quinta-feira, 29 de maio de 2025

A vereda antiga


“As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11

Algumas coisas são múltiplas, plurais. As palavras, os sábios, os mestres, as assembleias. Entretanto, a fonte segue sendo, ímpar, completa. “... o Único Pastor.”

Os levantes dos que, por avessos à Palavra de Deus, falam em edição, atualização, são vetados pela mesma Escritura em diversos lugares; “Toda Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

“Porque testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras... Deus tirará sua parte do livro da vida, da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” Apoc 22;18 e 19
etc.

A Divina revelação é progressiva, e muitas coisas que foram permitidas quando dos “rudimentos do mundo”, como a escravidão, poligamia, justiça sumária, sem espaço para arrependimento, perdão, etc. Essas coisas foram superadas na Nova Aliança.

Como O Único Pastor É Eterno, Sua Palavra não é biodegradável; não há nada nela que careça ser apagado, rasurado, emendado; cada texto, no devido contexto para o propósito que foi dado, cumpriu fielmente seu fim, deve ficar onde está; se, eventualmente, sua prescrição literal já não se aplica, os Divinos princípios que o motivaram seguem iguais, e podemos melhor ordenar nosso futuro, olhando, com entendimento, para trás.

Timóteo foi elogiado pelo fato “que desde tua meninice sabes as Sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada, proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir, instruir em justiça;” II Tim 3;15 e 16

Podem fazer-te sábio, não farão, necessariamente; isso ocorre porque parte dessa forja depende da vontade humana. Ninguém será feito sábio por decreto. Porém, “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como prata a buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Se, eventualmente, coisas antigas precisam ser vistas à luz da Nova Aliança, como a mudança da Lei para os que se convertem, e o fim do sacrifício de animais, isso está expresso na Palavra de modo inequívoco. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

A “edição” necessária aos Divinos Olhos, já está na Própria Palavra. Há princípios revelados em dias bem antigos, desde o início das Escrituras, ainda em voga; e coisas novas que a Vitória de Cristo, o cumprimento de algo vaticinado no Antigo Testamento todo, acrescentou.

De um mestre idôneo se espera que entenda um e outro aspectos da Revelação, e saiba lidar com cada, no devido contexto. “... Por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Invés do abandono da Lei de Moisés, como acusavam os Seus Oponentes, O Salvador veio cumpri-la, e o fez cabalmente. “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.” Mat 5;17

Resumiu seus princípios em dois mandamentos, amor a Deus e ao próximo; ensinou que o sábado era um cuidado amoroso de Deus com o homem; desobrigou a rigidez dum dia de descanso, sempre o mesmo. “É lícito fazer o bem nos sábados.” Mat 12;12 o mal, não é lícito em dia nenhum.

Em Sua Doutrina, invés de apontar para a Lei antiga, chamou quem lhe escutava a praticar Seus Ensinos, que, são superiores à Lei. “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha;” Mat 7;24

Num trecho da Epístola aos Hebreus, se coteja Cristo e Moisés, cada um, no devido lugar: “Porque Ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus.” Heb 3;3 e 4

Basta ler o texto com os olhos abertos para ver que Moisés é servo, Jesus Cristo, É Deus.

Portanto, o cerne da questão entre os “editores” pretensos e A Palavra da Vida é simples: Aqueles querem reescrever à Palavra para que O Eterno se amolde às suas paixões efêmeras; A Palavra nos convida a revermos nossos caminhos, conforme ela para que sejamos salvos. Quem precisa se converter?
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quarta-feira, 28 de maio de 2025

O novo normal


“O que foi, isso é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.” Ecl 1;9

O autor se refere aos monótonos ciclos naturais; sol, ventos, rios; nessa esfera não há nada de novo, (original) pois, toda incidência já é um, de novo. (repetição)

“Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.” V 10 Se, essas coisas atinentes à natureza, não obstantes seus movimentos, estão restritas a um eterno “plágio” do pretérito, no que tange ao ser humano, O Criador desafia ao abandono das coisas velhas, pela ousadia de abraçar às novas.

O Santo não se prende a protocolos, tampouco, limita-se às nossas expectativas, como se, nos coubesse determinar, onde, quando, como; da Sua atuação.

Ao estabelecer Nova Aliança, mediante Jesus Cristo, invés de buscar uma audiência no templo, tomar oficialmente, um dos setenta do Sinédrio, e publicar o anúncio na “Ordem do Dia”, O Senhor desprezou protocolos da sonolência humana e fez algo novo. “Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João...” Luc 3;2

Estranhamente havia dois sumos sacerdotes, quando o normal seria um; assim, se mesmo os encarregados de preservar o normal estavam imersos na anormalidade, que mal teria se, O Todo Poderoso, invés de fazer uso do suntuoso templo, enviasse Sua Palavra ao deserto? “... veio no deserto a palavra de Deus a João...”

Por alguma razão, evitou o templo. Não obstante, João fosse filho de Zacarias, de linhagem sacerdotal, vivia no deserto, comendo gafanhotos e mel, usava pele de camelo como veste, invés do linho sacerdotal.

Muitas coisas estavam “fora do lugar”; invés de exortar aos pecadores, para que cada um se arrependesse, levasse um cordeiro ao santuário, e o sacrificasse, para que fosse perdoado, propunha algo diferente; começou eliminando a vantagem hereditária do “povo eleito”; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;8

Invés de recomendar sacrifícios, junto ao chamado para arrependimento, batizava; em dado momento, explicou a novidade; “Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem Aquele que é mais poderoso que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; Esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” V 16

Quando Cristo apareceu, João apontou para o sacrifício do qual todos careciam; “Vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.” Jo 1;36 Invés das pessoas pegarem um cordeiro e irem ao templo, O Cordeiro veio a elas, para ensinar-lhes como caminhar, antes de sacrificar-se, por elas.

Os que estavam acostumados à mesmice religiosa, viam em qualquer inovação, ou mudança, uma ameaça, se indispuseram tanto, contra João, quanto, contra O Senhor.

O propósito da Lei estava se cumprindo; mas, os afeitos à mesmice, não queriam mudanças; “De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Como o “novo normal” trouxe novo sacerdócio, outros câmbios se fizeram necessários; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também, mudança da Lei.” Heb 7;12

Não houve uma rejeição da Antiga Aliança, estritamente; como ela não era suficiente para remover os pecados, carecia de um “upgrade”; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os Céus;” Heb 7;26

Natural que os mais apegados à tradição religiosa se opusessem ao Evangelho; ele significa, “Boa Nova”. Para aqueles, as coisas velhas já eram “boas” o bastante.

Como a conversão demanda que, deixemos nossos pensamentos pelos Divinos, ver Isaías 55;7ss o que Ele chama, bom, não o que nos parece, deve contar, doravante.

Não se derive disso, porém, uma diatribe à religião, uma defesa aos desigrejados, coisa que tantos fazem, como se, esse fosse o foco; as mudanças que deseja, O Senhor antecipa na Sua Palavra, e no devido tempo, as cumpre. As insubmissões disfarçadas de reformas seguem sendo o que são, apesar dos disfarces.

O mesmo Salomão que falou com certo tédio das mesmices repetitivas dos ciclos naturais, quando se tratou do Eterno, prescreveu o temor, não uma letargia tediosa; “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;13 e 14

Os benditos frutos


“Se der fruto, ficará, se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;9

A última chance, para uma figueira que tinha passado três anos sem frutificar; o agricultor a quem foi ordenado cortá-la, sugeriu adubar mais uma vez, e esperar para ver como seria.

A necessidade de frutificarmos na Obra de Deus, quase sempre é incompreendida; talvez, porque contrarie à inclinação natural do homem caído, e nem todos queiram ser reerguidos nos termos Divinos. Tendemos a usufruir, amontar posses, comodismo, nos esbaldarmos em prazeres, a “felicidade” possível na terra.

Os chamado pelo Senhor, são desafiados a uma economia diferente: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e ferrugem tudo consomem, ladrões minam e roubam;” Mat 6;19 O convite é para que olhemos mais distante que nossos breves dias terrenos.

Aqui não é o objetivo; antes, um local de peregrinação. Então, que nos baste uma bagagem módica; “Porque nada trouxemos para este mundo, manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.” I Tim 6;7 e 8

A hipótese de algum cristão apostar todas as fichas por aqui, foi descartada como feitora de miséria: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Somos chamados a nos associarmos na Obra do Senhor; as recompensas pelo que for produzido aqui, estão armazenadas no tesouro celeste.

Aqui, fomos convidados ao trabalho, a frutificarmos. “Não escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Antes de termos nossas orações respondidas, carecemos estar andando segundo o querer do Salvador; atuando com fim de frutificarmos para a Glória Dele. Nesse caso, invés de pleitos egoístas, por certo rogaremos meios para frutificar mais; petição que, por agradar ao Senhor, será atendida. Dos que assim não fazem, versou Tiago: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

A “prosperidade” dos mercenários que ganham dinheiro profanando ao Santo, não é uma inversão dessa lógica do “Vinhateiro”. No tocante a esses, é juízo. O “dar certo” sua simonia por aqui, fecha as portas para lá, onde estão os veros tesouros. “... porque não receberam o amor pela verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; Para que sejam julgados todos que não creram a verdade, antes, tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2;10 a 12

A reprovação de Israel, na Antiga Aliança, em parte se deu pelo egoísmo; malgrado a promessa feita a Abraão, que Nele seriam benditas todas as famílias da terra”, nem sempre o povo eleito trilhou de acordo com esse propósito.

“Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fizeram boas estátuas.” Os 10;1

Atinente a adoração, falharam; fizeram imagens de esculturas e atribuíram a elas, as bênçãos recebidas; na retidão das relações interpessoais, a apostasia também deixa suas digitais, como denunciou Isaías: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;7

Foi precisamente se colocando no lugar dessa videira que se revelara falsa, que O Salvador disse: “Eu Sou a videira verdadeira, Meu Pai é o Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

Assim, invés de denunciarmos aos erros do “povo eleito” simplesmente, devemos aprender observando a isso, para não erramos da mesma forma. A mesma perspicácia que nos permite ver as falhas alhures, faculta entendermos as nossas. “Tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” Rom 2;3

De certa forma a maioria de nós está como a figueira aquela, vista no início; decepcionado ao fruticultor pela ausência de frutos.

Alguns, evasivos, se escondem sob circunstâncias adversas, como se essas fossem obstáculos atenuantes. Não são; o homem que se separa das más companhias, e influências, e se ocupa em meditar na Lei do Senhor, “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

A figueira recebeu adubo, escavação; enfim, fomento na raiz. Em geral, aí que reside o problema. Onde estão nossas raízes?

terça-feira, 27 de maio de 2025

O medo da paz


“... então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo e disseram: De paz é tua vinda?” I Sam 16;4

Um movimento de alguém da envergadura de Samuel, que fora juiz até bem perto daqueles dias, causou temor, no “presbitério” de Belém; os anciãos temeram que alguma notícia não muito alvissareira viesse, em companhia do respeitável profeta. Quiçá, algo relacionado à guerra.

As peripécias de Saul, que, começara bem e logo caíra em desobediência, certamente eram públicas. Os assuntos de “Brasília” alcançavam todas as tribos. Tendo sido os anciãos, que, rejeitaram ao governo Divino mediante Samuel, e pediram um rei, quando surgiram problemas na gestão do novo monarca, natural que temessem. Ih, será que fizemos bobagem?

Da rejeição a Samuel encontramos: “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, vieram a Samuel em Ramá e disseram-lhe: Eis que já estás velho, teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Sm 8;4 e 5

Eram bem plausíveis no âmbito humano, os argumentos deles para querer mudar as coisas. “Tu estás velho; os teus filhos não são do mesmo calibre que tu.” Podiam soar verazes os dois motivos; mas a decisão sobre mudar a forma de governo ou não, era do Senhor.

Sempre que o homem coloca suas mãos, temerariamente, no que não lhe cabe, termina colhendo segundo o insano plantio. O medo é uma boa resposta da “terra”, onde se semeia arrogância, temeridade.

O fato de O Eterno ter ordenado a Samuel que fizesse segundo o conselho dos anciãos, não significa que tenha se agradado daquilo; pois, era desobediência; ingerência indevida. “Dei-te um rei na Minha ira; e tirei-o, no Meu furor.” Os 13;11 É melhor que eventualmente O Eterno nos diga, não! ante um pleito, e permaneçamos em paz com Ele, que responda, sim! tendo ficado irado contra nossa insubmissão.

A certeza que termos culpa no cartório ajuda a ter medo, em casos assim. Como o novo rei fora obra de um pedido de todos os anciãos, então, os de Belém estavam assustados com a inesperada visita de Samuel. “É de paz tua vinda?”

A bem da verdade, o profeta fora enviado para ungir o futuro substituto de Saul, o jovem Davi. Mas, como era uma providência profética, então, que se cumpriria vários anos mais tarde, Samuel foi instruído a omitir isso do povo; revelando apenas à casa de Jessé. A unção de um novo rei havendo um no trono, poderia significar, aos olhos desse, alta traição, motivo para divisão entre o povo, combates até. Mas, reitero, como a unção de Davi mirava ainda, o devir, naquele momento, a visita de Samuel fora de paz.

Sempre estamos prontos para visitas pacíficas; ou, pensamos estar. No caso do Salvador, quando do Seu nascimento os anjos cantaram: “... paz na terra...” Luc 2;14 a proposta reconciliadora que O Salvador traria; quando entrou triunfalmente em Jerusalém para verter Seu Sangue em nosso lugar a canção mudou: As turbas O saudavam, “Dizendo: Bendito o Rei que vem em Nome do Senhor; paz no Céu...” Luc 19;38 A remissão que a Justiça Divina requeria, seria então, feita.

Sua vinda foi amplamente de paz, na terra, e nos Céus; porém, é preciso que, como os anciãos de Belém, temamos, e tenhamos consciência das nossas culpas, e arrependidos aceitemos a remissão que “O Filho de Davi” operou em nosso favor. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O problema que oblitera a redenção é quando, mesmo estando errados, não reconhecemos, queremos as coisas do nosso jeito. As lideranças judaicas de então, não viram a Jesus Cristo como um embaixador de Paz; antes, como um inimigo. Por não terem recebido a paz proposta, isso custou caro, como lamentou o próprio Senhor: “Dizendo: Ah! se conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.” Luc 19;42

A vinda do Senhor fora amistosa; mas o fanatismo, a presunção, cegam. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis ajuntar teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. Em verdade vos digo que, não Me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em Nome do Senhor.” Luc 13;34 e 35

A “vinda” do Senhor, onde Sua Palavra é pregada, ainda é reconciliadora; continua, como Samuel, ungindo aos humildes; breve virá julgar.

Um tour no inferno


“Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;5

O inferno, talvez seja uma das doutrinas sobre a qual, menos nos ocupamos. Nos acomodamos à ideia simplista que é um lugar de fogo, onde queimarão os ímpios para sempre, e vamos para o próximo capítulo, avessos ao retrovisor; para algo que seja mais atraente, promissor.

Fogo, na linguagem espiritual pode ter diversos significados; depende do contexto. As provações que são permitidas para testar nossa firmeza, são figuradas como “prova de fogo.” I Cor 3;13

O mover do espírito no íntimo dos que são iluminados por Ele, para entenderem à Palavra da Vida, foi também descrito pelos discípulos no caminho de Emaús, num ardor íntimo, como que, de um fogo; Luc 24;32

A rejeição dos que se recusam a frutificar para O Senhor foi figurada como lançar no fogo; “Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3;9 etc.

Assim, encontrarmos a perdição eterna, como um fogo eternamente aceso, também é pelo uso recorrente da mesma forma de linguagem. Isaías falou nesses termos: “... seu verme nunca morrerá, nem seu fogo se apagará; serão um horror a toda carne.” Is 66;24

A mesma ideia foi reiterada no Novo Testamento, descrevendo ao inferno como um lugar, “Onde seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” Mc 9;44 etc.

No entanto, de onde tirei que o inferno não é uma fornalha literal, antes, uma metáfora para a perdição eterna? Da Palavra de Deus.

“Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mat 22;13

Essa descrição do banimento, é recorrente; Mat 8;12, 25;30...

Se, será um lugar de trevas, de choro, não, de queimaduras e gritos, natural a conclusão que o “fogo” que nunca se apaga, visto noutras passagens, é uma metáfora, para a saga dolorosa e eterna, dos perdidos.

Serão ainda reféns das suas ímpias escolhas, carnais desejos, sem meios para os suprir. Além da eterna abstinência, incidirá na dimensão do além, o pleno conhecimento das venturas desprezadas. Prefeririam à morte a tal remorso; mas, o bicho (a alma) nunca morre; e o fogo, (desejo) nunca se apaga, ou jamais cessa. Que inferno!!

Tal desgraça não deriva da Vontade de Deus; mas, de uma dolorosa necessidade da Sua Justiça, que respeita nossas escolhas. O referido e nefasto lugar, nem foi criado para seres humanos; “Então dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” Mat 25;41 Quem escolhe aos conselhos do Diabo, desse lado, encomenda para si a companhia dele, no devir.

Por causa da natureza livre do amor, no qual, e para o qual, fomos criados, escolhas precisam ser respeitadas. O que é a pregação do Evangelho, em todo lugar, a todas as pessoas, senão, a tentativa do amor Divino, de persuadir à escolha pela vida?

O coração do Criador sofre, quando precisa abrir mão de alguém que Ele ama, porque esse alguém resolveu trilhar por outro caminho. Como o pai do pródigo, que triste viu seu filho rumando ao erro, O Todo Poderoso se vê impotente, ante os limites que Seu Amor estabeleceu.

O Senhor ensina, jurando pela própria vida, “... como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo.” Heb 6;13 que não se apraz quando alguém se perde; mas, que se alegra quando um pecador se arrepende; “Dize-lhes: Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11 A mesma pergunta feita à casa de Israel, por certo, se aplica a cada um de nós.

Aquilo que aquilatamos como mera escolha por um prazer efêmero, alguns sem noção supõem, que seja um “direito”, ante a visão dos Céus, é como deixar de escolher pela vida, preferindo à morte. As nossas temeridades daqui, causam espanto lá; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;12 e 13

Sim, O Senhor pode ser deixado de lado; Ele não é um ditador. E a ninguém mandará para o inferno; apenas fará com que, nossas escolhas sejam respeitada

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Em terra estranha


“Aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião.” Sal 137;3

Os judeus estavam cativos dos caldeus que, entediados, pediam a eles para cantarem algo usual na sua terra, no seu templo, por ocasião do culto ao Senhor.

A resposta foi pronta: “Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” v 4 Por prisioneiros em longínquas paragens, lhes era isso um inibidor para que cantassem os louvores do Senhor.

Se, a libertação na Nova Aliança, refere-se à alma, de modo que, mesmo o corpo estando preso, ela, livre pode entoar louvores ao Senhor, como fizeram Paulo e Silas em Filipos, então, a liberdade era física mesmo. De posse da “Terra Prometida”, com pleno direito de ir e vir, liberdade de culto. Num contexto assim, seria normal que entoassem louvores. Agora, desejá-los estando eles presos, e ainda cantá-los para alegrar seus algozes, não ao Senhor, não pareceu factível, então.

Em nossa cultura, muitos conseguem, infelizmente, entoar louvores sem alma, pois, o $enhor ao qual buscam é outro.

Acontece que, uma alma livre, deveras, carece ser livre também dos ídolos vis, como avareza. Os presos nela ignoram aos próprios grilhões, acreditando-se livres, pela permissão de algumas exibições hipócritas nos lugares santos. Quando os “Caldeus” pedem, eles, presto se prontificam; afinal, estão cientes que não passam de músicas, invés de louvores ao Senhor. Têm cachês, não, restrições espirituais.

A vera adoração ao Eterno não é algo que possa ser forçado. Apenas espíritos livres, cientes que devem a Ele suas liberdades, se disporão aos louvores, dos quais, O Santo É Digno.

Se àqueles pareceu impraticável cantar os louvores do Senhor na prisão, aos verazmente salvos, certos ambientes e companhias também soarão como “terra estranha”; na verdade espíritos estranhos; pelo que, se recusarão. Música “góspel” qualquer cretino, depois de uma de carnaval, outra de lambada, se atreve sem nenhuma reverência.

Os louvores do Senhor, não vertem de fontes assim; “De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e amargosa?” Tg 3;10 e 11

“Ah, mas o “Voz da Verdade” cantou Raul Seixas! Eu também, quando era ignorante espiritual. Agora, conhecedor da Palavra de Deus, e das inúmeras blasfêmias que estão nas letras cantadas pelo referido músico, longe de mim que o repita.

Quer dizer que bastaria uma letra, aparentemente inocente, como “Tente outra vez”, para que um balaio de blasfêmias que se encontra nas demais, fosse engolido sem mastigar? Normalmente se coloca uma gota de veneno num copo d’água, para matar alguém; não, uma gota d’água num todo venenoso. Pois, mesmo a maldade tem um quê de prudência.

Quanto ao referido grupo, especialistas em música identificam dezenas de plágios, nas coisas que eles gravam. Um abismo chama outro. A adoração verdadeira costuma ser mais cuidadosa; “... não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada...” II Sam 24;24 “Sacrifícios de louvor”, idem.

Que os caldeus tenham entendido errado, achando que os louvores do Senhor eram para alegrar ímpios, vá lá; mas nós que O servimos devemos saber o devido lugar das coisas. Não é errado nos alegrarmos louvando ao Eterno; apenas é necessário que Ele se alegre conosco. Que seja um prazer partilhado.

Contra uns que assim não fizeram, antes, decidiram cultuar às suas maneiras, alheios às ordenanças, sem a devida consagração, O Senhor acenou com juízo, invés de aceitação. Pois, “... fizeram o que era mau aos Meus olhos, escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

Se alguém padece preso, espiritualmente, sabendo da liberdade que há em Cristo, isso não deriva duma servidão sob algozes externos; são suas próprias escolhas que o mantêm em cadeias. Quem prefere os ditames da carne, invés da cruz, jamais servirá ao Senhor; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Antes dos cânticos, devemos louvar ao Senhor com obediência; aos que acharam que o culto era um fim, ao qual prestando, no mais, poderiam viver impiamente, O Senhor advertiu: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, justiça como ribeiro impetuoso.” Am 5;23 e 24

O livro dos Salmos traz 150 louvores da Antiga Aliança; o primeiro é como um porteiro que examina aos candidatos a louvar, vendo se, estão credenciados para isso; preceitua que evitem conselhos ímpios, caminhos de pecadores, roda de escarnecedores, antes de cantar louvores. Quem assim não faz, continua em “terra estranha.”

domingo, 25 de maio de 2025

A arte


“Essa é a questão das atividades artísticas; os melhores trabalhos só valem alguma coisa depois que o trabalhador não pode mais ser pago”. Robert Heinlein

Vulgarmente se diz que, as pessoas ficam boas depois que morrem. Na sentença de Heinlein, parece que o produto dos artistas, finalmente se enobrece, após eles partirem, tendo reconhecido o seu valor, tardiamente; quando, os criadores já não poderão desfrutar das consequências disso.

A “insensatez” dos que resolvem se dedicar à arte, talvez seja uma necessidade. Os que veem a vida como um campo de trabalho forçado, onde, a feitora avareza, os coage a amontoar metais, persuadindo-os que essa reprodução mecânica tem seu sentido, sua beleza, em geral acabam privados do apreço para outras variantes, as estéticas. O que seria mais belo que um monte de cifrões?

“Desejar violentamente a alguma coisa, acaba cegando-nos às demais.” Pré-socráticos.

Pensadores de antanho já entendiam, que, quem finca raízes no vale do garimpo, não perde tempo na escalada rumo ao mirante da Bela Vista.

Os artistas, por reféns dessas veleidades, terminam atrofiando o seu potencial aquisitivo, presos a uns devaneios atemporais, (pré temporais, quiçá) e como uma mariposa queima suas asas voejando atraída pela luz da vela, esses incineram seus dias, mercê de uma chispa visionária que, a maioria não logra perceber. A chama da arte se alimenta de um combustível invisível à maioria dos mortais.

Uma vez paridos os filhos da musa que os assedia, muitos sofrem a frustração de “pais corujas”, ante uma beleza que os encanta, mas que os outros não veem. A maioria, são importantes homens de negócios; os que não, anseiam sê-los; têm mais o que fazer, que perder tempo com futilidades assim.

Os que gastaram suas vidas nos garimpos, e amontaram metais muito mais do que suas necessidades, acabam usando isso, uma vez entediados com tantas posses, para “aquisição de almas”; digo, de obras de arte que afirmaram seu valor vencendo o tempo, e foram tardiamente entendidas; de certa maneira, elas refletem as almas dos seus criadores.

Tais, os endinheirados, acreditam entendê-las e vivenciá-las em parte; afinal, as puderam comprar e agora se põem as exibir airosamente. Chamam amigos e mostram orgulhosos, os seus troféus, seu apreço estético, enquanto se esforçam para explicar seu amor, e sua compreensão pela arte adquirida.

Grandes fortunas acabam pagas, a herdeiros duvidosos, por obras cujos criadores não mais receberão um centavo.

Nos seus dias terrenos, eles, por razões irracionais, migraram para mui adiante do seu tempo, e acenderam nos lampiões de lá, chamas que levaram aos seus dias; por certo entenderão como necessário, que, seu talento seja devidamente apreciado, apenas, quatro ou cinco décadas depois. “Há tempo para todo o propósito debaixo do sol.” Então, suas criações estarão em dia.

Afinal, quem viaja a uma terra estranha, precisa se amoldar à cultura, fuso horário, ao idioma, para poder viver lá. De igual modo, quem excursiona ao futuro, “mete os olhos pelo tempo adiante,” como diria Machado de Assis, não deve se ressentir, se no além for informado, que, pelo seu talento, se enviou pequenas fortunas, pelo tempo atrás.

A simples escolha pela entrega à criação estética, em prejuízo da arte da aquisição, já evidencia que, o que assim faz, tudo o que carece é de meios para manter o veículo da alma em funcionamento. Em seu estranho sacerdócio, o dízimo do que lhe caberia, já lhe basta.

O que os “extrativistas” farão no futuro com os bichos da sua “fauna”, isso derivará de uma invasão alienígena, onde, alguns filhos do planeta estético serão abduzidos pelo metálico. Infelizmente, almas serão valoradas em metais.

A excentricidade da origem é que emprestará incalculável valor, aos olhos dos metaleiros; os estetas sempre souberam disso sem espanto nenhum. Sempre foram vistos no seu fútil viver “allien”, e quando sua origem nobre for finalmente entendida, os seus resíduos serão devidamente valorados.

Desnecessário lembrar ao inteligente leitor, que, estamos tratando de arte, dos “melhores trabalhos;” não, da prostituição mercantil que grassa, fazendo suas necessidades na raia da arte, enquanto corre pelos metais.

O sucesso de muitos nessa área, deriva da ignorância disseminada, não, da qualidade do trabalho que foi feito. Desses, “artistas” bem ironizou Millôr Fernandes: “Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor à arte.”

Assim com um bom vinho demanda a cura pela mão do tempo, a compreensão estética de algo com valor artístico ímpar, não é obtida de maneira imediata; o visionário que o cria, costuma ser muito mais perspicaz que o senso comum.

A arte das multidões, de reconhecimento imediato, no próximo bissexto já terá sido consumida via acionamento da descarga, e os novos encantadores de serpentes estarão atuando nas praças.