domingo, 4 de abril de 2021

Profundezas rasas


“... Se queres, bem podes limpar-me.” Mc 1;40
“... se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima...” Col 3;1

O quê esses fragmentos têm em comum? Um caso refere-se a um rogo por cura; outro, um ensino. Temos um cuidado com o corpo, outro com a alma.

Ambas as orações trazem o “se” funcionando como condicionante de alguma coisa.

Nas afirmações que demandam fé, estritamente, isso, soaria como negação. Sendo a fé o “firme fundamento” não comporta “rachaduras” como seria essa palavrinha de precursora. Um dos ladrões da cruz que disse: “Se és O Filho de Deus salva a ti mesmo e a nós.” Implica que ele não cria; pois, o outro que acreditava apenas disse: “Senhor, lembra-te de mim...”

Porém, o se, do leproso acima não derivava de alguma dúvida quanto ao Ser de Jesus; mas, à Sua vontade; “Se quiseres...”

O outro; se já ressuscitastes com Cristo agi assim, visa um exercício lógico alinhando profissão de fé e modo de vida; se entrastes deveras no Reino estejam nele vossas prioridades; buscai as coisas que são de cima.
Agir conforme, as obras da fé, sem as quais, a mesma é morta.

A novidade de vida ali, temos como preceito, diretriz aos convertidos. Noutra parte encontramos como consequência necessária. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Eis nosso “se” outra vez!

Não obstante ser abstrata a fé produz resultados concretos nos que a abraçam deveras; daí, o desafio ousado de Tiago: “... mostra-me tua fé sem obras e te mostrarei a minha pelas minhas obras.” Tg 2;18

Não existe cristianismo teórico! Spurgeon afirmava: “Ninguém é obrigado a se dizer cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta.” Atue como um.

Infelizmente, pelas coisas que muitos partilham nas redes sociais claramente se percebe que não sabem a diferença entre tolerância e aquiescência.

Tolerar é uma coisa boa, necessária; conviver com o que é diferente em sua crença; aquiescer é concordar com ensinos da fé alheia, que se opõem à nossa.

Quem se diz cristão e comemora “Natal”, “Páscoa” como o mundo não entendeu nada.
Outros, partilham textos de mestres espíritas.

Ora, o espiritismo pode ser qualquer coisa, menos cristão. Nega a suficiência de Cristo e Seu Sangue Remidor; apregoa purificação mediante obras e múltiplas reencarnações. Não duvido da sinceridade dos que nisso creem; mas à luz da Bíblia é erro crasso.

Não há reencarnações! Uma vida; morte e depois juízo. “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Heb 9;27

Como estamos na casa do “se”, abusemos de sua hospitalidade: Se, “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3 e se, “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5 Se, isso significa reencarnação, por quê O Salvador apresenta nascer da carne e do espírito como coisas distintas? “O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” V 6

Porque o “nascer de novo” é uma figura de linguagem para a conversão; ouvir a Voz do Espírito Santo e segui-la. Ezequiel figurou isso como mudança de coração; “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36;26

Isaías, por sua vez, com uma mentalidade nova, segundo Deus; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se invés de rever conceitos e atitudes à luz da Luz, preferirmos a velha e assassina resiliência no erro, não seremos um milímetro melhores que os que rejeitaram a Cristo pessoalmente; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Em muitos casos as pessoas até creem, mas com coração duplo; incapaz de uma ruptura radical com o erro como quem evita a companhia de um assassino.

Sendo O Eterno, “Tão puro de Olhos que não pode contemplar o mal” Hc 1;13 demanda purificação do que hão de vê-lo; “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Se lhe dermos ouvidos, um dia O Veremos; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mat 5;8

sábado, 3 de abril de 2021

A Bondade Ignorada


“Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que Nele confia.” Sal 34;8

Que O Senhor É Bom é lugar comum; exceto, para quem não lida bem com a verdade.

Suas Obras se encarregam de “apregoar” isso. “Os céus declaram a Glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das Suas Mãos. Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra.” Salm 19; 1 e 2 “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Entretanto, uma coisa é o conhecimento teórico, genérico; outra, a experiência pessoal. O texto em realce desafia a isso. “Provai e vede...”

Como o relacionamento baseia-se na fé, natural que nossa “prova” atue nesse âmbito também.

Embora a receita pareça pacífica, óbvia, não é tão simples assim. Não raro equacionamos nossos comodismos, precipitações até, com bondade. Nessa linha apresentamos listas de tarefas para Deus, às quais, Ele cumprindo deixará patente que É Bom.

Isso só prova que somos maus, incapazes de confiar deveras e esperar Nele; a parte B; “... bem-aventurado o homem que Nele confia!”

Um boticário zeloso não colocaria perfume caro num recipiente sujo, por razões óbvias; assim, a Bondade atua junto à Sabedoria do Eterno.

Suas esperas não derivam de razões mesquinhas; antes, misericordiosas; “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

Provarmos a Deus em Sua Bondade, não significa que tenhamos que desafiá-lo a fazer o que adjetivamos como bom; antes, que esperemos confiantes mesmo em lutas, até vermos a qual fim atina, se lhe aprouver levar-nos por veredas estreitas de privações. “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.” Sal 18;19

Percebamos que não se trata de nenhuma “oração forte”, “Campanha de sete sextas-feiras”, “fogueira santa” ou profanações similares; o fator que “constrangeu” a Altíssimo a abençoar Seu servo foi “... porque Ele tinha prazer em mim.”

Como a excelência entre cônjuges seria cada um atentar ao prazer do outro, nosso relacionamento com O Santo deve ter essa empatia. Ele queixou-se da alienação egoísta; “... porquanto Clamei e ninguém respondeu, Falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus Olhos; escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

Assim, “provamos” a Ele vivendo de um modo que lhe seja aprazível; não fazendo atrevidas e ímpias orações exigindo que conceda o que nos seria deleitoso, mesmo contra Sua Vontade.

Devemos sacrificar às próprias inclinações más, além de resistir às seduções do mundo, para, só então, conhecermos e provarmos deveras, da Bondade Divina. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Tanto os nãos do Senhor, quanto os sins são atos de bondade; como um Pai zeloso que veta coisas que parecem boas ao filho, antevendo consequências nocivas no “pacote” que o incauto deseja; assim, Seus nãos têm vínculo com Seu Amor e Saber Bondosos.

Sem a renúncia do eu, esse espúrio “concorrente” do Senhor, não teremos paladar sadio; a bondade, mesmo presente será ignorada, por estarmos sujeitos ao conselho perverso.

Então, invés de provar do bom que O Pai tencionava nos dar colidiremos com o “ai” do juízo necessário. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce e do doce amargo!” Is 5;20

A Bondade Divina tem consórcio com a justiça; não deixa de existir se agirmos mal; apenas, para de nos favorecer para não ofender à consorte. “Eis que a Mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

A Misericórdia Divina se manifestou majestosa em Cristo; todavia, sem nenhum prejuízo à verdade nem à justiça; a paz que deriva da reconciliação Nele, requer a “morte” do perverso que opera a separação. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça a paz se beijaram. A verdade brotará da terra e a justiça olhará desde os céus.” Sal 85;10 e 11

E a verdade proclama que somos maus; sem admitirmos isso, não será possível provarmos Daquele que É Bom.

terça-feira, 30 de março de 2021

Os montes baixos


“Por que saltais, ó montes elevados? Este é o monte que Deus desejou para sua habitação; o Senhor habitará nele eternamente.” Sal 68;16

Lapidando-se o ensino de que a fé remove montanhas, as interpretações mais comuns acenam com certos “montes” ausentes na sã doutrina. Circunstâncias adversas do cotidiano pelas quais Deus promete passar conosco, os montes que certos “mestres da fé” prometem remover “em nome de Jesus”; os intérpretes mais sadios vêm em nossas más inclinações, nas obras da carne os alvos.

Contudo, estamos ante “montes” que saltam; do que se pode inferir do texto, rumo a um outro, que O Senhor deseja.

Encontramos montes como símiles da constância confiante dos salvos; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Agora temos os montes saltitantes como desejos de tomar para si algo que O Santo deseja. Como são “montes elevados”, parece pacífica a conclusão que se trata de líderes, governantes que disputam com Deus, coisa que o salmo segundo corrobora. “Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido...”

Se, montes deveriam simbolizar firmeza, não movimento “por quê saltais ó montes elevados?
Independente do motivo o texto deixa patente que se insurgem contra Deus. Então, antes de sabermos seus alvos já podemos conhecer seus méritos; A Palavra diz: “Não há sabedoria, inteligência, nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Não são sábios, inteligentes nem aconselháveis seus saltos, pois.

Acontece que os “montes elevados,” da Terra, aos Olhos Divinos não são nada altos. “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Desses O Salvador disse: “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Como O Senhor chama aos que lhe ouvem para que neguem a si mesmos, e nos diz que “diante da honra vai a humildade”, não há espaço para alturas a ambicionar, para os que são feitos servos do Altíssimo.

Paulo pergunta pelos sábios que colocariam ao Poderoso numa saia justa; “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” I Cor 1;20

O método Divino de escolha é meio “insensato” aos olhos do mundo. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Esse método “louco” não contaria com a adesão dos “grandes”; de modo que O Eterno decidiu ficar com “o que tem pra hoje” como se diz; “... não são muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem ou, nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

A certeza de termos sido escolhidos nos basta; não precisamos de lugares que não nos pertencem; a Glória do Senhor importa mais que efêmeras e indignas exaltações humanas.

A loucura começou quando foi aceita a sugestão de o humano ser como o Divino. Dessa vertente são os motivos dos “montes elevados” que saltitam de olho num lugar do qual são indignos. Levarão às últimas consequências a sugestão satânica, pois, alienados de Deus, necessariamente se fazem associados daquele.

Como conheceriam à quietude, consorte da paz, se essa deriva da justiça à qual se opõem? “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Isaías descreveu-os: “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Vemos, finalmente, que os “montes” não podem se aquietar; não se trata de escolha seus movimentos, mas de consequências de terem rejeitado ao Eterno. Como disse alguém: Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você. Invés de buscar a Deus de quem precisam são cegados ao ponto de combatê-lo, como se isso fosse possível.

Enfim, os montes saltam ansiando a saciedade de uma sede espúria, do inimigo. Os da fé que remove os montes, estão saciados em Deus. “... me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.” Sal 131;2

domingo, 28 de março de 2021

Credenciais e louvores


“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Imaginemos, como ilustração, que o livro dos Salmos seja a Cidade dos Louvores ao Altíssimo; este, pela posição estratégica que ocupa seria o pórtico de entrada. 

Como os pórticos costumam ser temáticos, trazendo algum aspecto relevante na geografia, economia ou cultura locais, assim esse, destaca as qualidades que devem ter os que pretendem ingressar nas paragens dos louvores Santos.

Uma opção teórica; conselhos, ou ensinos; uma escolha prática; modo de ser, caminho; por fim, um lugar de convívio social, lazer; uma “roda” da qual fazer parte, ou não.

Um equívoco comum entre os que professam ser cristãos é confundir serviço com o relacionamento que devemos ter com O Pai, mediante Cristo. O risco é reduzirmos O Eterno às nossas tolices efêmeras, que, eventualmente se impressionam com encenações mais que, com a realidade.

De outro modo: É enfermiço imaginar que O Santo prefira cultos, meramente, antes que integridade; ou louvores, que a prática da justiça. Nosso culto deve ser consequência da relação, não a causa.

Temos exemplos antigos de gente que não se importava com os valores celestes, mesmo assim era religiosa, ativa em cultuar; O Eterno protestou: “De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, da gordura de animais cevados; não me agrado do sangue de bezerros, de cordeiros, nem de bodes... Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos atos de diante dos Meus Olhos; cessai de fazer mal.” Is 1;11 e 16

Parece que a artimanha de trair e depois levar um buquê pra aplacar remorsos diante do Senhor não funciona.

Através de Amós também desprezou a hipocrisia que chamavam culto; “Odeio, desprezo vossas festas; as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. Ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como águas, a justiça como um ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

O conselho dos ímpios, pois, faz parecer válida essa encenação que se prolonga ante o silêncio de Deus; mas vem a hora em que Ele julga e expõe. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que Era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos”. Sal 50;21

A Glória que Deus recebe vai além de palavras; tem a ver com nosso modo de vida segundo Ele; “andar na luz” par haurir a eficácia de Cristo. “Aquele que oferece o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena seu caminho Eu mostrarei a Salvação de Deus.” Sal 50;23

Por fim, o convívio social dos santos, a “roda” que eles devem formar também traz esses traços refratários à hipocrisia, de modo que, o de falas fartas e viver ímpio dever ser evitado por nocivo ao convívio.

“Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou os roubadores, ou idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;9 a 11

Como vemos, pois, a “roda dos escarnecedores” bem pode ser “gospel”. Afinal, os nomes que esposamos não definem necessariamente, nosso ser; “... Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apoc 3;1

Notemos que O Senhor não diz: “Eu leio teus rótulos;” antes, “Conheço tuas obras.”

A rigor, o louvor que O Poderoso mais aprecia nem vem diretamente dos Seus filhos; mas, dos que O Podem ver espelhado no agir deles; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Assim como para ingressarmos no estrangeiro carecemos o visto das autoridades locais, quem quiser migrar para louvorlândia, carimbe antes o passaporte no guichê do Jugo de Cristo, a cruz.

“Louvar” a quem recusamos servir, acaba sendo profano. Quem ousar nas coisas santas deve saber a diferença entre uma e outra. “Mediu pelos quatro lados; havia um muro em redor, de quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o santo e o profano.” Ez 42;20

sábado, 27 de março de 2021

Pães Velhos


“Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele (Deus) da tua mão?” Jó 35;7

Defesa dos Motivos Santos Divinos, feita por Eliú; ao demandar que Seus filhos sejam justos Ele o faz por amor à justiça, não por algum motivo raso, tão comuns nas “defesas virtuosas” humanas.

O mercenário realça a importância de sermos fiéis, quando, a nossa fidelidade lhe significa alguma vantagem. Há tantos “Profetas” virtuais entregando grandezas de plástico e profanando ao Santo, que a coisa nos envergonha; talvez seja por isso que vivamos um raquitismo espiritual tão grave.

Invés dos venturosos que evitam conselhos ímpios, caminho dos pecadores e a roda dos escarnecedores, para meditar na Lei do Senhor, temos os “grupos de profetas” mediante os quais “O Senhor” sempre oferece grandezas e vitórias incondicionais.

Os incautos que trocam o “Pão do Céu” por isso, natural que apenas acrescentem pecado a pecado.

Além de andar mal após inclinações do perverso coração, ainda se fazem consumidores de drogas espirituais em cujas embalagens figuram muitas profanações. “O Senhor me mostra alguém que...” O Pai não fala com “alguéns” Ele disciplina e abençoa Seus Filhos e o faz segundo Sua Palavra, não segundo cobiças de mercenários.

“Não mandei esses profetas, contudo foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

As virtudes preceituadas Pelo Eterno visam regenerar; após, melhorar as relações interpessoais; assim, nossa relação com Ele também se faz sadia. Pois, a equidade resultante seria a “vantagem” anelada pelo Senhor. “Tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” V 8

O quê será que há de errado com a Divina Palavra, que tão célere a trocamos por essas fraudes vulgares? “A lei do Senhor é perfeita, refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19;7 a 9

Com essas qualidades todas na Palavra, talvez sejam nossos paladares que estão estragados e já não possamos diferir o sabor dos ricos manjares celestes, os quais trocamos por gororobas humanas. Outrora já foi assim; “Dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.” Is 30;10

Esses dias de rejeição do Senhor por predileções naturais foram figurados no Êxodo já, quando, o povo chamou ao Maná de “alimento vil” em lugar do qual, desejou carne.

Uma das qualidades dos Mandamentos Divinos é que eles “alumiam os olhos”; e poder ver melhor a si mesmo quando não se está bem na foto, assusta ao homem natural. Foi assim quando da vinda de Cristo; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.”

Então, em lugar da reta mensagem que chama da morte para a vida, os que escolhem doutores segundo seus paladares adoecidos contratam os préstimos de maquiadores de defuntos, como se, certo arranjo circunstancial nas faces mortas lograsse a proeza de trazer vida. Esse “milagre” nem Deus pretende; antes, ensina: “... ninguém vem ao Pai senão por Mim." Depois propõe a questão: “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Embora nossas ações, justas ou ímpias, se reflitam sobre o semelhante, inicialmente, até nosso falar passa pelo crivo celeste. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele...” Ml 3;16

Desse modo, o homem prudente, ensinado pelo Eterno, embora saiba ser necessário ter ainda a Terra com teatro das suas ações, há de escolher os valores celestes como fiadores das mesmas; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

Pois, se é certo que nada podemos contra Deus, exceto, entristecê-lo frustrando Seu Amor, ou, irá-lo até, profanando Seu Santo Nome, pautando nosso viver pela Sua Vontade, não teremos medo da luz; nem carecermos desses pães bolorentos que o inimigo produz com rótulos roubados.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Campeões de Deus


“Então, também Eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.” Jó 40;14

O advérbio, “então” refere-se a determinado caso, ou, momento. As palavras acima são de Deus, que, após propor a Jó algumas tarefas Divinas, disse que se ele as executasse, O Próprio Criador reconheceria que o desafiado poderia salvar a si mesmo.

E olha que Jó era um do qual O Mesmo Senhor dissera que era reto, temente Deus que se desviava do mal.

Acontece que o mais alto padrão de justiça humana ainda fica mui aquém dos parâmetros Divinos. Isaías chutou o pau da barraca: “Todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Mesmo que sejamos justos em nossas relações interpessoais, e devemos ser, ainda estaremos distantes das aspirações do Santíssimo. O salmista expressou nossa impossibilidade redentora: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Esse valor, entretanto, não se mensura em bens, riquezas materiais ou mesmo, justiça horizontal; pois, nesse caso, um justo como Jó serviria para desfazer o mal feito por Adão.
A demanda celeste era “um pouco” mais alta.

Buscou para o Sumo Sacerdócio um, “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;16, 26 e 27

Gostemos da assertiva ou não, os melhores de nós não passam de meros layouts; esboços grosseiros da arte final almejada por Deus. “Os melhores homens que conheci, - disse Spurgeon - estavam sempre descontentes consigo mesmo, em busca de algo que os tornasse ainda melhores.” Eis uma virtude que Deus preza: Humildade, reconhecimento de nossas imperfeições e concomitante anseio por aperfeiçoamento.

Afinal, nosso parâmetro proposto não é Jó, malgrado sua retidão; antes, Cristo, Sua Justiça e Santidade. “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Um dos traços mais marcantes da Estatura Espiritual do Senhor era sua capacidade de manter-se Íntegro, Santo, em meio às controvérsias. Nós, por nossa natureza frágil e comodista tendemos a querer facilidades, mesmo em ambientes adversos.

Os vencedores da Terra ganham coroas, faixas, troféus, medalhas... os do Céu, chagas, perseguições, calúnias, ódio... Nossa vitória, enquanto na Terra, não consiste numa chegada, antes, numa travessia perseverante.

Quantas vezes contemplamos alguém sofrendo por causa da justiça e “ajudamos”: “Confie, vai dar tudo certo”. Ora, quem sofre injustiças, perseguições, danos, e não abdica de seu temor a Deus, da prática das melhores obras, não carece que “dê tudo certo”, para tal, já deu. Cristo vence nele!

Uma canção cujo autor ignoro traz: “Um campeão se mostra na derrota”. Não sei qual a luz espiritual tem quem escreveu; mas, se refere-se aos campeões de Deus, com certeza, disse muito bem. Aquilo que soa derrota aos olhos naturais é o triunfo dos de visão espiritual. Foi no auge da “derrota” que o Campeão do Campeões disse: “Está consumado”. Eu venci, acabou.

Paulo, na iminência de sua execução, invés de portar-se como perdedor, sua despedida foi de um grande campeão: “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual, o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas, a todos os que amarem Sua vinda.” II Tim 4;6 a 8

Em momento algum rogou pela sua vida; antes, descansou seguro na Justiça de Deus, mesmo em face à morte. Vencedores assim são os mais eloquentes. Nenhum deles carece sair apregoando que venceu, pois, a própria vitória se encarrega de exibir isso em alto relevo na rocha do testemunho.

Em suma, a justiça própria é incapaz, como Deus dissera a Jó; mas, a de Cristo imputada aos Seus, satisfaz ao pleito dos Céus. Nossa justiça é necessária, como servos que obedecem; porém, redentora é apenas a Dele, a do “Senhor, Justiça Nossa.”

domingo, 21 de março de 2021

À prova, pelo quê se aprova

“... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

A tendência natural do homem é justificar-se mesmo no erro, jamais condenar-se; quando não pode isso, não raro, transfere a culpa, como no incidente do Éden.

Então, quando A Palavra adverte da possibilidade de alguém condenar a si mesmo, usa um modo oblíquo de dizer que o tal aprova coisas reprováveis.

Contudo, o cidadão dos Céus seria um, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4 Em oposição ao réprobo temos O Senhor, e óbvio, Seus Estatutos, Ensinos.

É comum vermos desfilando nas redes sociais um reducionismo idólatra, onde de um lado estaria Bolsonaro, do outro Lula. As pessoas seriam meros “torcedores” tentando desqualificar um, promover outro.

Ora, há toda uma carga de valores morais, espirituais, no pacote que excede em muito às pessoas que os representam.

Lula vem de uma corrente ultra corrupta, que defende perversões sexuais de toda ordem, profanação religiosa, ateísmo, drogas, aborto, etc. (pensar que há cristãos que o aprovam)

Bolsonaro, malgrado seus muitos defeitos, defende valores como família, Deus, pátria, probidade... então não se trata de duas pessoas meramente, mas de tudo o que significam.

Esses discursos rasos tipo, “no tempo do Lula tinha dinheiro, gasolina custava tanto...” deriva de mentecaptos, gente incapaz de juntar dois mais dois.

As variáveis econômicas dependem de fatores internacionais, ora favoráveis, ora não; quando o governante tem um viés populista e desonesto como alguns, bem podem maquiar fatos para fingir que tudo está bem quando não está. (Eis pedaladas fiscais senhora Maria Flor)

Uma pessoa honesta, por outro lado, assumirá a realidade como é, de modo que seu senso de dever e valores superará o anseio de agradar, simplesmente. 

Nas filosofias de botecos todos esposam que preferem acres verdades à alegres mentiras; mas, “na prática a teoria é outra” como dizia Joelmir Betting.

Aqueles “cujo Deus é o estômago”, invés de pautarem suas aprovações ou reprovações pelo valores caros a Deus, morrem pela boca prostituindo-se por nacos de pão; “... mordem com os seus dentes e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” Miq 3;5

Para esquerdistas, exemplos fartos mostram que o poder conta, não os fatos. Se um deles manda, como em Cuba, Venezuela, é uma “democracia”, mesmo sendo crassa ditadura; onde um desafeto governa, como no Brasil, é “Fascismo” mesmo sendo o resultado das urnas.

Vivem como se, narrativas mentirosas mudassem fatos. Ora, podemos mudar os rótulos; os produtos seguirão sendo o que são. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

Quem disse que podemos aprovar ou reprovar ao bel prazer foi o inimigo. Para O Criador, o mal segue sendo o que é, apesar dos afetos dos defensores da maldade.

Dos cristãos se espera que tenham “A Mente de Cristo”; isso não se dá por um transplante de órgãos. É preciso ser convencido pela Palavra, de modo a mudar as inclinações naturais em favor dela. “... torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se alguém diz: ‘Fulano rouba mas faz’, está a dizer que não se importa de servir ao ladrão; seja esse do tamanho que for, é um representante do ladrão mor; e “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir...” Jo 10;10

Assim, aprovando tais coisas eu condenaria a mim mesmo, por deixar que minhas doentias predileções superassem À Vontade Divina.

Embora o preceito demande sacrifício do corpo, de certa forma também a alma que se inclina aos ventos do mundo precisa negar-se, caso desejemos mesmo, haurir da aprovação celeste; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Aos avessos a Deus o que se pode fazer? Mas, dos que tomam Seu Nome e Sua Palavra, desses Ele espera que aprovem apenas as coisas que Ele aprova. “Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos” Sal 50;18 e 21

“Filho Meu, se aceitares as minhas palavras... Então entenderás o temor do Senhor...” Prov 1;1 e 5