda; “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;3

A pretensão de justiça própria é um dos maiores óbices à salvação, como disse alguém: “Reconhecemos um louco sempre que vemos; nunca, quando somos.”

Assim nos portamos também, quanto à loucura espiritual, que enxerga como águia, alheias falhas e nos faz toupeiras quanto às nossas.

Logo, a primeira condição é remover do trono esse sem noção, o ego; “Negue a si mesmo ...”

Quando O Salvador tentou convencer Seus ouvintes de que precisavam ser salvos encontrou essa barreira sólida; “... Nosso pai é Abraão ... Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.” Jo 8;39 e 41

Ora, filhos de Abraão; outra, de Deus; jamais se sentiam perdidos. Enfim, O Salvador teve que dar nomes aos bois: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” V 44

Todavia, nesses tempos de facilidades virtuais para os profetas de Baal, tudo o que a carne deseja, por mais raso que seja é oferecido “Em Nome de Jesus”; a carência mais notória, salvação, é omitida.

Há grupos de “profetas” dos quais se fazendo parte e dando um “rolê” no touch screen em poucos minutos se “Recebe do Senhor”, cura, prosperidade, bens, chave da vitória etc. Tudo; menos a mensagem da cruz, o apelo ao arrependimento para salvação.

Ímpios são ensinados por esses a reivindicar seus “direitos de filhos de Deus”; aqueles que, nos dias de Cristo cobriam céus e terras por um discípulo e o faziam filho da perdição como eles, têm vasta descendência.

Às vezes deparo com opulentos anúncios que promovem a “Campanha da Justiça de Deus”, onde, dizem, O Eterno fará justiça aos Seus dando-lhes o que merecem.

Ainda bem que O Misericordioso Senhor não faz isso, senão estariam todos perdidos; “Todos nós somos como o imundo; todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Somos como aqueles que estavam com pedras nas mãos ante a mulher adúltera; desafiados a apedrejar estando limpos, cada um deu de cara com a própria “justiça” e soltou os seixos.

O Eterno nos justifica imputando aos que se arrependem e obedecem, a Justiça de Cristo; isso não é justiça, é graça. Graça porque não merecemos, não porque em Cristo não tenhamos responsabilidades, como alguns incautos esposam.

Algo dentro de Zaqueu denunciava sua condição de perdido; desejou tanto ver Àquele que salva que subiu numa árvore para compensar sua baixa estatura.

Esse incidente figura nossa condição. Somos indignos até de vê-lo; somos “baixos” demais. Contudo, Seu Amor é Árvore de Vida; permite aos que se reconhecem perdidos, subir o bastante para vê-lo; após o olho no olho se dispõe a cear em suas casas. “Eis que Estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha Voz, e abrir a porta, Entrarei em sua casa, com ele cearei e ele Comigo.” Apoc 3;20

Portanto, esqueçamos os “profetas” de grandezas terrenas, num mundo às portas do juízo. Sem Cristo estamos todos perdidos; com Ele temos a “grandeza” que basta. Pare de consumir enganos pelo bem da tua alma! Vai chover fogo em Sodoma! Escapa por tua vida!