sábado, 6 de maio de 2023

Escrito na Estrela


“Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos Sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” Mat 2;2

Os três sábios em busca por luz. Naqueles dias de parco conhecimento, seu labor era confundido com magia; dado tratarem de coisas que escapavam aos olhos dos homens comuns. Nada a ver com a magia falaz, dos mestres do engano, cujo sinônimo, não por acaso, é ilusionismo. São produtores de ilusões; enquanto, aqueles eram estudiosos em busca de saber.

Viram uma estrela diferente, e após ela vieram; desde quando o homem comum, que se prende apenas às coisas atinentes ao aspecto fisiológico, se ocupa em observar estrelas? “Só quem ama, pode ouvir e entender às estrelas...” Olavo Bilac.

De onde tiraram a informação que tal evento prenunciava o nascimento de um Rei Poderoso em Israel? Textos antigos diziam: “... Fala aquele que ouviu as Palavras de Deus, e sabe a ciência do Altíssimo; que viu a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos. Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, um cetro subirá de Israel...” Num 24;16 e 17

Balaão, profeta que fora amante do dinheiro, a ele Deus deu a mensagem sobre a encarnação Divina, a maior das riquezas, de graça, o surgimento da “Estrela de Jacó.”

Mesmo vivendo distante, os “magos” tiveram acesso a essas coisas. Deus costuma premiar aos que desejam sabedoria de todo o coração; “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Ironicamente, os que estavam perto do local prometido, estavam desapercebidos; os de longe observavam os céus a espera. Brilhando a estrela, saíram para o distante, em busca do Rei que ela anunciava.

Cultura inútil e perversões de toda ordem, recebemos no colo, em nossos celulares, tablets, computadores... agora, sabedoria, sobretudo, espiritual, requer uma busca, uma “peregrinação” em demanda da mesma. Como essa traz anexo um conteúdo moral, não pode ser alcançada por quem vive de qualquer maneira. O Eterno, seu doador, É seletivo nisso; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

Adiante, a mesma verdade é exposta de modo mais amplo: “... a vereda dos justos é como a luz da aurora, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;18 e 19

Os “magos” receberam de Deus, luz sobre O Rei nascituro; Herodes que reinava como vassalo de Roma, apenas soube do nascimento, e não foi capaz de entender o significado.

Há enorme diferença entre ouvir falar de algo, e conhecer por manter um relacionamento, ter certa intimidade. Jó descobriu isso; “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;5 e 6

Herodes ouvira falar que o recém-nascido seria rei; bastou isso para sentir-se ameaçado em seu trono. Um dos truques antigos de Satã; projetar sobre seres humanos, tanto seus desejos, quanto, seus temores. Adão e Eva já eram como Deus, no que era possível, Imagem e Semelhança. O traidor prometeu: Desobedeçam e sereis como Deus. Eles caíram nessa arapuca tosca. Fez o casal abraçar como deles, um desejo que era seu.

Pois, o nascimento do Rei dos Reis, ameaçava precisamente o domínio do príncipe do mundo, não o reino efêmero de Herodes; mas, o traidor de carona no orgulho e egoísmo do monarca tentou assassinar ao infante, fazendo o rei sentir-se ameaçado.

Abstraída a diversidade da forma, o conteúdo ainda é o mesmo. Cada “Herodes” treme ao ouvir falar do Rei dos Reis. Ele não nega que quer ocupar o “trono” que esse ocupa; diz: “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Basta ao pecador renunciar um trono que está perdido, para receber à vida que não poderá mais perder, eterna.

Assim, uns poucos peregrinam longe, em busca de ampliar o que sabem, conhecer melhor ao Rei Celeste; mas, a maioria atira nas lâmpadas sentindo-se ameaçada pela luz.

O Excelso amor, que fez Deus se reduzir ao nosso tamanho, para nos salvar, é interpretado como ódio. Novamente, o canhoto manipula títeres, emprestando-lhes sua voz.

Quem olhar para a estrela achará Belém; quem perder tempo com fantoches, acabará no buraco-negro da perdição.

A integridade da Palavra


“Saiu com indignação a tempestade do Senhor; uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do Seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” Jr 23;19 e 20

Os que evitam assuntos melindrosos, como pecado, arrependimento, inferno, ira... pregadores de facilidades, teólogos liberais, adeptos da hiper graça, centradas no Amor apenas, sem desafiar à santificação e mudança de vida, deveriam refletir um pouco diante desse texto.

Três coisas nele: O quê? A tempestade do Senhor, juízo; contra quem? Sobre a cabeça dos ímpios; quando? Nos últimos dias.

Esses costumam fracionar A Palavra de Deus em duas metades, Antiga e Nova Aliança; depois, partes menores, as palavras de Moisés, as de Cristo, e as de Paulo...

Mesmo essas divisões, inda comportariam outras menores; por exemplo: Paulo falando sobre o amor foi insuperável; mas, exagerou na severidade ao dizer que determinados tipos estariam de fora; “Não erreis: nem devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” I Cor 6;10

Quem escolhe em quais porções acreditar, e se dá ao direito de rejeitar a outras porque discorda, não está crendo em Deus; antes, tentando moldar ao Eterno, à sua própria imagem. Já traz sua visão doentia de mundo, e tenta “encaixar” O Eterno nela.

A mudança principal, do Antigo Testamento para o Novo, tem a ver com o sacerdócio, antes imperfeito; agora, em Cristo, perfeito e eterno. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

A pena de morte para determinados pecados, adultério, feitiçaria, blasfêmia... foi adiada, aumentado o tempo para que o errado busque arrependimento; mas, o que era vetado então, permanece sendo um erro.

A Lei de Cristo é mais severa nas exigências que a dada a Moisés: “... foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo;” Mat 5;21 e 22 “Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Vs 27 e 28

Também a pena pela transgressão é maior; “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Não há predileções humanas nas Escrituras; “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21

Tampouco, divisões como se uma parte fosse válida, outra não. O Antigo Testamento é o Divino cuidado, fazendo o que podia ser entendido num mundo rudimentar; mas, cumprido o tempo, Ele Fez as mudanças necessárias; “Quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos adoção de filhos.” Gál 4;3 a 5

A pena de morte que devíamos foi paga por Cristo. Nossa obediência a Ele deve ser uma renúncia tal, aos vícios antigos, que é como se morrêssemos também; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

A Palavra traz as coisas que estão superadas, e as mudanças oportunas; não carece Deus, uma “Comissão de (ímpios) Notáveis” para “corrigir, reescrever” Sua Palavra, como pretendem o Príncipe desse mundo e seus títeres.

A Epístola aos Hebreus traz em minúcias as alterações entre um e outro Testamentos; começa expondo a diversidade de meios, e a unidade da Palavra: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb 1;1

Se é vero que O Filho falou sobre amor e perdão, também falou de modo severo quanto aos reclames da justiça; “Portanto, se teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” Mat 5;29

Enfim, a Palavra Eterna não precisa ser modernizada; antes, as vidas modernas, defensoras da pós-verdade, dos valores invertidos precisam retornar à Fonte: “... perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A "fraqueza" de Deus


“Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é Filho do homem.” Jo 5;27

Estranha inversão! Como se, o fato de Jesus ter Se esvaziado e se feito homem, o credenciasse para exercer o juízo.

O Salvador ensinou e reiterou: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo juízo;” v 22

A “Lógica Divina” desafina das humanas percepções. Por exemplo, após o Calvário, dizer aos judeus que, quem eles entregaram para ser crucificado era seu Deus, escandalizava. Ensinar algo assim aos gregos, com sua plêiade de deuses imortais mitológicos, também soaria, “fora da casinha.”

Contudo, era fato. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para judeus, e loucura para gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que eles.” I Cor 1;23 a 25

A “fraqueza de Deus” em Cristo esvaziado, O reduzia a “Filho do homem”; por duas razões, o indicado a exercer o juízo era Ele, mais que O Pai.

Os dons de Deus são irrevogáveis; “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” Rom 11;29

O governo da terra, O Criador tinha dado ao homem, ao primeiro casal; “... Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra.” Gn 1;28

Acontece que, ao capitular à sedução, tendo obedecido ao apelo do pecado, invés da justiça, o domínio que fora humano passou ao pecado e seu mentor, o inimigo. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

O Eterno não muda as regras durante o jogo, quais meninos jugando bolinhas de gude; o domínio perdido pelo homem, deveria ser resgatado por um descendente; como nenhum estava apto para o papel, a “Loucura de Deus” permitiu que Seu Filho se fizesse “filho do Homem.” Eis a primeira razão! A Justiça Divina.

A outra é mais pragmática, tem a ver com a natureza da missão a ser enfrentada. Como Um Ser Eterno, Imortal, poderia lançar no rosto do pecado, o seu próprio salário, resistindo-o até à morte?

Sim, “exercer o juízo” a prerrogativa exclusiva do “Filho do Homem”, não era, então, um julgamento contra o ser humano; mas, contra o pecado que o escravizava. “Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado, condenou o pecado na carne;” Rom 8;3

O pecado dando seu “salário”, a morte, a um pecador faria justiça. Porém matando quem não merecia, o pecado “suicidou-se”, condenou a si mesmo. “Pelo pecado, condenou o pecado na carne.”

O mundo não podia ver plenamente o que estava em jogo; O Senhor ensinou que O Espírito Santo Viria, clareando as coisas: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

O não ser retido pela morte, vencendo-a, é já Seu Juízo. Morreu por nós, por Si não precisava nem poderia.

Vencendo ao pecado, venceu também seu proponente e consorte, o “príncipe deste mundo”, que sempre se dobrará ao Senhor pelo que Ele Fez. “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente; lhe deu um Nome que é sobre todo o nome; para que ao Nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra, e debaixo da terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo É O Senhor, para glória de Deus Pai.” Fp 2;9 a 11

O resumo da ópera é que, Ele desceu e se fez como nós, e abriu a porta de acesso, para que, os arrependidos e obedientes, em parte, sejam feitos como Ele; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

Nele “largamos nossas pedras” e julgamos a nós mesmos; uma vez purificados mediante Seu perdão, ensinamos Seus Juízos.

Infelizmente, muitos “... não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela.” Jr 6;10
Porém, “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz...” Apoc 3;6

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Arados abandonados


“... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus.” Luc 9;62

Embora pareça mudança mui radical, aos mais sensíveis, a decisão por Cristo deve ser assim mesmo; definitiva, cabal, irrevogável.

Ao encontrar uma “pérola de grande valor”, as demais coisas empalidecem, como disse Paulo: “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp 3;13 e 14

Acaso alguém acertaria um alvo diante de si, olhando para trás? Se o fizesse seria um acidente.

À mulher de Ló, quando do juízo de Sodoma e Gomorra, foi ordenado que não olhasse para trás, durante a apressada fuga. Ela desobedeceu e pereceu, transformada numa estátua de sal. Aquilo que caía sobre as cidades da desobediência, atingiu-a também, quando, desobedecer, lhe pareceu a melhor escolha.

O juízo não tinha alvo geográfico, mas espiritual. Sempre será assim, em se tratando do juízo Divino. Seremos preservados até no “lugar errado”, se estivermos no esconderijo certo. “Mil cairão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.” Sal 91;7 e 8

Não me refiro às vicissitudes da vida, que podem atingir qualquer um. Porém, quando o assunto for juízo, “... vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

O que tem atrás das pessoas, que, começando seguir a Cristo, passado um tempo, muitas voltam para lá?

Óbvio que, voltar atrás é uma figura de linguagem significando, desistir, apostatar, abandonar a carreira em Cristo. Muitos “voltam atrás” passando adiante do Senhor; vão além do que está escrito, pervertem a interpretação, modificam... voltam, na obediência à índole natural que, pretende decidir por si mesma, o bem e o mal; mesmo usando ainda O Nome do Santo, esses seguem às próprias paixões e interesses.

Quando Eliseu “lançou a mão ao arado” após o chamado de Elias, teria atrás de si, outro arado; um, literal, com o qual trabalhava quando Elias aparecera.

Ele aceitou a missão com resolução tal, que queimou as tralhas de seu labor, matou os bois, depois seguiu Elias. O novo “arado” lhe foi tão valioso que queimou o antigo, para tolher a possibilidade de retroceder.

“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

Perseguições e aflições fazem parte do pacote, para os que decidem andar com O Salvador. O mundo não tem problemas com religiões; apenas, com Cristo.

Ele o denuncia como habitat do maligno; reduz seu ilusório valor abaixo do preço de uma alma salva; denuncia a futilidade de todos os múltiplos credos alternativos, “Ninguém vem ao Pai, senão, por Mim”; e como cereja na torta da aversão do Senhor ao sistema ímpio, acrescenta que Seus discípulos não são dele; “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso, o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Então, muitos voltam atrás por prezarem mais as seduções terrenas, nas quais estavam habituados, que a caminhada com Cristo, cuja porta é estreita, apertado o caminho.

Algumas índoles até gostam, eventualmente, da companhia das ovelhas, da reputação de ser uma delas. Mas, motivações antigas ainda palpitam tanto, que, em momentos de luta árdua retrocedem, e outros bichos tomam o lugar das presumidas ovelhas; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

Embora pareça luxuoso, atraente, libertador o que esses retrocedentes veem, no prisma espiritual, o que os atrai é vômito, lama.

Paulo questionando os romanos, sobre seus passados errôneos, não perguntou se aquilo lhes dava prazer; antes, se dava frutos, um modo de vida que envergonha salvos. “Que fruto tínheis então das coisas de que agora, vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;21

O pecado parece mais atraente na caminhada; porém, o valor de um caminho tem a ver com, aonde ele leva; qual será seu fim. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Melhor obediência, que conduz à vida, que a “liberdade” que culmina em predição. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Pressa de Deus

 

“O sonho foi repetido duas vezes a Faraó, porque esta coisa é determinada por Deus e Ele Se apressa em fazê-la.” Gn 41;32


A relação de Deus com tempo é diferente da nossa. Quando o escritor diz que Deus Se apressa, usa um antropomorfismo; a forma humana de abordar, associada a Deus.


Normalmente a pressa é tida como uma coisa má; tanto que, esse conceito deu azo ao ditado: “A pressa é inimiga da perfeição.”


Todavia, a pressa é uma coisa neutra; carece de contexto antes de ser adjetivada como boa, ou ruim.

Domingo último, visitando à Exposol em Soledade, dado o imenso número de veículos, tanto a entrada quanto a saída do parque, foram morosas. Um policial que estava no portão acenava para que nos apressássemos, os que estavam de saída, para facilitar aos que vinham após. Brinquei: Normalmente a polícia me multa se eu corro, agora me estimula. Hoje, em virtude de um acidente no perímetro urbano, a via fluía um lado de cada vez; de novo o policial acenava aos curiosos que tentavam ver o ocorrido, para que se apressassem.

No Detran onde fui renovar a habilitação, uma frase, ao lado do relógio: “No mínimo de tempo, o máximo de eficiência”. Assim, em menos de uma semana, três incidentes apontaram para uma pressa boa, necessária; isso me fez pensar.

A pressa vulgar de quem acha que a vida pode ser condensada em “memes” e mensagens “tiktokeadas”, recusando-se a aprofundamentos mais ousados, carece uma atenção também.

A superficialidade viciante da cultura inútil, que pulula mediante facilidades tecnológicas na geração atual, torna seus viciados avessos à reflexão, toscos, apressados sem rumo; migrantes de coisa nenhuma, indo a nenhum lugar. Tal pressa não é uma contingência rumo a um alvo; antes, crise de abstinência demandando mais doses da mesma droga.

Entremeio, vejo postagens de gente que considera o ladrão e o probo, como ‘farinha do mesmo saco;’ outras, onde “cristãos” partilham postulados do espiritismo, evolucionismo, etc. estupefato constato que, essa gente foi castrada em suas mentes, da saudável capacidade de pensar e analisar. Precisamente, o sentido de “mentecapto.” O efeito colateral da pressa que ruma a lugar nenhum. Uma turbina potencializando almas que precisam fugir da luz.

Um texto que demandaria alguns minutos para ser lido, a despeito do teor, é ignorado pela maioria, não por rejeitarem ao conteúdo; mas, à ideia de “perder tempo” lendo. A falta de hábito não se coaduna com o moroso andar que requer reflexão, desafia a mente a buscar entendimento; a pressa vigente já não permite.

Se, o fato de repetir determinado sinal, significava a “pressa de Deus” como interpretou José, a reiteração contínua das coisas que predizem a volta de Jesus Cristo deveria retinir em nossas “antenas”, se, não estivéssemos demasiado entretidos com as banalidades velozes que nos retêm. A castração das liberdades, inversão de valores, a glamourização dos vícios, a apostasia, violência de toda ordem, ataques à Palavra de Deus, etc.

Tudo isso, e o concurso do Ecumenismo, validando toda sorte de postulados antagônicos, deixando patente que o cristianismo genuíno, breve será impossível. Os fiéis serão perseguidos à morte.

A urgência de cada um em reconciliar com O Pai, nem tem a ver, necessariamente, com o tempo dele; mas, com o nosso, que é exíguo, instável, como observou Tiago: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4;14

A oportunidade latente deveria despertar nosso interesse: “O maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade.” Provérbio árabe.

Por isso, a mensagem de salvação sempre nos é apresentada como uma coisa urgente, que devemos nos apressar em receber, se, a desejamos, deveras. “Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2 “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Enfim, antes de decidirmos qual pressão deve incidir sobre nosso acelerador, convém meditarmos sobre o rumo tomado. Pois, quem escolhe o caminho do erro, quanto mais se apressa, mais se afasta do alvo.

Os que se apressam em enriquecer, por exemplo, sem conhecer a paz com Deus, depois dos muitos faustos banquetes, que o dinheiro propicia, descobrem que a fome ainda está lá. “Eu acho que todo mundo deveria ficar rico, famoso e fazer tudo o que sempre sonhou, para que possa ver que essa não é a resposta.” Jim Carrey


O Senhor ensina: “... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

terça-feira, 2 de maio de 2023

Preço da fidelidade

 “Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga minha causa.” Lam 3;59

Jeremias foi econômico nas palavras; “... a injustiça que me fizeram...” Basta lermos o seu livro para percebermos que, o “profeta das lágrimas” fora vítima de muitas injustiças. Perseguição, agressões, prisões, traição; o povo lhe pediu que consultasse a Deus e rejeitou o mandado Divino, etc.
Escreveu suas lamentações em meio às ruínas de uma cidade arrasada. O Senhor tinha julgado à causa dele, no aspecto profético, ministerial, fazendo se cumprir cabalmente, suas advertências.
Isso foi no âmbito social, de então. No prisma pessoal as injustiças ainda lhe doíam e teve que suportar mais. Foi levado ao Egito contra sua vontade, tendo aconselhado da parte do Senhor, que não o fizessem. O julgamento pessoal pode nos esperar no além, apenas; aqui é prudente considerarmos a possibilidade de “fome e sede de justiça.”

Quando O Eterno escolhe alguém para falar da Sua parte, esse deve se preparar para toda sorte de oposição.
Vejamos: “Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, coluna de ferro, muros de bronze, contra toda terra, os reis de Judá, seus príncipes, seus sacerdotes e contra o povo da terra. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque Eu Sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.” Jr 1;18 e 19
Ele fora escolhido para contrariar; deveria atuar “contra toda terra, contra reis, príncipes, sacerdotes e o povo”. Como garantia, “apenas” o auxílio Divino: “Eu Sou contigo”.
De lambuja, tinha contra si o concurso dos falsos profetas, os pregadores de paz em tempos de guerra, tão comuns, ainda atualmente. “Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Cap 6;14
Invés do ensino da Palavra que identifica o pecado e exorta ao abandono, os falsários garantem que “Deus está contigo” aos que tropeçam nas próprias pernas, errantes no tocante ao Caminho do Senhor, incoerentes, na dissolução das palavras pelo mau jeito do testemunho de vida, que dão.
Pior que o já visto; Jeremias ainda tinha contra si, seus próprios familiares em velada oposição. “Porque até teus irmãos, a casa de teu pai, eles próprios procedem deslealmente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes: Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.” Cap 12;6 Advertiu-o O Senhor.
A pior das oposições é essa que grita falsos apoios aos quatro ventos, e desarma às defesas com elogios, estrategicamente pensados. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Então, quem tencionar viver retamente a serviço do Senhor, deve esperar toda sorte de oposição, por parte do sistema que lhe puxa o tapete, e tem seus infiltrados entre as igrejas. “Também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12
Compreensível o anseio do profeta por justiça, ainda na terra; era humano como nós. Todavia, o fato de sua vida ter sido proba perante O Criador, não bastou para que fosse livre do que temia. Aos Seus escolhidos, normalmente O Senhor livra ‘nas’ provas, não, das provas.
Enquanto nossa natureza anseia pelo conforto de fugir às lutas, O Eterno mira na têmpera que nos pode infundir através delas; então, promete: “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Perdemos muito do brio e da valentia possíveis antes da queda; Deus nos regenera ao Seu modo.
Como Jeremias, se formos fiéis temos enormes probabilidades de encontrar todo tipo de adversidades; nelas, contaremos “apenas” com O Criador.
Acontece que, Ele É mais que suficiente para nos manter em pé, ou reerguer, caso caiamos, e delinear o caminho que nos convém, nem que esse contrarie nossos mais diletos projetos. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jr 10;23
A integridade pode, como fez em Jeremias, passear entre as ruínas da desobediência e falsidade, sem abicar de uma centelha do que ela é; não por acaso seu nome é, integridade. Costuma se preservar inteira, onde, os caracteres que não a possuem se despedaçam.
O mundo massifica para manipular; Deus regenera indivíduos que causam estranheza ao sistema, quando se portam de modo idôneo alheios aos da massa que, “acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução...” I Ped 4;4
Por isso O Salvador advertiu que o preço do discipulado era a renúncia de tudo; se a justiça nos fugir aqui, teremos um assento junto a ela, no porvir. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos;” Mat 5;6

domingo, 30 de abril de 2023

Novos salteadores



“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” Jo 10;8

A Palavra menciona dois; Flávio Josefo alista alguns mais, que surgiram antes de Cristo, com pretensões messiânicas. “Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; também este pereceu e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Ladrões e salteadores pretendendo o lugar de Cristo não faltaram. “... mas as ovelhas não os ouviram.”

Ovelhas que conhecem à voz do Pastor, não seguem estranhos, é cada vez mais raro, infelizmente. Há muitos com um histórico relevante de serviços prestados que, pouco a pouco foram caindo da solidez doutrinária; agora fazem o trabalho da oposição, defendendo coisas que condenaram, quando interpretavam sadiamente à Palavra. Salteadores surgidos depois de Cristo.

Pedro viu os precursores desses e advertiu: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Uns defendem a “eleição incondicional”; “uma vez salvo, sempre salvo”, a Palavra não traz essa doutrina; antes, adverte do risco de perdição, para os que abandonam o Santo Caminho. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Podem falar igual aos fiéis, fazer semelhantes obras também, não sendo um dos tais. Essa encenação “cristã” lhes abre muitas portas na terra; a dos céus segue sem uso, por quem não abandona às práticas ímpias. Quem entra por Cristo, necessariamente, muda. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

O Salvador ensinou: “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Antes havia a expectativa de um Ungido Libertador, cujo nome era ignorado; assim, qualquer um, adoecido pela febre da pretensão, poderia sair apregoando de si mesmo, achando-se, dizendo-se o tal.

Depois do Salvador, essa “diversidade” deixou de ser possível; “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4;12

Os farsantes, não podendo mais apresentar seus pífios nomes, passaram a se dizer representantes do “Nome que É sobre todos os nomes.”

Embora sejam necessários e devamos reverenciar pastores humanos, só devemos nos submeter a eles, à medida que eles estão submissos ao Sumo Pastor. Em última análise, “O Senhor É o meu Pastor...”

Qualquer ensino que discorde da sã doutrina, não importa a credencial que seu proponente envergue, pastor, bispo, reverendo, apóstolo... é uma voz estranha ante quem tem discernimento; não deve ser seguida.

A Palavra ensina que o próprio canhoto se transfigura em anjo de luz, os ministros dele, em ministros de justiça. Quem anda pela fé, não por vistas, como devem os salvos, não se deslumbra ante figuras; “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Os ataques contra a fé não se dão quanto ao direito de crer; mas, quanto ao objeto de nossa crença, como advertiu Judas: “... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça Divina; negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

Nosso risco não é deixar de crer; mas, passar a crer diferente do ensinado pelo Único Pastor. Ele diz: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38