sábado, 10 de abril de 2021

As Coisas de Deus


“... Dai, pois, a César o que é de César; a Deus o que é de Deus.” Mat 22;21

Sempre lemos isso como sendo mero cutelo que separa igreja e estado. Ora, sendo a fé uma prerrogativa de foro íntimo, o Estado o resultado de uma instituição coletiva, pactuada num código chamado Constituição, natural que fossem tidas como esferas distintas, mesmo que O Texto Sagrado não expressasse.

Nenhuma pessoa minimamente sadia há de pretender que suas propensões particulares se façam regra sobre o todo. Assim agem tiranos, ditadores.

Se, sob as leis democraticamente pactuadas as pessoas se submetem até mesmo aos impostos, nas coisas pessoais, normalmente os homens reservam espaço para escolhas. Daí, um fragmento da Constituição reza pela liberdade de crença. Nos países onde as constituições ainda valem, claro!

Nenhuma dificuldade para entender que leis humanas que visam ordenar a vida nas sociedades civis são “coisas de César”.

Entretanto, poucos entendem, a maioria sequer se ocupa das coisas de Deus.

Não existem “impostos” espirituais aos quais devamos pagar. Os “Cidadãos dos Céus” escolhem voluntariamente tal cidadania; assim fazendo, de certo modo se auto impõem uma conduta segundo as Leis do Reino. Sendo esse, superior às coisas efêmeras da Terra, quando houver um conflito, facilmente sabemos qual deve ser nossa opção. “... Julgai vós se é justo diante de Deus, ouvir-vos, antes que a Deus;” Atos 4;19

O nosso arbítrio é necessário aos Divinos Olhos, para que as escolhas sejam consequentes. Não fosse assim seríamos meros fantoches. Então, Deus mostrou-se na “Beleza da Sua Santidade” e convidou a quem quisesse, para Seu Reino. “Se parece bem aos vossos olhos, dai-me Meu salário; se não, deixai-o ...”

Diferente das coisas impostas, nas Divinas somos desafiados a dar, se bem nos parecer. Na vinda de Cristo já foi assim, e não pareceu bem: “... pesaram o Meu salário, trinta moedas de prata.” Zc 11;12

O Mesmo Salvador sabia já da rejeição e do motivo; denunciou: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19 Logo, “Ele não! Soltem Barrabás!”

Os bens Divinos, antes que, materiais constituem-se de valores que, abraçados, refletem-se em todos os aspectos das nossas vidas; “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; que é o que O Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, ames a benignidade e andes humildemente com teu Deus?” Miq 6;8

Acontece que aquilo que é bom perante Ele, nem sempre parece bem aos nossos olhos. Dada a rebeldia da natureza ímpia, geralmente se dá o contrário. “... ao mal chamam bem, ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; e fazem do amargo doce e do doce amargo!” Is 5;20

Então, para o necessário milagre de vermos as coisas da perspectiva de Deus precisamos ousar um passo rumo à lupa da fé, na qual, veremos a nós mesmos como O Eterno nos vê; pecadores perdidos, carentes de redenção.

Isso estimulará, ajudados pelo Espírito Santo, um segundo passo rumo ao Redentor Bendito; Ele, após passar terra (natureza humana caída) misturada com saliva (Sua Palavra reveladora) nos nossos olhos cegos, como aqueloutro de Siloé, nos fará, finalmente, ver quais são as coisas de Deus.

“A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, ou da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12

O melhor que as pessoas conseguem em termos de aconselhamento natural para alguém se dar bem na vida é “seguir o coração.”

Deus pensa diferente; “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9

Ora, o coração é o motor de si mesmo, o qual devemos negar por Cristo. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

Paulo chama de “Mente de Cristo” a percepção da vida que os convertidos passam a ter.

Os mercenários que buscam as “coisas de César” profanando ao Nome de Deus são confusões expressas, como nossas próprias cédulas monetárias com seu, “Deus seja louvado” como se isso pudesse ser feito com dinheiro.

“Nossa Senhora aparece” em Medjugore na Croácia e vira um sítio turístico; agora, Encantado no RS constrói o “Maior Cristo” do Brasil. Fácil plasmar um “Cristo” de concreto onde o custo é dinheiro alheio. Agora deixar pautar a própria vida por Ele até refletir Sua Imagem aí demanda um preço que a maioria recusa pagar; renúncia.

Esses incautos que queimam uma existência toda em busca das moedas de César, para onde irão, quando apagarem as velas restando apenas as coisas de Deus?

Nenhum comentário:

Postar um comentário