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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Suicidas espirituais

“Temeram, pois, estes homens ao Senhor com grande temor; ofereceram sacrifício ao Senhor e fizeram votos.” Jn 1;16

Os marinheiros do navio onde o profeta Jonas fugia de diante do Senhor; assolado por grande tempestade; o próprio fujão instou que o jogassem ao mar dizendo que, assim, a fúria cessaria; após resistência inicial cederam e o lançaram; vindo a calmaria temeram, sacrificaram, votaram.

Seu temor eventual era fruto de equívoco. Tendemos a absolutizar nossa relação com as coisas; depois, universalizar as circunstâncias, mercê de nossa veia supersticiosa.

Desse modo, se, um desobediente em fuga dera azo a uma intensa tempestade, - pensaram - melhor ficar pianinho; “acalmar” ao Terrível Deus com sacrifícios, negociar com Ele mediante votos, pois, precisamos navegar. Tal “fé” não interessa ao Santo.

Pelo hábito de universalizar o pontual, facilmente O teriam como Deus dos mares, uma vez que, foi nesse contexto que testemunharam Seu Poder. Ora, restringir a atuação do Eterno a uma partícula apenas de Sua Obra não O honra de modo nenhum. Diminui.

A Ira Divina testemunhada pelos estupefatos marinheiros era um subproduto do Seu Amor. Tinha em mente salvar a cidade de Nínive de juízo iminente, caso não houvesse arrependimento. Jonas fora escolhido para anunciar isso; cabia-lhe uma dura mensagem de juízo como estímulo ao refúgio na misericórdia.

Os assírios eram desafetos de Israel; um juízo de destruição contra eles deveria ser mesmo cumprido, - pensava o egoísta Jonas - não, avisado de antemão para que se arrependessem. Isso foi confessado por ele, quando, o intento misericordioso do Santo se cumpriu: “Orou ao Senhor, e disse: Ah, Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso me preveni fugindo para Társis, pois, sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime, grande em benignidade; que se arrepende do mal.” Cap 4;2

Quando pediu que fosse jogado ao mar não contava com o “submarino”; pensava morrer mesmo, invés de ser agente de salvação a um povo mau. Agora, testemunhando o maravilhoso livramento deixou claro isso. “Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer que viver.” V 3

Duas vezes disposto a morrer; por vingança, remorso, não, por amor. Paulo falou disso: “Ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres; ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se, não tivesse amor nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Pois, Deus, que É Amor, até quando nos pune, é Seu Amor que O instiga: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se, suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” Heb 12;5 a 7

Esse tipo de “entrega” é a do que não se entrega, de fato. Prefere morrer abraçado ao orgulho, que renunciar-se amoldando-se à amorosa Vontade Divina.

Como, a “fé” dos marinheiros que ofereceram sacrifícios não é a que O Pai almeja; antes, a que sacrifica-se anulando a vontade natural em prol da sobrenatural. Não se mata; mortifica-se na identificação submissa com a Cruz de Cristo. Eis a “Razão” espiritual! “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

O suicida espiritual prefere morrer a mortificar-se, patenteia um amor-próprio desmedido, incapaz de renunciar-se em prol da obediência que demanda postura fraterna. Os sacrifícios e votos dos marinheiros aqueles eram fruto desse amor próprio que os convencera a “negociar” para navegar seguros.

E pensar que tem muitos simonistas ensinando algo assim, como se O Santo fosse mercador.

Ora, minha segurança em Deus não deriva de negociatas; é fruto do Divino Amor manifesto em Cristo; não é certeza de sucesso na Terra, mas, um desafio a uma peregrinação exemplar; tampouco, salvo-conduto para que eu paire acima dos problemas da vida. Antes, a certeza imutável que, mesmo em meio às adversidades, O Eterno está comigo; “Quando passares pelas águas estarei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

O Eterno não tem crise de identidade, tipo, precisar mostrar força para ser temido; Antes, fez notório Seu Amor e anseia ser correspondido.

O Temor anelado é pelo que É; não, pelo que faz. Quem O Conhece deveras, teme e honra, mesmo, na bonança; “Minha aliança com ele (Levi) foi de vida e paz; eu lhas dei para que me temesse; então temeu-me e assombrou-se por causa do meu nome.” Ml 2;5 Quem O teme mesmo na paz, não teme as tempestades.

sábado, 11 de outubro de 2014

Força da sabedoria



“Ou qual é o rei que, indo à guerra pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores e pede condições de paz.” Luc 14; 31 e 32 

O Salvador evoca a figura de um rei prudente, que, na iminência de uma guerra, além de reconhecer os próprios limites conhece o poderio do adversário.  Tal, disse, vai à luta se tem possibilidade de vencer, senão, negocia paz, submete-se. 

Ainda que a incidência das guerras tome teatros amplos, a origem, como ensina Tiago, está na cobiça alojada no coração humano. De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Tg 4; 1 

Aqui está uma guerra que frequentemente perdemos. A luta contra as cobiças que combatem em nosso interior. Com qual exército iremos contra elas? Temos condições de vencê-las, ou, carecemos negociar a paz?  Mas, a paz com os desejos naturais, que equivale ao mundo, não nos coloca em guerra contra Deus? Sim, o mesmo Tiago escreveu: Adúlteros e adúlteras; não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4; 4 

Assim, gostemos ou não, necessariamente estamos em conflito, dada a dualidade de forças espirituais antagônicas que nos cerca. Ou estamos nos braços do pecado e em guerra contra Deus; ou, à Sombra do Altíssimo em conflito com o mundo. Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?” Jó 7; 1 

De qualquer forma, uma declaração de guerra ainda é preferível à sentença de morte; naquele caso, se pode até vencer; nesse, nada resta a fazer. Foi o caso da mensagem entregue à Nínive, mediante Jonas. Quarenta dias mais e a cidade será destruida. 

Não havia exército a arregimentar, ou, logística a preparar, pois, contra Deus a luta é impossível. Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor.” Prov 21; 30 

Tanto é impossível pelejarmos contra Ele, quanto, nas nossas guerras horizontais, em última análise, o Eterno é quem escolhe o vencedor.  “Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do Senhor vem a vitória.” Prov 21; 31

O Rei de Nínive, porém, convocou humilhação e arrependimento para sonhar com alguma possibilidade; “Esta palavra chegou também ao rei de Nínive;  ele levantou-se do seu trono,  tirou de si as suas vestes, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, pelo decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água;” Jn  3; 6 e 7 
O Eterno agradou-se de tal postura de humildade e cancelou o juízo, pois, grande é Sua misericórdia .   

Davi, em seus dias, também preferiu “lutar” contra Deus, a enfrentar inimigos humanos, dado que esses são impiedosos e o Eterno, Benévolo. “Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu.” II Sam 24; 14 

Nem sempre identificamos as causas de nossos conflitos, e, não raro, estando em atrito com Deus, buscamos amparo humano, não Nele. Israel fez assim em tempos idos. Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado; descem ao Egito sem pedirem meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, para confiarem na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha; a confiança na sombra do Egito em confusão.” Is 30; 1 a 3 

O desafio de Cristo, enfim, é que lutemos contra o único que nos pode fazer mal, em última análise, nosso ego obstinado que não coexiste com a submissão ao Santo; precisa morrer.  Eis a vitória da cruz!   

Então, somos chamados a vencer não arregimentando forças, antes, enfraquecendo em nós e dependendo do Forte e Poderoso que venceu a morte. “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia  tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” 

Acostumamos a aquilatar poder via força; Deus nos desafia a vencermos mediante sabedoria. “Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força...  Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém, um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9; 16 e 18