terça-feira, 7 de janeiro de 2025

feridas sem cruz


“... esquecendo das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo...” Fp 3;13 e 14

“Esquecer” é uma linguagem conotativa, não significando, estritamente, esquecer. Apenas, lembrar sem dor, relegar o que passou à desimportância, perdoar; malgrado, arquivados na memória; deixar os fatos preteridos, pela incidência de novas motivações; a uma superação assim, dos eventos vividos ou vivenciados, chamamos, esquecer.

Ficar para trás, é linguagem semelhante; como se, o curso do tempo tivesse a perspectiva dos nossos olhos; olhamos o que está à nossa frente, não vemos o que fica atrás. Assim, o presente é onde atuamos, o futuro, nosso alvo, o pretérito, o que não mais vemos.

Voltemos a Paulo: Se, nos seus dias de perseguidor, cometeu coisas que seria conveniente esquecer, depois que se rendeu a Cristo padeceu enormes dores e afrontas, às quais, poderia, se quisesse, usar como troféus. Contudo, tanto as coisas feias, quanto, as meritórias, colocou no mesmo balaio; “esquecendo das coisas que para trás ficam...” Nada há de seletivo em “coisas”, é genérico, abrangente.

Alguém disse com propriedade que, as únicas desgraças verdadeiras, são aquelas com as quais, nada aprendemos. Quem encara as desventuras como docentes, evidencia mais, o que aprendeu mediante elas, do que às próprias. Se alguém menciona mais que o normal, às tristezas sofridas, as decepções passadas, é possível que as mesmas não tenham passado ainda. Deixemos, pois, o passado passar.

Circula um dito que, a ansiedade é excesso de futuro, e a depressão, excesso de passado. Melhor que reviver nossas dores, logo, é repensar os caminhos, para não repetir os erros. Quando as aflições nos ensinam, nem são tão aflitivas assim; “Antes de ser afligido andava errado; mas agora guardo a Tua Palavra.” Sal 119;67

Nossas cicatrizes na vereda da justiça têm valor; no devido tempo terão suas recompensas! É preciso que as dores sofridas sejam injustas; pois, quando não for assim, serão meras consequências das nossas escolhas, o que as tornará então, colheita, não, plantio. Para essas não haverá recompensa, porque elas já a são.

A decisão de olvidar os idos olhando mais para o porvir é uma resolução do presente, que empresta mais peso ao futuro, esforça-se em demanda do que virá, deixando de lado ao que foi. “Prossigo para o alvo.”

Pois, é a existência de um alvo, um objetivo, que tem o poder de pautar nossas escolhas, à medida que, aquilatamos a esse alvo como valioso; saber desse valor, nos fortalece para suportar o necessário, dado que, atingi-lo, compensa.

Dos salvos, a edificação, o crescimento no conhecimento de Cristo e Sua doutrina, deve ser o objetivo principal, o nobre alvo. Os ministérios de ensino foram dados para esse fim; mas só farão sentido se houver em nós o desejo pelo aprendizado.

“Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e mestres; querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério; para edificação do Corpo de Cristo. Até que, todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

Então, quando cruzamos com gente que ostenta feridas pretéritas como motivos para descaminhos presentes, “saí da igreja porque fui ferido, não fui compreendido, e tornei-me um desigrejado; sigo fiel a Cristo, mas, à minha maneira”, temos razões para desconfiar que os tais não entenderam a abrangência do “Negue a si mesmo!” “Não sabeis que os que foram batizados em Cristo Jesus, o foram na Sua morte?” Rom 6;3

Rejeição é o esperável se estamos em Cristo. Eventual aceitação que seria um fato novo, digno de espanto.

Quem inda se importa demais com o que sofre, o faz porque busca aceitação, invés de identificação com O Senhor. Cada dor sofrida, rejeição suportada, aplauso sonegado é uma ferida ainda aberta, quando há muito teria sido superada, se, o alvo importasse mais que o ego.

Lembro um poema genial de Jesser Quirino, “Quero voltar ao passado”; no qual, em dado momento diz: “Quero voltar ao passado; é lá que tenho futuro...” pois, esses, noutro contexto, parecem desejar o mesmo.

Então, caro desigrejado ferido, você saiu da igreja porque não foi compreendido, ou sequer entrou, por não ter compreendido bem o que ela significa?

Muitas vezes fazemos nosso tempo na igreja, vão, pelo fastio relativo à Palavra; “... vos fizestes negligentes para ouvir; porque devendo já ser mestres pelo tempo, ainda ... necessitais de leite, não de sólido mantimento...”

À medida que o tempo anda, nossa bagagem de passado se faz maior, no prisma terreno. Porém, quem se apossou da vida eterna em Cristo, não mais se porta como se fosse biodegradável.

A excelência da fé


“... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai, para uma terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1

Nada poderia ser mais simples, desafiador e didático, que a chamada de Abrão, o qual, depois tornou-se Abraão.

Não foi emoldurada por um projeto rebuscado, campanha de marketing visando convencer ao velho patriarca a mudar sua vida; tampouco, havia fotografias de vales com verdes pastos e águas cristalinas, para motivar a busca, nada; apenas foi oferecido a ele um “plano B”; sai daí, vem comigo. Quantos de nós, tendo um padrão de vida estabelecido, estando relativamente prósperos e bem situados, ousariam numa empresa assim?

A chamada de Cristo a cada um, tem nuances semelhantes; um “Deixa tudo e me segue,” fiado “apenas” na Palavra, que requer o contraponto da fé; pois, as grandezas prometidas também estão fora do alcance das vistas. Então, a uma “terra que te mostrarei”; agora, a um Reino, que, no devido tempo nos será mostrado.

Se parecer simples demais, a algum gosto mais rebuscado, convém entender que A Palavra de Deus faz questão de desfilar assim. Se desejasse sofisticação, pompa e circunstância, Deus teria feito Seu Filho entrar garboso, numa vistosa carruagem dourada, puxada por alvos garanhões, invés de ter nascido numa reles manjedoura.

Tanto a entrada do Messias entre nós foi de extrema simplicidade, quanto, o cumprimento da Sua missão o foi; igual, deve ser a difusão da Sua mensagem.

Infelizmente, o humano paladar gosta de ser enganado com condimentos vários, que em nada melhoram o teor do “prato”; invés de servir somente A Palavra de Deus, muitos velhacos caçadores de incautos enchem de acessórios vários, como se, a fidelidade Divina não fosse suficiente.

Abarrotam templos de parafernálias, luzes, fumaça, “cortinas musicais”, coreografias, danças, e toda uma pantomima; acrescentam à Palavra uma série de facilidades que a Escritura não embasa; “profecias, revelações” incondicionais, como se, O Todo Poderoso, Sua Palavra imutável, e O Bendito Espírito Santo, que convence do pecado, da justiça e do juízo não fossem suficientes.

A Árvore da Vida não é “Árvore de Natal”; sua excelência está no que produz; vida. Na outra, por ser morta e apelar apenas aos olhos, qualquer porcaria reluzente pendurada, estará valendo. Assim, A Palavra de Deus, versus os aparatos humanos.

Ora, para aqueles que A Palavra e O Espírito não bastarem, nenhum artifício os suplementará; apenas produzirá engano, patrocinará adesão sem conversão, crença sem ciência, gerará membros para congregações, seguidores de um sistema, invés de outros, regenerados, para o Corpo de Cristo.

Paulo advertiu contra essas comichões, daqueles para os quais a simplicidade não basta; “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

O que tem de desafiador nossa chamada tão simples, pois, além da ousadia de confiarmos integralmente na Divina Palavra, é a prudência de nada acrescentarmos a ela; sob pretexto nenhum. “Toda A Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele; nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

“Assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia...”
lembrou Paulo, seria o modus operandi da mesma, contra nós. Ela reinterpretou À Palavra do Criador; maximizou a restrição, fazendo a obediência parecer mais difícil do que era; invés de manutenção da comunhão, passou a “significar” a castração de um direito, do crescimento espiritual, de Eva; e minimizou as consequências, negando que era veraz, a advertência do Eterno.

Há muitos serpentinos que, em nome do “Amor de Deus” também fazem as mesmas coisas. Servem o mesmo veneno em embalagens mais vistosas, e produzem o mesmo resultado.

O aspecto didático da chamada do “Pai da Fé”, pois, é que ele foi após A Palavra do Senhor. Confiou no que ouviu e andou, mesmo “no escuro.” “Pela fé, Abraão, sendo chamado obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança, e saiu, sem saber para onde ia.” Heb 11;8

A “Fé” do toma-lá-dá-cá, tão ao gosto de muitas pregações da moda, é justamente a negação da mesma. Quem precisa ver algum “sinal” de que Deus o chama, é porque não crê no que ouviu. A excelência da fé, é estar firmado nela, justamente, quando nenhuma circunstância a ajuda; “... Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Os doentios desse sistema saem “tomando posse, disso, daquilo, em nome da fé.” Os que creem deveras, abrem mão de si, em nome da Integridade do Senhor, no qual creem.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Jesus Cristo, ou Deus?


“Aquele que Me odeia, odeia também ao Meu Pai.” Jo 15;23

Os que fazem distinção moral, espiritual, entre o Antigo e o Novo Testamentos, também a fazem, entre O Criador, e Jesus Cristo. Ele ensinou o amor, dizem; na Antiga Aliança, se encorajava guerras, condenava à pena de morte, ordenava a destruição de rebeldes...

“Jeová era um deus tribal, invocado pelos israelitas quando iam aos seus combates”. (li isso de um autor espírita) Jesus Cristo, pela abrangência do que ensinou, não pertence a uma tribo apenas, mas a todos os povos. “... em ti serão benditas todas as famílias da Terra” Gn 12;3 disse Jeová a Abraão. O que desmente a falácia do deus tribal.

Jesus jamais pretendeu ser um Upgrade de Deus; ou, alternativa ao Criador; Associou-se a Ele afetivamente chamando-o de Pai; “Aquele que Me odeia, odeia também ao Meu Pai.” Essencialmente, dizendo serem iguais; “Eu e O Pai, Somos Um.” Jo 10;30 manifestamente, mostrando-se iguais; “... quem vê a Mim vê ao Pai...” Jo 14;9 Afinal, Jesus Cristo É “... O resplendor da Sua Glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;3 etc.

Então, gostar de Jesus, achando-o o Mestre Supremo do amor, mas ter reservas contra O Pai, por não concordar com o Velho Testamento, não é derivado de nenhum lapso no Eterno, nenhuma superioridade de Cristo, ou divisão na Divindade. Não há texto que embase isso.

Antes, trata-se de crassa ignorância sobre O Senhor, e Seu relacionamento com o homem. Em muitos casos, é por hipocrisia mesmo, dos que fingem não entender o que não lhes convém; concorre a desonestidade intelectual, ousando com meias verdades, mantendo pretensa pose espiritual, enquanto camuflam as próprias incredulidades.

O Eterno escolheu a um povo, prometendo-lhe uma terra. Povo inculto, rudimentar, ao qual, teve que ensinar.

Como fazemos com uma criança, ante algo perigoso, uma chaleira quente, por exemplo; reduzimos a linguagem ao mínimo necessário; dizemos: Não toque aí! Caca! Assim, O Eterno vetou muitas coisas atinentes à higiene, como “imundas”; em atenção à limitada capacidade de compreensão deles; não porque tivesse algum peso espiritual.

Grassava o desconhecimento sobre fungos, vírus, bactérias, coisas que poderiam transmitir males como lepra e outras doenças contagiosas. Assim, as práticas de risco nesse sentido foram vetadas por “imundas.” Não façamos porque Deus reprova. Era a forma Dele proteger às “crianças”.

Eram os “rudimentos do mundo”, como A Palavra ensina. Assim, aplicar àquele contexto, valores e ética da civilização atual é um anacronismo doentio. Não foi Deus que mudou, cresceu; antes, o ser humano adquiriu melhor compreensão das coisas, embora tenha piorado moralmente.

Antes que algum “desentendido” já mencionado venha a defender o “supremo valor da vida” como uma conquista do homem civilizado contra os excessos do “Deus violento” daqueles dias, lembre-se que a maioria dos “civilizados” defende o aborto, contra a vontade do Eterno. Se tiver espelho, pois, use.

Na Nova Aliança, O Salvador desafiou a todos, convidando-os a um Reino muito superior; “Arrependei-vos porque é chegado O Reino dos Céus.” Os contágios ameaçadores agora, são de outra estirpe, espirituais, não, de saúde.

Quando Sua “Embaixada” era de carne, havia o risco que outra, tribo mais feroz, a pudesse destruir; então, O Eterno pelejou por ela, pagando na mesma moeda aos que tentavam matar aos do povo escolhido.

Cumprida a “plenitude dos tempos” com o advento e a Vitória de Cristo, O Reino foi estabelecido espiritual, universal; por cada um que nele ingressa O Eterno peleja, pelo Espírito Santo, capacitando ao servo, Nele, para os embates necessários.

“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas contra principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12 É Ele, nas nossas consciências vivificadas, que adverte das “cacas”, cada vez que corremos o risco de nos queimarmos.

A sina de receber, cada um, seus feitos na mesma moeda, permanece. “Com a medida com que medirdes, mediarão a vós;” “Tudo o que o homem semear, isso ceifará” etc. a diferença é que a longanimidade Divina retarda o merecido juízo; desafia ao arrependimento que Ele deseja; “... não tenho prazer na morte do ímpio; mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva...” Ez 33;11

Então, vemos o Deus “violento” da Antiga Aliança, manifestando Seu Prazer em salvar; os que resistiram ao Seu convite em Cristo, “Diziam aos montes e rochedos: Caí sobre nós; escondei-nos daquele que está assentado sobre o trono, e da Ira do Cordeiro.” Agora, O Salvador amoroso, julgando aos ímpios da Terra, que estremecerão ao terror da Sua Ira. 

“Eu e O Pai Somos Um.”
“Portanto, o que Deus ajuntou, não separe o homem.” Mc 10;9

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

No lugar santo


“Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente.” Sal 75;2

Duas coisas podemos deduzir lendo esse verso. Seu autor não estava ainda, no lugar que fora determinado para ele; esse, seria uma posição de autoridade, onde teria, também, a incumbência de julgar.

Sabendo da Saga de Davi, que mesmo ungido para ser rei peregrinou errante por muito tempo, fugitivo dos intentos injustos de Saul, que atentou contra sua vida, podemos inferir, em qual contexto aquele cântico foi escrito.

Nada melhor para saber o valor da justiça, que ser, eventualmente, vítima de injustiças. Davi planejar, uma vez estando no lugar reservado para ele, em fazer as coisas melhores do que contemplara e sofrera, sendo feitas, era melhor que sonhar com vingança, acalentar anseios revanchistas. “Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente.”

A Fidelidade Divina sempre cumpre o que promete. O lugar que fora prometido ao jovem pastor, de governante do povo de Deus, no devido tempo foi fielmente cumprido, como o próprio Davi, testificou. “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me porque tinha prazer em mim.” Sal 18;19

Antes de ser guindado ao “lugar espaçoso” precisou muitos livramentos, pelos riscos que correu.

O fato do anseio dele, pelo lugar determinado estar no salmo 75, e o testemunho do cumprimento, no 18, é irrelevante. A numeração dos hinos foi uma atitude aleatória de quem os compilou, sem obedecer, necessariamente, a ordem cronológica.

Os cânticos que retratam perseguições, livramentos, esperanças, em geral são filhos da peregrinação errante do poeta; os que exaltam a fidelidade Divina, cumprimento das Suas promessas, provavelmente são gerados no palácio; a lógica supõe assim.

A virtude teórica sempre foi mais fácil que a prática, porque as boas intenções podem ser emolduradas com meras falas, enquanto as boas ações demandam mais que isso.

Quantos disfarçam seus desejos por comodidades, e a ilusão de alcançar isso, ganhando em loterias! O fazem com “promessas” que, se ganharem ajudarão aos pobres. Dizem isso para emprestar respeitabilidade às suas cobiças; se um desses chegar a ganhar, como disse Joelmir Betting, “Na prática a teoria é outra.” Vai que, os pobres nem careçam mais de ajuda.

Não estou advogando que Davi, quando Rei, não julgou retamente aos pleitos de terceiros que chegaram a ele. Não há razões para duvidarmos que tenha feito assim. A Palavra o define como “um homem segundo o coração de Deus.”

Porém, uma coisa é julgarmos situações distantes, com as quais nenhum envolvimento emocional nos atrela; outra, as que nos são caras de alguma forma, com as quais temos alguma ligação mais estreita.

Pois, Davi falhou grotescamente no caso atinente a Urias e Batseba; julgou oportuno um direito, onde lhe cabia um dever; também no trato com seus filhos; sobretudo, Amnon quando forçou sua meia-irmã; e Absalão que, cansado de esperar justiça contra o que violara sua irmã, vingou-se. Depois, acabou se levantando contra o próprio Pai.

As boas intenções acabam tendo oportunidade de se expressar, pelas ações. A rigor, a sentença de Tiago que a fé sem as obras é morta, pode ser ressignificada como: Mera intenção, divorciada da ação correspondente, não tem nenhum valor.

As coisas virtuosas convencem mais rapidamente aos nossos intelectos que às nossas vontades, patrocinadoras das ações.

Por isso, O Salvador requereu que fôssemos fiéis aos nossos ditos, “Seja vosso sim, sim; vosso não, não; porque o que passar disso é de procedência maligna.” Mat 5;37

O mesmo Davi descrevera características do “Cidadão dos Céus” e entre outras, é “... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Na verdade Davi julgou retamente ao próprio adultério, condenando-se à morte, porque o profeta Natã, envolveu a coisa de forma tal, que fez o descuidado rei pensar que julgava a outro, quando o fazia em relação a si mesmo.

Fácil a conclusão “cronológica” que o salmo 51 foi escrito no palácio, pois; “Cria em mim ó Deus, um coração puro, renova em mim, um espírito reto; não me lances fora da Tua presença, não retires de mim, Teu Espírito Santo; torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” Sal 51;10 a 12

Precisou de um “atalho” para julgar retamente, pois na hora da tentação, permitiu que o desejo o cegasse, de modo a entortar o necessário juízo. “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.” Saint Exupéry

Aos Seus O Salvador disse: “Vou preparar-vos lugar.” Jo 14;2 Devemos agir como se já estivéssemos lá. “Nos ressuscitou juntamente com Ele, (conversão) nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus (santificação).” Ef 2;6
Pela santidade do lugar recebido, pois, procedamos justamente.

Os ateus


“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis nas suas obras, não há ninguém que faça o bem.” Sal 14;1

A primeira coisa que devemos entender é que, crer o homem em Deus, ou não, muda as coisas para ele; não, para O Eterno. Se alguém começar enxergar melhor à realidade, serão os olhos dele que progredirão. Aquilo que é, independentemente de ser visto, entendido, ou não, apenas continua a ser.

O Eterno não espera que creiamos na Existência Dele, como se isso aumentasse Sua popularidade. Antes, porque nos ama, se revelou, ansiando que tenhamos clara compreensão das coisas. Isso muda tudo para nós.

Embora o ateísmo arraste após si, a fajuta ideia de superioridade intelectual, porque seu promotor infiltrou títeres em faculdades, universidades, nas funções de professores e reitores, aos olhos Divinos, invés de um upgrade intelectual, não surgem mais que anfíbios em carapaças obtusas. Néscios.

Não são, anfíbios, seres que têm duas formas de vida? Que passam pela metamorfose? Sim. Também esses.

Quando, na bonança usufruem de todas as dádivas do Criador, invés de gratidão a Ele, atribuem a origem das coisas, ao acaso; se, uma catástrofe atinge determinado lugar, presto inquirem: “Onde estava Deus”. Para trabalhar pra eles onde desejam, Ele existiria; onde trabalha gratuito legando bens e chamando o homem a certas responsabilidades, aí não existe.

No potencial cognitivo, também veem o que está manifesto. “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Rom 1;20

O problema é que, vendo as realidades espirituais, e não gostando do que veem, passam a ao “plano B”, a negação; a outra forma de “vida”, que prefere o escuro à luz; acabam por forjar imagens, aos próprios gostos, invés de se deixarem ser regenerados segundo o desejo de Deus. 

‘Mas ateus não são idólatras’. Colocam ao próprio “Saber” em lugar de Deus, “Fazem da carne seus braços e apartam seus corações do Senhor.” Jr 17;5 O pior dos ídolos é o ego usurpando a Deus. Os de menos potencial acadêmico e eufêmico, forjam mesmo, coisas toscas para “substituir” ao Criador.

“A condenação é esta: Que a Luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal, odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Não foi, pois, a incapacidade de ver as coisas como são, que patrocinou a saga desses fugitivos; antes, a indisposição de servir a Deus, e glorificá-lo como merece, que os levou à fuga. Como restou pulsando o potencial de adoradores, os mais simples forjaram simulacros físicos e os colocaram onde seria o legítimo assento do Altíssimo; “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus; nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu; dizendo-se sábios, tornaram-se loucos; mudaram a Glória do Deus Incorruptível, em semelhança de imagem corruptível; de aves, quadrúpedes e répteis.” Rom 1;21 a 23

Assim, esses seres de duplas vidas migraram do “Não há Deus!” para o, Não! a Deus.
Uma escolha moral, invés de uma constatação intelectual, como os mais escrupulosos tentam fazer parecer. 

Sempre oportuno lembrar a disputa do ateu falecido, Stephen Howkins com um pastor americano. “A fé é um brinquedo de crianças com medo do escuro”; Disse; ao que o pastor respondeu: “O ateísmo é um brinquedo de adultos, com medo da luz.”

Se a visão obtusa pensa que é luz de neon, natural que tente desfazer de outras luzes “menores”. Contudo, quem se levanta contra O Criador, compra uma briga inglória, cujo resultado é conhecido de antemão. “Não há sabedoria, inteligência nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Afinal, foi em plagas onde a filosofia grega campeava, como na cidade de Corinto, que Paulo lançou o desafio aos “sábios” que ousariam contra Deus; “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo? Visto que, na Sabedoria de Deus o mundo não o conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele, salvar aos crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;20 e 21

Invés do suprassumo intelectual como se pretendem os mais vaidosos, não passam de néscios que são superados, no que é vital, por muitos de saber limitado, que, apenas ousam não negar o que lhes é evidente.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Santo relacionamento


“... O Senhor o deu, O Senhor tomou: Bendito seja O Nome do Senhor.” Jó 1;21

Jó, quando informado que, todos seus bens foram consumidos e seus filhos, mortos.
Ah, se todos tivessem entendimento que, nada acontece, senão, pela vontade ou permissão do Senhor! No caso, fora a Divina permissão que autorizara ao canhoto, para que fizesse seu trabalho sujo.

Infelizmente, invés de um Ser, Sábio, Santo, Justo, Proposital, Soberano, Moral, além de Amoroso, a maioria costuma ter O Todo Poderoso como se fosse uma espécie de Papai Noel; festeiro, amoral, pródigo, inconsequente, sentimental, que validaria a tudo; acataria todos, em nome do “amor”.

Coisas “boas” são atribuídas a Ele, enquanto, os reveses seriam, necessariamente, burlas da oposição. Dessa abordagem surgem ditos como, “Mais tem Deus para dar, que o diabo para tirar.” Assim, Deus seria sempre Aquele que nos dá as coisas, o inimigo quem as tira; será?

O endeusamento das conveniências naturais evidencia crassa ignorância sobre O Altíssimo, e as próprias necessidades, na miserável condição de caídos. Suponhamos que alguém erre, tome o descaminho; algo que requeira severa correção; mas, invés disso o sujeito seja cumulado de bens. Qual a implicação disso? Estaria sendo abençoado, malgrado, suas perversões?

Os que não consideram a Santidade do Senhor, antes de outras coisas, podem ceifar nocivas implicações e severas disciplinas. A correção não busca aos estranhos, antes, aos filhos; “Porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho; se suportais a correção, Deus vos trata como filhos. Porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então, bastardos, não filhos.” Heb 12;6 a 8

Quem faz tudo errado, na contramão dos Divinos preceitos e prospera, ou está na esfera da Divina permissão, onde O Eterno tenta lhe falar, para o iluminar; ou recebe suas “bênçãos” de outro deus.

Nos dias de Malaquias, O Profeta denunciara um culto profano, com sacrifícios desprezíveis, vontade sonolenta, preguiçosa. O mensageiro fez seus ouvintes verem o que significaria, eventual aceitação daquilo: “Vós O profanais quando dizeis: A mesa do Senhor é impura; seu produto, isto é sua comida é desprezível. E dizeis ainda: Eis aqui que canseira! O lançastes ao desprezo, diz O Senhor dos Exércitos. Vós ofereceis o que foi roubado, o coxo, o enfermo; assim trazeis a oferta. Aceitaria Eu, isso das vossas mãos? Diz O Senhor.” Ml 1;12 e 13

Tais profanações, se aceitas, significariam: “... qualquer que faz o mal passa por bom ao Olhos do Senhor; desses que Ele se agrada; ou, onde está o Deus do juízo?” Mal 2;17

Assim, não apenas pela correção dos profanos, mas, também pela separação do Santo Nome daquilo, O Eterno tinha que rejeitar, e foi o que fez. “Quem há também entre vós que feche as portas por nada, não acenda debalde o fogo do Meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz O Senhor dos Exércitos, nem aceitarei a oferta da vossa mão.” Mal 1;10

Do endeusamento das ímpias inclinações, e a necessidade hipócrita de adorná-las com um verniz religioso, a fortuna dos falsos profetas que, em demanda de aplausos, aceitação, falam segundo os desejos de quem os ouve, não, de quem, supostamente os teria comissionado. “Porque virá o tempo em que não suportarão à Sã Doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si, doutores segundo as próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Os filhos de Jó se preocupavam com diversões apenas; Jó com a lisura espiritual e comunhão com Deus; “...decorrido o turno dos dias dos seus banquetes, enviava Jó e os santificava; se levantava de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia: Porventura, pecaram meus filhos. Amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia, continuamente.” Jó 1;5

Na hora que o invejoso mor pediu ao Eterno permissão para testar a fé de Jó, foi vetado que o inimigo tocasse na vida dele apenas, não na dos filhos. Quem acha que a vida é mero convite para festa, e, são coisas irrelevantes, as renúncias e santificação ensinadas, poderia aprender algo aqui.

Estar abençoado por habitar na sombra de alguém que honra a Deus, é bom; mas ser abençoado por manter um relacionamento saudável e reto com Ele, em qualquer circunstância, é vital.

Certo que O Pai tenciona nos enviar apenas coisas boas; mas Ele decide o que é bom para nós. Se vir como necessárias algumas perdas de relevância menor, para que o mais importante seja preservado, Ele permitirá. “A calmaria que nos faz dormir, pode ser mais fatal que a tempestade que nos mantém acordados.”

Reconciliados


“Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, estranhos às Alianças da promessa, não tendo esperança, seu Deus no mundo.” Ef 2;12

“... sem Cristo...”
estar sem Ele, não significa apenas isso; como se o homem fosse um ente autônomo. Pela nossa condição de criaturas, feitas com inclinação para adoração, e um lapso que apenas O Criador pode preencher, quem estiver ausente dele, acabará refém do traidor que, usurpa ao lugar do Divino, sempre que pode.


Ouçamos Paulo: “... andaste segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, que agora opera nos filhos da desobediência.” Ef 2;2

Não há neutralidade; nossas atitudes fatalmente denunciarão as escolhas; “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para morte, ou da obediência para justiça.” Rom 6;16
Gostando ou não, se não estivermos com Cristo, estaremos ao alcance do “Príncipe das potestades do ar...”

“... separados da comunidade de Israel...”
O Salvador disse: “... a salvação vem dos judeus.” Jo 4;22 havia uma separação de origem espiritual, entre o “povo eleito”, que deveria ser representante de Deus, e os gentios. Estar alienado do povo da promessa, também deixava distante do Salvador. Tendo Ele vindo, a divisão entre os povos deixou de existir; “porque Ele é a nossa paz, o qual, de ambos os povos fez um, derrubando a parede da separação que estava no meio.” Ef 2;14

“... estranhos às Alianças da promessa.”
A primeira Aliança respeitava a Abraão e sua descendência. “... em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3 Embora a abrangência global da promessa, “todas as famílias da terra”, essa difusão não foi alcançada pelo judaísmo. Paulo ensinou que o vínculo era espiritual, não, sanguíneo: “Sabei, pois, que os que são da fé, são filhos de Abraão.” Gál 3;7

Depois, explicou: “As promessas foram feitas a Abraão e sua descendência, não diz: às descendências, como falando de muitas; mas como de uma só. À tua descendência, que É Cristo.” Gál 3;16 Antes, dissera: “Os que são da fé são benditos, com o crente Abraão.” Gál 3;9

A segunda Aliança, em Cristo, tinha o mesmo objetivo da primeira; abençoar aos fiéis; como os termos da primeira Aliança nunca foram plenamente obedecidos, pela incapacidade do homem caído, Deus radicalizou: “... sacrifícios, ofertas, holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram; então, (Cristo) disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, tua vontade. Tira o primeiro para estabelecer o segundo. Na qual vontade, temos sido santificados, pela oblação do Corpo de Cristo, feita uma vez.” Heb 10;8 a 10

Quando fazemos o santo memorial da Ceia do Senhor, evocamos o “Sangue da Nova Aliança”, pela qual, a promessa da bênção chega aos que creem.

“... não tendo esperança...” A esperança é um daqueles bens que se nota mais pela ausência, que pela presença. Como água e energia elétrica; na sua incidência nem notamos; caso faltem é que perceberemos melhor a utilidade que têm. Assim a esperança. Em seu curso normal nos faculta viver, planejar o devir, galgarmos degraus evolutivos no conhecimento, fazermos projetos, sonharmos, crermos.
Caso seus verdes ramos venham a murchar, a depressão, o pânico, e outras doenças psicossomáticas poderão encontrar brechas em nossas almas. Assim, além de um acessório precioso à fé, a esperança é um “insumo” valioso até para o exercício nas coisas ordinárias. Quem jamais ouviu que o desespero de fulano, deu azo a grandes males?

Mesmo a salvação, cujo vínculo primeiro é com a fé, que nos faculta certezas do que não vemos, enquanto não se manifesta, tem seu assento na esperança, como ensinou Paulo: “Porque em esperança fomos salvos; ora, a esperança que se vê, não é esperança. Porque, o que alguém vê, como esperará.” Rom 8;24

O fato dela ser invisível, como a fé, não elimina sua substância; antes, se evidencia nas atitudes que promove. “Qualquer que Nele tem esta esperança, purifica a si mesmo, assim como Ele É Puro.” I Jo 3;3

“...sem Deus no mundo.”
O Salvador ensinou: “Meu Reino não é deste mundo.” Assim, estar sem Deus em ambiente adverso, é estar desprotegido, a mercê do inimigo. Diferente do ecumenismo que, no afã de domínio político valida todas as religiões, a salvação demanda um relacionamento com Deus, mediante Jesus Cristo. Os termos são expressos na Sua Palavra.

Na verdade, o príncipe do mundo só se mostra nosso inimigo quando, reconciliamos com Deus. Antes, manipulava fingindo ser amigo. “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...” II Cor 5;19

Sermos amigos do Mais Forte é um luxo; mesmo em terreno adverso, somos abençoados; “Prepara-me uma mesa na presença dos meus inimigos...” Sal 23;5