domingo, 6 de setembro de 2020

Mais que perto, quero estar


“Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; para que o manifeste, como me convém falar.” Col 4;3 e 4

Os cristãos razoavelmente esclarecidos sabem as premissas básicas. Negue a si mesmo; ame a Deus sobre todas as coisas; ande em espírito...

Entretanto, uma coisa é saber, outra, viver.

Quando alguém consegue, como Paulo, estando preso, rogar oração para que se lhe abra a porta da Palavra, não da cadeia, pois, sua preocupação é falar como convém, mais do que ser liberto, nesse se pode dizer que a cruz fez seu trabalho. Ele poderia, falar como falou: “Para mim viver é Cristo, e morrer é lucro.”

Devemos buscar o “Reino de Deus e Sua Justiça” com afinco tal, que as demais coisas perdem relevância; quando dois irmãos instaram com O Salvador pela mediação na partilha de uma herança Ele questionou quem o rebaixara daquela forma; “Homem, quem pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” Luc 12;14

Depois do tênue puxão de orelhas advertiu: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” V 15

Se, a vida não consiste na abundância de posses, quando disse “Eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância”, invés do enfoque raso dos “Mercenários da Prosperidade” Ele falou de abundância de vida, estritamente; vida eterna; não de fartura.

Posse de bens e de sabedoria são colocados como coisas quase antagônicas, uma vez que a primeira costuma atrapalhar os feitos da segunda; “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12 Quantas vezes, o dinheiro causa mortes!

Paulo advertiu aos que buscam a “sombra errada” como se fossem meio suicidas; “Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;9 e 10

Deus e o dinheiro, ou Mamon, foram postos como coisas excludentes nos Ensinos do Salvador; “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mat 6;24

Não que o dinheiro em si seja uma coisa má; é um bem, necessário. O mal surge quando vira alvo de nosso sentimento, motivo de servidão.

Aí os que pediriam abertura da cadeia, não da mente, os egoístas materialistas, que usam a Palavra de Deus como “Manual de Prosperidade”, eventualmente partilham o Salmo 91, sobre “Repousar à Sombra do Onipotente” enquanto entram nas longas filas lotéricas para seu culto.

Dinheiro como conhecemos tem seus dias contados. Na Europa vários países limitam pagamentos em dinheiro, a mil, alguns, dois mil Euros; ideal é uso de cartões, ou as tais moedas digitais.

Breve, quem não tiver a marquinha aquela, selo de propriedade do Capeta não terá mais como comprar nem vender nada.

Quem vende a alma por dinheiro venderá; quem ama ao Senhor acima de tudo fará proezas de fidelidade.

“Faz (a besta) que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.” Apoc 13;16 e 17

A pobreza nem de longe é nosso maior mal. O problema mor, que leva milhões à perdição é a incredulidade.

Na pandemia, quantos cuidados, muitos inócuos até, as pessoas tomam, acreditando proteger suas vidas. Aquilo em que acreditamos, deveras, molda nosso modo de agir.

A “fé” que não nos alinha à Palavra de Deus e só uma fraude de quem, em consórcio com o Capiroto trai a si mesmo.

Enfim, enquanto egoísmos, projetos rasos e autônomos, melindres vários forem mais importantes que a verdade, que o Propósito do Eterno, ainda estamos presos à carne, e alienados da cruz.

Nossos ritos, religiosidade, fluência em “evangeliquês”, nossas partilhas de porções bíblicas nos colocam perto de Cristo; 

havia dois ladrões ao Seu lado quando da crucificação; um pereceu por, estando perto, ter preservado a presunção egoísta; outro foi salvo, pois, mais que, perto, desejou estar Em Cristo.

Sendo Deus Onipresente, ninguém está longe Dele, estritamente; sendo Santíssimo, nenhum pecador se aproxima para remissão, sem O Redentor.

sábado, 5 de setembro de 2020

Perto de Deus, mas não muito


“Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria;” I Cor 1;22

Dois povos ansiando por luz, cada um de um jeito; os gregos pelo caminho da reflexão filosófica, uma espécie de “Novo Testamento” da era mitológica de deuses imortais com vícios humanos que seus antigos forjaram. A razão derivada dos mitos seria o “antítipo” das figuras aquelas.

Foi por contestar coisas assim, aliás que Sócrates foi acusado de “corromper à juventude”; em sua busca racional ousava desacreditar, eventualmente, grandes figuras, bem com seus escritos; Homero, em seus poemas dissera que determinados deuses mentiam; Sócrates em sua análise contestou: “Se, são deuses não podem mentir; se, mentem não podem ser deuses.” Assim de uma só vez desbancava Homero, e algumas partes da farta mitologia existente.

Os judeus esperavam algo de Celeste Origem. Dado o pretérito de ricas intervenções Divinas em favor do Povo, das promessas aos Patriarcas, e muitas profecias existentes, sendo que uma delas, falava, justo, que Deus lhes daria um sinal; “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, dará à luz um filho e chamará Seu Nome Emanuel.” Is 7;14

Quando a “Estrela de Jacó” outro sinal prometido brilhou, estrangeiros vieram de terras distantes para ver, enquanto dormiam os que estavam perto.

Emanuel significa Deus Conosco; entretanto, quando Jesus se dizia Filho de Deus o queriam apedrejar por blasfêmia.

Afinal, Deus conosco significa Ele nos amparando, dirigindo, abençoando, não necessariamente assumindo a forma humana. Seria essa uma interpretação plausível do texto.

Porém, havia mais sobre a “Encarnação do Verbo”: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre Seus ombros; se chamará o Seu Nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Is 9;6

Assim, invés de uma blasfêmia era um promessa; portanto, algo a se esperar.

Para os gregos, os muitos deuses deveriam fruir as delícias do Monte Olimpo, seu habitat, sendo sempre imortais. A ideia de um que se deixasse matar por mãos humanas seria insensatez.

Aos o judeus a coisa seria ainda pior; admitido que Deus se fizera carne, como deveriam esperar segundo as profecias, e, invés de honrá-lo adorando-o, o mataram, isso os escandalizava sobremaneira. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” Vs 23 e 24

O ato insano dos judeus derivou da falta de sabedoria; “... sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” Cap 2;7 e 8

Pregando aos filósofos gregos no Areópago Paulo fez a necessária separação entre O Eterno e os deuses humanos; fossem esculturas, ou mesmo, os mitos todos de produção terrena; disse: “Deus fez o mundo e tudo que nele há... Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, prata, ou pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;24, 29 e 30

Se, aos judeus faltou sabedoria, e “sábios” gregos viviam tempos de ignorância, todos navegavam no mesmo barco. “Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte...” Vs 24 e 25

Em ambos os povos as reações foram semelhantes; rejeição pela maioria e conversão de poucos. A luz soa desejável, jamais nos incomoda quando mostra a nudez alheia; o problema da Luz de Cristo é que ela mostra a nossa.

Platão dissera: “A verdadeira tragédia não são as crianças com medo do escuro; antes, adultos com medo da luz.”

O Salvador denunciou isso; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Enfim, quando busco as coisas do meu jeito, ainda estou no princípio satânico aquele que sou eu que decido acerca do bem e do mal.

Sendo “O temor do Senhor o princípio da sabedoria...” invés de derivados, busquemos Ao Senhor; se Ele se agradar de nós, nos galardoará segundo bem lhe parecer. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O quê pedir a Deus?


“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

Eventualmente deparo com: “O que você pediria a Deus nesse momento”; as mais variadas respostas surgem; e, algumas questões também vêm à tona vivenciando isso.

É que, o verbo no futuro do pretérito, “pediria” traz uma ideia quase de subjuntivo, fica implícito um, “se fosse possível, se Deus lhe ouvisse,” ou, algo assim.

Para muitos a impressão que dá é que Deus seria um “Gênio da lâmpada” que, uma vez “liberto” concederia três pedidos ao bel-prazer do seu benfeitor.

Como vimos, os pedidos são negados, quando os alvos são egoístas, mesquinhos. “Pedis e não recebeis porque pedis mal ...”

Uns fazem uma interpretação conveniente de determinados textos, e à luz dessa “interpretação” Deus se lhes torna “Devedor”;

Por exemplo: “Deleita-te no Senhor; Ele te concederá os desejos do teu coração.” Sal 37;4 Aí algum incauto decide que está alegre no Senhor; portanto, O Eterno lhe “deve” satisfazer os três pedidos, digo; os desejos do seu coração. Será que é assim mesmo?

Ora, quando minha alma se deleita, (alegra) “no Senhor” ela não deseja mais nada senão, O Próprio Senhor. Quando me alegro Nele, na Sua Presença, Ele me concede mais disso; “Ao que tiver, mais se lhe dará...” Pois, “Se alguém me amar será amado do Meu Pai; viremos para Ele e faremos nele morada.”

Claro que, O Todo Poderoso não é encontrável nalguma garrafa envelhecida, imagem esculpida ou coisa assim. Se dá a conhecer mediante Sua Palavra, e Seus valores; Davi, pois, desejou contemplar a Face de Deus na Justiça; “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça;me satisfarei da Tua Semelhança quando acordar.” Sal 17;15

Se, socorrendo um desvalido estamos fazendo-o a Jesus, então, as possibilidades de “vermos Deus” são muitas.

Paulo, malgrado seu privilégio de conhecer Cristo fisicamente disse que não era aquilo que importava; mas, conhecê-lo espiritualmente provando das transformações que isso enseja; “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;16 e 17

Demócrito dizia que para se transformar a realidade precisamos antes, conhecê-la.

Conhecer O Senhor é diferente de conhecer a uma pessoa qualquer, ante à qual dizemos: “Prazer, eu sou...” O conhecimento de Deus é facultado pelo Seu Espírito e Sua palavra; diante disso nossa realidade fica mais clara e dizemos: “Perdão Senhor! Sou indigno pecador.”

O Eterno não ameniza nossa confissão para diminuir seu peso, antes, aconselha uma mudança, enquanto perdoa; “Deixe o ímpio seu caminho; o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus; diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

“A alegria do Senhor é nossa força”
como disse Neemias, e O Senhor se alegra quando falamos coisas retas, “Filho meu, se teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu; sim, o meu próprio. Exultarão meus rins, quando teus lábios falarem coisas retas.” Prov 23;15 e 16 Nada mais reto que um pecador reconhecendo seus caminhos tortos.

Se, por um lado Deus não se nos dispõe, como fez com Salomão, “Pede-me o que quiseres!” O Salvador ensinou; “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mat 7;7

Todavia, no contexto imediato Ele desaconselhou a ajuntar tesouros na Terra; advertiu da impossibilidade de se servir a Deus e as riquezas, e ensinou priorizarmos O Reino de Deus e Sua justiça, não as demais coisas; isso deveria deixar claro, que tipos de pedidos nos serão atendidos.

Em se tratando de sabedoria para servir com justiça, como fez Salomão, sempre será um pedido agradável ao Santo; algo que também poderemos fazer, embora, nosso esforço nesse sentido deva concorrer também. “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Quanto às posses materiais eu gosto da sobriedade esposada por Agur, nas palavras que escreveu; “Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem pobreza nem riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o Nome de Deus em vão.” Prov 30;7 a 9

terça-feira, 1 de setembro de 2020

O Necessário e o Proveitoso


Sabe aquela frase mágica que ainda não foi dita, pensada ou escrita? Eu também não sei. Morremos dez minutos em busca de uma ideia original e descobrimos ter morrido em vão. O fato de estarmos morrendo a prestação, em consórcio com o tempo não significa que não estejamos...

Se, penso contrapor a voz à quietude, vem Eduardo Galeano, ou, um provérbio hindu, prescrevendo a fala só quando for melhor, ou mais digna que o silêncio. Mas, isso é possível?

Não há dignidade em se tomar à força o lugar de outrem; não creio que as palavras brotem em atenção a valores nobres ou dignos, mas por ser uma necessidade psicológica. A alma carece “ir ao banheiro.”

Me ocorre certo personagem bíblico; “Porque estou cheio de palavras; o meu espírito me constrange. Eis que dentro de mim sou como o mosto, sem respiradouro, prestes a arrebentar, como odres novos. Falarei, para que ache alívio...” Jó 32;18 a 20 

Se, a qualidade do que se vai falar difere de uns para outros, eventualmente, a necessidade de fazê-lo é comum a todos.

O problema do silêncio é que ele fala demais, e nem sempre cabe na bainha; aí então, a palavra brota, não como planta valiosa, mas como mera intumescência, um inflado tumor, incômoda espinha.

Seguidamente recorro a uma frase de Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio, mas um fogo a ser aceso.” Então, quando me disponho a pensar, e uma “Ordem Unida” de frases feitas vem bater continência, me vejo tentado a empilhar ideias alheias, onde deveria deixar que nasçam as minhas. Enfim, encher o vaso invés de acender o fogo.

Não que seja desprezível ter um depósito de boas coisas que outros pensaram antes de nós e nos deram de bandeja. Mas, a droga do lugar comum, do comodismo, da preguiça mental soam mais, como a proverbial boca torta pelo vício do cachimbo, que um bom uso da arte de falar. E nesse caso o silêncio seria mesmo mais valioso. “O tolo quando se cala é reputado por sábio”.

Se, a arte de escrever nos permite sermos tagarelas discretos, isso não muda o fato de que falamos quando poderíamos ter silenciado.

E, desculpem mas, preciso pegar um feixe da prateleira, um provérbio chinês sobre o tema; diz: “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que deixas escapar é tua senhora”. Assim, sem nenhum motivo aparente saímos alforriando nossas escravas, enquanto rumamos à senzala das cobranças, voluntariamente.

Vivemos tempos estranhos, de valores invertidos, onde se apregoa a torto e a direito que, o ser vale mais que parecer, ou mesmo, ter; e que qualidade é superior à quantidade.

Entretanto, a praticidade da vida normalmente mostra o contrário; a roupa vale mais que o corpo, as coisas anexas ao casamento, mais que o amor; o culto importa mais que Deus, a cerimônia fúnebre mais que o morto, e falar de coisas profundas mais que se aprofundar no sentido das mesmas.

O Salmo primeiro menciona como abençoado um que, depois de rejeitar maus conselhos, maus caminhos e ambientes, medita na Lei do Senhor dia e noite. O que é meditar, senão, aprofundar-se?

Adiante a figura é mui eloquente; diz que o tal será como árvore plantada junto a um curso d’água, que, mesmo em tempos de seca não deixa de dar fruto. 

Se, em tempos de estio a água não está na superfície, aquele que aprofundou suas raízes na compreensão do que é valioso, “bebe” o necessário para dar frutos, quando as circunstâncias sugerem que não.

Quantos que, em virtude da pandemia que grassa brincam que esse ano não valeu, não o somarão em suas idades, e coisas do tipo; embora o tom jocoso para muitos é sério; pensam mesmo assim. Que em tempos de restrições, do “estio” de calor humano e das festanças várias, a vida não faz sentido. Pelo medo da morte estão sujeitos à servidão, como diz em Hebreus.

Todavia, esse estio é um tempo oportuno para quem tem raízes profundas produzir frutos mais valiosos ainda.

Se, a Palavra dita se nos fará Senhora, por quê não, invés de nossas falas, repetirmos à Bendita Palavra de Deus? Fazendo isso ou não, ela tem autoridade sobre nós de qualquer maneira. “... A Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

Enfim, se no prisma existencial, apenas, a cada minuto que passa morremos um minuto, para quem “Nasceu de novo” herdou vida eterna, foi feito “Plantação do Senhor” junto ao Rio da Água da Vida, esse estio de valores, mais letal que qualquer pandemia, não o faz murchar; antes, produzir oportunamente o Delicioso Fruto do Espírito.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Alvo Excelente


“O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído.” Prov 13;20

Vulgarmente se diz: “Diga com quem andas e direi quem és.” A ideia é mensurar caráter, de acordo com as companhias de nossa identificação. Nesse sentido o mero andar junto serve de aferidor. Afinal, disse Deus mediante Amós: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” cap 3;3

Entretanto, “andar” com um sábio requer algo mais para se tornar como ele. Digo, não basta a postura de cúmplice, nem mesmo fã; se requer a “sabedoria” de se fazer discípulo. “Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio...” Prov 9;9 “... todo o discípulo que for perfeito será como seu mestre.” Luc 6;40

Afinal os “sábios” humanos são aquele que estão cônscios das suas próprias ignorâncias. Só os de postura assim são ensináveis, moldáveis como certos metais preciosos. Os “Sábios aos próprios olhos” são intocáveis como porcos-espinhos.

É comum e triste ver tolos afirmando “urbi et orbi” (a cidade e ao mundo) via redes sociais, que já são obras acabadas, que não precisam de retoques. Mesmo “Cristãos” postam e partilham: “Não deixe de ser quem você é por causa da opinião alheia”. Patenteando suas perfeições de obras prontas.

Não que devamos levar a sério tudo o que se diz alhures sobre nós; muita coisa é reles, gratuita, fugaz.

Mas, quantas vezes pessoas que veem a vida de outro mirante, enxergam mais longe, e com um conselho simples alargam nossos horizontes! Graças a muitos desses sou bem melhor que já fui, e muito pior do que serei, se eles continuarem me ajudando, pois, ainda estou na escola.

O reconhecido como mais sábio de Atenas, Sócrates, usava como bordão a frase: “Tudo o que sei é que nada sei.”

Não era um sábio do tipo que dita sentenças, como foi Salomão. Antes, uma espécie de garimpeiro, cuja excelência em “escavar”, o método dialético, fazendo as perguntas certas, destruindo a insensatez pela ironia, levava seus discípulos a descobrirem repostas dentro de si mesmos, como se cada alma fosse uma mina, a ignorância as escórias, e a razão uma pepita encontrável usando as ferramentas adequadas.

No seu contexto, não dispondo da Revelação Divina como nós, inegável que o sujeito fez proezas; embora, não se possa endossar tudo o que ele defendia. Sua maior descoberta, ao meu ver, foi que quem comete uma injustiça é mais infeliz do quem a sofre. Isso combina com a Bíblia.

Todavia, O Sábio com qual devemos andar, é desejável demais, para que nos detenhamos perto de outro invés Dele, Jesus Cristo. “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3

Assim, os “sábios” horizontais só o são, à medida que tiverem o Santo como alvo. Sem o necessário princípio, fica inatingível o fim; “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” Prov 1;7

O conhecimento espiritual é como um escada inversa; digo, pela qual se “sobe” descendo. Quanto mais houver em nós, Dele, menos de nós mesmos; o “negue a si mesmo” necessário à salvação, ou, o “quando estou fraco, então sou forte” a bênção de ser meio de atuação do Espírito Santo, invés de agir mediante o braço carnal.

Aqueles que sabem mais do que nós não são nosso alvo; são bênçãos, sinalizadores do caminho “acendedores de lampiões” colocando placas para que cheguemos onde importa; “Ele mesmo (O Senhor) deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

Notemos, voltando ao ponto inicial, que, o que anda com os sábios, a esse se reserva uma aquisição; ficará sábio; enquanto o oposto, o companheiro dos tolos, por “não precisar” mais nada, nada adquirirá; se lhe mensura apenas o fim; será destruído.

Jacó sonhou que uma escada foi posta ligando Terra e Céus, pela qual anjos subiam e desciam; Quando A Sabedoria encarnada chamou a Natanael para o discipulado apesentou-se como sendo a Mesma; “Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o Céu aberto, e anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” Jo 1;51

Anjo é uma palavra grega que significa mensageiro. Além dos celestes há humanos, que, nos ensinando alguma coisa sobre O Sábio, diminuem a altura de nossa ignorância; nos fazem descer um degrau mais, rumo à Sabedoria que brotou da Terra.

“A verdade brotará da terra, e a justiça olhará dos céus.” Sal 85;11

domingo, 30 de agosto de 2020

Suprema Humilhação da Justiça



Uma coisa que deixa Kiko e Chaves, meus dois neurônios, disputando uma bola quadrada é nossa incoerência. Desprezamos à falsidade, e morremos de medo da sinceridade.

Se, alguém é falso conosco odiamos ao saber; se é sincero, mas do teor da sinceridade discordamos, também lidamos mal, como se, preferíssemos ser enganados, à dor de ser contrariados, eventualmente. Como não lembrar da música aquela? “Mente pra mim mas, diz coisas bonitas...”

Não poucas vezes fui excluído, algumas excluí desafetos de meu rol de amizades, pelo “péssimo” hábito de dizer o que penso. 

Nossa sociedade precisa Voltaire, digo, voltar à filosofia aquela; “Não concordo com uma palavra do que dizes; mas defenderei até a morte teu direito de dizeres o que pensas.”

Nem sempre digo, claro! só, quando suponho que o interlocutor tem estatura suficiente para lidar com algo diferente do lugar comum, da falsidade corrente, ou da ditadura do “politicamente correto”.

Me engano ao julgar outrem por meus valores e, tardiamente descubro que o presumido Golias era só um Zaqueu, que precisa subir para enxergar alguma coisa.

A mentalidade filosófica que lida com argumentos, não com paixões, e nesses coteja visões opostas em busca da verdade está cada vez mais notável, pela ausência, que pela existência.

Nesse antro de cérebros walking deads, grassa a pós verdade; alquimia que muda fatos ao sabor das paixões, pelo “toque de Midas” das narrativas fraudulentas.

Se essa pandemia de desonestidade intelectual fosse uma doença dos arrabaldes mentais até se explicaria; ser, um trabalhador braçal como eu o ignorante, normal, acontece.

Mas, os maiores doentes disso são juristas, políticos de renome, e sobretudo, jornalistas.

Diferente da outra pandemia, o tratamento dessa demandaria rasgar máscaras invés de usá-las. A vacina seria o apreço pela verdade, mas como foi Bolsonaro que “descobriu a cura”, que “a verdade liberta” deve ser descartada. Tudo o que ele faz ou diz, deve estar errado.

O quê se dizia dele durante a campanha? “Ele não!” É “nazista, fascista, racista, machista, homofóbico”... Se eleito perseguirá negros, mulheres, gays, implantará uma ditadura restringindo liberdades, etc.

Pois, está há vinte meses no poder. Onde se registrou mínimo deslize segundo aquelas sombrias “previsões”? Os que aquilo diziam já fizeram “mea culpa” e disseram que estavam enganados, que os fatos os desmentiram? Nada! O Jair segue não prestando por outros motivos que eles vão inventar.

O Problema não são os presumidos defeitos do Bolsonaro; é sua existência que incomoda; sobretudo, tendo a chave do cofre que sempre foi do “Mecanismo”.

Aquela facada dado pelo celerado do Adélio pode ser adjetivada de mil maneiras; covardia, traição, desespero, frieza, vileza, e o escambau; mas, para efeito dessa análise, ela foi um atestado de autocrítica do Sistema.

Sabiam que o homem era imbatível nas urnas, e incorruptível no poder. Os que hoje sofrem de “crise de abstinência de propina” como bem definiu Roberto Jefferson, prevendo a crise atual tentaram se antecipar a ela com aquele “argumento”.

O jeitão tosco e impulsivo do Bolsonaro não mudou, nem precisa, isso não nos incomoda. Nem a eles, mas não tendo nada mais a falar as prostitutas fingem que são freiras com seus falsos escrúpulos moralistas. Canalhas!!

Dezenas de atos ditatoriais foram tomados pelo militante STF; expuseram publicamente uma reunião de Estado sem motivos para que o fizessem; atuam contra a liberdade de expressão, sobretudo, perseguindo jornalistas e blogueiros identificados com o Presidente.

Mas, não era ele a ameaça de ditadura? Fabricaram a fictícia propagação de “fake News”. Tudo o que apoiar ao Governo Federal deve ser falso por sua ótica doentia.

Desgraçadamente nossa sociedade foi treinada para chamar cães de Majestade, quando eles se assentam na cadeira do rei. 

Digo, militantes ordinários, parciais, rábulas indignos, palhaços mentirosos dever ser nominados de “excelência” porque se alojam indignamente num lugar que deveria ser nobre, a Suprema Corte; têm agido reiteradamente em defesa de bandidos e da desordem democrática, pela interferência indevida em outros poderes. São um partido de oposição, não um poder moderador como deveriam ser.

A coisa é tão “Suprema” que outro dia Luiz Roberto Barroso fez uma “live” com o conselheiro pornográfico de crianças e adolescentes, Filipe Neto; Gilmar Mendes, por sua vez fez outra com os terroristas do MST. Mas eu os devo chamar de “Excelências”, claro!

Não bastassem essas coisas o “Excelente” Barroso gravou um vídeo/áudio em inglês, para consumo externo onde diz que a democracia por aqui está ameaçada e a esperança de salvaguarda são eles...

P*** que o pariu!!! O sujeito se presume intelectual, escritor de livros, jurista?? O Chaves aqui acaba de se esconder em seu barril de vergonha alheia.

“A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana.” Blaise Pascal

As Moscas no Mel


“Come mel, meu filho, porque é bom... é doce ao teu paladar. Assim será para tua alma o conhecimento da sabedoria...” Prov 24;13 e 14

Interessante figura; como mel ao paladar, o conhecimento da sabedoria, à alma.

Ezequiel quando se lhe deu um livro com as Palavras do Senhor para que comesse registrou: “Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, enche tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi; era na minha boca doce como mel.” Ez 3;3

Porém, João teve dupla sensação; “Tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; na minha boca era doce como mel; havendo-o comido, meu ventre ficou amargo.” Apoc 10;10

Se, crescer em conhecimento, tem um quê de doce, também tem uma parcela de amargo, como versou Salomão; “Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1;18

Não que o conhecimento seja doloroso; mas, pela luz que enseja nos leva a ver coisas que doem. Inicialmente nossas próprias maldades; depois, maldades adjacentes, mal disfarçadas com as pífias máscaras humanas; e tantas obscenas, sem disfarce nenhum.

A própria vida de Salomão foi, de certa forma, um reflexo desse trânsito entre doce e amargo, nas coisas que escreveu. Seu lado doce pintou o amor nos Cantares; “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente desprezariam.” Cap 8;7

No tempo amargo, na velhice, quando escreveu o Eclesiastes desprezando quase tudo, inclusive à sabedoria, como mera vaidade. “... me engrandeci, sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. Apliquei meu coração a conhecer a sabedoria os desvarios e loucuras; vim a saber que também isto era aflição de espírito.” Cap 1;16 e 17

No intermédio foi um filósofo escrevendo Provérbios; “Ele (O Senhor) reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos.” Cap 2;7 e 8

As sensações de doçura, ou, amaras, não são testemunhas confiáveis; muitas delas não têm relação com os fatos circunstantes, mas com nossa percepção deles; se essa for doentia, fabricaremos nossas próprias amarguras.

“Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui.” Demócrito. 

Assim a sabedoria não seria uma ferramenta para produzir coisas, mas para ensinar como reagir a elas, algo com o qual Salomão também concordava; pois, dissera: “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

O alvo da sabedoria espiritual não é o produto de sensações, ainda que essas acompanhem seres sensíveis; sua excelência reside nos frutos preciosos aos quais conduz; “Riquezas e honra estão comigo; assim como bens duráveis e justiça. Melhor é meu fruto que o ouro; que o ouro refinado, e meus ganhos mais que a prata escolhida. Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo. Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha seus tesouros.” Prov 8;18 a 21

Assim, invés de “doçuras” eventuais quase sempre enganosas, o cardápio predileto no restaurante dos falsos profetas, a sabedoria espiritual insta conosco para que, nela busquemos bens permanentes; ou seja: Vida Eterna.

Por isso, Aquele que a dá, quando chamou a si cansados e oprimidos, não lhes acenou com doçura; antes, com um “Jugo suave”, cujo “peso” ensejaria “descanso às almas”.

E, Paulo aconselhando ao jovem Timóteo lhe prescreveu que exercitasse mais à alma nas virtudes celestes, que o corpo, tendo em vista os bens permanentes propostos; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

O duplo sentir de João, doce na boca e amargo no ventre também nos ensina algo; Na boca a Palavra de Deus é doce; fácil recitar. Agora no ventre, comer, praticar, traz o concurso do amargo; luta contra nossa natureza inclinada ao vício.

Cheias estão as redes sociais de trechos da Palavra de Deus partilhado por gente que nem liga para ela. Mel é produto de abelhas, no qual as moscas se lambuzam gostosamente.

Não que seja vetado a ninguém fazer isso; mas excelência é ter a Palavra nos lábios e comê-la também. Diamante não foi feito para usar na funda.