sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Corações bilíngues


“Do homem são as preparações do coração; mas do Senhor, a resposta da língua.” Prov 16;1

As preparações do coração, uma forma prolixa de dizer, planos. Do homem os planos, do Senhor a resposta; favorável, ou não. Quem se coloca na condição de servo, mormente aquele que tem uma vocação ministerial, deve ter em mente mais vívido, que o cristão comum, que a liberdade de desejar certas coisas, concedida pelo Senhor, não é sinônimo, necessariamente, de que aquelas coisas têm a Divina aprovação, e lhe serão dadas.

Entendo por cristão comum, o que não tem um ministério especial, que o faça se locomover ou atuar, de modo distinto dos demais; podendo cuidar das suas coisas enquanto serve ao Senhor; não significa que haja dois tipos de cristãos, estritamente. Mas os dons e incumbências do Eterno, eventualmente, diferenciam uns e outros, quanto ao serviço que devem prestar.

Ouvi um pregador dizendo que, se Deus permitiu que eu veja e deseje alguma coisa, certamente é porque o desejo já foi gerado em meu coração por Ele, que, no seu tempo me vai dar aquilo.
Confundir anseios do coração, com revelações ou propósitos do Espírito Santo, é o embrião de onde nascem os falsos profetas e ministros réprobos.

Nos dias de Jeremias, alguns corações assim, eivados de pretensões espirituais tentavam se opor a Ele, que era um escolhido. “Assim diz O Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não, da Boca do Senhor.” Jr 23;16

Quando Jeremias advertiu do cativeiro de setenta anos, foi enfrentado por um “profeta” do coração, Hanani, que disse que não passaria de dois anos. Lógico que seria mais agradável ouvir a esse; mas os fatos mostraram que era mentira. No final, foram mesmo sete décadas. A primeira nuance de um profeta idôneo é que ele não se preocupa mais, em ser agradável, que, verdadeiro.

Pelo mesmo profeta, O Senhor valorara nosso coração; “Enganoso é o coração mais que todas as coisas e perverso, quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, supor alguém, que as coisas mais veementemente acariciadas, nos corações, serão as que O Senhor nos dará, necessariamente, é desconhecer, tanto O Senhor, quanto, o próprio coração.

Alguns desses que pregam a doentia sonhologia, ensinam que, José sonhou coisas grandes, por isso realizou, virando primeiro ministro de Faraó; Não. Ele não sonhou nada, no sentido de desejar coisas grandes, como fazem parecer esses “intérpretes” das próprias cobiças invés da Palavra.

O Senhor revelou a ele em sonhos, o que lhe faria em dias futuros; ele não entendeu aquilo, contou a quem nem deveria e sofreu as consequências. No tempo oportuno, a fidelidade Divina fez cumprir o que mostrara a José desde sua juventude. Foi um vaso escolhido, não, um sonhador competente.

Se fôssemos chamados para devanear com grandezas, nem poderíamos entrar pela vereda do Evangelho. O convite aponta a uma porta estreita, que se abre no início de um caminho apertado, para o qual, a bagagem do ego, com seus anelos de grandezas não deve ser levada; “Negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.”

Então, antes de estendermos as verdes lonas da esperança, ancorando-as nas estacas que nossos próprios desejos cravam, convém lembrarmos que O Eterno não se responsabiliza pelos nossos anseios, mas pela Sua Palavra.
Devemos reter a “esperança proposta” Heb 6;18, não o devaneio acariciado.

Nosso coração é permeável como uma esponja; se não filtrarmos o que acolheremos nele, correremos o risco de desejar coisas indevidas, impuras até, esperando para isso, a “bênção” do Senhor. Por isso, oportuno lembrar certa advertência: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Disse mais o mesmo conselheiro: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Tendemos ao egoísmo, por causa do concurso na natureza carnal em nós; e um coração não disciplinado segundo a Palavra da Vida, facilmente trai a si mesmo, tentando “culpar” a Deus pelo que ele deseja.

Não que não seja permitido fazermos planos, acalentarmos desejos; mas, antes de os levarmos a efeito, consultemos a Deus, abertos ao que Ele responder. Sem tentar fazer dos nossos anseios, fiadores do que O Santo não tencionou para nós. Não esqueçamos, pois, que, “Do homem são as preparações do coração; mas, do Senhor, a resposta da boca.”

Na parábola do Semeador, o coração que figura a boa terra, é o que muito frutifica, não, o que devaneia com as coisas dessa vida. Nada valerá balirmos quais ovelhas, se nosso coração “bilíngue” ainda falar o dialeto dos lobos.

Errando o caminho


“Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão; filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça.” II Ped 2;15

“... deixando o caminho direito...”
O que leva alguém a deixar um caminho no qual, tinha um bom andar? Tendemos a sentir certo alívio nas mudanças, ainda que, estejamos mudando para pior. Sabedores dessa doença, os políticos tripudiam. Se, não estão no poder bradam aos quatro ventos sobre a “necessidade de mudança;” quando já estão governando, pleiteiam sua permanência, para “continuar mudando”. Logo, mude ou não, sempre “muda”.

Lucas relata essa nuance, esse anelo por algo novo, justamente, no berço da filosofia; em Atenas. “Pois todos os atenienses, estrangeiros e residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer ou ouvir alguma novidade.” Atos 17;21

Uma novidade é uma mudança, mesmo que incida apenas no aspecto intelectual. A mesmice costuma deixar um quê do seu peso, sobre as almofadas dos fatos novos. Sabemos que, sempre que alguém “deixa um caminho”, não fica num vácuo, numa neutralidade ímpar; antes, opta por outro que, por alguma razão, lhe parece melhor. Antes de mudarmos, seria prudente responder duas perguntas: Para onde? Por quê?

O “caminho direito” em se tratando das coisas espirituais, é a Doutrina do Senhor. Sempre que surge algo “novo”, onde a necessidade é de perseverança, não, de novidade, temos um desvio com potencial para nos afastar do rumo certo.

Aos que tinham se perdido por atalhos alternativos, nos dias de Jeremias foi dito: “Assim diz O Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele, achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

“... erraram seguindo o caminho de Balaão...”
não há originalidade possível, no âmbito comportamental, depois de todos os precedentes deixados por bilhões de pessoas, no decurso de alguns milênios. “O que foi, isso é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que, nada há de novo, debaixo do sol.” Ecl 1;9

Malgrado alguém pretenda “pensar por si” seguir “sem imitar ninguém”, forçosamente, estará imitando a muitos que já tropeçaram na mesma pedra. Os denunciados por Pedro que erraram deixando o caminho direito, acharam atrativos com mais apelos nos caminhos de Balaão, o profeta mercenário, que tropeçou nos dias do Êxodo.

Mas, o que fez ele? “... amou o prêmio da injustiça.”

Para quem erra desde sempre, se mudar um dia, o fará em demanda de caminhos melhores. Porém, quem conheceu ao caminho direito, precisa de algum “incentivo” mui pujante da oposição em consórcio com a própria carne, para trocar a higiene espiritual, pela imundícia.

Pedro os aprecia: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado, pior que o primeiro; porque melhor seria, não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o se desviarem do santo mandamento que lhes fora dado; desse modo sobreveio-lhes, o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Amar ao prêmio da injustiça é o suprassumo do egoísmo. Se algo me traz vantagem, pouco importa que prejudique a terceiros, se é justo ou não, eu quero. Assim pensam os seguidores de Balaão, que, em troca do ouro de Balaque se dispunha a amaldiçoar solenemente ao povo do Senhor.

Se O Eterno usou o recurso extremo de fazer uma jumenta falar, para corrigir os rumos do mercenário, o fez para ensinar algo mais ao ganancioso profeta.

Estava disposto a vender o que não possuía; o poder de danar ou abençoar ao caminho de um povo. Balaque havia colocado sobre ele esse “poder”; “...porque eu sei que, a quem tu abençoares, será abençoado; e a quem tu amaldiçoares, será amaldiçoado.” Nm 22;6

A bem da verdade, as coisas não eram assim; e quando a jumenta lhe “devolveu o microfone” precisou admitir isso: “... Como amaldiçoarei ao que Deus não amaldiçoa?” Nm 23;8

Sem Deus, qualquer homem, profeta ou não está em pé de igualdade a um jumento. “Disse eu no meu coração, quanto à condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria para que assim pudessem ver que, são em si mesmos, como os animais.” Ecl 3;18

Quem está no “caminho direito” não anda em si mesmo; está em Cristo. E, se, depois de conhecer ao Senhor Justiça Nossa, ainda vê atrativos na injustiça, não é digno do Senhor. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo." II Cor 5;17

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

As escolhas



“Convidarás Jessé ao sacrifício; Eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem Eu te disser.” I Sam 1;3

Instruções a Samuel, depois que Saul desobedecera, e O Senhor o rejeitara como rei. O Eterno ordenara o juízo contra Amaleque, a ser executado por Saul; dada a desobediência dele, que fez a coisa parcial e relaxadamente, os Olhos do Eterno se voltaram para a casa de Jessé, de onde escolheria um novo monarca.

A nomeação de um rei imitando às nações vizinhas, fora rebeldia do povo, não, iniciativa Divina. “Dei-te um rei na minha ira, e tirei-o, no Meu furor.” Os 13;11 Tanto no início, quanto, no fim do reinado de Saul, houve desobediência.

Interessante a forma do Senhor conduzir aos que Nele confiam; mostra apenas o necessário; quando esses andam no caminho da obediência, O Altíssimo acrescenta informações; “... Eu te farei saber o que hás de fazer...” Tivesse Samuel permanecido em casa esperando mais detalhes, e teria sido um desobediente a mais. Ele não fez assim; confiou no Senhor e foi.

Desse modo, a chamada de Abraão; “... sai da tua terra, dentre tua parentela, para uma terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1 Foi convidado a sair “no escuro” confiando na Palavra de Deus.

Na ordem dada a Samuel, lhe foi dito que fosse até à casa de Jessé, em Belém. Pois, dentre os filhos dele, um seria ungido pelo mesmo, para que viesse a ser rei. Eram essas as informações que ele tinha; e lhe bastaram para que fosse aonde O Eterno o enviara. Quando nos ordena algo, Deus mostra apenas o que precisamos saber, para trilharmos em obediência; feito isso, oportunamente acrescenta o que mais carecermos.

“... ungir-me-ás a quem Eu te disser.” Bons tempos aqueles em que, quem ungia tinha comunhão com Deus, era obediente de modo a fazer exatamente o que O Santo determinasse.
Mesmo podendo ir direto ao ponto, dizendo ao profeta que escolhera ao menor da casa, Davi, O Senhor permitiu que Samuel “tateasse”, chamado aos filhos de Jessé, um a um, para que, além de atuar como instrumento Divino, Samuel também aprendesse uma lição, quanto às qualidades que O Santo aprecia.

Nós, facilmente escolhemos os belos, inteligentes, loquazes, talentosos...
Ante os apessoados e robustos filhos mais velhos de Jessé, o profeta imaginou ter encontrado o termo de sua missão; deve ser esse “sarado”, o escolhido do Senhor, pensou, quando viu a Eliabe; “Porém, O Senhor disse a Samuel: Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque O Senhor não vê como vê o homem; pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém, O Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Para humanas escolhas, além das qualidades e carismas aparentes, contam também laços de sangue, favorecimentos aos da casa de quem escolhe, em detrimento da Divina prerrogativa de escolher quem lhe aprouver.

São “normais” as acomodações politiqueiras, onde homens sem uma sadia comunhão com O Eterno, como tinha Samuel, em determinados períodos, distribuem seus “cargos”, tentando acariciar às carnais comichões de uns e outros, invés de orar para conhecer às Divinas escolhas. “... ungir-me-ás a quem Eu te disser.”

Como um abismo chama outro, essas escolhas que brotam da terra, sem a Divina chancela, acabam formando um círculo vicioso, onde, os ineptos, hoje escolhidos, acabarão sendo agentes de novas escolhas, amanhã. Não é pequeno o estrago de estarem os homens errados nos lugares errados, sobretudo, quando esses lugares pertencem à Obra de Deus.

Em geral, um conjunto de normas terrenas, muitas vezes, eivados de doutrinas de homens, não, o testemunho digno, o caráter ilibado, a aptidão ministerial, contam, quando as escolhas derivam dos apontes do dedo humano.

Davi não estava nem aí, para ser rei; cuidava ovelhas, compunha salmos e tocava harpa. Mas Deus o quis, e no momento que julgou oportuno, enviou Samuel ao encontro do jovem.

Passados três mil anos, aproximadamente, daquele incidente, ainda não aprendemos que, as escolhas pertinentes às coisas do Senhor, são de exclusiva competência Dele. Os melhores obreiros não são os que se assanham em busca de reconhecimento, antes, os que mantêm um sadio relacionamento com O Senhor, e nele perseveram, por amor a Cristo, não por amor a cargos.

Tanto erra o “Samuel” que impõe precipitadamente as mãos recomendando ao ministério gente não aprovada ainda, quanto, os que ignoram por motivos rasos, os dons e o testemunho que O Senhor fez notórios nalgumas vidas que O Temem.

Belém, significa “Casa do pão” em hebraico. De lá O Eterno escolheu um rei. Infelizmente, há muitos que são escolhidos na “casa de carne” em nossos dias.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Más conversações


“Não vos enganeis; as más conversações corrompem os bons costumes.” I Cor 15;33

Se, tivermos que optar entre palavras e atos, simplesmente, não parece uma escolha difícil. A Palavra de Deus já prescreve o melhor, valorando a isso; “Por que O Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.” I Cor 4;20

Entretanto, não podemos ignorar a eficácia das palavras, tanto para o bem, quanto, para o mal. Se, como vimos acima, as más conversações corrompem os bons costumes, temos uma amostra do potencial deletério das palavras más. Assim como, a boa Palavra do Senhor pode convencer aos maus rumo ao arrependimento e mudança de vida, para salvação.

Ora, um costume, nada mais é que um modo de agir rotineiro; não é um fato pontual; antes, uma sucessão de fatos que se repete no decurso do tempo.

Se até algo “estabelecido” assim, pode ser corrompido pelas palavras, essas obreiras da persuasão não são nada inocentes. Mesmo pessoas de boa índole, quando falam demais tendem a transgredir, ir além do que é justo. “Porque na multidão dos sonhos há vaidades; também, nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.” Ecl 5;7

No Éden, O Senhor visitava a Adão pela viração do dia e com ele conversava. Isso se tornara um costume entre o primeiro homem, e O Criador. Porém, num nefasto dia, surgiu alguém “bom de papo” para uma nova conversação; como consequência da aceitação dos conselhos do novo “amigo”, que sugerira romper com Deus, aquele costume não existiu mais. O homem que sempre recebera ao Criador com alegria, então, sentiu medo e foi à moita. Tinha participado de uma má conversação, e começava a colher os frutos dela.

Todo aquele que precisa se esconder, ou esconder algo, traz, nos próprios passos o testemunho que, em determinado momento abraçou o mal; seja pelo conselho externo, ou mesmo por anseios que palpitaram no íntimo; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 O medo da reprovação exterior é o efeito colateral da reprovação já conhecida, no íntimo.

O contexto no qual Paulo escreveu o verso em apreço, foi o da preservação da Doutrina do Senhor. Alguns estavam negando a ressurreição dos mortos, e ele depois de argumentar evocando o senso lógico dos ouvintes, chamou aquilo de má conversação.

Nessa área, que tenta se opor ao conhecimento de Deus, o pai das conversações fajutas atua como em nenhuma outra; como o homem caído deixou de ser apenas vítima, e pelo consórcio com o canhoto se fez coautor das falácias, devemos estar vigilantes, contra toda e qualquer conversa, cujo alvo seja obscurecer o conhecimento do Santo.

Fomos armados para combater nessa esfera; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas, destruindo conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento, à obediência de Cristo.” II Cor 10;4 e 5

O que é um falso profeta, ou doutor, senão, um hábil na arte da conversação, com consciência cauterizada, caçando incautos para os levar a perder, segundo anelo do seu mentor, o capeta? Pode usar vigorosas porções da Palavra de Deus, mencionar O Santo Nome quantas vezes lhe aprouver; uma má conversação, em seu propósito, não se torna boa, apenas porque seu arquiteto pendurou na fachada algumas coisas vistosas.

O Salvador ensinou a conhecermos as árvores pelos seus frutos, não, pelas folhas. “Nem todo o que me diz, Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus; mas aquele que faz a vontade do Meu Pai, que está nos Céus.” Mat 7;21

Vivemos numa geração extremamente suscetível, incapaz de lidar com a seriedade necessária da vida, sem exibir um vitimismo doentio. Os pregadores que pretendem agradar aos doentes, invés de curá-los, também escolhem palavras açucaradas, dourando a pílula, onde deveriam servir a amarga mensagem de arrependimento, como ela é.

Nesse caso, a conversação também é má; pois, o costume dos pais da Igreja, imitadores de João Batista e Jesus Cristo, era, abordarem aos pecadores com um sisudo, arrependei-vos! Esses que tentam temperar carne com açúcar estragam aos dois elementos; geram uma leva de drogados psicológicos, que querem ser agradados no erro, quando sua mais urgente necessidade é serem transformados pela Sã Doutrina de Cristo.

Quando alguém carece condimentar o que vai dizer, sonega a verdade, tendo como objetivo a própria aceitação; evidencia que, suas comichões lhe são mais importantes que o Reino de Deus. Quem fala em submissão a Deus, não agrada ao homem, mas também não engana. “Se alguém falar, fale segundo as Palavras de Deus...” I Ped 4;11
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Palavra de honra


“Depois disto, Mardoqueu voltou para a porta do rei, porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.” Et 6;12

Assuero pedira a opinião a Hamã, sobre, como deveria honrar a alguém a quem desejava; pensou o presunçoso, que se tratava dele, e assim, pediu coisas grandes; as vestes, a coroa, o cavalo do rei; um príncipe como arauto da honra real, pelas ruas da cidade.

O monarca desejava honrar a Mardoqueu, desafeto de Hamã, que denunciara uma conspiração contra ele, salvando-lhe a vida.

O rei achou boa a sugestão, de como fazer a homenagem; ordenou que seu “conselheiro” fizesse exatamente o que sugerira. Assim, o que pretendia ser honrado, acabou sendo um mandalete do rei, a serviço da honra daquele ao qual rejeitava.

Passado o incidente, cada um reagiu de uma forma. O Judeu, simplesmente voltou ao lugar costumeiro, à porta do palácio real; Hamã, “se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.” Algumas versões, invés de ‘triste’ trazem, “enojado.”

Lembra um dito do gaúcho, quando alguém pretende patentear sua estupefação, diante de determinada situação, diz: “Me tapo de nojo.”

Se não me engano é no talmude que que encontramos: “A honra foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.” Pois, aquele que queria ser honrado, vivia orbitando ao palácio em salamaleques em torno do Rei, acabou sendo humilhado, reduzido e mero serviçal da honra alheia; pior, daquele a quem desprezava.

Esse, que não buscava nada, tão somente fora leal ao rei, na situação que isso se mostrou necessário, acabou recebendo uma honraria que jamais desejou; pela sua atitude subsequente, a coisa em nada o afetou. Voltou ao simples lugar de costume. Se, uma posição honrosa altera nosso comportamento, isso acaba sendo um testemunho que não estamos preparados para ela.

“O coração do homem se exalta antes de ser abatido; diante da honra vai a humildade.” Prov 18;12

A honra faz bem em fugir do arrogante. Estaria em má companhia, que a desfiguraria. O Eterno mesmo diz: “... aos que Me honram honrarei, porém, os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Ela deve ser consequência de um modo de ser, não de uma busca. Por exemplo: No livro dos recordes, consta que Pelé fez 1283 gols durante sua carreira; um testemunho da excelência e perícia com a qual, a desempenhou; isso é honroso.

Agora, no mesmo livro temos que, determinado grupo de estudantes decidiu bater o recorde mundial, de maior tempo ininterrupto, nadando dentro de uma piscina; para isso revezaram tantas vezes quantas, necessárias, até atingir o alvo; qual o valor disto?

Assim é a “honra” artificial, fruto de uma busca leviana, não derivada da excelência nos feitos de alguém. Uma frase de Einstein se impõe: “Busque ser uma pessoa de valor, não, de sucesso.”

Certamente o homem sábio busca aperfeiçoamento, melhorias, não, reconhecimento. Esse é sentido de determinado provérbio: “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina ao justo, e ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9

Em geral, o reconhecimento humano anda na contramão da aprovação Divina, como ensina Jesus; “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que perante os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 1;15

A exaltação dos salvos é ventura reservada para o além; aqui, o que se espera deles é que, como Mardoqueu, sejam leais ao Rei dos Reis que os chamou e salvou; “Portanto, qualquer que Me confessar diante dos homens, Eu o confessarei diante do Meu Pai que está nos Céus.” Mat 10;32

Temos visto com tristeza, muitos que buscam para si a honra de representantes de Cristo sobre a Terra; sem, entretanto, atuarem conforme; assim como o presunçoso Hamã, muitos têm sido envergonhados, e outros tantos ainda o serão. “Deus não se deixa escarnecer”.

Os pequenos do Senhor, eventualmente, em lugares altos, não olham de cima para baixo; nem sabem o que fazer, quando honrados. Como Mardoqueu, se apressam a volver ao lugar simples de antes.

Porém, os pavões que pensam que são necessidades na terra, que a vida não saberia o que fazer sem eles, quiçá, ela sentiria uma vertigem pela sua falta, olhando a encosta dos grandes feitos, serão um a um, envergonhados, para que entendem, ainda que, ao peso dos açoites, o vero lugar que lhes cabe.

Foi exatamente por aceitar a sugestão dum lugar “mais alto” que o primeiro casal caiu. Dali em diante, a humanidade careceu descer, para retornar ao ponto de partida, em comunhão com O Criador. “Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Bússola perdida


“Procurando guardar a unidade do Espírito, pelo vínculo da paz.” Ef 4;3

O que é um vínculo? Encadeamento, elo, conexão, associação, junção. Algo para ligar duas ou mais coisas; de modo que, vínculo, sempre traz implícita a ideia plural. Entretanto, o texto de Paulo fala da “unidade” do Espírito, uma palavra singular, carecendo de um vínculo para ser mantida, como?

A unidade espiritual não é matemática. Essa carece ser singular, pela presença de um elemento apenas. A do Espírito, se faz singular pela presença do mesmo tipo espiritual, mesma inclinação, mesmo caráter, mesmo propósito, embora, numericamente possa ser plural. A chamada unidade composta.

Se tratando de teor, não há espaço para diversidade; “Há um só corpo, Um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus, Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos, e em todos vós.” Ef 4;4 a 6

Alguns “Mestres” que combatem à ideia da Trindade, usam textos como esse, onde diz que há um só Deus, para “provar” que os que creem diferente estão errados. Como pode ser Um Só Deus, e ainda ser, Pai, Filho e Espírito Santo? Argumentam. 

Esses mesmos “doutores” que propõem o unicismo, não têm dificuldades com textos como: “E serão os dois, uma só carne; assim, já não serão dois, mas uma só carne.” Mc 10;8 Ou, “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, O És em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” Jo 17;21

Ninguém carece de um intelecto genial, ser um filósofo de primeira grandeza, para entender isto. Basta que possua entre seus neurônios, ainda funcional, aquele que preside sobre a honestidade intelectual.

Deus não faz acepção de pessoas; prescreve que a Boa Notícia deve ser contada a “toda a criatura”; os termos pelos quais todos serão aceitos diante Dele, são exatamente os mesmos. O amor Divino espraia-se pela Terra, em busca de todo tipo de pecadores que se arrependam; porém, acena a todos com um caminho estreito, uma porta, igualmente estreita, e singular; “Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Essa pretensão “inclusiva” que drogou obreiros incautos, e, em determinado momento perderam a bússola, a qual ensina que, é mais importante agradar a Deus que aos homens, é doentia; pois, deixada a Santa Referência derivaram por atalhos errôneos, em demanda do aplauso do mundo, pretendendo equiparar à devassidão moral, com a diversidade racial, cultural, como se, essas fossem a mesma coisa; frutos do mesmo baraço; não são.

Todos nascemos com veemente inclinação ao pecado, pois, alienados do Criador, nascemos da carne, sem vida espiritual; “Porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Assim, todos nós, sem Cristo.

Somos chamados à renúncia das perversas inclinações, por amor a Cristo; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” Luc 9;23 Os que assim fazem, “nascem de novo, da água e do Espírito”, são reconciliados com Deus, e pouco a pouco, regenerados. “Isto é; Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Todos os que renascem, recebem do mesmo Espírito, pelo qual, são chamados a trilhar caminhos semelhantes, em obediência à mesma Palavra. Se, há margem nas coisas periféricas, costumes, formas de culto, locais, denominações, etc. para que existam diferenças, em se tratando do Espírito, não há. Ou andamos segundo O Espírito Santo, ou seremos semeadores da cizânia, da discórdia no seio da Igreja do Senhor.

A mesma Palavra deve ser servida em todos os lugares, a distintos povos e culturas, e ser recebida em paz. Onde houver discrepância de valores, quem deve cambiar somos nós, não A Palavra de Deus, como disse Agostinho; “lendo a Bíblia encontrei muitos erros, todos em mim.”

Assim, os que “descobrem” novas “teologias” que, invés de manter o vínculo dão azo a divisões, já estão em desobediência ao preceito que encabeça esse apanhado. “Procurando guardar a unidade do Espírito, pelo vínculo da paz.”

A primeira coisa necessária a quem desejar andar com Deus, é aprender Dele, estar de acordo com Ele; “Porventura andarão dois junto, se não estiverem de acordo?” Am 3;3

A tentativa de “converter” ao Eterno para que Ele fique igual às nossas paixões, não passa de uma confissão oblíqua que recusamos nos converter a Ele. “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o Braço do Senhor?” Is 53;1

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

A fé


“A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, a prova das coisas que não se vê.” Heb 11;1

A fé, pode
 “tocar” às coisas que escapam à vista, isso foi figurado como “olhos da fé.” Muito embora, são os ouvidos em consórcio com um coração submisso, que permitem que O Eterno “pavimente” o caminho, pelo qual andaremos. “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7

A Abraão “o pai da fé”, O Criador disse: “... Sai da tua terra, dentre a tua parentela, para uma terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1 Nenhum sinal anexo, característica da terra prometida, nenhum rumo, nada; “apenas” A Palavra de Deus.

Tão somente, ouviu. Entretanto, isso bastou ao patriarca; deixou as circunstâncias onde tinha sua vida estabelecida, e foi após à Voz de Deus, sem saber para onde ia. Mais que, “para onde” vai, a verdadeira fé preocupa-se em saber, com quem? Nos nossos dias, com a gama de informações que temos sobre O Criador, crer significa algo ousado; naquele caso, quase nada sabendo, foi um verdadeiro milagre. O Salvador pontuou quais devem ser os objetos da nossa fé; “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em Mim.” Jo 14;1

De Moisés está dito algo semelhante: “Pela fé deixou o Egito não temendo a ira do rei, porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27 A fé não é visível; os resultados que produz, são sobremodo, eloquentes.

Numa geração vídeo, como a nossa, onde tudo o que acontece no mundo chega-nos, célere mediante imagens, convencer alguém a relegar as coisas que vê, à desimportância, e abraçar às que ouve da parte do Senhor como vitais, é uma tarefa que só O Espírito Santo consegue levar a efeito. Devemos fazer nossa parte, óbvio! Mas, sem Ele, nada podemos.

Não que nossa faculdade de ver seja má; na verdade, olhando da perspectiva correta, podemos ver a Deus, em parte, mediante Suas Obras. “Porque o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou; porque Suas coisas invisíveis desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Rom 1;19 e 20 Eles quem? “... homens que detêm à verdade em injustiça.” v 18.

Assim, para quem lê as coisas visíveis de modo honesto, elas também acabam sendo pregoeiras da verdade. Porém, os que as deturpam e pervertem, agem de modo injusto; e, admitindo ou não, obram no intento de deter à verdade. Quantas vezes ouvimos repórteres descrevendo maravilhas da criação, nesses termos: “A natureza é sábia.” Invés de um honesto, ‘O Criador É Sábio e Poderoso’. Tentativa fajuta de deter à verdade em injustiça.

Resulta que, tanto a fé nos desafia a abraçar o que não vemos, fiados na integridade de quem falou o que ouvimos, quanto, a incredulidade, é um esforço inglório do homem em consórcio com o capeta, no afã de negar, mesmo o que está evidente.

Os falsificadores da fé a pervertem, fazendo a mesma, parecer uma “força”, mediante a qual, baniremos dos nossos caminhos, às coisas que nos desagradam. A fé sadia é um fortalecimento em Deus, que permite que perseveremos no caminho, mesmo que, coisas dolorosas nos aconteçam. “... aprendi a contentar-me como que tenho; sei estar abatido e sei também ter abundância, em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura quanto a ter fome, tanto a ter abundância quanto, padecer necessidade.” Fp 4;11 e 12

As profanações inclusivas da “teologia liberal”, ou o materialismo avarento da “teologia da prosperidade”, não são assessórios high-tech, de uma fé que se “moderniza” de acordo com os ventos do mundo; antes, são a camuflagem fajuta da incredulidade, que, possuindo autocrítica suficiente para não desfilar nua, tenta furtar algumas vestes da fé, para poder sair às ruas.

Quem carece ampliar à porta estreita, promovendo o liberalismo, ou diluir as necessárias provações no comodismo material, um e outro, deixam patente, que, para eles, A Palavra e a Integridade de Deus não lhes são suficientes. Para os que possuem uma fé sadia, isso basta. “Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça à voz do Seu servo? Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Quando Tomé exigiu ver para crer, foi chamado de incrédulo, pelo Senhor.

Tanto, aquilo que vemos não precisamos crer, quanto, aquilo que cremos, não precisamos ver. “Mas o justo viverá pela fé; e se ele recuar, a Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;39