sábado, 15 de março de 2025

vencer ou renunciar


“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós.” Mat 23;15

Triunfar num debate, numa peleja qualquer, não vai um milímetro além disso; embora evidencie quem prosperou numa disputa, é totalmente inócuo, para efeito de aferição da verdade.

Antes de considerarmos uma “vitória” assim, pois, como prova de que determinado postulado é verdadeiro, precisamos lembrar duas coisas: Uma; a habilidade em debater, é uma veia neutra; tanto pode estar a serviço da verdade, quanto, da mentira. Duas; há múltiplas variações possíveis, no escopo de uma escolha errada. Se essas forem alvo de disputa, e o prisma maior ficar inerte como se fosse algo estabelecido, a mera erística, resultará inútil, como dar golpes no ar. Embora se use fazer, é de parco valor a maquiagem de um defunto.

O Salvador denunciou Escribas e Fariseus, que, ao fazerem um seguidor, o que lhes poderia soar como uma vitória, a rigor, o Reino de Deus sofria uma derrota; pois, a adesão do insipiente a uma escolha errada, fechava um possível acesso a outra que fosse certa, e tendia a recrudescer o incauto no erro, mais que os seus mestres. “O fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós.”

Por exemplo, o catolicismo com sua relativização da Palavra de Deus, e equiparação da tradição e do magistério com a Divina Revelação, é um erro milenar, grotesco, suicida; porém, agora está dividido; de um lado os ditos conservadores, com seu exclusivismo institucional, pelejando pela tradição; de outro, os liberais, com sua fusão marxista/cristã, e o ecumenismo, validando a todo tipo de credo. Lutar de um lado ou de outro, tanto faz; todos estão no mesmo barco, o da heresia.

Os adventistas, se esforçam para provar que o sábado foi o dia de guarda ordenado pelo Eterno, como se fosse necessário fazer isso. Basta ler os dez mandamentos. A questão que os separa dos demais protestantes não é essa.
A Lei de Cristo que devem cumprir os que nasceram de novo, não a de Moisés, foi dada em nossos espíritos, não num código legal. “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, e o espírito vivifica.” II Cor 3;6

Assim, ficar pelejando pelo sábado contra o domingo, ou vice-versa, não leva a lugar nenhum, exceto, eventual satisfação carnal daquele a presumir que, saiu vencedor. “De maneira que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados; mas depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio” (da Lei) Gál 3;24 e 25

Pegam textos que dizem que o “Remanescente fiel” são os que “... guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Apoc 12;17 Que seriam apenas eles, naturalmente.

Ora, o mandamento de Deus em relação a Cristo foi: “... Este É O Meu Filho Amado em quem Me comprazo; escutai-o.” Mat 17;5 e sobre os Mandamentos, depois de resumir tudo no amor a Deus e ao próximo, ensinou: “destes dois mandamentos, dependem toda a Lei e os profetas.” Mat 22;40

Qualquer pecador que se sentir o preferido, o favorito de Deus, evidencia pelo seu amor próprio doentio, que ainda não negou a si mesmo, passo indispensável para pertencer a Cristo.

Não se conclua, contudo, que eu esteja dizendo que católicos ou adventistas são filhos do inferno; não me cabe julgar pessoas. Estou analisando posturas, no prisma filosófico apenas. Há muitos tipos de pelejas inúteis por aí, mesmo, entre os que pretendem ser ortodoxos em relação à doutrina de Cristo, fiéis à Sua Palavra; dons espirituais, mordomia, eleição...

Fomos chamados para ser luz; essa é algo que irradia, não que aprisiona. Triunfar num debate pode mostrar quem tem “Razão”. O triunfo de Cristo em nós, considera os limites e necessidades do outro, tendo a vontade Divina como objetivo, a renúncia das paixões naturais como meio. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Se, a “razão” no prisma espiritual, nos convida ao sacrifício, é quando assim atuamos que a deixamos evidente. Invés de fazermos prosélitos pela persuasão, sejamos indutores das pessoas a Cristo, pela imitação.

Dominar sobre outrem pode ser inequívoca demonstração de força; exercitar-se em domínio próprio, é fazer Cristo evidente em nós. “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla seu ânimo, que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

A certeza dos cegos


“Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém, com uma apostasia contínua? Persiste no engano, não quer voltar.” Jr 8;5

Apostasia, é “separação”. Nas questões de fé, separação da doutrina, obediência, comunhão, do relacionamento com Deus.

Normalmente, o método mais doloroso de aprendizado, segundo Confúcio, o da experiência, obtém melhor resultado que o mais nobre, a reflexão, e o mais fácil, a imitação.

A saga do filho pródigo ilustra bem. As dores, as privações o ensinaram, mais do que outra lição qualquer. Ao peso do aguilhão dessas, olhou para trás, e retornou à casa do pai.

As dores dos descaminhos, as privações espirituais que a alienação do Senhor traz consigo, deveriam ensejar uma segunda análise, quiçá, patrocinar o arrependimento, o retorno. No entanto, daquele povo foi dito: “Persiste no engano, não quer voltar.”

Desgraçadamente, estavam “certos” dos seus erros. Nada mais difícil, penoso de socorrer, que um cego convicto de que está vendo. Em geral, esses usam suas bocas como “guardiãs” contra eventuais “ameaças” que rondem seus ouvidos. Falam quando deveriam ouvir. Em seu instinto de preservação no erro, traem a si mesmos.

A resiliência no descaminho causava perplexidade nos Céus até. A pergunta pelo motivo daquilo, veio de lá; “Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua?” Não que faltasse ciência para entender o que acontecia; faltava uma razão, mínima que fosse, que soasse como nexo, justificando uma escolha tão deletéria.

No início do livro, Jeremias já registrara a perplexidade celeste, de modo categórico, ao ver os tais, trocando ao Todo Poderoso por futilidades; “Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor; porque o Meu povo fez duas maldades; a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas que não retêm as águas.” Jr 2;12 e 13

Dada a forma que o homem foi criado, “com um vazio interior com o formato de Deus” como disse alguém, não existe neutralidade possível. “Nem Deus, nem Diabo, eu faço minhas escolhas”, gabam-se os obtusos. Mal sabem eles, que isso é serviço ao inimigo, de primeira qualidade. Quem veio para roubar, matar e destruir, não tem necessidade de edificar a nada.

Deus Se revela, pelas Suas Obras, a criação; pela Sua Palavra; e ainda atua na consciência humana, seja aprovando, seja vetando escolhas, pois, deseja ser conhecido.

O Canhoto, não tem nenhuma obra sua para mostrar, pois é um usurpador, (exceto a mentira da qual é pai) tampouco, uma palavra que seja digna de algum crédito; sua filha tem seus traços.

Assim, invés de se revelar, atua buscando se esconder, disfarça-se; pois, se é privado de quase todas as virtudes, ao menos, tem autocrítica. Nem ele nem os seus se atrevem a aparecer como realmente são. “Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, não é muito, pois, que seus ministros, se transfigurem em ministros de justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” II Cor 11;14 e 15 Se, a aparência dos tais pode ser maquiada, a essência acaba ficando patente nas ações.

Então, para que, os que se desviam do relacionamento com O Santo não voltem atrás, esse ser abjeto costuma “dar uma força” empurrando ainda mais em direção ao abismo. “Nos quais, o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Deus é grandioso em perdoar; Mas só pode receber perdão quem o deseja, mediante arrependimento e confissão; O Eterno Diz: “Irei e voltarei ao Meu lugar; até que se reconheçam culpados e busquem à Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15

Uma é a sina da ovelha perdida; o próprio Pastor a busca; outra é a rebeldia do pródigo, que, carece aprender com seus erros e retornar pedindo perdão. Quem teve iniciativa para rebeldemente se afastar, que tenha também para admitir seu erro, tornar atrás.

Por isso, devemos receber À Palavra da Vida, em todo o tempo, como uma coisa urgente, que deve moldar nossas escolhas; se negligenciarmos uma oportunidade, nada garante que teremos outra. “... Hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

A longanimidade Divina acaba sendo um “vácuo” onde a nossa maldade cresce. “... não é porventura, porque Eu Me calei, e isso há muito tempo, que não me temes?” Is 57;11

O risco mais pernicioso na apostasia contínua, é que a recusa em voltar, nos prenda num tempo, no qual, o regresso seja impossível. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6

quinta-feira, 13 de março de 2025

O Deus dos pobres


“Compadecer-se á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados.” Sal 72;13

Textos assim, muitas vezes são usados como pretextos para a defesa de inclinações ideológicas, como se, O Eterno, que não faz acepção de pessoas, tivesse Seus preferidos. Os defensores da dita “Teologia da Libertação” esposam a famigerada “opção pelos pobres”, como sendo cabal.

Mas, não é isso? Não. O aflito e o necessitado em apreço, não significa que sejam desprovidos de posses materiais, como tentam fazer parecer, os contorcionistas do marxismo “cristão”.

Uma pessoa pode ter muitos bens e ainda ser pobre, no prisma espiritual. Os filhos de Jó eram assim. Enquanto ele trabalhava e intercedia por eles, os abastados se baqueteavam apenas. Na hora da prova, quando careceriam ter comunhão com Deus, não apenas se esconderem à sombra do pai, pereceram todos. Malgrado, suas riquezas, eram miseráveis.

No aspecto, o espiritual, sobretudo, Deus fez opção pelos humildes; O Salvador diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles e o Reino dos Céus.” Mat 5;3

Se, os ricos podem ser pobres no prisma que conta para a vida, também os pobres, podem ser autossuficientes, arrogantes, presunçosos, de modo a não se curvarem ao Senhorio de Cristo. Nesse caso, não serão salvos, não pela Divina Vontade, mas, pela própria.

O querer do Eterno está expresso de modo categórico e inclui a todos; todas as classes. O Senhor, “... é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão, que todos venham a se arrepender.” II Ped 3;9

O Convite do Salvador foi totalmente inclusivo: “Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados...” Mat 11;28 A todos, a condição proposta foi a mesma: “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de mim...” v 29 A recusa em fazer isso acaba revelando uma pobreza que põe a perder.

A comissão para divulgação da Sua Mensagem também é abrangente: “... Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.” Não há nada mais inclusivo que o Evangelho, e Sua chamada salvadora.

Posto o alcance redentor da Obra de Cristo, que abarca a todos, malgrado, as posses, os termos pelos quais poderemos ser salvos, não são tão inclusivos assim. Primeiro, excluem todos os credos, por piedosos que pareçam, diversos de Cristo: Isso joga o ecumenismo, acarinhado pelo Vaticano, no lixo. “Eu Sou O Caminho, A Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

A exclusividade de Cristo, ao longo dos séculos foi interpretada como, exclusividade do catolicismo; “Fora da Igreja Católica não há salvação.” Diziam. Agora, num passe de mágica, parece que existe livramento espiritual em qualquer lugar. Cristo foi categórico, numa situação e noutra. Da diversidade denominacional disse: “Não proibais. Porque, quem não é contra nós, é por nós.” Luc 9;50 Porém, pontuou a exclusividade doutrinária: “Quem não é comigo é contra Mim; e quem comigo não ajunta, espalha.” Mat 12;30

O Eterno, não é “Deus como você o concebe”, como defendem alguns míopes. É Deus como Ele se Revela, mediante a Sua Palavra. Por incapaz de se manter estrito e fiel, À Palavra, o catolicismo anexou ao longo dos anos, o “magistério e a tradição” como se essas coisas estivessem em pé de igualdade com A Palavra da Vida. Assim, nada mais natural que não veja diferença entre o comunismo assassino e ateu, e a mensagem de salvação. “Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram À Palavra do Senhor, que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;9

Alguns cometem o disparate de dizer que a Bíblia é um produto da igreja. Não! é o contrário. As igrejas fiéis, são derivadas da Palavra de Deus, que existe desde dias idos, muito antes da igreja ser iniciada. Se há falsificadores, e sectários de toda espécie, infelizmente há, esses ensejam a oportunidade dos fiéis se apartarem, como fez Lutero. “Até importa que haja entre vós heresias, para que, os que são sinceros se manifestem.” I Cor 11;19

O Sen
hor não se responsabiliza por anseios, promessas, expectativas de origem espúria. Antes, adverte: “Porque o erro dos simples os matará, o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que Me der ouvidos, habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

Por mais viva que seja a esperança de alguém, se deriva de devaneios próprios ou, de outrem alienado do Eterno, é algo doentio. Devemos esperar segundo o que foi prometido, não mais.

A esperança tem a virtude de nos fortalecer em momentos difíceis, mas não a capacidade de alterar os desígnios ou, juízos do Altíssimo. Por isso, reitero, esperemos “dentro da casinha”; “... pomos nosso refúgio em reter a esperança proposta.” Heb 6;18

terça-feira, 11 de março de 2025

O fascínio


“Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade...” Gál 3;1

Tendo deixado uma igreja estabelecida, alicerçada na Sã Doutrina, Paulo seguiu em busca de novos espaços para difusão do Evangelho; em dias posteriores, na ausência do apóstolo, ministros de vertentes judaizantes se infiltraram, e conseguirem perverter à fé que os cristãos gálatas tinham aprendido. Fazendo confusão entre Lei e graça.

Escrevendo-lhes para recolocar os pingos nos is; depois de algumas exortações e correções, o apóstolo manifestou sua perplexidade, e colocou a questão: Quem os havia fascinado, de modo a desobedecer à verdade?

O que é fascínio? Encanto, atração, deslumbramento, admiração, embevecimento, sedução, charme, carisma, glamour, etc. Alguém o algo, com essas qualidades, certamente havia se insinuado ante eles.

O fascínio está mais nos olhos que veem, que nas coisas que o produzem. Basta ver tanta porcaria faz sucesso por aí, para entender que o mesmo pode ser uma febre ordinária, sem nenhum valor veraz.

Pois, se aquele afastava aos gálatas da obediência à verdade, necessariamente, era algo mentiroso, deletério, ruim; assim, mais uma vez, o apreço supra, assoma como necessário: que o fascínio é amoral; tanto pode verter de coisas virtuosas, quanto, de outras, viciosas; tanto de fontes especiais, quanto, vulgares. Assim, o fato de algo soar fascinante, no prisma dos valores, não quer dizer nada.

Em se tratando da mentira, o que ela tem, que parece fascinante ante os incautos? Independente de algo ser veraz ou mentiroso, se soar novo, perante quem o escuta, já estará ensejando a velha curiosidade; abrindo a porta para um fascínio que permeia o gênero humano; o de saber de coisas novas. Mesmo em Atenas, o berço da filosofia era assim, segundo relata Lucas: “Pois todos os atenienses, estrangeiros e residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer e ouvir, alguma novidade.” Atos 17;21

Embora “Evangelho” signifique “Boa Nova” em grego, não é algo vulgar como a novidades saltitantes, e efêmeras, que prendem por um instante depois se evaporam fugazes, substituídas por outras do mesmo calibre. É a difusão da boa notícia que Deus propiciou um meio de reconciliação com Ele, para quem a desejar, em Cristo. “Isto é; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

A mensagem é nova para quem a ouve pela primeira vez; depois, porque está firmada em preceitos perenes, se torna um tanto monótona, enquanto nos desfia a andarmos segundo novos valores e objetivos. “... fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Nesse aspecto, não há fascínio no viver O Evangelho; nosso desafio é à perseverança, não às novidades. Cada fato novo que o dia a dia nos apresenta, encontrará alguma coisa “velha” que ensina como lidar com o mesmo, segundo a vontade de Deus. “... por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus, é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro, coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Contudo, não é o aspecto de posar como algo novo que faz a mentira soar fascinante. Antes, o atrevimento de pretender oferecer as mesmas coisas que a verdade, com suas renúncias necessárias, sem o concurso das mesmas.

A ideia de que somos os favoritos de Deus, não importa o que façamos seremos aceitos, que a coisa não é tão séria assim, e podemos gozar do Divino favor, sem renunciar cabalmente nossas más inclinações; essas e outras baboseiras do mesmo gênero, presentes no desgraçadamente bem disseminado, “Evangelho coach”, soam fascinantes, quase irresistíveis, ante os que têm paladar apurado para o comodismo, e desconhecem o sabor da verdade.

Como naquele contexto, os fascinados atuais, também abraçam pelo sabor, às coisas que os colocarão à perder, pois, mesmo usando rótulos de coisas santas, eventualmente, acabam sendo, a rigor, promotoras da desobediência à verdade. Assim, a pergunta de Paulo aos daqueles dias, ainda é atual: “Quem vos fascinou, para que não obedeçais à verdade?”

A seriedade na preservação da verdade deve ser tal, que o apóstolo chegou a cogitar ver a si mesmo, sob maldição, caso abdicasse dela: “Mas ainda que nós mesmos, ou, um anjo do céu, vos anuncie outro Evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8

O fascínio, mesmo verdadeiro, pode estar num pôr-do-sol, numa flor, numa ave, numa canção etc. Porém, os ministros de Cristo, não foram chamados para ser fascinantes, são “... despenseiros dos mistérios de Deus... requer-se dos despenseiros, que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2

domingo, 9 de março de 2025

Tornozeleiras espirituais


“Porventura furtareis, matareis, adulterareis, jurareis falsamente, queimareis incenso a Baal, andareis após outros deuses que não conhecestes, e então vireis, vos poreis diante de Mim nesta casa, que se chama pelo Meu Nome e direis: fomos libertados para fazermos todas essas abominações?” Jr 7;9 e 10

O Eterno é flexível; preserva nossa liberdade de escolha, quanto a servi-lo ou não; mas é cioso, zeloso, quanto à verdade, e aos termos do serviço. Detesta fusão, mistura. O “negue a si mesmo” requerido de cada um, tolhe que esse traga suas predileções; e o restringe ao aprendizado exclusivo da Palavra de Deus, ao qual se propõe a servir. “... transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita, vontade de Deus.” Rom 12;2

Quando alguns fraquejaram na fidelidade ao Santo, Ele “tirou a corda”; “Quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz O Senhor Deus: Ide, sirva cada um aos seus ídolos, pois, a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais Meu Santo Nome, com vossas dádivas e vossos ídolos.” Ez 20;39 Ninguém deve ficar aqui, como que, à força; mas se o fizer, faça nos Meus termos.

Sempre campeou o vício de fundir mera religiosidade, com a impiedade. Não poucos há, infelizmente, que tropeçam nisso. Fazem as mesmas coisas de antes do momento em que se “converteram”, só que agora, as fazem “em Cristo.”

Ora, se tais pessoas cometem ainda os mesmos erros, é porque continuam sendo as mesmas. Malgrado os rótulos que possam ter adotado, ainda não houve mudança no “produto”. “Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição, seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8 Assim, quem reiteradamente ouve da Palavra de Deus, e não se deixa moldar por ela, é como terra ruim, que regada pela chuva, nada de proveitoso produz.

Que raio de liberdade é essa, que, solta apenas a língua para proferir falsidades, enquanto os membros acostumados aos vícios seguem presos? “Se, pois, O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

Se entendessem o quê é, a libertação que Cristo faculta, não associariam a nenhum tipo de prisão, como as do vasto rol apresentado por Jeremias, que vimos no início. Não existe uma tornozeleira eletrônica, espiritual, onde os presos pelo pecado podem ostentar certa liberdade seguindo ainda, retidos.

Quanto à implicação judicial da nossa confissão, está dito: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere O Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19 Antes Dele podíamos tudo; pois, mortos, não tínhamos nada a perder; “Porque quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

No prisma da autenticidade, a conversão mostra extrema ruptura com os dias da impiedade; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

A liberdade é demonstrada por nova forma de ser, de agir, não por um rótulo, ou uma profissão religiosa. Quando O Salvador chamou aos Seus de, sal da terra, e luz do mundo, explicou como essa luz deve fulgir: “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras, e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

Na exposição do Salmo 40, aquele que foi tirado da lama e firmado sobre uma rocha, estava certo que sua transformação seria algo visível, eloquente; “... muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;3

Por outro lado, os “libertos” de língua, que seguem com as práticas pecaminosas de sempre, foram figurados como sal degenerado, sem valor; não mais que matéria-prima para pautas de humoristas. “Bom é o sal, mas se ele degenerar, com que se há de salgar? Não presta para a terra nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Luc 14; 34 e 35

A liberdade em Cristo é condicional sim; os libertos por Ele devem permanecer na obediência, para seguir sendo livres. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça.” Rom 6;16

Invés de fazer ímpias coisas às quais a carne estava acostumada na prisão do pecado, a liberdade em Cristo ilumina quanto ao que não fazer, e capacita a isso. “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Os insensatos


“Os insensatos zombam do pecado...” Prov 14;9

Certa vez, o ator/cineasta Woody Allen disse: “Se Cristo morreu pelos nossos pecados, seria tolice deixar de cometê-los.” Um exemplo bem eloquente de um insensato zombando do pecado.

Os que desfilam nos carnavais, tripudiando do Senhor, dos símbolos cristãos, ou fantasiados de Capetas escarnecendo de tudo de todos, são exemplos corriqueiros da prática, também.

Isaías já denunciara, nos seus dias, aos que não tinham pudor de pecar; “O aspecto do seu rosto testifica contra eles; publicam seus pecados como Sodoma, não os dissimulam; ai deles! Porque fazem mal a eles mesmos.” Is 3;9 Quando, pecados se tornam coisas a ser feitas em público, com pompa e circunstância, é porque a voz da consciência já foi cauterizada plenamente.

O professor William Barklay, explicando o sentido da palavra grega “aselgeia” que foi traduzida por dissolução, ensina que, no original é ainda mais profundo o sentido. As pessoas que pecam, que fazem coisas erradas pretendem que isso fique “no escuro”; têm certo pudor. “Porque todo aquele que faz o mal odeia à luz, não vem para a luz, para que, suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Erram sabendo que estão erradas; que não deveriam agir daquela forma.

Pois, o que incorre na “aselgeia” é um que, pela prática enraizada, e costumeira, já não tem vergonha de não ter vergonha; acha que agir assim é um direito seu. Faz as coisas abjetas à luz do sol e desafia; fiz mesmo e daí? Publica seus pecados, zomba deles.

É certo que O Salvador morreu pelos nossos pecados; não importa quão intensos e deletérios tenham sido; uma vez arrependidos e confessos, perante Ele, receberemos perdão e nova vida. Contudo, o fato de recebermos essa graça, deve ensejar temor em nós, e gratidão pelo que Ele fez em nosso favor; não resta nenhum motivo para zombaria.

Derivar da magnitude do resgate, como alguns pavões fazem, um suposto grandioso valor em nós, mérito, é seguir pecando; agora pelo orgulho. O que levou O Senhor a pagar tão alto preço, tem a ver com a grandeza do Seu amor, não do nosso brilho. “Mas Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

O Eterno não fez um grande negócio salvando-nos; antes, manifestou um grande amor. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho Unigênito...” Jo 3;16 Poderia criar, num estalar de dedos, coisas infinitamente melhores que nós; mas, por amor, preferiu nos redimir. Isso deveria bastar como fomento à uma gratidão eterna.

Quem acha que, a entrega de Cristo em nosso favor significa uma licença para continuarmos pecando, ainda não entendeu nada. “... todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos, na Sua morte... sabendo isto; que nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, e não sirvamos mais, ao pecado.” Rom 6;3 e 6

Caso alguém trate um feito tão sagrado, como se fosse vulgar, depois de ter conhecido e recebido o excelso livramento, ainda venha a capitular aos desejos pecaminosos, voltando ao lixo de onde saiu, esse, estará, por refém de seus pecados aos quais se recusa abandonar, requerendo uma segunda morte do Senhor em seu favor; não terá.

A Palavra é categórica: “Porque é impossível que, os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, assim, quanto a eles, de novo crucificam ao Filho de Deus e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Existem formas bem sutis de se zombar do pecado; vêm embaladas em brilhantes papéis de piedade, nas entregas a domicílio, da “Teologia liberal”. O “Deus inclusivo” derivado disso, que “desdiz” o que Sua imutável Palavra disse, é só zombaria de Satanás, mediante seus servos, transfigurados de ministros de justiça.

Os pregadores da “hipergraça” deveriam ler algumas letras miúdas, acerca da seriedade das coisas santas. “Quebrantando alguém, a Lei de Moisés, morre sem misericórdia só pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano O Sangue da Aliança com o qual foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10; 28 e 29

Ao homem não foi facultado decidir o que é pecado, e o que não; os que invertem valores para “estar certos”, podem estar mais certos ainda, que atuam contra O Senhor.

Quem zomba do pecado, escarnece do dom da vida; “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23

sábado, 8 de março de 2025

"Evangelho" vira-latas


“... como enganadores e sendo verdadeiros.” II cor 6;8

Essa leitura, “como enganadores” não se refere ao modo de atuação dos cristãos, como se devessem agir dessa forma; antes, a como o mundo lê, o desempenho dos probos.

Grassa uma contradição entre o apreço e o ser; tal atitude evidencia uma distorção dos fatos em prol duma narrativa, derivada, possivelmente, do desconforto dos que observam o bom andar dos tais, e se incomodam.

Quando alguém peleja contra enganadores, pela aversão ao engano, temos então, uma luta digna, de um que, desenvolve-a em defesa de valores, de coisas pelas quais, vale a pena lutar.

Entretanto, quando outrem nos chama de falsos, de enganadores, por combater a nós mais que à nossa forma de ser, então, lidamos com uma fraude que finge arrostar o mau comportamento, quando, na verdade patrocina-o, atuando de modo mentiroso, enquanto finge desprezar à mentira.

Às coisas sem valor, em geral, o desprezo costuma dar um jeito. Aquelas que incomodam de modo a ser combatidas, evidenciam que sua existência enseja algum mal estar, nos que as combatem.

Assim, tanto podemos rejeitar a uma postura por ser essa, réproba, quanto, porque ela nos incomoda, expondo algum lapso em nós. Nem todo o embate é, necessariamente, virtuoso.

Como saber qual é o bom combate? Ora, basta ver qual é o objeto da disputa. Se são valores, doutrina, ensinos que estão sendo combatidos, isso em geral evidencia traços de uma peleja legítima; se o combate é às pessoas, desconsiderando os fatos e atacando-as, bem pode ser a inveja a patrocinadora da peleja.

Aprendi uma frase, cujo autor eu não decorei para lhe fazer justiça: “Queres conhecer a motivação espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.” A ouvi citada pelo Padre Paulo Ricardo, que ostensivamente combate aos defensores da Palavra de Deus.

Desde que se descobriu o vitimismo como um biombo atrás do qual maus comportamentos podem se esconder, muitos fugazes têm usado do mesmo. Deixam verdadeiras crateras, onde não deveriam deixar furos; uma vez chamados à responsabilidade pelos seus atos, presto se dizem perseguidos, porque estão fazendo mais que outros, porque servem a Deus, etc.

Na verdade, os probos nem precisam muito se defender, pelas atitudes que tomam. As mesmas atitudes, “advogam” em suas defesas; sabedores que a verdade vale mais que a narrativas da inveja, não atrasam suas caravanas porque alguns cães estão latindo; entendem a normalidade disso num mundo dual, e seguem, “... como enganadores e sendo verdadeiros.”

Porém, os que presto arregaçam suas mangas e partem para impropérios contra os que desconfiam da legitimidade das suas ações, seu voluntarismo precipitado já é uma confissão de que as suas ações não podem se defender sozinhas.

A verdade só pode ser “desqualificada” pela calúnia. “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8

Não carecemos defender um leão, por exemplo; basta dar a ele liberdade e o mesmo se defenderá sozinho. Assim, as coisas pertinentes à Sã Doutrina e à postura conveniente aos cristãos. Basta ver o que A Palavra de Deus diz, dando-lhe plena liberdade e a mesma se defenderá, sem carecer do nosso zelo, apenas a apresentando, sem distorção nenhuma.

Então, se a pretexto de “pregar o Evangelho”, alguns se perderam no carnaval, e depois seguem justificando aqui e ali seus feitos, o fazem porque sabem que os mesmos não se firmam sozinhos.

Partir para a pedrada como faz o Pastor Silas Malafaia, chamando de “hipócritas” e mandando calar à boca aos que discordam da sua “Bateria Góspel”, é já uma confissão que seu “leão” não consegue se defender, carece a cerca dos sofismas, e a intimidação atrevida, quando, se fosse algo sadio, nem teria virado assunto.

Ora, usar meios profanos, e pretender por eles, “Fazer à Obra de Deus”, ir precisamente na contramão do preceito que encabeça esse breve tratado. É atuar “como verdadeiros, mas sendo enganadores.”

Dizer que Paulo usou um “altar pagão” para pregar O Evangelho em Atenas é uma grande falácia. Usou a “confissão” dos Atenienses que havia um “Deus desconhecido” para eles, como “cabeça-de-ponte” para lhes apresentar o Deus Vivo. Não se prostrou ante o Panteon, apenas, expôs a inutilidade daquilo e desafiou aos atenienses ao arrependimento. Não careceu “sambar”, apenas, expôs a verdade.

Lendo textos como II Cor 6;14 a 18, facilmente entendemos a separação necessária aos servos de Deus. Quem cita à Palavra de Deus seletivamente, para “justificar” seus atos, age como um sectário, que sacrifica ao todo, pela porção da sua predileção.

Enfim, quem carece demais, defender seu “leão”, é porque sabe que não se trata de leão nenhum. Colocou uma máscara semelhante num vira-latas, que não consegue se sustentar sozinho.