“Mas
quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele
aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos
lavandeiros. E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e
purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata;
então ao Senhor trarão oferta em justiça.” Mal 3; 2 e 3
Aludindo
à vinda do “Anjo do concerto”, como definiu o Messias, o profeta fez
da purificação a meta central da obra Dele. O sabão refere-se a uma
limpeza superficial, externa; o fogo do ourives, que derrete ouro e
prata para remover escórias figura a pureza interior.
Isso remete à
conclusão que, a obra perfeita de Cristo não nos cobrirá com o verniz da
virtude; antes, visa nos fazer “maciços”; digo; aparentemente puros, e
essencialmente puros. Assim como a mulher de César que devia ser e
parecer honesta.
Enquanto isso não for encontrado em nós, o Espírito Santo terá trabalho
a fazer. Diverso do crescimento natural que decorre do curso do tempo, o
espiritual demanda diligência em assimilar e viver o que aprendemos; “…vos
fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo
tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os
primeiros rudimentos das palavras de Deus;…” Heb 5; 11 e 12
Vimos que a negligência fez o tempo passar em vão, quanto ao crescimento dos Hebreus.
A purificação dos despojos de guerra também figura o que ocorre conosco; Moisés disse: “Toda
a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que
fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo
que não pode resistir ao fogo fareis passar pela água.” Num 31; 23
Os
primeiros passos de alguém são difíceis; se toda a seriedade que
demanda o Eterno for exposta de uma vez causará espanto, medo. Certos
caçadores usam um foco de luz para caçar a noite; paralisam seus alvos
mirando seus olhos enquanto os abatem. Assim, excesso de luz para quem
vivia nas trevas é nocivo.
Deve ser um processo paulatino, como ensinou
Salomão: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4; 18
Então,
a abordagem inicial para salvação é serena, inclusiva, acolhedora;
entretanto, chega a hora em que somos desafiados a crescer.
Salvação é
uma emergência; santificação o alvo de todos os salvos. Numa emergência
um bombeiro tira alguém nu pela janela, se for o caso; isso não
significa que está legitimado a andar nu depois disso. De igual modo o
Salvador; recebe e perdoa a qualquer tipo de pecado; porém, adverte: “Vá e não peques mais”.
Depois
da graça vem a disciplina; após o Espírito Santo vem o batismo de fogo,
a prova. O Senhor que caminhou em Seu ministério tendo a cruz como pano
de fundo chegava a se angustiar pelo cumprimento de uma vez, de algo
tão doloroso; “Importa, porém, que seja batizado com certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se!” Luc 12; 50
Esses
pregadores do evangelho fácil que afirmam ser, a luta, coisa do diabo
acendem fogo de palha onde deveria arder o do ourives.
Paulo adverte sobre a singularidade do Fundamento, e a necessidade da prova para quem se diz Salvo; “Porque
ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de
ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um
se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será
descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3; 11 a
13
Claro que isso faz de Jesus alguém difícil de seguir. “Quem suportará o dia da sua vinda?”
Era uma questão pertinente do profeta. Mas, que glória teria alguém que
cravasse um lábaro no topo do Everest chegando lá de helicóptero? Assim
será a “salvação” dos que tentam chegar ao Santo evitando as dores da
cruz. Ignomínia em lugar de glória.
Todo
ministro do evangelho que não labora pela purificação dos salvos sonega
seu papel; “derreter” os metais para remover escórias. “…Faz dos seus anjos espíritos, e de seus ministros labareda de fogo.” Heb 1; 7
Embora soe mais ameno propor facilidades, só é honesto ancorar nossa esperança na fidelidade Deus, que prometeu: “Quando
passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama
arderá em ti.” Is 43; 2
Certo, era promessa a Israel; mas, quem cuidava dos seus então, deixaria de fazê-lo?
“E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gen 3; 10
Nessa
estreia do mal na vida de Adão se pode vislumbrar algo bom ainda.
Mesmo tendo se feito indigno de Deus, tinha ciência disso. Ao invés de
sair em passeata com sua consorte exigindo seu direito à diversidade
moral, ciente de seu erro, tentou evadir-se da face de Deus.
Não pode ser diferente disso; a presença do Santo, ante um ser pecador,
necessariamente gerará temor, insegurança, contrição. Aqui, aliás,
pecam gravemente os “animadores” de plateia que tomam os púlpitos
modernos. Buscam gerar entretenimento, diversão, bem estar.
Ora, se são
de fato, expoentes de Deus, suas mensagens deveriam nos deixar mal, uma
vez que somos pecadores, ao invés de fazer nos sentirmos melhor.
A Palavra pregada nunca divertiu ninguém; ou produziu temor e
arrependimento, ou, violenta oposição. Afinal, ela é invasiva, ousada.
Labora para destronar um rei falso, falido, chamado ego, e entronizar ao
Rei dos Reis. Isso não é divertido, antes, crítico.
Vejamos
alguns exemplos de reação à Palavra: “E, ouvindo eles isto
compungiram-se em seus corações, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2; 37 “E, ouvindo eles
isto, se enfureciam, e deliberaram matá-los.” Atos 5; 33 “E, ouvindo
eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra
ele.” Atos 7; 54
Paulo,
por sua vez, enviou uma carta com dura reprimenda à igreja de Corinto
que estava acobertando pecados, e isso fez um “estrago”, dada a tristeza
que causou, mas, sarou a igreja.
Sabedor disso, ele escreveu:
“Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me
arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos
contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes
contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois
fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes
dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera
arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a
tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7; 8 a 10
Grande
parcela da igreja moderna teme a crítica, quando deveria estar
preparada até para a perseguição. De minha parte, não estou preocupado
em adequar a mensagem à linguagem da moda, ao “politicamente correto”.
O
Evangelho é parcial? É. Vem da parte de Deus. É fundamentalista? É.
Recusa terminantemente outro fundamento que não seja Cristo e Sua
Palavra. É radical? Totalmente; coloca-se como único caminho para Deus, o
que torna qualquer pretensa alternativa, uma fraude. É intolerante? Com
o pecado, é.
Afinal, labora para apresentar o pecador ante um Ser que é
“… tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes
contemplar…” Hab 1; 13
Portanto
não estranho à rejeição violenta de certos setores; estranharia, aliás,
se O Santo passeasse pelo jardim e o Adão culpado lhe desse boas
vindas.
Claro que meu anelo é que todos os pecadores se deixem persuadir
pelo Espírito e pela Palavra, reconciliando com Deus. Mas, a grande
maioria, infelizmente, prefere pelejar pela implantação do nudismo, a
reconhecer-se em falta para com o Criador.
As
alternativas são simples: Ou andamos segundo Deus, em temor reverente, o
“princípio da sabedoria”, ou, endeusamos nossas opiniões e
preferências, que Salomão chamou de “sábio aos próprios olhos”. E
destes, aliás, não falou de forma elogiosa. “Tens visto o homem que é
sábio aos próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.”
Prov 26; 12
Laboremos,
pois, com fidelidade, mesmo que sejamos “desmancha-prazeres” com nossa
mensagem; afinal, os que forem sanados por ela, com tristeza em
princípio, se alegrarão depois, na Paz de Deus. “E, na verdade, toda a
correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas
depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb
12; 11
Pecadores
“plantarão” seu arrependimento com lágrimas, e ceifarão a salvação com
gozo. “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará,
sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Sal 126; 6