sexta-feira, 8 de agosto de 2025

A loucura necessária

“Quando a sabedoria entrar no teu coração e o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará; a inteligência te conservará;” Prov 2;10 e 11

“Quando a sabedoria entrar no teu coração...”
O simples admitir que carecemos, já requer que tenhamos alguns fragmentos. Saber da nossa ignorância, não deixa de ser um saber.

Aquele que reconhece isso e se mostra receptivo à luz, em princípio já é sábio; tem as prerrogativas para vir a sê-lo em contingência. Desses está dito: “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

A sabedoria não força portas; ela só entrará em nossos corações se esses se abrirem para ela. Aquele em Quem estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência, Jesus Cristo, (Col 2;23) se apresenta em determinada situação, assim: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha Voz, abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei e ele comigo.” Apoc 3;20

Há dois tipos de sabedoria; a vulgar acessível até aos ímpios, que é valorada como inferior; “Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 3;15

E a espiritual com suas peculiaridades; “... primeiramente é pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” V 17

Não é fruto de uma busca por ela apenas, alienado de outras coisas; antes, um dom do alto, dispensado sobre quem se propõe a se deixar moldar, andando conforme a retidão. “Ele (Deus) reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos.” Prov 2;7 e 8

Tem um conteúdo moral anexo ao conhecimento. “Veredas do juízo” não, mero cabedal de conhecimento. E, um liame afetivo; deve entrar no coração, invés de, no cérebro apenas como seria a terrena.

“... o conhecimento for agradável à tua alma...” Pode parecer elementar gostarmos do conhecimento, todavia, não é bem assim. Quando conhecemos que coisas que fizemos, das quais gostamos, estão em oposição ao Divino querer, aos mais melindrosos, isso ofende.

O homem quer ser aceito, não, corrigido. Foi exatamente porque a Doutrina de Cristo mostrava que os pretensos “bons” ainda eram maus, e precisavam profundas mudanças para agradar a Deus, que Ele foi rejeitado. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

Acontece que, o “sábio” aos próprios olhos, é apenas um alucinado, a devanear que, suas percepções alinhadas às suas predileções sejam coisas luminosas. Desses está dito: “Tens visto o homem que é sábio aos próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12

“... o bom siso te guardará...”
O juízo, o bom senso, pés no chão, decisões bem ponderadas, é prerrogativa natural, de quem cultiva à sabedoria do Alto. Invés duma oscilação de altos e baixos, quem se firma no Eterno e Sua Palavra vive uma progressão contínua. Mesmo de eventuais erros, frui feixes de luz; seu compromisso ético com a justiça, herdado da Sabedoria, é o inibidor suficiente contra maus passos no espectro moral, espiritual.

Assim, mesmo passando por maus momentos, eventualmente, desses inda herdará uma têmpera que converterá aos tais, em bem. “... todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus...” Rom 8;28 pois, “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

“... a inteligência te conservará.”
De si mesma a inteligência é neutra. Tanto pode ser usada por bandidos, para a prática de crimes, por políticos para manipulação de eleitores, quanto, pode estar a serviço de causas nobres, na Seara do Senhor.

Por isso, antes dela entrar em cena, é necessário que a sabedoria do Alto tenha acampado no “terreno.”

A porta de entrada ao Reino dos Céus não se abre às batidas da sabedoria; porém, à confiança irrestrita da fé. “Como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

A sabedoria terrena até dá sua mão à esperteza, a celeste requer um quê de loucura antes de nos visitar. “... Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18

“Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes dele, que se aniquilam; mas, falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória...” I Cor 2;6 e 7

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Perdidos à meia-luz


“Temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

Os religiosos rejeitaram ao Salvador porque Ele seria “contra Moisés”, o legislador pelo qual a Torá fora legada. Em dias posteriores foi escrito: “Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto, maior honra do que a casa, tem aquele que a edificou.” Heb 3;3

Tivessem um conselho como o de Pedro, que veio depois, poderiam pensar com carinho. “Bem fazeis em estar atentos às palavras dos profetas.”

O próprio Salvador acusou Seus adversários duma leitura superficial das coisas que afirmavam crer. “Examinais as Escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam;” Jo 5;39 Ou seja: Se vosso exame fosse criterioso, por certo, Me encontraríeis.

Em certo momento alguém disse: “...Examina, e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu.” Jo 7;52 Embora, O Senhor tivesse nascido em Belém, acreditavam que Jesus fosse Galileu, porque crescera por lá. Isso, para eles era suficiente para rejeitá-lo; pela origem “pouco nobre”.

Se tivessem examinado Isaías, com devido cuidado, teriam visto que, a luz espiritual brilharia na Galileia. Ele profetizou: “... envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu, junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9;1 e 2

O zelo precipitado pode ser um fator a inibir o discernimento. Paulo falou isso dos seus irmãos. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10;2 A surpresa que faz parecer que algo “não pode ser”, não significa que, não deva ser. Quiçá, nossas expectativas é que estavam ancoradas em premissas falsas!

Pedro, usando a metáfora duma luz que brilha em lugar escuro, atinente às profecias, depois, reduziu esse “lugar” ao coração dos ouvintes. Como que, interpretou a figura; “... até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” É neles, nossos corações que devemos entender e receber ao Salvador.

Possivelmente, pegou carona num símile composto por Salomão: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

O escuro dos corações, não é mera questão intelectual; mas, também volitiva. Não basta que saibamos, antes requer que nos submetamos ao que passamos a saber. Além de convencidos no intelecto, carecemos sê-los, na vontade.

O Salvador não foi rejeitado porque seus ensinos fossem herméticos, de difícil compreensão. Antes, porque suas demandas santas colidiam com os desejos dos que estavam acostumados a um modo ímpio de viver. “... os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Essa luz que expõe nossas obras à reprovação é externa. Alude à admissão pública dos nossos descaminhos. Para não se expor a essa, o egocêntrico finge não ter a interna; banca o desentendido, para que sua desobediência desfile com roupas mais “aceitáveis”.

Quem, sendo iluminado no coração, resolve pela ousadia de passar a agir conforme, fatalmente isso terá reflexos visíveis a todos. “Não, se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.”

Ou, não se pode pertencer ao Senhor que É Santo, vivendo de modo flagrantemente profano. Por isso o desafio necessário aos que creem: “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16 Se, a fé não pode ser vista, suas obras devem ser.

Muitos tomam O Santo Nome, infelizmente, vivendo de ímpias maneiras; não poucos, usam essa hipocrisia explícita como “argumento” para se manterem distantes dos ambientes onde a Doutrina de Cristo é ensinada. Como os zelosos dos dias de Cristo, esses O Rejeitam precisamente porque as profecias se cumprem cabalmente. Hipocrisia e apostasia foram previstas pelo próprio Senhor.

A Igreja de Cristo não é um ambiente dedetizado onde ninguém erra; antes, um hospital de campanha em pleno combate, onde os feridos pela oposição são tratados.

A sabedoria espiritual é peixe de águas profundas; avessa aos que buscam na superfície. “Se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;4 e 5

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Vinagre espiritual


“... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo...” Fp 3;13 e 14

Como lidamos com dores idas, é muito importante; disso dependem coisas que estão pela frente. Cícero disse: “Os homens são como o vinho; a uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.”

O tempo não passa sozinho; traz incidências, algumas venturosas, outras, decepcionantes; nosso trato com essas é determinante para o devir.

A Palavra compara certas decepções a raízes, cujo viço faria danos até, a terceiros. “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” Heb 12;15 Uma raiz assim, alimenta uma árvore.

Frustrações são o que são. Não pintamos corujas com cores de papagaios. De como lidamos com elas, depende, sermos espiritualmente vigorosos, ou, raquíticos.

Cultivar o amargor onde se pode esquecer e seguir em frente, acaba tolhendo um espaço que poderíamos preencher com coisas melhores; “Disto me recordarei na minha mente; por isso tenho esperança. As misericórdias do Senhor...” Lm 3;21 e 22 Lembrar coisas que dão esperança, pode ser a base da saúde psíquica.

Dois tipos de reações danosas às decepções estão em voga. Os desigrejados e os desevangelizadores.

Os primeiros decidem “servir a Deus” às suas maneiras, sem congregar em lugar nenhum. Saem apregoando que os templos são eles, que não precisam de pastores, basta fazer o bem... etc. Quem, deveras, é justificado por Cristo não precisa se justificar. Quem não, mesmo tentando não conseguirá. A propaganda desses é sua confissão.

Outros, mais ousados saem e fundam seus próprios ministérios, cujas mensagens se tornam enfadonhos ataques às coisas que passaram a depreciar. “Saia da religião, do sistema, dos templos...” etc. sua “Boa Nova.”

Todos passamos por decepções; com um mínimo de honestidade haveremos de concluir que também decepcionamos aos outros. Logo, exigir uma perfeição que não demonstramos é uma postura hipócrita.

Não são instituições que decepcionam. São pessoas. Instituições bem organizadas, apenas ensejam que as coisas funcionem melhor. Os que saem fazendo terra arrasada, patenteiam sua covardia, onde deveriam agir como valorosos.

Alguns se queixam “urbe et orbe”, que saíram das igrejas porque lá não existe amor. Ora, fomos chamados para amar, não, para sermos amados. “Ama teu próximo como a ti mesmo.” Se, alguém amoroso discerne que em determinado ambiente falta o que ele possui, certamente encontrou seu lugar; afinal lá carecem do que ele tem para dar; então, mãos à obra! Leve seu amor e o viva, de tal modo, que contagie aos demais.

Esses ministérios da negação, saia disso, daquilo, rejeite aqueloutro, são testemunhos tonitruantes, de gente que, lidou mal com as decepções por excesso de amor próprio. Hoje regam amarguras como suas plantas diletas.

Imagino José no Egito, tendo sido traído e vendido pelos seus irmãos, se agisse nesse espírito. Quer decepções mais incisivas que aquelas?

Na primeira oportunidade em liberdade, deveria ter criado o ministério dos antifraternos da última hora. “Cuidado com seus irmãos, eles são perigosos; saia da sua família!” seria sua mensagem principal. Quando, governador, fecharia as fronteiras para que peregrinos esfomeados não fossem a ele comprar alimento. Temendo os “perigos” previstos nos seus ensinos.

Não. Invés de acariciar mágoas pretéritas viu naquilo a Divina providência; e perdoou seus irmãos. “... Não temais; porventura estou em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gn 50;19 e 20

Se alguém tinha um passado doloroso, esse era Paulo: “... em prisões... em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, de salteadores, dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, no deserto, no mar, em perigos entre os falsos irmãos;” I Cor 11;23 a 26 etc.

Não seriam essas dores bastantes, para fazer dele um desigrejado e um antissistema? Pelas situações em voga, sobrariam cavalos. Todavia, disse: “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo”.

Quem só se mostra útil em circunstâncias favoráveis, é um consumidor, não um adorador; é um inútil. Quem confia no Senhor, “Será como a árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes para o ribeiro, não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Jr 17;8

O Verbo, sujeito


“... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir; para dar Sua vida em resgate de muitos. Mat 20;28

Deparei com o seguinte: “Se Jesus era Deus, por que precisava orar?” Uma boa pergunta. Nesse lastro, outras poderiam ser feitas. Sendo Deus, porque precisava receber poder? “... tenho poder... recebi de Meu Pai.” Jo 10;18

Sendo Onisciente, careceria aprender? Dele está dito: “Ainda que era Filho, aprendeu obediência, por aquilo que padeceu.” Heb 5;8 Enfim, o rol de “contradições” é amplo.

Seu esvaziamento, assumindo temporariamente a condição humana, é mal compreendido por muitos. Para Testemunhas de Jeová, Jesus era mero homem; para Adventistas, o Arcanjo Miguel.

Vejamos A Palavra: “No princípio era O Verbo, O Verbo estava com Deus, e O Verbo era Deus... O Verbo se fez carne, e habitou entre nós...” Jo 1;1 e 14

Por estar com, e Ser Deus, já evidencia que a Unidade Divina é composta. Além Dele e do Pai, temos O Espírito Santo. “Porque Três testificam no Céu: O Pai, A Palavra (Cristo), e O Espírito Santo; Estes Três São Um.” I Jo 5;7

Como podem Três ser Um? Da mesma forma que homem e mulher, pelo casamento, se tornam um. Unidade composta. Aliás, a unidade espiritual pode conter inumeráveis; O Senhor orou pela Igreja: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o És em Mim, e Eu em Ti...” Jo 17;21
Embora a Palavra Trindade não esteja na Bíblia, o ensino está; isso basta para mentes honestas.

Após punir aos culpados pela queda, O Eterno anunciou de onde viria o Redentor; “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua semente e sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gn 3;15

As “remissões” mediante sangue de animais no Antigo Testamento eram meros símbolos de uma superior que viria; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais Sublime que os Céus;” Heb 7;26

Dado O Divino propósito, e nossa impagável dívida foi necessário que O Santo viesse se fazer como um de nós. “O verbo se fez carne e habitou entre nós...”

Se fosse um anjo, A Palavra diria; mas, distinguindo-o diz: “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Pois, convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos...” Heb 2;16 e 17

Embora Miguel seja um grande príncipe, ainda é uma criatura. Malgrado, homens sejam menores que anjos, foi a eles que o mundo fora entregue, nos dias de Adão; após a redenção seria de novo ao “Filho do Homem”. “Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos.” Heb 2;5

Assim, sendo Deus, essencialmente, atuou como homem, funcionalmente, como ensina Paulo: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;” Fp 2;6 e 7

Se Ele atuasse como Deus, nas coisas em que deveria representar ao homem para redimi-lo, isso seria uma usurpação. Por isso, submeteu-se à vontade do Pai, às últimas consequências. “Se possível, afasta de Mim esse cálice...” seu medo humano ao pavor da cruz; “... todavia, não seja como Eu quero; mas como Tu queres.” Sua submissão incondicional.

A Palavra ensina que Ele aprendeu obediência pelo que padeceu. Por quê? Acaso era desobediente? “Eu e O Pai Somo Um.” Disse. Dada essa condição não precisava obedecer. Pai Filho e Espírito Santo, pela Igual Divindade, e Iguais Atributos, querem, sabem, e podem as mesmas coisas. Tal sincronia, torna desnecessária a obediência. Porém, padecer algo tão doloroso na humana condição inclinada a evadir-se da dor, forçou-o a aprender isso.

Como a “vitória” do canhoto se dera por ter dobrado um homem, pereceu bem à Justiça Divina que outro, nessa condição, o vencesse, tirando do inimigo, eventuais argumentos de injustiça. A redenção se deu na esfera humana. “Deu-lhe poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.” Jo 5;27

Assim, Jesus Cristo em Sua Essência, estava com Deus e Era Deus; em Seu esvaziamento temporário, portou-se como homem, orando, sentindo cansaço, sede, fome... aprendendo a obedecer.

A razão é clara: “Visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo;” Heb 2;14

Enfim, para quem tem dúvidas honestas o exposto esclarece; para quem apenas tergiversa mascarando sua má inclinação, nem todas as explicações convencerão; como disse Spurgeon: “Basta um homem para levar um cavalo até às águas; cem homens não são suficientes para forçá-lo a beber.”

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Resgatado da lama


“Foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo e temeram.” Mc 5;15

Um que fora possesso por uma legião de demônios e acabara liberto, tendo um encontro com Jesus.

“Foram ter com Jesus e viram o endemoninhado...” A primeira nuance é que, quem é liberto por Jesus, e aprecia essa libertação, dali em diante sempre será visto com Ele; nos ambientes onde Ele é anunciado, aprendendo da Sua doutrina, no desejo agradecido de honrar seu libertador; e no cuidado zeloso pela liberdade recebida.

Igrejas, pessoas podem decepcionar; O Salvador, jamais. Quem se rende a Ele, supera decepções inevitáveis sem abandoná-lo.

Infelizmente são poucos que sabem apreciar deveras, a Obra do Salvador. Certa vez curou dez leprosos; apenas um voltou ao Senhor agradecido. Luc 17;17

Quem busca-o por coisas, não por Ele, tende a se afastar, assim que forem obtidas as coisas desejadas.

“... que tivera a legião...”
outro aspecto nos libertos por Cristo é que, a relação com o inimigo é um mal pretérito. Jesus é um divisor de águas; entre os dias do “charco imundo de lodo”, e os novos sobre a Rocha. Embora a santificação seja um processo lento, a ruptura com os valores inversos de antes, é imediata.
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

“... assentado...”
Outro aspecto de quem recebe ao Senhor é paz de espírito, que lhe permite descansar. Da sina ímpia está dito: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Quando o infeliz estivera sob o jugo da maligno, ignorava o que significa paz; a possibilidade de se assentar, apreciar a calmaria, digerir um ensino, descansar; antes, “Tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, os grilhões em migalhas, ninguém o podia amansar. Andava sempre, dia e noite, clamando pelos montes, pelos sepulcros e ferindo-se com pedras.” Mc 5;4 e 5

Era violento aos outros e ainda fazia mal a si próprio, ferindo-se com pedras. Atualmente muitas dessas anomalias psíquicas, vícios autodestrutivos, são tratados como se fossem doenças; quando, na verdade são derivados da atuação maligna nas vidas, reféns do inimigo.

“... vestido...” embora andar assim seja o normal, naquele caso, certamente não era; senão, o autor não teria mencionado. Ele reportava uma transformação. Assim chamava atenção a cada fato novo. Não contente em escravizar, aprisionar, e ferir seu objeto de perversões, o inimigo ainda o expunha de modo indecoroso, ensejando vergonha para ele e constrangimento para quem via.

Cheia está a vida, nas ruas, nas redes sociais de gente que abusa da nudez, pensando estar brilhando, causando impacto; a rigor, está sendo um reles objeto da oposição, que os cegou, e faz presumir beleza onde grassa indecência.

Sem essa “filosofia” rasa que o que é belo deve ser mostrado. Pudor, decência, compostura são coisas belas; essas desfilam na passarela da sobriedade do equilíbrio, longe das plagas da obscenidade e da falta de noção.

“... em perfeito juízo...” uma pessoa possuída, como a palavra sugere, nem ao próprio juízo preserva. O inimigo tripudia dela fazendo suas vontades. A alma humana nessa nefasta situação torna-se um títere, sem vontade própria. Daí facilmente se adjetiva à tal como louca, fora do juízo. Nos casos de possessão é como se fosse despejada da própria casa, para dar lugar a intrusos. Dos que recebem a ventura de aprender do Senhor está dito: “O bom siso te guardará, a inteligência te conservará;” Prov 2;11

Se, por um lado somos desafiados à “loucura” de crer, concorre o bom siso de saber em Quem cremos, e porquê.

“... temeram.”
Há dois tipos de temor. Um que é simples medo, que quer se manter distante do que teme; e o temor a Deus, que é a reverência ciosa para com O Santo, ao qual, não se quer ofender. Enquanto o primeiro enseja apenas fuga da luz, esse segundo gera obediência, santificação.

Infelizmente, o temor dos gadarenos era o genérico. Invés de desejarem se aproximar do Senhor, dado Sua Misericórdia e poder manifestos, pediram distância. “Começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos.” V 17

Quantos fazem isso hoje! Eventualmente vão a ambientes onde O Senhor atua. Vendo a seriedade e a santidade necessárias, presto se afastam rumo aos seus vícios prediletos.

O Senhor não viola ao arbítrio, não “possui” como os demônios. Onde é rejeitado, se afasta. Quem O pode ver como Ele É, caminha junto.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

"A evolução é um fato"


Numa página denominada “Segredos do Espaço” encontrei as quatro afirmações que seguem: “A curvatura da Terra existe; os humanos foram para a lua; as mudanças climáticas são reais; a evolução é um fato.” Após breves comentários, a sentença: “A ciência não é um sistema de crenças; é um método baseado em evidências.”

Bueno, colocar duas maçãs e duas pedras numa bandeja, não transforma as frutas em seixos. Assim, arrolar juntamente, coisas verazes, duvidosas, e mentirosas, não altera em nada a essência de cada uma.

Duas merecem o benefício da dúvida; o aquecimento global é desmentido por muitos especialistas no assunto; a ida à lua, também tem ponderadas evidências que pode ter sido uma fraude cinematográfica. Há bons vídeos sobre isso no Youtube.

Que a terra é redonda, ou próximo a isso é pacífico; não sei de onde brotou a sandice que seria uma gigantesca pizza. Todavia, que a Evolução seja um fato, aí parece que o foi Alexandre de Moraes que decidiu. Logo, não cabe recurso.

Mesmo assim, me atreverei. Não usarei à Bíblia, citarei incidentalmente; afinal, só valem evidências; portanto, os argumentos em contrário devem ter algum liame científico.

Se, a ciência não tem nada com as crenças, antes, com evidências, é precisamente esse o “tendão de Aquiles” da famigerada teoria. O silêncio ensurdecedor de evidências verificáveis.

Falta-me saber científico para apresentar incongruências baseadas na entropia, termodinâmica, lapsos do registro fóssil, os infindáveis elos perdidos; afinal, não sou cientista. Embora, tenha lido muitos que são, e mostram essas coisas de modo perturbador.

Dadas essas limitações, usarei o crescimento populacional como evidência que, as datas de 35 bilhões de anos, e similares, que a “ciência” usa, batizando ossos encontrados de “homem de eu creio” ou coisas assim, são estúpidas.

Como também não sou perito em matemática perguntei à inteligência artificial: Começando de um casal, a um crescimento médio anual de 2,5% ao ano, quantos anos seriam necessários para a população chegar a 8 bilhões como é atualmente?

A resposta foi: “Seriam necessários cerca de 897 anos para uma população de apenas duas pessoas crescer até 8 bilhões com uma taxa de 2,5% ao ano — assumindo crescimento contínuo, sem limitações ambientais, genéticas ou sociais (o que, claro, é bem hipotético).”

Podemos acrescentar a gripe espanhola, a peste bubônica, duas guerras mundiais como fatores de diminuição exponencial da população.

Alguém poderia discordar do índice de 2,5% mas é próximo a isso atualmente. Ademais, quanto menor o número de pessoas, maior o crescimento, por razões óbvias. Imaginemos um nascimento hoje; o que mudaria? Nada. Quando havia um casal apenas, o nascimento de um, significaria um aumento de 50%.

Preciso citar a Bíblia como informação não como argumento. Teria acontecido um dilúvio global, há aproximadamente quatro mil anos, restando apenas oito seres humanos. Assim mesmo havendo grandes prejuízos de vidas pelas razões citadas e catástrofes eventuais, ainda restaria tempo sobejo para sermos tantos, quantos, somos.

Agora, pegue-se o mesmo índice, abstraia-se o dilúvio que seria um mito nada científico, e calcule-se o crescimento populacional de um milhão de anos. Depois, multiplique por mil, e some-se trinta e cinco vezes. 

As pessoas teriam que ser empilhadas umas em cima das outras, por falta de espaço na superfície; as de cima fariam cócegas nas constelações.

Mas, se a “ciência” afirma que assim foi, baseada em evidências, quem somos nós, frágeis ignorantes, para blasfemar contra essa impoluta deusa?

A ideia que a fé e a ciência sejam coisas excludentes deve ser da ciência. Mas qual? Pascal disse: “Um pouco de ciência afasta ao homem de Deus; um muito, o aproxima.”
Assim parece haver dois tipos de ciência.

Permitam-me usar a Bíblia ainda uma vez, acerca dessa soberana. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé.” I Tim 6;20 e 21 A falsa ciência seria a que nega a fé; invés de investigar honestamente em busca da verdade.

Bem sabemos quem induziu o homem à Árvore da Ciência, afastando-o da Árvore da Vida. Embora O Criador demande fé daqueles que se achegam a Ele, deixou sobejas evidências, da Sua Divindade e Poder, para que os “cientistas” o possam ver; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Einstein, que foi brilhante como cientista, não viu muito longe, sobre Deus; mas, viu nossa cegueira como poucos; “Duas coisas são infinitas, - disse - o universo e a estupidez humana; não estou muito certo quanto ao universo.”

Maus conselhos da dor


“Minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.” Jó 10;1

Se alguém ler isso isoladamente, concluirá que se trata dum depressivo falando. Caso conheça o contexto, dum próspero que perdera tudo de chofre, inclusive os filhos, ao menos se solidarizará.

“Minha alma tem tédio da minha vida...” Tédio é enfado, aborrecimento, cansaço por uma situação desagradável, prolongada; nele, até a esperança decide se afastar. A “falta de chão” é tal, que até, ser colocado dentro do chão parece desejável. Sim, o infeliz desejou a morte. “Quem dera que se cumprisse meu desejo, e Deus me desse o que espero! Deus quisesse quebrantar-me, soltasse Sua Mão e me acabasse!” Cap 6;8 e 9

Mesmo sofrendo de modo inefável, ele só desejou a morte; como que, orou a Deus por ela; mas nada fez nesse sentido, sabendo que dar a vida ou tirá-la é prerrogativa exclusiva do Criador.

Havia uma luta milenar acontecendo, da qual, mesmo estando alheio, ele era o centro. Sua fidelidade estava sendo testada às últimas consequências, para desfazer um argumento rasteiro de Satanás.

Embora compreensível sua dor e os desejos derivados dela, O Eterno tinha planos melhores; de modo que não ouviu seu anelo doentio.

Quantas vezes acontece de pedirmos algo a Deus, que se recebêssemos faria mais mal do que bem? Deus nos abençoa tanto quando concede o que pedimos, quanto, quando nega. Nesse caso está nos protegendo de nossa própria ignorância.

Outro dia uma criança especial correu rumo a um cânion, em Cambará do Sul, sem tempo para que seus pais evitassem a queda, infelizmente. Ela não tinha noção do perigo, e seus pais não imaginaram que ela faria aquilo; acabou morrendo na queda.

Pois, nas coisas espirituais, todos somos crianças especiais, com limitações cognitivas, sobre perigos que espreitam. Cada, não, às nossas petições, é como uma mureta de proteção na beira do abismo, que nosso amoroso Pai coloca para que não caiamos.

Pois, as “bênçãos” que trariam efeitos colaterais deletérios, não seriam bênçãos. “A bênção do Senhor enriquece e não traz consigo, dores.” Prov 10;22

A fé sadia confia de modo irrestrito; a doentia acredita que Deus dará o que lhe pedirmos.

“... darei livre curso à minha queixa...” eventualmente, alguém numa situação desfavorável, no trabalho, por exemplo, pode evitar mencionar seu descontentamento; temendo perder o emprego, sofrer restrições. Porém, quando chega num estágio onde pensa não ter nada a perder, fala sem temer as consequências; pois, pior não poderá ficar.

Embora compreensível o estado de espírito de Jó, pelas razões vistas, ainda é uma atitude temerária. Tanto que, o próprio sofredor alternou, em estados de ânimo diversos, numa espécie de bipolaridade; se, ora desesperava de tal forma a abdicar da vida, noutras reencontrava a esperança em Deus, mesmo que fosse levado pela morte. “Ainda que Ele me mate, Nele esperarei; contudo, meus caminhos defenderei diante Dele.” Cap 13;15

Então, invés de desejar a morte, desejava defender a retidão dos seus caminhos, a qualquer custo. Pois, era o que estava em apreço; quem estava questionando isso era o inimigo, não O Eterno. Oscilar duma posição emocional a outra, em situações extremas assim, também é uma “incoerência” compreensível.

“... falarei na amargura da minha alma.” Nesses casos, quando o amargo é mui intenso, as palavras podem tropeçar na lógica, na coerência, como um ébrio nos pedregulhos do caminho. Então, quando O Eterno finalmente concedeu a audiência desejada, começou assim: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Depois, a suprema ironia do Eterno foi apresentada como recurso retórico: “Agora cinge teus lombos, como homem; perguntar-te-ei, e tu Me ensinarás.” V 3

O Eterno queria Se “matricular” na escola de Jó e aprender com ele. As quarenta perguntas que fez distanciando ao Criador das criaturas bastaram, para ele entender seu lugar, que é também o nosso. “Escuta-me, pois, eu falarei; eu Te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora Te veem meus olhos. Por isso me abomino; me arrependo no pó e na cinza.” Cap 42;4 a 6
Então, ele se matriculou na “Faculdade Eterna”.

Não importa quão intensa seja nossa dor; nem quão fundadas nossas razões em reclamar; se O Eterno a permite, mesmo nós sendo fiéis a Ele, como fora Jó, sempre terá razões sábias para isso.

A Jó foi dado o dobro do que perdera, e a honra de sua saga estar na Palavra de Deus, para que por ela, possamos entender, em parte, acerca do sofrimento dos justos. A fé que visa se evadir ao sofrimento é reles fuga; a que confia deveras, brilha mesmo sob tempestades.