sábado, 3 de abril de 2021

A Bondade Ignorada


“Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que Nele confia.” Sal 34;8

Que O Senhor É Bom é lugar comum; exceto, para quem não lida bem com a verdade.

Suas Obras se encarregam de “apregoar” isso. “Os céus declaram a Glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das Suas Mãos. Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra.” Salm 19; 1 e 2 “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Entretanto, uma coisa é o conhecimento teórico, genérico; outra, a experiência pessoal. O texto em realce desafia a isso. “Provai e vede...”

Como o relacionamento baseia-se na fé, natural que nossa “prova” atue nesse âmbito também.

Embora a receita pareça pacífica, óbvia, não é tão simples assim. Não raro equacionamos nossos comodismos, precipitações até, com bondade. Nessa linha apresentamos listas de tarefas para Deus, às quais, Ele cumprindo deixará patente que É Bom.

Isso só prova que somos maus, incapazes de confiar deveras e esperar Nele; a parte B; “... bem-aventurado o homem que Nele confia!”

Um boticário zeloso não colocaria perfume caro num recipiente sujo, por razões óbvias; assim, a Bondade atua junto à Sabedoria do Eterno.

Suas esperas não derivam de razões mesquinhas; antes, misericordiosas; “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

Provarmos a Deus em Sua Bondade, não significa que tenhamos que desafiá-lo a fazer o que adjetivamos como bom; antes, que esperemos confiantes mesmo em lutas, até vermos a qual fim atina, se lhe aprouver levar-nos por veredas estreitas de privações. “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.” Sal 18;19

Percebamos que não se trata de nenhuma “oração forte”, “Campanha de sete sextas-feiras”, “fogueira santa” ou profanações similares; o fator que “constrangeu” a Altíssimo a abençoar Seu servo foi “... porque Ele tinha prazer em mim.”

Como a excelência entre cônjuges seria cada um atentar ao prazer do outro, nosso relacionamento com O Santo deve ter essa empatia. Ele queixou-se da alienação egoísta; “... porquanto Clamei e ninguém respondeu, Falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus Olhos; escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

Assim, “provamos” a Ele vivendo de um modo que lhe seja aprazível; não fazendo atrevidas e ímpias orações exigindo que conceda o que nos seria deleitoso, mesmo contra Sua Vontade.

Devemos sacrificar às próprias inclinações más, além de resistir às seduções do mundo, para, só então, conhecermos e provarmos deveras, da Bondade Divina. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Tanto os nãos do Senhor, quanto os sins são atos de bondade; como um Pai zeloso que veta coisas que parecem boas ao filho, antevendo consequências nocivas no “pacote” que o incauto deseja; assim, Seus nãos têm vínculo com Seu Amor e Saber Bondosos.

Sem a renúncia do eu, esse espúrio “concorrente” do Senhor, não teremos paladar sadio; a bondade, mesmo presente será ignorada, por estarmos sujeitos ao conselho perverso.

Então, invés de provar do bom que O Pai tencionava nos dar colidiremos com o “ai” do juízo necessário. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce e do doce amargo!” Is 5;20

A Bondade Divina tem consórcio com a justiça; não deixa de existir se agirmos mal; apenas, para de nos favorecer para não ofender à consorte. “Eis que a Mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

A Misericórdia Divina se manifestou majestosa em Cristo; todavia, sem nenhum prejuízo à verdade nem à justiça; a paz que deriva da reconciliação Nele, requer a “morte” do perverso que opera a separação. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça a paz se beijaram. A verdade brotará da terra e a justiça olhará desde os céus.” Sal 85;10 e 11

E a verdade proclama que somos maus; sem admitirmos isso, não será possível provarmos Daquele que É Bom.

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