sábado, 14 de junho de 2025

Haja Luz


“Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” Ef 3;14

Paulo expondo aos cristãos de Éfeso, uma causa que o fazia orar por eles. Seria o lugar comum, aos olhos do vulgo, orarmos quando estamos nalguma necessidade, de livramento, suprimento, relacionamento, saúde.

Não é errado rogamos por isso quando necessário. Mas, a excelência reside em fazermos as coisas segundo a hierarquização proposta pelo Salvador. Ele ensinou qual deve ser nossa prioridade: “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

As coisas atinentes à Justiça Divina, luz espiritual, o santo propósito para nós, devem ser nossa iniciativa prioritária, nossa busca; a manutenção da vida provendo-nos os meios, o Próprio Senhor se encarrega de facilitar as condições, para os tenhamos. Não significa nos omitirmos ao trabalho; antes, confiarmos na Sabedoria e propósito do Eterno.

Dito isto, vejamos o motivo pelo qual Paulo se ajoelhava; “Para que, segundo as riquezas da Sua Glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior;” v 16

Mais que os meios de subsistência do homem natural; anelava o fortalecimento pelo Espírito, do sobrenatural, o homem interior. “Primeiro, o Reino de Deus e sua justiça...”

O fortalecimento espiritual, também tem sua incidência um pouco distinta do modo usual de se ver. Em geral, do espiritualmente fortalecido, pensamos que seja um homem cheio de autoridade, dons, eloquência... essas coisas podem fazer parte do pacote. Mas, o que Paulo desejava quando rogou pelo fortalecimento espiritual dos irmãos tinha a ver mais, com luz, que com algum outro tipo de poder.

“Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura, a profundidade; conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” Vs 17 a 19

Ora, para alguém se colocar de joelhos perante O Senhor clamando por luz, carece ter já, algum grau de iluminação. Pelo menos, para entender sua carência nesse aspecto. Invés de rogar pelo poder de Deus em seu favor, requerer mais luz, para compreender o amor; eis um motivo pelo qual vale à pena se colocar de joelhos!

“Lato sensu”, todos compreendem ao amor. Porém, o Amor de Deus é algo estrito, superior, de outra magnitude.

Pecamos, alienados do Criador, ao colocar a capacidade de amar, Dele recebida, na direção errada; e como disse Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”
Assim, o amor próprio desmedido acaba patrocinando o egoísmo; o amor pelo dinheiro, se torna um fomentador da avareza; o amor pelas trevas, mais que a luz, enseja o culto dos vícios, em “recipientes” que foram projetados para a virtude; não é assim, o Amor de Deus. Paulo que fizera grandes males à Divina Obra, no começo, mas fora iluminado, chamado e perdoado; mais que isso, comissionado com poder especial, bem conhecia o Amor do Eterno.

Desse modo, além de confiar numa resposta favorável do Santo, sabia que viria ainda mais; disse que Deus “... É poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente, além daquilo que pedimos ou pensamos...” v 20

Por que fazer além do que é pedido? Porque o pedido, geralmente, atina a uma necessidade; o amor visa demonstrar um sentimento.

Por isso, os amados do Senhor, também devem saber ir além do estritamente formal, do que lhes é ordenado; esse passo extra é uma demonstração de amor, que O Eterno deseja. “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

O modo como vemos as coisas, evidencia, se já entendemos o Amor Divino, ou não. Quando alguém nos calunia, faz algum mal, se nosso sentimento é de retribuição imediata, “Que Deus te dê em dobro”, traços de egoísmo e amor próprio desmedido ainda nos marcam.

Se, olhamos aos que se dão aos vícios como gente que está “usufruindo” da vida, invés de, desperdiçando-a, também teremos razões para nos preocupar com nossa estatura espiritual.

Quem tem em si o Amor de Deus como o motivador, compadece-se dos que erram, mesmo que, o erro seja contra si. “Perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem.”

Por isso Paulo orou pedindo luz ao homem interior. Feito assim, para conosco, passaremos a ver, em parte, como Deus. Senão, nossa “luz” ainda estará escura; “Se, porém, teus olhos forem maus, teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Problemas de coração


“Mas, como fomos aprovados de Deus para que o Evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.” I Tess 2;4

Essa afirmação, se não for digerida com cuidado, pode ensejar alguma confusão.

Paulo se apresenta como aprovado por Deus como ministro do Evangelho; todavia, seu primeiro embate com Jesus ressurreto foi de reprovação; ele viu um grande clarão, ouviu a voz do Senhor, caiu por terra e ficou cego.

Não obstantes essas coisas, ele foi aprovado, segundo o dito do próprio Senhor. Quando Ananias altercava com O Salvador, relutando em obedecer ao mandado de orar pela restituição dos olhos de Paulo, O Senhor lhe disse: “... Vai, porque este é para Mim um vaso escolhido, para levar Meu Nome diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo Meu Nome.” Atos 9;15 e 16

Como poderia um que praticara tais perseguições contra a Igreja embrionária, ser escolhido? Falando dos seus compatriotas testificou da sinceridade zelosa deles, malgrado, na cegueira; “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10;2 

O zelo em si, não é uma coisa ruim. Porém, privado de entendimento pode descambar para o fanatismo, patrocinar atitudes avessas ao Divino querer.

Quando se apresentou como aprovado para o ministério, Paulo não pretendeu ter credenciais segundo seus feitos, mas segundo o que O Eterno via no seu âmago. Assim, seu fiador era “... Deus que prova nossos corações.”

Se nossos corações forem aprovados diante do Senhor, mesmo que nosso entendimento não seja, O Salvador suprirá o que nos falta, iluminando a compreensão, perdoará nossos erros, e nos comissionará.

Paulo bem sabia das suas faltas, e apesar delas, fora chamado; não se presumia merecedor; sabia que era agraciado. “Dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério; a mim, que dantes fui blasfemo, perseguidor, injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.” I Tim 1;12 e 13

Não disse, fui pesado, medido, depois aprovado; antes, alcancei misericórdia. Tendo ou não, trilhado os mesmos descaminhos que Paulo, como todos os chamados, acontece o mesmo; carecem ser perdoados, iluminados, para atuar segundo Deus.

As coisas que fizera na ignorância e descrença, uma vez remidas, deixaram de existir; finalmente, conhecendo a Cristo na dimensão espiritual, entendendo as necessárias transformações para pertencer a ele, ensinava com conhecimento de causa. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Não poucas vezes, a aprovação da parte de Deus, enseja que nossas vidas entrem em rota de colisão com anelos humanos; com a reprovação desses, até. Nesse caso, a mesma ousadia e resolução de Paulo, devemos imitar. “... assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.”

Os mesmos que foram “dos nossos” quando laborávamos no erro, fatalmente se nos tornarão opositores, quando formos transformados por Cristo. Com Paulo foi assim.

Cristo como Ele é, sem acessórios, derivados do adoçado paladar dos ímpios, costuma causar desconforto, quando retamente anunciado.

Em geral as pessoas preferem a aprovação no erro, à correção, que reprova primeiro, depois, regenera segundo Deus; “... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Mais uma vez, o problema do coração ruim; apesar das obras más, O Senhor restaura quem O recebe; mas quando o coração ama mais às trevas que a luz, faz uma escolha, que exclui ao Salvador.

Paulo considerou-se o pior dos pecadores, o principal; e usou sua aceitação, apesar disso, para pontuar a grandeza do amor de Cristo. “Por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a Sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1;16

Como todo o amor deseja ser correspondido, O Senhor costuma aprovar aos que escolhem fazer isso, como contraponto ao Seu Amor. As coisas do tempo do lodo são apagadas, e podemos fruir nova vida, agora, na Rocha.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Força camuflada


“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

A diferença entre um homem forte em si mesmo, e outro, forte no Senhor, é que a robustez do segundo, pode se passar por fraqueza. O tal acaba sendo visto com desdém, desprezado, até; apenas quando as circunstâncias demandarem, o que se esforçou para permanecer em comunhão com o Santo, deixará evidente o que isso significa.

Um homem com postura correta faz diferença enorme: “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” Ez 22;30

Vejamos, quando foi achado: “Houve uma pequena cidade em que viviam poucos homens; veio contra ela um grande rei, a cercou, levantou contra ela grandes baluartes; encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e suas palavras não foram ouvidas.” Ecl 9;14 a 16 Um aspecto que acompanha a sabedoria espiritual, pois, é a prudência; quem a possui descansa confiado no Senhor, invés de tentar chamar atenção.

Baseado no exemplo do sábio desprezado, o pensador cunhou nova sentença: “As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais que o clamor do que domina entre tolos. Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” V 17 e 18

Assim, a vantagem do que se fortalece no Senhor, buscando Nele a sabedoria, não somente supera à força do braço; sobrepuja também às armas de guerra.

Não só no ponto de vista pragmático, devemos nos fortalecer no Senhor; mas também pelo significado espiritual adjacente. Porque, o autoconfiante deixa A Palavra de Deus e adota para si o conselho do inimigo. Foi ele quem sugeriu a independência do homem em relação ao Criador; agir assim, equivale a valorar como mais preciosa a palavra do canhoto, do que a de Deus. A rigor, confiar no próprio braço, é confiar no capeta.

Não é gratuita, pois, a sentença entregue mediante Jeremias: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

O verso que encabeça esse tratado, traz o contraponto da maldição, na bênção ao que se submete ao Eterno. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.”

Esse tipo de força, tem nexo com o coração, não, com outro tipo de músculos. Figura aos descaminhos da vontade rebelde, como os verdadeiros problemas; o que se isola do Senhor, traz em seu coração, óbices, como se fossem montes; dado que, o que no Eterno confia, tem caminhos planos, no mesmo lugar, no coração.

Então, quando pensarmos na fé que remove montanhas, antes de apontarmos seletivamente esse “canhão” contra os “montes” da nossa predileção, deixemos que ela remova do nosso coração, as coisas que desagradam ao Senhor. Feito assim, seremos fortalecidos Nele.

Sua Palavra é categórica sobre muitas coisas que devem ser removidas; vejamos um breve rol: “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a Sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” Prov 6;16 a 19

Embora aos olhos do vulgo a fé seja equacionada com fraqueza, nos escondemos atrás da Bíblia, dizem, os que se atrevem a confiar em Cristo de modo irrestrito, precisam enfrentar a si mesmos; isso não é coisa para covardes; “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

A mansidão e o domínio próprio necessários para isso, apenas o Espírito Santo pode dar. E esse Bendito ajudador não se encontra fazendo academia. Nada contra os cuidados com a saúde do corpo. Mas, a verdadeira força é espiritual. 

Quando Israel deixou de confiar no Senhor, e apelou aos Egípcios o profeta disse: “Porque os egípcios são homens, não Deus; os seus cavalos, carne, não espírito; e quando o Senhor estender a Sua Mão, tanto tropeçará o auxiliador, como cairá o ajudado...” Is 31;3

Enfim, “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala...” Sal 125;1

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Cristo, como se revelou


“... O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças Sua vontade, vejas aquele Justo e ouças a voz da Sua boca. Porque hás de ser Sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. Atos 22;14 e 15

O perseguidor da Igreja, encontrando com Jesus acabou cego; foi mantido assim por três dias, para rever caminhos, repensar motivos; O Senhor enviou-lhe Ananias; o qual, mesmo temendo, por causa dos feitos de Saulo, obedeceu. Orou para que a visão dele fosse restaurada, e acrescentou as falas que vimos acima.

Temos escolhas, uma vez chamados, a cooperar com O Senhor; porém, isso se restringe a obedecer ou, não. Pois, antes das nossas opções, pesa o Divino desígnio. “O Deus dos nossos pais te designou...”

Isso, tanto é honroso, quanto, responsabilizador. Seguindo diretrizes dos religiosos, Saulo acreditava estar servindo a Deus; encontrado pelo próprio Senhor, foi convidado a um “pit stop”, para receber instruções mais pontuais. No afã das nossas inclinações naturais, acabamos vendo coisas que não foram reveladas pelo Eterno.

Quem se rende a Cristo, deveras, já não pode falar: “Sou dono do meu caminho, do meu nariz, ninguém manda em mim; faço o que me der na telha”. Quem ousar falar assim, pelo menos tenha a decência de não se pretender, cristão. Pois, quanto a esses, está dito: “Ou não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e não sois de vós mesmos?” I Cor 6;19

Antes de nos comissionar O Eterno revela Seus motivos; “... te designou para que conheças Sua vontade...” Aquilo que poderia simplesmente nos ordenar, O Santo decide revelar as razões. Deseja cooperadores esclarecidos e voluntários; não, meros títeres.

“... vejas Aquele Justo...” óbvio que Ananias estava falando do Senhor. Não é dado a todos, o privilégio que foi concedido a Saulo; ele foi arrebatado ao terceiro Céu, ouviu coisas grandiosas, porque a Divina Bondade lhe quis revelar. Então, invés de um recém desperto contando um sonho, um cientista avaliando evidências, um filósofo exercitando-se em busca de saber, ele pode dizer: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...” I Cor 11;23 Não estou investigando, conjecturando, filosofando; antes, vos digo: O plano Divino é esse. Eu recebi.

Proporcional à missão para a qual nos chama, O Salvador nos enriquece de luz, porque sabe que nos será necessário. Não queria que Saulo ensinasse apenas de “ouvir falar”, como dissera Jó; antes, lhe foi ordenado: “...Porque hás de ser Sua testemunha (de Cristo) para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. Seria uma testemunha ocular.

Seu “conhecimento” de Jesus Cristo, quando ainda estava na incredulidade, entre aqueles que se opunham ao Ministério do Salvador, de nada valera; então refez: “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não O conhecemos deste modo.” II Cor 5;16

A primeira coisa necessária ao ministério pois, é o conhecimento de Jesus Cristo do modo que Ele se revela, não do nebuloso e desonesto mirante dos opositores.

Em geral, as pessoas desejam se justificar, invés de serem justificadas por Ele; então, escolhem uma “contradição” aqui, um escândalo acolá, como se fosse possível se lavar com lama. Escândalos acontecem, infelizmente; mas têm a ver com o que são alguns que usam O Nome do Senhor, não com o que Ele É.

As supostas contradições vertem da desonestidade ou, inépcia intelectual, dos “intérpretes, como ironizou Agostinho: “lendo a Bíblia encontrei muitos erros, - disse - todos, em mim.”

Se todo o homem fosse, como Saulo, forçado a repensar, reavaliar por três dias, seus motivos, suas escolhas, talvez, tivesse a alma purgada de superficialidades e desonestidades várias, e se atrevesse a ver O Senhor, como Ele se revelou, não como a oposição O pretende pintar.

A rejeição ao senhor não esbarra em motivos intelectuais; como se Ele fosse inalcançável às mentes mais simples; os que evitam Sua aproximação, o fazem, porque bem sabem o que Ele significa, e o que requer, de quem ousar segui-lo: “... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Por isso, os que se atrevem a receber O Senhor sem reservas, precisam abdicar das antigas inclinações, sem exceção: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

"Voluntários Espirituais"


“... O Senhor seja contigo; prospera, edifica a casa do Senhor teu Deus, como Ele disse de ti”. I Cron 22;11

Davi instruindo Salomão, para o qual, passaria a coroa. Desejara edificar um templo ao Senhor, mas fora impedido; pois, fora um homem de várias guerras, derramara muito sangue, e O Eterno não quis que ele fizesse isso.

Salomão seria rei em dias de paz; ele deveria construir uma casa de oração, para honrar ao Nome do Senhor. Informado da vontade de Deus, o rei passou o “bastão”; “... o Senhor seja contigo...”

Se tivesse feito diferente do mandado do Senhor, negaria um ensino que, provavelmente veio por suas mãos; “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...”. Sal 127;1

Um aspecto com o qual, geralmente lidamos mal; a escolha alheia para algo que, pensávamos ser nós, os escolhidos. Por quê, contigo? Por que não, comigo?

Houve uma rebelião nos dias de Moisés, quando os “notáveis” Datã, Corá e Abirão resolveram se levantar contra o “exclusivismo” de Moisés e Aarão, no tocante às coisas espirituais. “Todo mundo é santo aqui; por que vocês lideram?” Nm 16;3

O mais notável aspecto desse litígio sem sentido, é o oportunismo. Ninguém se voluntaria em momentos de crise, ausência de perspectivas. Porém, quando a posição parece oferecer alguns privilégios, presto surgem os dispostos a “defender o povo”; a rigor, fruir privilégios.

Quando a nação estava cativa, ao sabor do querer de Faraó, nenhum desses novos paladinos enfrentou ao monarca requerendo liberdade. Tampouco, Moisés o fizera; no devido tempo, fora escolhido e capacitado pelo Eterno, para isso.

Porém, quando foram libertos, então, uma grande nação marchando livre, com posses, as lideranças de Moisés e Aarão começaram a ser contestadas; havia muita “gente boa” qualificada que estava ficando de lado.

O dito que o povo tem memória curta, é derivado duma doença mui antiga. Tivesse sido liberto da escravidão, assistido às dez pragas de camarote sem ter sido atingido por nenhuma, e ainda visto o mar se abrir para o povo passar, sob a liderança de Moisés, me pergunto, em qual argumento me escudaria para contestar isso? Não sei como seria; eu lá não estava; se estivesse não teria a luz de hoje; mas, que soa estranho, isso, soa.

Quando somos chamados à fé para salvação, a primeira coisa requerida é o “negue a si mesmo”. Isso não incide no vazio, como se nos anulássemos e passássemos a bailar ao vento, quais folhas secas.

A renúncia do ego é necessária, para deixemos o leme das nossas vidas a quem de direito; O Senhor. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará as tuas veredas”. Prov 3;5 e 6

“Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos”. Is 55;9

Como o chamado de Cristo é, antes de tudo, ao serviço, não é comum que as pessoas se voluntariem, querendo, deveras, o que ele abarca. “O maior dentre vós será vosso servo”. Mat 23;11

Por isso, um critério que certamente O Senhor considera ao escolher alguém para liderar, é a capacidade de submissão. Alguém com essa índole, não disputa espaços, antes, reconhece aos que O Senhor escolheu antes dele. No caso de Moisés, as coisas operadas pelo Eterno através dele, não deixavam dúvidas.

Eventualmente, estranhamos o fato de ver Davi citado como sendo um homem segundo o coração de Deus; afinal, cometeu graves pecados. O que O Santo requer de nós não é a perfeição; antes, a integridade de lidar com a verdade, mesmo quando ela nos desfavorece; a humildade de receber ensino e correção, segundo desejar O Senhor. Se o Pai der ao próximo, um assento que poderíamos acreditar merecer, digamos a ele: “O Senhor seja contigo”.

E não pensemos que o rei apenas resignou-se a obedecer, fazendo cara de ofendido, não edificando o templo e apenas empurrando com a barriga, a responsabilidade para seu filho.

O que lhe foi permitido fazer, naquele propósito ele fez; proveu muitos meios e deixou para Salomão; “Eis que na minha aflição preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro, um milhão de talentos de prata, de cobre e de ferro que não se pesou, porque era em abundância; também madeira e pedras preparei; tu suprirás o que faltar”. I Cron 22;14

O que carecemos para sermos segundo o coração de Deus, é entender de números ordinais; o segundo vem após o Primeiro. Se ficarmos em nosso lugar, O Senhor será conosco.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Casas testadas

“Com a sabedoria se edifica a casa, com o entendimento ela se estabelece”. Prov 24;3

Há semelhança entre edificar com sabedoria, e estabelecer; em ambos os casos significa fazer a casa existir com uma solidez, estável, apta a resistir às intempéries da vida. 

O Salvador explicou a diferença entre o que edifica com prudência, e o que faz, de maneira relapsa.
“Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha; desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. Aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia”. Mat 7;24 a 26

A estabilidade da segunda casa foi testada pelos mesmos elementos. Porém, essa não se mostrou estável; “Desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e caiu; foi grande sua queda”. V 27

A diferença entre um e outro, materiais de construção, a rigor, foi como cada um respondeu à Doutrina do Salvador; afinal as “casas” em apreço são as vidas que são alcançadas pela mensagem de salvação; o que ouve e pratica, se mostra estável qual uma casa fundada sobre a rocha; o que apenas ouve e segue o viver à sua maneira, sua “casa” não repousa sobre uma base confiável.
A rigor, o dito, “Com sabedoria se edifica a casa, com o entendimento ela se estabelece”. Traz um paralelismo; a mesma ideia com palavras diferentes.

Nos provérbios, ainda, encontramos: “O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força”. Prov 24;5 assim como uma casa não basta ser edificada, mas é preciso que o seja com sabedoria, entendimento, para que se mostre estável, também a força, não basta existir por um momento; mas, carece ser consolidada. Tornada sólida, ou estável, voltando à figura da casa.

Um dos grandes males da alma humana é a inconstância; a incapacidade de se manter na mesma posição em momentos adversos. Quando O Senhor quis confirmar o ministério de João Batista, começou dizendo o que ele não era; “... Que saístes a ver no deserto? uma cana abalada pelo vento”? João não era inconstante; antes, perseverava fiel; foi definido pelo Senhor, como sendo o maior dos profetas. V 28
Uma cana agitada pelo vento é uma alegoria significando uma pessoa que muda de posição, mudando as circunstâncias.

O Salvador figurou a esses, e sua relação com a Palavra, como semente caindo sobre pedras; “O que foi semeado em pedregais é o que ouve a Palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; chegada a angústia e perseguição, por causa da Palavra, logo se ofende”; Mat 13;20 e 21

Antes de pretendermos edificar nossas vidas em Cristo e Seus valores, devemos calcular os custos, para ver se estamos decididos a pagar o preço requerido. “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo”. Luc 14;33

Como bem disse Watchmann Nee, muitos gastam tempo e esforços nas igrejas ensinado às pessoas a viver melhor; quando, deveriam ensinar a morrer melhor. A rigor, não edificamos nossas “casas”, antes, somos edificados; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. I Ped 2;5

Das nossas casas físicas temos a mordomia, o direito de escolher o projeto, a cor, decorar como nos aprouver; porém, nossas vidas espirituais são edificadas para habitação de Deus, não nossa; nada mais natural, que as escolhas sejam Dele. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada”. Jo 14;23

Invés de um projeto rico em detalhes, apenas um princípio; que norteemos doravante nossas vidas segundo A Palavra do Senhor.

Algo pode ser forte sem ser sólido; como o concreto recém feito. Pode ser cortado com a mão; uma vez solidificado, sustenta estrutura de pontes, prédios... assim, sabermos a Palavra de Deus é algo excelente; porém, apenas praticando-a, vivendo conforme seus preceitos, a casa da nossa salvação será sólida e perene, malgrado, as aflições necessárias da vida. “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força”.

Apesar das quatro estações, nossas casas não mudam. Podemos abrir portas, janelas, fechar, reagindo às circunstâncias. Mas, em âmbito geral, a rigor, serão as mesmas, em todo o tempo. Assim uma fé sadia. Pode se entristecer ou alegrar conforme os estímulos recebidos, mas jamais deixará de crer, porque O Senhor permitiu que ela fosse testada.

domingo, 8 de junho de 2025

Possessão


“O estado proíbe ao indivíduo a prática de atos infratores, não porque deseje aboli-los, mas sim porque quer monopolizá-los”. Sigmund Freud

Não sei qual Estado Freud tinha como referência quando escreveu isso; mas, o Estado sob a batuta do esquerdismo, não proíbe atos infratores; antes, deixa patente sua ojeriza ao mérito, ao direito, à liberdade. Proíbe o pensamento divergente; assim, basta o sujeito dizer, ou fazer algo que contrarie ao pensamento dominante, para que seja visto como criminoso, não, apenas infrator.

No Brasil, primeiro, a esquerda sequestrou a educação. Nos colégios, invés de formarem livres pensadores, empurraram a doutrinação ideológica, tolhendo o contraditório, satanizando outras visões de mundo; assim, viraram amontoados de idiotas úteis, em nível intermediário, e no “superior” formaram militantes, invés de profissionais aptos a atender as necessidades sociais.

Muitos desses escolheram o “jornalismo”, de modo que o sequestro à educação, progrediu para o sequestro da mídia. Os fatos que deveriam ser reportados, simplesmente, passaram a ser recortados; mãos sujas de sangue ideológico, e fezes morais, removem qualquer vestígio que soe desfavorável ao establishment, que a tudo domina, antes de os publicar.

Boa parte dos que galgaram “formação superior” (aspas necessárias porque foram feitos na masmorra moral e ideológica) escolheram militar no direito; esse, lógico, passou a ser esquerdo, de modo que, o tentáculo jurídico do monstro também mostra para quê, veio; então, o sequestro atingiu também o poder judiciário.

“A pior ditadura – dizia Ruy Barbosa – é a do judiciário; pois, não temos a quem recorrer”.


E, implantada essa como está, “criminosos” com bandeiras e batom acabaram presos sem direito a defesa, nem julgamento; humoristas que fazem alguma piada que desagrada ao “politicamente correto” ou, a eles, acabam condenados; quem ousar pedir transparência no escrutínio de uma eleição se torna “antidemocrata”; manifestações usando verde e amarelo são “fascistas”. A camisa da seleção brasileira deve ser vermelha.

Daniel Silveira, Leo Lins, Jair Bolsonaro, Braga Neto, Carla Zambelli, Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino, Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio, etc. acabam caçados; são “ameaças à democracia”. Eduardo Cabral, José Dirceu, José Guimarães, (o dólar na cueca) Geddel Lima, Lula, Moraes, Barroso, Mendes, Janja... autoridades respeitáveis.

Nos dias em que tinha o poder, Bolsonaro chegava a ser irritante com suas reiteradas explicações que nada faria senão, “dentro das quatro linhas”; uma espécie de garantia que dava aos bandidos, que não faria o que precisava ser feito. 

Deveria ter dado um pé na porta, “a la Trump” prendido os códigos-fonte e revelado o resultado real das eleições. Porém, não fez. Agora, que perdeu, mediante conivência com a fraude, o domínio dado aos canhotos está sentindo na pele, o que significa.

A esquerda desconhece qualquer linha; apaga, rasga as existentes, incendeia os lápis, e ameaça de prisão a quem remotamente lembrar da existência esquecida, das linhas por eles pisoteadas; as da constituição.

Outrora gastei latim debatendo com idiotas úteis, até me curar da minha ingenuidade. O esquerdismo não é uma posição política legítima; é uma possessão.

Quando a Dilma disse que fariam o diabo para ganhar uma eleição, já estava possuída; pois, dada sua limitação de beócia, não conseguiria dizer algo tão veraz com tão poucas palavras; certamente recebeu ajuda de algum capeta promotor do sistema, e falou algo além do alcance dos seus dois neurônios.

Na política, os que não estão possuídos pelo diabo vermelho, muitos estão por mamon. Como os primeiros não têm escrúpulos e os segundos estão à venda, temos um Congresso atrofiado, com meia dúzia de idealistas gritando contra a sujeira, e uma maioria de safados, deitando e rolando as custas do alheio suor.

Nos dias de Cristo, uma legião como a que atualmente nos estraga a nação, tomou a um sujeito apenas, na cidade de Gadara; aproximando-se O Senhor e vendo sua expulsão iminente, pediram para entrar nos porcos, que se precipitaram num despenhadeiro.

Aqui, não sei se por falta de despenhadeiro, ou de um exorcista de alto calibre, a porcada foi para o palácio, o Congresso, e o STF. A legião do mal possui a toda a nação. Uns em pontos estratégicos para o ataque, INSS, Correios etc. roubam; outros em pontos estratégicos para a defesa, Congresso e STF, blindam aos ladrões e a farra prossegue.

Pelo fato de não ser produto da educação estatal, necessariamente, mas ter alguns matizes próprios, chegamos a devanear que o exército fosse uma companha de exorcistas capaz de nos livrar desse mal; porém, pelo que vimos até agora, parece que está possuído também.

Os homens de bem, veem a nação sendo furtada à luz do dia, e quedam impotentes por não ter a quem clamar. Temos a Deus, claro, mas quantos têm com Ele um relacionamento que permita serem ouvidos?