domingo, 31 de março de 2024

Os bandidos bons


“... com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” Luc 6;38

Por ocasião da “Paixão de Cristo” a esquerda brasileira publicou uma “homenagem” aos cristãos, trazendo a imagem de Jesus na Cruz, com a seguinte legenda: “Bandido bom, é bandido morto.” Abaixo, “Feliz Sexta-feira Santa!”.

A frase de Jair Bolsonaro, um cristão, tem sido usada de forma desonesta a torto e a direito, para fazer com que ela diga o que não diz.

Como se ele fosse um miliciano que matasse desafetos, justificando em nome duma “causa”, a violência. As mortes de Celso Daniel, Toninho do PT, Eduardo Campos etc. deixam ver que essa prática reside do lado esquerdo. O fato da “eleição” do Lula ter sido festejada nos presídios e ignorada nas ruas deve significar algo.

Ninguém se torna bom por morrer. É uma figura de linguagem que qualquer mentecapto honesto consegue entender, significando o óbvio; que todo o bandido é mau, e só deixa de sê-lo, se deixar de viver. Portanto, defende o autor, se deve tratar aos tais nos rigores da lei, não, com leniência e impunidade, como a esquerda faz.

Nós cristãos acreditamos na conversão, e nas radicais transformações que ela opera. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos.” Sal 40:2

A Palavra de Deus requer nossa “morte” para que sejamos “bons”. Cheias estão as igrejas, de traficantes, assassinos, ladrões, assaltantes que “morreram”, na sua identificação com Cristo, e mudaram de vida; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:3 e 4

Invés de erguer a voz pelo desarmamento, pelo fim das guerras como faz o laureado “Papa Francisco”, os cristãos bíblicos ensinam A Palavra de Deus, que, recebida muda, cada um, em particular, reconciliando-o com Deus.

Defender o desarmamento me colocaria no mesmo barco que Lula, Maduro, Ortega, e outros patifes do mesmo calibre; recuso-me a pensar sobre isso. 

Não há nenhuma violência nas armas, antes nas pessoas. Mudados os corações, mudarão as atitudes; senão, com armas, ou sem, a gente pode matar a pedradas, com fez Caim.

Quanto aos cidadãos e suas relações com as autoridades A Palavra de Deus é clara: “Porque ela (a figura de autoridade) é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, vingador para castigar o que faz o mal.” Rom 13:4

A paz que Deus aprecia é consequência de um valor maior, não um bem em si mesmo; “O efeito da justiça será paz...” Is 32;17

Outra, baseada na falsidade coletiva, onde, em nome dela todos concordarão em não discordar será feita. O ecumenismo do “Papa” Chico pleiteia por ela. Quando conseguida, será a gota d’água no copo do motim global, o início do fim, o juízo de Deus. “Pois, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, de modo nenhum escaparão.” I Tess 5:3

Poderia hipocritamente esbravejar contra as guerras, alhures, fazendo minha pose de pacifista, para admiração de incautos. Mas, logrado esse ouro de tolos, sentiria vergonha de olhar no espelho.

Prefiro, antes, esclarecer um ou dois, acerca do Divino propósito, onde meus escritos alcançarem; vai que os tais, consigam a bênção de reconciliar um ou outro, com O Príncipe da Paz, Jesus Cristo?

A Palavra de Deus mira sanar nossos corações, não abafar as consequências, mantendo as causas intactas. “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, sois invejosos e nada podeis alcançar...” 4:1 e 2

Não é propósito do Eterno salvar o mundo como sistema; será condenado. Seu propósito para o qual nos convida ao engajamento é salvação das almas, em particular; cada uma que der ouvidos à Boa Nova. Fora disso, os discursos podem soar convincentes, aprazíveis, necessários. Com a eficácia de uma agência funerária maquiando mortos.

Quanto aos blasfemos do princípio, que chamaram a Jesus Cristo de bandido, insinuando que, assim, foi justa sua morte, um alerta: Quem tem bandidos de estimação, não são os cristãos. Eles, os canhotos idolatram muitos, inclusive, ao maior de todos.

Portanto, se ele, ao alguns dos tais, se tornarem “bons” de repente, lembrem de sua própria sentença. Afinal, “... com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”.

Os insensatos


“Não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor.” Ef 5:17

“Insensato significa um que não é são, ou seja, que age de modo inconsequente, sem ter um bom senso das suas atitudes. O insensato é aquele que é insano, anormal, uma pessoa de difícil trato e entendimento. Também costuma ser chamado de desequilibrado, irresponsável.” Enc. de significados

O desequilíbrio que devemos evitar, atina à nossa compreensão da vontade Divina. Em geral, as pessoas frequentam igrejas inclinadas a sentir, mais que, a entender. Todo o iniciado, que começa a ler as Escrituras deveria ouvir seriamente a pergunta que Filipe fez ao eunuco: “... Entendes tu o que lês?” Atos 8:30

Sem entendimento, facilmente seremos desviados do alvo. A edificação foi receitada, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:14

Por ser nosso coração, (mente, emoções, vontades) a fonte dos nossos sentimentos, o risco de nos enganarmos com o que sentimos é sempre presente, afinal, “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17:9

Quando o Eterno elogia a Davi por ser um “homem segundo o Coração de Deus”, está patenteando Sua vontade sobre como devem ser todos; invés de decidirmos por nós mesmos, como sugeriu o traidor, consultarmos antes a Deus, Fonte de toda sabedoria.

Portanto, diferente do que ensina o R. R. Soares, “só faças se sentires no coração;” passemos antes, nossas desejadas atitudes pelo crivo do Espírito, analisando se elas se alinham ao Divino querer. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Se nosso coração estiver alinhado ao Eterno, poderemos dizer, como o salmista: “... todas as minhas fontes estão em Ti.” Sal 87:7

O engano é a ferramenta de trabalho do canhoto; porque sentimos que determinada mensagem é mais “palatável”, mais fácil de ouvir, certa “profecia” está mais alinhada aos nossos anseios, se não vigiarmos nessas coisas, corremos o risco de colocarmos nosso paladar carnal, nossa inclinação natural no lugar do propósito do Senhor. Uma troca tão prejudicial, que, quando feita em dias idos, causou espanto nos Céus; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2:12 e 13

Paulo advertiu contra a insensatez desse tempo, onde, as pessoas deixariam a Palavra da vida, pelas sedutoras mentiras que se alinham às suas doentias inclinações; “Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições...” II Tim 4:2 a 5

Insensatos são apresentados, como que, embriagados pelas próprias cobiças; tanto que, a exortação a Timóteo em oposição a eles traz: “mas tu, sê sóbrio.”

Quantos simplórios frequentam cultos, e “sofrem” de má vontade a exposição da Palavra de Deus, para depois, no momento da oração, ouvirem o que “Deus lhes dirá”, através de um eventual “profeta”. Cáspita!! A pregação da Palavra por um ministro idôneo, é Deus falando! O que vem depois é passível de engano, sujeito a julgamento; na maioria das vezes, verte de “profetas” que se ocupam mais em ser agradáveis que verdadeiros.

O insensato prefere se sentir bem, a adequar-se à Divina vontade. O “negue a si mesmo” é o primeiro passo para que sejamos salvos; tomarmos a cruz é uma constante na caminhada; o prazer não faz parte, necessariamente, do pacote da salvação. “No mundo tereis aflições...” preveniu O Salvador.

O que devemos buscar após o perdão, é a santificação; um modo de viver alinhado à Palavra do Santo, que trará o silêncio de nossas consciências vivificadas no espírito, pela certeza de estar reconciliados com Deus.

Afinal, o “novo nascimento” é uma forma figurada de descrever a reconciliação que nos salva; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

Como há doçuras que são danosas à saúde em certos casos, as coisas “doces” de ouvir, forjadas na confeitaria dos falsos profetas também podem ser letais.

Uma mensagem veraz, em geral é sisuda, confrontadora, mas, medicinal; como disse alguém, “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.” “Não sejais insensatos...”

sábado, 30 de março de 2024

A vontade


“... tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque são casa rebelde.” Ez 12:2

Termos percepções sensoriais, deveria bastar, para que fruíssemos o que pode ser captado pelos sentidos. Tendo olhos, ver; ouvidos, ouvir; narinas, cheirar; palato, gostar; e tato, tocar. Entretanto, como denunciou o profeta, a aversão à realidade, a rebeldia, tolhe que aceitemos o que próprios sentidos mostram.

Ainda, concorre a necessidade de honestidade emotiva para identificar o que sentimos, intelectual, para admitir o que identificamos, e volitiva, para que queiramos agir de acordo com nossas percepções. Logo, os “sentidos” da alma, mente, emoção e vontade, também carecem se adequar à realidade, se, não a queremos perverter, fugindo rumo às fantasias.

O risco de nos aproximarmos de Deus, pois, é a total ruptura das nossas camuflagens; “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem.” Is 25:7 “Adão, onde estás?” Como, então, Ele sabe; mas, proporciona a cada um que se explique.

Deus, por Ser Espírito, Onisciente, não pode ser disperso da realidade pelos nossos disfarces; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

Quem tem algo a esconder, pois, não podendo ante A Luz, trai a si mesmo e “esconde-se”; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3:19

Todos deveriam ler o salmo 139; “Para onde me irei do Teu Espírito, para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá estás; se fizer no inferno minha cama, Tu ali estás, também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua Mão me guiará e Tua Destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz ao redor de mim.” Vs 7 a 11

Dadas as muitas “saias justas” que a verdade veste em quem vive na mentira, o convívio do santo com o ímpio até pode se estabelecer por um tempo; todavia, ao vento de alguma crise se desfará; “Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1:4 e 5

Deixamos crescer juntos, joio e trigo, reféns de nossas imperfeições; O Eterno que vê as coisas como são, eventualmente, intervém; permite uma ruptura para remover dentre os retos, quem não anda como deveria. “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5:24 Em alguns casos, pois, apenas no juízo, o real “mérito” de cada um, será conhecido.

Quanto ao espírito do homem, regenerado, esse não carece reparos. Suas faculdades, intuição, comunhão e consciência, sempre apreciarão as coisas segundo Deus. Se ouvirmos e formos após aos seus apreços, estaremos “andando em espírito;" nesse caso, “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8:1 e 2

O “novo nascimento”, Cristo propicia a quem ouve e crê nas Suas Palavras. A mudança de quem se converte é tão dramática, que, uma “ressurreição” acontece, trazendo à vida o homem espiritual que estava morto. “... vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5:25

Quando O Senhor falou em “comer Sua Carne e beber Seu Sangue”, os descuidados ouvintes Dele levaram ao pé da letra; aos Seus, explicou depois: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos digo são espírito e vida.” Jo 6:63

O espírito não pode pecar; não vê atrativo nenhum no pecado; senão, em estar em comunhão com O Eterno de onde veio. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3:9

O homem sozinho não pode ser convencido da realidade espiritual; por isso, O Espírito Santo foi dado, junto À Palavra, para que sejamos salvos; “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16:8

Como vimos no princípio, a vontade rebelde abafa o que os sentidos podem captar; o homem sozinho não pode vencer a si mesmo. O Espírito ajuda-o, para vencer, com; convencer.

Brincando com brasas


“Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça;” II Ped 2:15

Falsos doutores que atuariam nos últimos dias, Pedro os descreveu pormenorizadamente. Os vemos fazendo duas escolhas; uma negativa: “... deixaram o caminho direito...” outra ‘positiva’; “amaram o prêmio da injustiça.”

Balaão, que se dispunha a amaldiçoar solenemente ao povo de Deus por recompensas materiais, foi tomado como tipo desses “doutores.” Àquele O Eterno manifestava vontade de abençoar Seu povo; os “compradores” de maldições aumentavam a oferta e o sujeito se contorcia entre avareza e temor. O que era mais forte nele acabou vencendo; só não foi morto por um ato gracioso da Divina misericórdia. Núm cap 22

Uma coisa seria, alguém, andando no escuro tropeçar; outra, dispor de luz bastante, e ainda assim, deixar a senda iluminada e preferir o escuro, por aversão voluntária à verdade. Escuro tem lá suas “vantagens”, para quem, rejeitando o caminho direito, prefere desvios; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:20

Doença milenar; desejar aprovação, sem abandonar o modo réprobo de ser. Dessa matéria-prima são feitos os hipócritas e farsantes vários, que infestam nosso mundo.

Quando nossos erros envolvem ignorância, ainda podemos contar com a leniência Divina; “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam;” Atos 17:30 O que erramos por não sabermos, continua sendo errado; mas, tem concerto, via arrependimento e perdão.

O Salvador também mencionou a responsabilidade dos que veem; “... Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso vosso pecado permanece.” Jo 9:41

Termos luz permite sabermos o caminho que agrada ao Eterno; andarmos nela, é uma escolha nossa, sem a qual, a eficácia da Remissão de Cristo perde-se; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

Quem deixa o caminho direito não é um desinformado; antes, um que, tendo andado um pouco nele, se rebela a vontade Divina. Peca voluntariamente. A Palavra aquilata as consequências: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados.” Heb 10:26

O ignorar a remissão oferecida por Cristo, não, por não saber, mas, por desdenhá-la, equivale a crucificar O Senhor outra vez; “... pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, O expõem ao vitupério.” Heb 6:6

“... amam o prêmio da injustiça.”
Se as pessoas considerassem, aonde conduzem os bens mal havidos, corrupção, roubo, estelionato, a injustiça em suas multifacetadas formas, lançariam à mesma para longe de si, pressurosos, como quem se livra de uma brasa com as mãos. 

Mas, por haver um hiato de tempo, entre o momento em que o carvão apenas suja, (ações) e quando ardendo queimará (juízo) os ímpios não se importam de brincar com ele, desprezando as necessárias consequências, que, em seu tempo virão.

Ante as frágeis leis humanas, muitas riquezas de origem viciosa podem desfilar airosas, como se, limpas; pois, farsantes conseguem a “proeza” de “lavar dinheiro”, metáfora para maquiar bens injustos como se fossem de meios lícitos.

Perante Deus, esse “verniz” licitante não passa de suja poeira; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

O Eterno não cura consequências, antes, trata das causas. São as almas adoecidas pelas cobiças rasteiras que carecem ser lavadas pelo Sangue do Redentor. Por ser um processo com dores e renúncias anexas, os “Cascões” espirituais, preferem se manter longe do banho necessário; “Mas quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque Ele será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros.” Mal 3:2

Quando, numa lição de humildade O Salvador lavou os pés aos discípulos, Pedro quis recusar; O Senhor pontuou: “... Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo.” Jo 13:8

Os pés, tipificam nossos caminhos, escolhas na estrada da vida. Cada um de nós, que não for por Cristo lavado, também não terá parte com Ele, no mundo porvir.

O prêmio da injustiça segue fazendo milionários, poderosos, aos mais vis dos humanos. Quem aprendeu andar e se mantém no caminho direito, sabe aonde isso levará; “... entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles... Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” Sal 73: 17 e 20

sexta-feira, 29 de março de 2024

Em tempo


“Foi há trêis ontonte que a porca deu cria.” Cresci ouvindo expressões como esta, sem a curiosidade investigativa de hoje, para procurar entender.

Anteontem foi há dois dias. O que seriam três anteontens? Três vezes dois dias? Três dias? Além de anteontem, mais dois dias, o que daria quatro? Confesso que ignoro qual o sentido com que antigos usavam linguagens assim.

A criação dos “luminares”, Sol e Lua, entre outras coisas serviriam para marcar tempos, estações. Os indígenas usavam chamar aos dias de sóis, aos meses, luas. O período entre uma cheia e outra, era uma lua. Deve ser daí, da presunção de que o primeiro mês do matrimônio é sobremodo doce, que surgiu a expressão, “Lua de mel.”

Nossa relação com o tempo, eventualmente, deixa de ser estritamente temporal, anexando outros fatores. Quem jamais ouviu: “Ela já tem três aninhos?” Quantos dias ou sóis, teria um aninho? Salvo o “anão” bissexto, que tem um a mais, todos têm 365.

Assim, quando se mensura o tempo de vida no diminutivo, não se está reduzindo-o; antes, usando uma redução carinhosa para o tamanho do “relógio”.

Tal leitura sofre intromissões, quando, fatores psicológicos se sobrepõem aos cronológicos. Muitos fazem “memes” quando um mês é pleno de más notícias, dores, lutas como se fosse algo moroso, sem pressa de passar.

Por outro lado, quando o “vento vira” noutro mês, dizem: “Tal mês humilhou ao precedente; meteu quinze dias em dois.” Nesses casos não se está medindo o tempo, mas, o sabor que teve a vida em ambos, que, a rigor, duraram exatamente o mesmo.

Na posse de sentimentos deleitosos o tempo voa; enquanto nos momentos difíceis rasteja. Porém, reitero, são nossas percepções que lhe emprestam “asas”, o ou reduzem a “réptil”.

Além dos fatores psicológicos, a decadência moral costuma ancorar seu barco nas águas dos tempos. Invés de uma leitura precisa da queda nos valores pela perda gradativa da vergonha, costumam dizer: “Os tempos são outros.”

Os homens são outros, muito piores do que os primeiros. “Por isso o direito tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas; equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu, e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59:14 e 15

A tendência é piorar progressivamente, à medida que, o rio do tempo corre. Salomão, o mortal mais sábio de todos os tempos, via como necessária essa piora; “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7:10 Um sábio não perguntaria o óbvio.

Um atirador de elite, que acerta alvos a grandes distâncias, depois de muito treinamento, o faz aprendendo a controlar, até mesmo a respiração, no momento do disparo. Um vacilo mínimo na técnica, que represente um milímetro de imprecisão no ponto de partida do projétil, numa distância razoável se fará um grande erro. Quanto mais avançar o disparo, mais se afastará do alvo.

Assim, a humanidade divorciada de Deus. “Progredimos” da vergonha por ter cometido um grave erro, em Adão, para a presunção sem limites que se atreve a imputar erros a Deus, O Criador.

A inversão de valores acaba sendo “natural”, dado o vício de origem do “projétil”. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5:20 e 21

Em Cristo somos chamados a “perder tempo”, para ganhar a eternidade; “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 16:25

Embora seja irônico, os que se esbaldam em prazeres ilícitos para “curtir a vida, porque a vida é curta”, como dizem, no afã de “aproveitarem” uma fração de tempo, o desperdiçam por inteiro. “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12:20

A existência terrena, que muitos avaliam como sendo o “show”, é apenas a fila de ingresso; “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17:26 e 27

Deus quer perdoar o que fizemos ontem, anteontem ou a “trêis ontonte”; dá-nos de presente, o direito de escolher hoje, como será nosso amanhã. “... quem Me der ouvidos habitará em segurança...” Prov 1:33

A casa de Deus


“... Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus.” Gn 28:17

Num sítio qualquer, entre Berseba e Harã, Jacó pernoitara tendo uma pedra por travesseiro; ao acordar, o patriarca teve a reação citada acima. O lugar era ordinário, comum, de repente lhe pareceu terrível, espantoso. Por quê?

Porque sonhara que uma escada fora posta ligando Terra e Céus, sobre a qual, anjos de Deus subiam e desciam. Como o conhecimento do Eterno era mui insipiente ainda, invés de entender ao Criador como Espírito Onipresente, Jacó fez uma leitura geográfica da situação. “... terrível é ‘este’ lugar!” “... ‘esta’ é a porta dos Céus.”

Nossas próprias vidas são desérticas e ordinárias, comuns em si mesmas. Salomão versou sobre o homem sem Deus e não viu grande coisa. “Disse no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como os animais.” Ecl 3:18

Felizmente, o homem que foi deixado só, pela escolha desobediente do Éden, não o foi, indefinidamente. Em Cristo fomos chamados à reconciliação que traz paz, descanso à alma; “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11:28 e 29

Seu “jugo” é a obediência irrestrita à vontade do Pai, a qual, ensinou-nos pela Sua Palavra; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

Ele é a “escada” mostrada a Jacó no seu sonho, pela qual, anjos subiam e desciam a serviço do Divino querer. “... Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o Céu aberto, anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” Jo 1:50 e 51 Parte da fala do Mestre, quando da chamada de Natanael.

O que faz a diferença é a presença de Deus. Um lugar ordinário pode parecer espantoso, como aquele pareceu a Jacó. Uma pessoa comum, sem grandes dotes, pode ser expoente de excelentes coisas, se Deus a escolher. Ele prefere as coisas mais frágeis, numa santa profilaxia contra o orgulho humano. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são;” I Cor 1:27 e 28

A “casa de Deus” passou por alguns melhoramentos ao longo dos anos. Começou sobre uma pedra, no “travesseiro” de Jacó; nos dias de Moisés foi feita uma tenda, o Tabernáculo; na época de Salomão, tornou-se um majestoso templo. Qual seria o próximo estágio? Um Palácio cheio de cúpulas douradas? Qual casa “caberia” Deus? 

“Quem seria capaz de Lhe edificar uma casa, visto que os Céus e até os Céus dos Céus O não podem conter? Quem sou eu, que lhe edificasse casa, salvo para queimar incenso perante Ele?” II Cron 2:6

Não sendo nem pensável uma casa que comporte ao Criador em Sua Grandeza, é possível e desejável, outra, com cujos traços o Santo se identifique. Paulo ensina: “... vós sois o templo do Deus vivente...” II Cor 6:16

Invés de palácios majestosos, uma índole obediente, alma submissa, espírito humilde, é onde O Todo Poderoso anseia habitar. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14:23

O Salvador disse Ser Ele, a porta dos Céus; “... Em verdade, em verdade vos digo que Eu Sou a porta das ovelhas.” Jo 10:7 Se, Nele estamos abrigados; e também tenciona habitar em nós. Em cada um, também colocou portas, com maçanetas apenas pelo lado interno; chamou-as de arbítrio. O homem decide suas escolhas; a quem permite entrar em seus “domínios.”

Maravilhosa humildade do Todo Poderoso! Tendo criado tudo e de tudo podendo dispor, buscar humildemente comunhão em Suas Criaturas, retido pelos limites que Ele mesmo Criou, respeitando à liberdade que nos deu. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha Voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei e ele comigo.” Apoc 3:20

Enfim, a “Casa” do Santo segue sobre pedras, porém, de outra estirpe; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2:5

quinta-feira, 28 de março de 2024

Máscaras


“Tive vergonha de mim mesmo, quando percebi que a vida é um baile de máscaras, e participei com o meu rosto verdadeiro.” Franz Kafka

Intrigante frase do escritor judeu Tcheco. Essa “vergonha” de modo irônico, como uma diatribe à desfaçatez adjacente foi versada também por Ruy Barbosa, em sua célebre frase: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Todo o homem que vai ao “baile de máscaras” da vida com seu rosto verdadeiro, a rigor, tem vergonha de ser desonesto; de ser flagrado nalguma forma de improbidade. Aquela “vergonha” assumida, é seu modo oblíquo de depreciar à falta de pejo dos falsos.

Grande parte das repreensões de Jesus Cristo foram contra a hipocrisia, um mal com a idade da humanidade. 

Não é tão fácil como pode parecer a alguém descuidado, a “arte” de sermos verdadeiros, full time.

Não que um homem decente adote a mentira, ou a hipocrisia. Mas, nem sempre é oportuno ser transparente e veraz, pelas consequências que nossa forma de pensar ou de ver, trariam em determinados ambientes, se fossem categoricamente, expressas.

Então, sem mentir, podemos silenciar, omitir, protelar certas falas, tendo uma visão mais ampla das possíveis consequências.

Mesmo Jesus Cristo, A Verdade encarnada, não falou tudo aos discípulos, em atenção ao momento e as limitações deles; disse: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.” Jo 16:12

O Salvador não ia sonegar nada da verdade que eles careciam saber; porém, sobre certas coisas não achou oportuno falar, então. Prometeu que O Espírito Santo completaria a Obra que Ele começara; “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.” Jo 16:13

Salomão desaconselhara a precipitação e o preciosismo que poderiam ter consequências danosas contra seu próprio agente; “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que destruirias a ti mesmo?” Ecl 7:16

Ele fora feito o mais sábio dentre todos os homens, contudo, de posse da sabedoria, mais que apreciar ao seu valor, sentiu seu peso; “... me engrandeci, sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. Apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1:16 a 18

“Não sejas demasiadamente sábio,”
pois, não parece ser o sentido do conselho. Sabedoria é algo tão difícil, além do dom Divino requer a prática do que aprendemos, e suportar as limitações adjacentes, que, mais facilmente se aconselharia alguém a buscar luz, invés de, tendo-a, abrir mão dela.

O que ele está aconselhando é que não sejamos precipitados, nem entremos em pleitos que não valem à pena. Mesmo sabendo o que dizer em determinada situação, não digamos tudo, afinal, “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17:28

Assim, voltando a Kafka, eventualmente precisamos de uma “máscara” inocente. Em casos que, nosso “rosto verdadeiro” não faria boa figura.

A discussão entre iguais, desde que por métodos honestos e propósito sadio, como a busca pela verdade, eventualmente, tem lá seus frutos. Mesmo que, os “ferrões” dos argumentos contrários nos firam as pretensões, o mel da edificação compensa tais dores.

Entretanto, discutir com mentecaptos, fanáticos, desonestos intelectuais, que buscam por isso, porque, de alguma forma nossas vidas os emulam, seria estupidez. Teríamos as ferroadas sem possibilidade de nenhum mel, como ir mexer com marimbondos.

Deixar os medíocres na limitação da mediocridade, e relegar os irrelevantes às suas insignificâncias, é também, uma profilaxia necessária, visando a preservação da saúde de nossas almas.

Em linhas gerais, pois, um homem decente vai ao “palco” com seu rosto verdadeiro. Porém, suas “queimaduras de gato escaldado”, o fazem seletivo quanto às águas das quais prefere se manter distante.

O “sábio aos próprios olhos”, pelo espelho distorcido no qual se admira, não aceita nada que esteja divorciado das suas idiossincrasias. 

O homem prudente que não se interessa por aplausos nem carece provar nada; muitas vezes prefere ter paz, a ter razão.

Com algum tempo bem aproveitado, na estrada da vida, é possível adquirir discernimento, para ver as formas que se ocultam debaixo das máscaras.