quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Os democratas


“Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Os homens tudo fazem pelo dito “poder”; onde, além de uma vida cercada de mesuras e comodidades, acabam tendo autoridade sobre os semelhantes. Usam meios fraudulentos até, para que a prerrogativa de mandar, lhes sorria.

Porém, no apreço das Escrituras, essa situação acarreta desgraça para os “poderosos”; por quê? Na parábola dos talentos A Palavra ensina que aquele que recebe mais, deverá prestar contas sobre o que recebeu. Tendo poder sobre outras vidas, o espectro do dever se amplia também. Mesmo aquele que numa relação particular esteja em paz com Deus. Se sua área de influência é sua “casa”; deverá estar ordenada também.

O rei Ezequias tinha uma relação saudável com Deus. No entanto, Isaías foi enviado a dizer-lhe: “... Põe em ordem a tua casa, porque morrerás...” Is 38;1 sua relação com O Eterno não carecia reparos, segundo Ele mesmo disse: “... Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de Ti em verdade, com coração perfeito; fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.” V 3

Como ele era rei, tinha poder sobre um reino e deveres também. Assim “sua casa” era bem maior que suas coisas particulares. Esse é um dos efeitos colaterais de se ter poder sobre os outros. Passa-se a ter deveres para com eles também.

Depois, concorre ainda, a lei da semeadura, aquela que garante que ceifaremos segundo nosso plantio; no caso de um empoderado sobre muitos, é necessário que “semeie” em muitos “campos”. O risco de cometer injustiças é maior, bem como, as tentações das vantagens pessoais, o assédio dos interesses escusos que costumam dar azo à corrupção.

Enfim, ser alguém quase anônimo, não ter poder sobre nada, exceto, as escolhas particulares, é uma grande bênção que bem poucos conseguem valorar devidamente.

Quem expõe seu nome para apreciação popular numa eleição, por exemplo, ciente que, se bem sucedido será servo de toda uma comunidade; imbuído de intenções retas, esse/a abdica do conforto de cuidar apenas de si, mergulhado em projetos que respeitam ao todo, abre mão em parte, de si, pelo bem comum. Sabedor que foi investido de deveres, uma vez eleito, não coroado de poder, como pensa o vulgo, esse/a albino, certamente fará bem à comunidade que lhe delegou responsabilidades. Infelizmente, mentalidades hígidas assim são coisas raras como o albinismo.

Os de má índole, a grande maioria, aqueles que tudo fazem para “reinar” a qualquer preço, pela sua “escala de valore$” farão bem a si mesmos e aos que usam como escada para subir ao trono. O município se lhes faz um meio, os munícipes, servos apenas. Comunidades reféns desses mini-ditadores tendem à estagnação; um mínimo que se pareça com serviço público é mantido, sem a ousadia empreendedora necessária, para conquistar o apoio majoritário dos munícipes. Colégios, postos de saúde funcionando, algumas ruas pavimentadas isso é básico; como uma dona-de-casa a varrer sua casa.

Para ter maioria, em geral compram ou coagem eleitores, invés de colocar a casa em ordem, como requereria a probidade. Se enchessem as medidas com trabalho não careceriam desses meios escusos que usam, sem vergonha, sem pudor.

Os tais, “fazem o diabo para ganhar uma eleição” nas palavras de Dilma Rousseff; contudo, são os primeiros a se abrigar atrás de palavras como “democracia”, uma vez saciada sua sede de poder, pelos meios mais espúrios e antidemocráticos possíveis.

O “diabo” uma vez feito, não desaparecerá num exorcismo fácil; o tinhoso cobra lá seu preço. Deixará rastros, vestígios; perturbará as consciências dos “empoderados” de modo indigno. Seu “poder” foi permitido e as desgraças concomitantes também o serão, no devido tempo.

Abusarão de eufemismos para esconder às coisas feias que precisarão fazer; seguirão mentindo como sempre, chamando atenção para onde pensam que lhes convém, e desviarão a mesma de onde mostraria seus erros.

Desgraçadamente as pessoas idôneas acordaram tarde demais para a política; os patifes que sempre parasitaram nela, criaram um sistema que lhes favorece, cheio de casuísmos que permitem a manipulação das coisas contra a vontade do povo. A democracia acabou se tornando uma formação de quadrilha consentida, onde os quadrilheiros se dão ao luxo de dizer como gostam de ser chamados.

Há tantas “excelências” que não entrariam em minha casa, por minha vontade ou convite, nas mãos dos quais, nossas coisas estão, vergonhosamente. Surja alguém adverso aos tais, e será apedrejado, ridicularizado, roubado.

Deus permite que frutifiquem algumas ervas bem daninhas. Porém, no devido tempo, fará um chá com as folhas dessas, e dará para beber, àqueles que as cultivam.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Boca fechada

“Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;5

Alguém disse: “O sábio fala porque tem algo a dizer; o tolo, porque tem que dizer algo.”

No primeiro caso, o teor do que vai ser dito justifica à fala; no segundo, pela inquietação, as falas brotam espúrias, sem nexo ou sentido; talvez, o desejo de ser visto, escutado, motivaria o tolo a se expor, mesmo quando o silêncio seria melhor.

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Jó não estava requerendo dos amigos, algo que eles não pudessem dar; na verdade quando vieram a ele e viram a grandeza da sua desventura, emprestaram seu silêncio solidário durante uma semana. “Levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; ergueram a sua voz e choraram, rasgaram cada um o seu manto, e sobre suas cabeças lançaram pó ao ar. Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Cap 2 vs 12 e 13

Admirável, a postura inicial deles! Uma solidariedade silente, empática, que recusava a falar, temendo aumentar à dor do já intensamente sofredor.

No entanto, chegou um momento em que eles falaram; invés de empatia com o desventurado, culpavam-no pelo que estava passando. Ele defendeu sua inocência e reclamou dos maus tratos que seus amigos lhe infligiam. Então, enfadado deles disse aquelas palavras desejando que eles calassem a boca. O ouvido prova às palavras como o paladar ao alimento, ensinou; as falas deles não tinham tempero nenhum.

Como é difícil ao ser humano pretensioso e falastrão, a honestidade sóbria de um “não sei”. Mesmo não sabendo se mete a especular, tecer conjecturas tentando explicar coisas para as quais, não tem uma explicação. A necessidade tola aquela, de ter que dizer algo, mesmo que esse não tenha sentido, ou não seja oportuno.

Na presença de Deus somos convidados à parcimônia nas falas; “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras.” Ecl 5;1 e 2

Eventualmente a consciência culpada cobra alguma coisa; informa seu hospedeiro sobre a carência de higiene moral, espiritual. Denuncia a um mau passo convidando ao arrependimento e à mudança. Quem não está habituado a banhar-se nessas límpidas águas, quando desafiado costuma se esconder atrás do biombo das falas; não fala para dizer algo; antes, para não precisar ouvir, uma denúncia íntima que o tenta corrigir. Sua agitação é sua fuga.

Por isso, a inquietação gratuita, além de ser uma característica dos tolos, é também uma denúncia de impiedade; “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Retratando a mulher adúltera, na ansiedade para “aproveitar” a ausência do marido, e se “divertir”, Salomão conta: “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Assim, os amigos de Jó, quiçá, assolados pelos próprios temores, tentavam “colar” nele alguma culpa, pelo que parecia um duro juízo que o infeliz estava sofrendo. Se, alguém da estatura dele passava por aquilo, o que seria deles, se fossem julgados, então? Talvez fugindo dessas íntimas questões, atribuíam pecados a Jó sem ter condições de demonstrar que falavam a verdade. Por isso, invés de falar assim, o silêncio seria uma postura mais sábia, ponderou aquele.

Às vezes, nem basta que as palavras estejam certas; é necessário que a ocasião seja oportuna também. “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25;11

Quando a plenitude da verdade seria uma carga mui pesada, O Senhor reteve parte, em atenção à fraqueza dos discípulos; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Não precisamos saber tudo, nem poderíamos. Mas, se conseguirmos entender quando é mais oportuno calar do que falar, esse discernimento já nos livrará de muitos males.

Às vezes, inadvertidamente falamos até o que não queríamos; depois, levamos uma surra do silêncio que ecoa nossa estupidez. Enfim, um provérbio hindu versa: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio".

domingo, 27 de outubro de 2024

Chegados incrédulos

“Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.” Jo 7;4

O Senhor queria mais, fazer conhecer ao Pai, que ser conhecido. Embora fosse o “veículo” necessário, desejava que O Eterno fosse visto, recebido através Dele. “... quem recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou.” Mat 10;40

“Manifestei Teu Nome aos homens que do mundo Me deste...” Jo 17;6
Embora O Senhor carecesse ser conhecido, a fama nunca foi Seu alvo. Usar alguma prerrogativa espiritual, em busca do aplauso dos homens é próprio de gente egoísta, cujas motivações inda são centradas em si mesmo. “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a Si mesmo...” Fp 2;6 e 7

“Se...”
mesmo os que eram chegados por laços de sangue, não acreditavam Nele. “Se fazes estas coisas...” A única forma de não estar fazendo o que todos viam acontecer, requeria ser, Jesus, um charlatão, dotado de rebuscadas aptidões para enganar. Tende o ímpio, a medir os outros com suas próprias réguas. Como eram sem escrúpulos em enganar o próximo, por que não supor que O Senhor também seria?

Quando Pedro desafiou O Senhor a ordenar que ele andasse sobre as águas, iniciou sua fala com o prefácio dos incrédulos. “Se, és tu mesmo...” Alguns intérpretes dizem que Pedro duvidou quando teve medo desviando o olhar de Cristo e olhando para as ondas. Não. Duvidou quando usou o “se”. O Senhor permitiu alguns passos, depois entregou o dúbio discípulo para um “batismo” de fé.

Os irmãos carnais do Senhor desejavam que Ele buscasse fama; quiçá, isso renderia algum dinheiro. Porém, duvidavam que Ele realmente fosse quem dizia ser, tivesse real poder para fazer o que fazia; coisa que o registro de João testifica: “Porque nem mesmo Seus irmãos criam Nele.” V 5

Chegaram a pensar que Ele estava “fora da casinha;” o desejaram prender; “Quando os Seus ouviram isto, (que uma multidão procurava pelo Senhor) saíram para o prender; porque diziam: Está fora de Si.” Mc 3;21

No meio de um sermão do Mestre “Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele, disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, irmã, e mãe.” Vs 31 a 35

Isso lança por terra o argumento falacioso de alguns padres defensores da eterna virgindade de Maria. Quando a Bíblia fala dos irmãos de Jesus, - dizem - se refere aos irmãos espirituais, pois todos que nele criam eram chamados assim. Que faremos então, com o texto que diz que nem mesmo seus irmãos criam Nele?

e que quando esses intentaram prendê-lo O Senhor os renegou, preferindo os irmãos espirituais? 

Outros dizem que parentes eram chamados de irmãos; como primos por exemplo. Isabel era prima de Maria a foi chamada assim. Luc 1;36 Num sentido amplo, todos os “filhos de Abraão” eram irmãos; mas, como vimos, não têm base nenhuma as argumentações vistas.

Criaram o dogma que o “Pecado Original” seria o sexo. E “concluíram” que Maria concebeu virgem, porque deveria ser, sem pecados. Não é esse o ensino Bíblico.

O pecado primeiro foi desobediência; a mulher pecou sozinha em consórcio com a serpente. O ter Maria, concebido de modo milagroso, virgem, foi porque a semente derivada de Adão estava corrompida. Um homem gerado dela herdaria sua corrupção. “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5;12

Não poderia nascer sob a sentença da morte espiritual, aquele que venceria a morte para nos dar vida. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os Céus;” Heb 7;26

Como um abismo chama outro, a má interpretação da queda deu azo à “doutrina” da eterna virgindade de Maria, não obstante ela ter tido vários filhos.

Esses se mantiveram incrédulos inicialmente, pois os laços que irmanam em Cristo são espirituais, não, de sangue.

Cristo ainda procura ser conhecido, não no sentido de obter fama e aplausos. Mas, que as pessoas ousem se aprofundar Nele e no Pai, para ver quão Belos e Santos são. “A vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste.” Jo 17;3

Filhos especiais


“Nós, cooperando também com Ele, vos exortamos a que não recebais a Graça de Deus em vão.” II Cor 6;1

Embora possa ter nuances particulares, num sentido amplo, todos recebem a Graça de Deus. Sol e chuva descem sobre justos e injustos. Os desavisados se portam como se, a incidência dessas coisas fosse um direito seu, a rigor, são um favor Divino. Não o recebermos em vão, seria viver de um modo aprazível àquele que nos gerou.

Mas quando a sina de alguém não parece nada graciosa? Os que recebem filhos especiais, por exemplo, estariam sendo punidos, ou agraciados?

Ante um cego de nascença perguntaram ao Salvador: “... Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as Obras de Deus.” Jo 9;2 e 3

A ideia corrente era que a deficiência do filho seria uma punição a eventuais erros dos pais. O Salvador ensinou que não. Que assim era, para que se manifestassem as Obras de Deus.

Naquele caso, o cego foi curado, o poder e a misericórdia Divina foram manifestos de modo extraordinário. Mas, quando os portadores de necessidades especiais não são curados, seguem assim, são para alguma outra finalidade, ou para que também se manifeste através deles, as Obras Divinas?

Tendemos a ser imediatistas, querermos a explicação simplista, rápida das coisas, mesmo as que têm suas raízes na eternidade. Ora, aquele que foi escolhido para ter um filho especial, o ama incondicionalmente, apesar das limitações dele; é agraciado com a capacidade de amar, um pouco, como Deus ama.

Afinal, diante Dele, todos somos portadores de necessidades especiais. Nenhum de nós, infelizmente, anda direitinho como o Pai gostaria. Sempre Ele precisa nos tolher de certos ambientes onde nos machucaríamos; oferecer o “andador” do perdão, sem o qual não nos manteríamos em pé; e diuturnamente sofre constrangimentos, por nos ver mexer onde não deveríamos. Apesar desses lapsos todos, nos ama; tudo nos faz para nos proteger.

Assim, as Obras de Deus se manifestam através desses escolhidos, ensinando às pessoas de carne e osso, uma centelha do amor Divino que supera lapsos, e se dá, como é próprio do amor, apesar da ausência de méritos, não obstantes, as imperfeições.

Quando O Criador quis que João visse as coisas desde Sua perspectiva convidou: “Sobe aqui.” Apoc 4;1 Eventualmente O Eterno nos convida a subir, deixarmos nosso mirante raso, e vermos às coisas de ponto-de-vista Dele.

Lá, nossa “lógica” perde o sentido; nossas queixas a razão, nossos argumentos, a voz.

Alguém fez um apanhado do Divino tratar em oposição às humanas percepções, que vale a pena citar. “Eu pedi a Deus por força, para que eu pudesse ser bem sucedido, foi e dada a fraqueza, pra eu aprender humildemente a obedecer; eu pedi saúde pra que eu fizesse maiores coisas, foi me dada a enfermidade, para que eu realizasse melhores coisas; pedi riquezas para que eu fosse feliz, foi me dada a pobreza, para que eu fosse mais sábio; pedi poder para que eu tivesse o aplauso dos homens, foi me dada a fraqueza, para que eu precisasse de Deus; pedi tudo o que existe, para que eu pudesse aproveitar a vida, foi me dada a vida, para que eu aproveitasse tudo o que existe; eu não recebi nada do que pedi, mas tudo o que esperei ter; e apesar de mim mesmo, as orações que eu nunca fiz, foram atendidas; eu sou, entre todos os homens, o mais abençoado.”

Não ignoramos que as coisas mais valiosas têm um custo maior. Assim, os pais de filhos especiais carecem nossa solidariedade e compreensão; mas quando tenderem a se sentir preteridos pelo Eterno, repensem. Deus está colocando preciosidades em suas mãos, e conta com os tais para que zelem por elas.

Embora ao simplista olhar do vulgo a sina desses seja uma “cruz”, ao apreço do mundo espiritual, a graça especial de melhor conhecer o Amor de Deus lhes foi antecipada.

Além disso a eterna vigilância que tais situações demandam, tolhe que a sonolência da omissão no pecado os arraste as dores irremediáveis. Como versa certa frase: “A calmaria que nos faz dormir é mais perigosa, que a tempestade que nos mantém acordados.”

Meu desejo é que O Espírito de Deus enriqueça a percepção dos escolhidos para tarefas assim, para que, como exortou Paulo, “Não recebais a Graça de Deus, em vão.”

Do mirante eterno, as dores “insuportáveis” daqui ficarão tênues, perderão seu aguilhão, então: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8;18

sábado, 26 de outubro de 2024

Cartas do além


“Envie os dados do seu ente querido, para receber sua carta psicografada; cartas escritas à mão, envio o áudio e a foto da carta.” Anúncio que circula nas redes de um site chamado, “Canto do Céu.”

Resumindo: Basta preenchermos um cadastro, talvez com algum custo, e o “Canto do Céu” se encarregará de trazer um recado do além, com palavras de conforto e esperança.

Embora os espíritas se digam cristãos, sua doutrina é inimiga de Cristo; nega a suficiência do que Ele Fez na cruz, omite o combate ao pecado, esconde a existência do inferno.

O Salvador ensinou sobre um morto que que queria “escrever” aos seus para que evitassem cair na mesma desventura que estava, mas lhe foi negado. O que os vivos careciam, já tinham. “... Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16;27 a 29

O que carecia ser escrito, pois, já havia sido. Foi mostrado ao morto arrependido, que há duas sortes distintas para os que partem. “... está posto um grande abismo entre nós (os salvos) e vós, (os perdidos) de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam; tampouco, os de lá passar para cá.” V 26

Invés de “colônias espirituais”, onde seriam tratados os que partem de modo traumático, ou não estando preparados, A Bíblia apresenta o além como lugar de colheita das escolhas daqui, não havendo mais chance de se cambiar a sorte. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;8

O que um morto pode “falar” a quem permanece vivo, o faz por ocasião da morte; enseja aos vivos considerarem que também passarão por aquilo, e devem se preparar; “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

O site que se comunicaria com o além se chama “Canto do Céu”; necessário que todos os que forem buscados estejam no céu; sob pena de não serem encontrados.

Infelizmente grassa um utilitarismo hipócrita e desconexo com a realidade; os ímpios presumem que podem manipular ao Todo Poderoso, Onisciente.

No usufruto de saúde e liberdade, fazem o que bem entendem, totalmente alheios ao Senhor, quando não, se opondo abertamente a Ele; mas, basta uma desventura, uma enfermidade ou acidente onde a vida fique em risco, logo se apressam: “Deus no comando!” Ora, em situação diferente eram as drogas, a promiscuidade e toda sorte de vícios que estavam no comando. Agora, “dão uma chance” ao Criador?

Graças à bondade do Santo, Ele pode ser encontrado, mesmo assim. No entanto, os inconsequentes costumam colher o resultado das suas vidas independentes. O Senhor mesmo diz: “... porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão.” Prov 1;24 e 28

Não duvido das boas intenções dos médiuns que pretendem acessar aos mortos. Entretanto, A Palavra de Deus veta que se faça isso; “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” Is 8;19

Há erros graves nas duas vias, em se tratando de vida e morte. Por um lado, o catolicismo ensina orar pelos mortos, para que sejam livres de culpas que levaram daqui; por outro, o espiritismo usaria aqueles para consolar aos vivos através dos médiuns. 

Ainda que vida espiritual esteja ao alcance, o veículo pelo qual acessamos à mesma, é o “Novo Nascimento” em Cristo; a expressão disso deve se dar nos dias dos nossos corpos físicos. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo; bem, ou mal.” II Cor 5;10

Isso atinente a galardão, recompensa. Para efeito de salvação, não será o que fizemos que definirá, mas nossa relação com o que Cristo fez por nós. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Nosso além está vinculado ao que Cristo nos diz, não ao que suposto ente querido venha a dizer; “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Os suicidas


“... Nós fazemos um grande mal contra nossas almas.” Jr 26;19

Jeremias anunciara dura mensagem no átrio do templo, em Jerusalém. As alternativas eram: Arrependimento e mudança de atitudes, ou, destruição, cativeiro. Qual a reação dos que ouviram? Prenderam-no e o tencionavam matar.

O povo, sacerdotes, príncipes da terra eram contra o mensageiro. Ele não retificou nada; antes, confirmou: “... O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa, contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai vossos caminhos e vossas ações; ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós.” Vs 12 e 13

Não suplicou pela própria vida; apenas explicou as consequências de atentarem contra ela. “Quanto a mim, estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme for bom e reto aos vossos olhos. Sabei, porém, com certeza que, se me matardes, trareis sangue inocente sobre vós, sobre esta cidade e seus habitantes...” vs 14 e 15

Quão mais fácil é desqualificar quem denuncia o erro, que qualificar-se mudando de atitudes! A isso chama-se, arrependimento.

Em meio a muita balbúrdia e pouco entendimento, ante o risco de trazerem sangue inocente sobre si, refizeram; também, os anciãos do povo advogaram o profeta. “Então disseram os príncipes, e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas: Este homem não é réu de morte, porque em Nome do Senhor, nosso Deus, nos falou.” V 16 Eles estavam julgando-o, não às próprias vidas como deveriam, se, convencidos mesmo que Deus estava naquelas palavras.

(Quantos “desigrejados” atualmente! Sempre por culpa de algum irmão, um pastor, o sistema. Eles certamente andaram bem; eis o homem, traidor de si mesmo!)

Foram os anciãos que mais longe viram, sobre as consequências de rejeitarem À Palavra do Senhor: “Nós fazemos um grande mal, às nossas almas.”

Se todos tivessem ciência que, o mal feito, embora atinja ao semelhante, no fundo, é feito contra a própria vida do seu agente, muitos praticantes dele repensariam; talvez o abandonassem. Se, não por amor à virtude, ao menos, por amor-próprio, pelo medo das consequências. Alguém disse: “Se o malandro soubesse a vantagens de ser honesto ele seria, só por malandragem.”

O que o mundo chama de “Lei do retorno”, A Palavra de Deus apresenta como colheita. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gl 6;7

Sobre a incidência última da maldade, Salomão avaliando aos que se ajuntam em quadrilhas para a prática da mesma, desaconselhou, dizendo: “Porque os seus pés correm para o mal, se apressam a derramar sangue. Na verdade, é inútil estender-se a rede ante os olhos de qualquer ave. No entanto, estes armam ciladas contra seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas.” Prov 1;16 a 18

Óbvio que assaltantes, ladrões, vândalos, fazem mal aos semelhantes. Todavia, são mordomos das suas próprias almas, não das alheias. As que deveriam cuidar com zelo, colocam a perder, pela recusa obstinada de enfrentar os problemas onde eles estão.

Essa é uma doença que perpassa toda a humanidade. Denuncie alguém um mau agir, uma escolha errônea, e a maioria, invés de analisar a denúncia, quiçá, se arrependendo e mudando de atitude, parte para o ataque contra o que realça aos maus passos apreciados como tais. Assim foi naqueles dias; invés de emendar seus caminhos, os exortados pretendiam matar ao profeta.

Nesse mundo de aparências, onde a necessidade original do homem criado à Imagem Divina requer a virtude como modo de vida, para devido encaixe no propósito para o qual foi projetado, pela recusa de praticá-la, escolhe-se o caminho mais fácil; a fábrica de máscaras usa como matéria-prima a verossimilhança, e reproduz hipocrisia, como as moscas proliferam em ambientes polutos.

Mal sabem esses decoradores de aparências, que fazem dano às suas próprias almas. Identificado o câncer do pecado que os ameaça matar, recorrem sempre ao “anestésico” da farsa, maquiam os sinais da doença, e seguem alheios aos reclames do Médico dos Médicos, como se estivessem vendendo saúde.

Se, no teatro dos homens, meras aparências virtuosas já bastam, ante Deus a coisa muda; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13 Não importa de qual aparência nos queiramos revestir, Ele diz: “Conheço tuas obras...” Apoc 2;2

Aquele que renuncia ao comodismo das falas caramelizadas, e ousa jogar o sal da verdade, pode não ser o mais agradável de se ouvir. Mas certamente é um portador da medicina celeste, que, com seu potente “desfibrilador”, busca de volta aos mortos em pecados. “O temor do Senhor é fonte de vida, para desviar dos laços da morte.” Prov 14;27

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Pensamentos de Deus


“Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

A confiança irrestrita no Senhor, embora saibamos que é a coisa certa a fazer, para os que creem, nem sempre é muito fácil de ser praticada.

Usamos confiar em nossos parcos entendimentos, deixando a Luz Divina como um ornato de fachada, uma decoração natalina que reluz por fora; no fundo, inda resistimos autônomos.

Tendemos a pensar que vemos bem, mesmo estando no escuro. Quando nossa percepção limitada das coisas toma a dianteira, acabamos desprezando O Divino conselho e abraçando ao da oposição. Sim, foi o Capiroto que sugeriu que poderíamos agir como se fôssemos deuses. Essa mudança de diretriz, por bem intencionada que seja, nos faz incorrer em maldição, por colocarmos a confiança em nós mesmos, nas coisas que deveríamos confiar no Eterno.

“... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Estamos habituados a confiar em fontes costumeiramente falhas; nossas percepções naturais, da vida. Uma renúncia cabal é necessária, “negue a si mesmo”, para que, pouco a pouco passemos a pensar os pensamentos de Deus, depois de os ter aprendido pela Sua Palavra.

“reconhece-o em todos os teus caminhos...” A expressão reconhecer, traz a ideia de conhecer novamente. Quando aprendemos a aversão Divina para com a mentira, por exemplo, no campo teórico conhecemos essa nuance do Divino pensar; todavia, se nalguma circunstância uma mentira soar vantajosa, ou, ao menos poupar algum desconforto, seremos tentados a incorrer nela. Antes de cometermos esse erro, nossa consciência nos lembrará o que já conhecemos sobre a Vontade do Pai; seremos desafiados a reconhecer; isto é: Conhecer de novo, agora, no teatro das ações, aquilo que já conhecemos no campo teórico, do intelecto.

Afinal, por maiores que sejam as “vantagens” de um agir ímprobo, nenhuma compensará nos indispormos com O Espírito Santo, que, foi dado para nos santificar e ensinar as veredas da vida, segundo Deus.

Devemos conhecer os preceitos Santos na hora do aprendizado; reconhecê-los no momento de escolher caminhos. “Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.”

A conversão é mais radical que concordar com alguns aspectos do Divino propósito, e nos outros seguir à nossa maneira. Mesmo se dispondo a perdoar, o que quer que tenhamos feito de errado, O Senhor demanda uma entrega irrestrita; um abandono de nosso raso modo de pensar, para então, sermos guindados às alturas, pela Divina misericórdia.

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

Os profanos da “Teologia Liberal” que falam em “atualizar” À Palavra de Deus, tratam ao Eterno como se Ele estivesse em fase de aprendizado, observando-nos e aprendendo com nossas escolhas; francamente!!

Paulo foi categórico quanto a alguma dúvida entre os pensares humanos e os Divino: “Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” Rom 3;3 e 4

São as vontades humanas e sua punção em nós, que tolhem o conhecimento da Divina; daí, a necessidade de uma ruptura com elas para acessarmos os Santos Pensamentos; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Davi foi chamado de homem “segundo o coração de Deus.” Malgrado, fosse um pecador como nós. Ora, segundo é aquele que vem após o primeiro. Quando Deus fala conosco para que deixemos o nosso modo errado de viver, e adotemos doravante, Suas diretrizes, se assim o fizermos, também agiremos segundo Ele.

Ele se responsabiliza por endireitar nossos caminhos, com a nossa anuência; jamais, contra nossa vontade. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

A espada e o machado


“... Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Lc 3;9

A abordagem de João Batista era bastante incisiva. Invés de uma mensagem caramelizada de aceitação incondicional, segundo o que muitos pregam para agradar aos homens, seu desafio era ao arrependimento; anexava uma ameaça de juízo, de rejeição cabal aos que se recusassem às condições.

Há diferença em anunciar O Evangelho, com seu apelo ao arrependimento, ante “povos não alcançados”, e, aos religiosos rebeldes que supõem conhecer a Divina Vontade, mesmo vivendo de modo adverso a ela.

No primeiro caso, é preciso dar a “Boa Nova”; fazer entender o que significa. No segundo, onde grassa a presunção, sem os devidos frutos, compreensível que se se acene com o “machado” do juízo.

O Senhor também seguiu pelas mesmas pegadas. Sempre era brando com meretrizes, publicanos, samaritanos, sem silenciar o necessário “não peques mais”, aos arrependidos; todavia, era terrível, duro quando tratava com a hipocrisia que grassava.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, fechais aos homens o Reino dos Céus; não entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais que vós.” Mat 23;13 a 15

Imaginemos hoje, chamar aos pretensos expoentes espirituais da sociedade, de “filhos do inferno.” Todos os sectários que se pretendem únicos portadores da mensagem de salvação acabam fechando à porta que deveriam expor, aberta. Uma vez que restringem ao seu modo hipócrita e raso de ver, o ingresso ao Reino, não entram, nem deixam entrar.

Por isso, o ardente zelo do Senhor, contra eles; se O Batista acenara com um machado, O Salvador cortou à hipocrisia com a Espada. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;” Mat 10;34

Espere! um dos nomes atribuídos ao Senhor, não é “Príncipe da Paz?” Como teria vindo trazer espada? Ele mesmo explicou que Sua Mensagem causaria divisão, porque uns creriam, outros, não. Dado que não alargaria à “porta estreita”, a firmeza inabalável da Sua Doutrina, separa invés de unir. “Porque vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;35 e 36

Quem presume que se possa abrandar o que é soturno e tem sabor de sal, não serve para pregador do Evangelho. Embora o chamado ao amor deva ser seu motivo, a pureza doutrinária precisa ser seu método, se quiser ser fiel ao Senhor.

A Paz que Cristo promove é diferente da do mundo; Ele mesmo ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou-a como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Mantermos um ambiente pacífico nas relações interpessoais é desejável; nem sempre, possível. Paulo prescreve: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A Paz que Cristo trouxe obra por desfazer a inimizade do homem pecador, com Deus. Nesse sentido Ele É O Príncipe da Paz. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Embora o amor pelo semelhante deva ser o combustível que anima aos que anunciam à salvação, a forma desse anúncio pode diferir de uma situação para outra; Paulo aconselha: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 Agradável deve ser entendida como, educada; não, ciosa por validar o modo de vida dos que não estão nem aí para agradar a Deus.

Não existe pregação do Evangelho, aos simples ou, mais cultos, pobres ou abastados, que o prefácio não contenha o necessário, “Arrependei-vos!”

Quem pretender amaciar termos, para não “causar polêmicas”, não passa de um bobo-alegre persuadido que deve agradar aos homens, onde o chamado é para agradar a Deus.

Nos compete fazer tudo ao alcance, para que os pecadores aceitem o Evangelho; mas, não moveremos uma palha do sóbrio teor dele, para que, assim, pareça mais aceitável àqueles que o ouvirem.

O bálsamo do perdão sempre está presente, porque O Médico dos Médicos sabe que Sua Espada deve fazer algumas feridas. Contra os que enrijecem no erro, no seu tempo, o machado fará seu trabalho.
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terça-feira, 22 de outubro de 2024

A humildade


“Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se Eu te não lavar, não tens parte comigo.” Jo 13;8

O Senhor estava dando uma demonstração prática de humildade e serviço. Para isso, resolveu lavar os pés dos discípulos.

Pedro se mostrou “humilde” ao extremo, de sorte que não permitiria tal humilhação. Quando a humildade se mostra mui ciosa da própria existência e do desejo de se preservar, pode que nem esteja mais em casa. O orgulho mora de parede e meia com ela, e costuma furtar suas roupas; podendo se apresenta como se aquela fosse.

O Senhor não fez aquilo ante as multidões, ou as câmeras de TV como fazem certos “humildes” modernos. Àqueles que eram seus chegados, visto que, não tendo entendido bem a natureza do chamado, eventualmente disputavam, sobre quem deles seria o maior, desejou dar uma lição especial, longe da multidão. O maior é o que serve.

De Si Mesmo não carecia provar nada; o simples fato de se ter esvaziado da Sua Glória por amor dos pecadores, basta para não deixar dúvida nenhuma. Porém, Pedro errou a mão pensando que se recusar a fazer parte daquela lição seria humildade. Desobediência do tipo que poria tudo a perder. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Qualquer um de nós, que se mostrar igualmente “humilde”, a ponto de rejeitar à vontade do Senhor, por nos parecer que, Ele “desce” demais, corre o risco de ouvir a mesma repreensão; “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Devemos buscar o esvaziamento, negação do ego em submissão ao Senhor, até que a humildade se nos torne natural. Fazermos a coisa certa sem carecer medalhas, aplausos; apenas porque é o que deve ser feito. É um caminho fácil? Não.

Tendemos ao egoísmo, amor próprio desmedido, querer tudo do nosso jeito. Vencermos os maus hábitos nos quais nos exercitamos é um processo lento, mas necessário; a santificação.

Ela não foi apresentada como uma possibilidade, uma alternativa; antes, indispensável se quisermos ver a Face do Santo. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Paulo esmiúça: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, morte de cruz.” Fp 2;5 a 8

Alguns confundem humildade com desarranjo estético, mau gosto, ignorância... se o sujeito fala ou escreve errado o faz porque é humilde; não. Age assim porque tem limitações na área da comunicação. O que se veste mal, por falta de uma roupa melhor, em geral, por causa da pobreza; nada a ver com humildade.
A humildade é um estado de alma, não uma condição social. Há pessoas que não têm onde cair mortas e se acham intocáveis; “Pra cima de mim não! Eu sou mais eu!” Quem jamais viu algo assim?

Salomão viu algumas inversões. Uns que, a condição social se recusava a alinhar-se com a posição das suas almas. Pode acontecer a qualquer um; disse: “Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;7

Se a humildade não fosse tão importante, O Salvador não teria feito uma demonstração prática para ensiná-la aos Seus discípulos. Não existe didática mais eloquente que o exemplo.

Afinal, como reconheceríamos nossos erros, e deles nos arrependeríamos, sem a humildade de admitir que os cometemos, que O Senhor está certo em requerer que nos arrependamos e os abandonemos? Assim, mais que uma “ferramenta de serviço”, a humildade “carimba o ingresso” dos que aceitam o chamado pra passar da morte pra vida.

A Palavra nos ensina que, “diante da honra vai a humildade”; atrevo a dizer que vai diante da vida também.

Mais que os pés, nossas almas carecem de uma lavagem que regenera, como ensinou Paulo. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Eventualmente, quando alguém abdica de pensar, e de modo idólatra e fanático se apega a algo ou alguém, se diz que sofreu uma lavagem cerebral. Embora a ideia seja correta, a expressão talvez seja imprecisa. Manipulados assim passam por uma obstrução cerebral, da qual se fazem cúmplices.

O que carece ser lavado em nós é o que suja, não o que entende; diante Deus, sujamo-nos quando pecamos. O dito a Pedro cabe a cada um de nós, pois. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Loucos voluntários


“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

A loucura deriva de algum lapso biológico; uma enzima qualquer, uma vitamina, necessária ao equilíbrio cerebral se mostra ausente, ensejando uma atuação desconexa com a realidade, nos que são tidos por loucos. Claro que essa é uma suposição grosseira, cujo fim é situar à loucura, comum, junto a algum déficit biológico, sem pretensão de explicar (o que eu não poderia) à rigor, em quê, ela consiste.

Contudo, há outra loucura derivada da alma, com teor moral, espiritual, que é forjada pelo agir inconsequente de quem, por erro de avalição, superestima de potencial, minimiza consequências, ignora riscos, ousa além do saudável.

Desse viés, os que, “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Se, os primeiros “saem da casinha”, por não conseguir ver a diferença entre ela e a vida “outdoor”, esses saem resolutos, por acreditar que a casinha é pequena demais para eles, que mereceriam um palácio. Sua loucura eleva seus supostos potenciais ao superlativo.

A queda de Satanás, embora irônico, se deu pela beleza do mesmo, apreciada por uma lupa enlouquecida. Invés de gratidão por ter sido criado formoso, presumiu que mereceria um lugar mais alto que o ocupado então.

“Elevou-se teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

Felizes os que sabem muito e continuam a aprender! No entanto, se nossa sapiência desviar o foco das nossas limitações, sonegar que aprendemos pela Divina misericórdia, corremos o risco que, nossa luz se torne em trevas. “... Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23 O caso do querubim formoso que, se tornou o príncipe das trevas.

Os que se dizendo sábios se tornaram loucos, negaram-se a ver a Glória de Deus através das Suas Obras; preferiram criar cultos alternativos; dando às criaturas a honra que deveria ser tributada ao Criador.

Não são pessoas limitadas intelectualmente que cometem loucuras assim. Não raro, de QI elevado, com vasta bagagem cultural, de repente se tornam expoentes de ensinos que contrariam À Palavra de Deus.

Sempre que alguém se atreve assim, aceita requentada, com uns seis milênios de atraso, a velha mentira do Éden; “Desobedecendo sereis como Deus; podereis decidir por vós mesmo acerca do bem e do mal.”

Tal apostasia lança seus agentes sob maldição: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Todo aquele que tencionar saber alguma coisa, comece aprendendo que “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3;17

O saber que serve para fomento do orgulho, da arrogância, atuando como alimento do egoísmo se faz combustível dos partidarismos de toda ordem, não procede do alto; não vai além dos anseios da alma doentia; é de espúria origem. “se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 2;14 e 15

O verdadeiro sábio não se diz o tal; antes, age consoante ao saber que tem. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tg 2;13

Antes de voarmos nas asas de suposta sabedoria, devemos atentar para qual direção ela aponta; uma vez que, no apreço do mais sábio dos homens, “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Ele não condicionou a salvação à posse de intelectos privilegiados; antes, tornou bem simples, acessível a todos. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Assim, a preservação da simplicidade no temor de Deus, se faz mais preciosa que os saberes vastos de gigantes intelectuais, cujos frutos portentosos separam do Eterno, fomentam presunção, invés de ensejar submissão. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Nada valerá enxergarmos longe, coisas de relevância duvidosa, se outras vitais, bem perto, não podemos ver. Assim a vista apurada veria alvos pequenos, e se omitiria ante os grandes; coando mosquitos e engolindo camelos.

domingo, 20 de outubro de 2024

A urgência da salvação

“Vós, todos os que tendes sede, vinde às águas; os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro, sem preço, vinho e leite.” Is 55;1

Estranho coquetel! Águas, vinho e leite. O Salvador figurou Sua Doutrina como água. Ver João 4;14 Bastante pra saciedade da alma daqueles que a bebem.

No último livro da Bíblia O Senhor reitera o convite: “O Espírito e a esposa dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17

Vinho tipifica O Sangue, como Jesus mesmo ensinou no ritual da ceia. “... Este cálice é o Novo Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós.” Luc 22;20 Bebermos da Água da Vida é aprendermos Sua Doutrina; Seu “Sangue” requer uma identificação até à morte. “... Meu Sangue verdadeiramente é bebida.” Jo 6;55

Escrevendo aos Romanos Paulo pergunta: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua Morte?” Rom 6;3 Tal identificação, às últimas consequências significa bebermos do “vinho”.

Quanto ao leite, o alimento muda quando muda quem está à mesa. Dieta para iniciantes que dão os primeiros passos no aprendizado espiritual. A epístola aos hebreus traz: “... vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;12 Isso a uns que, tenho conhecido a Palavra havia tempo bastante para que crescessem, por omissos ficaram presos aos rudimentos, invés de uma alimentação mais adulta. 

Pedro usou a mesma figura atinente aos novos convertidos; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

A Palavra, numa abordagem abrangente é a Água da Vida; se tratando de neófitos pode ser leite.

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” V 6

Tanto, desconhecemos a duração das nossas vidas, chama que pode apagar a qualquer momento, quanto, ignoramos o dia da volta do Senhor, que encerrará o tempo da Graça. Por isso o sentido de urgência de buscarmos refúgio, salvação, enquanto é possível. Dias virão que não será mais; “irão errantes de um mar até outro, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” V 7

Conversão não é uma adaptação, uma mescla das nossas escolhas e algumas coisas com as quais concordamos, que podem levar um rótulo espiritual; antes, é uma ruptura com nossa maneira rasa de ver, adotando como diretriz, os pensamentos de Deus. Jeremias disse: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 

Mais que nossos caminhos; nossas vidas foram compradas com sangue e pertencem ao Senhor. Como disse acerca de certo vinhateiro, “Não é lícito fazer o que quiser do que é meu? Mat 20;15

Pois a conversão é uma entrega voluntária; o abdicar dos nossos pensamentos, pelos Divinos, por uma razão que O Senhor mesmo expõe; “Porque os Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus; diz O Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” V 8 e 9

Se, no ponto-de-vista natural a conversão nos desafia a renunciarmos uma porção de coisas, “negue a si mesmo”, no espiritual nos assenta em lugares altos, permitindo aprendermos e pensarmos segundo os pensamentos Divinos. “... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor 2;9 e 10

A intimidade com O Eterno é facultada a quem O obedecer. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Enfim, podemos fazer ouvidos moucos ao Divino chamado, e gastar nossas vidas e dons, correndo atrás das sombras, se assim o desejarmos. 

O Eterno respeita as nossas escolhas, mesmo que essas O excluam; apenas, busca entender a nossa “lógica;” “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom; a vossa alma se deleite com a gordura.” Is 55;2