sábado, 15 de julho de 2023

O mau combate

 “Hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.” Atos 22;15


Testemunhar de Jesus é um pouco mais complexo do que fazê-lo num tribunal terreno. Nesse caso, bataria ter visto ou ouvido alguma coisa pertinente ao objeto do julgamento para estar, alguém, credenciado.

Pela profundidade do “crime” de que O Salvador seria acusado, a morte do ego e, o nascimento do “novo homem”, só quem, deveras, renasceu pode ser testemunha. O que esse viu e ouviu alterou seu ser; passou a “ser” testemunha, mais que, apenas ter algo a contar. “... ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém quanto, toda Judéia, Samaria e até aos confins da terra.” Atos 1;8

Como defenderia alguém, que O Senhor liberta do pecado, estando ainda prisioneiro?? Qual valor teria esse “testemunho?” Nos tribunais terrenos, um identificado como mentiroso seria rejeitado; muito mais, perante aquele que ordenou: “Não dirás falso testemunho.”
“Sede cumpridores da Palavra, não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da Palavra, não, cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla, vai, e logo esquece de como era.” Tg 1;22 a 24
Não foi o caso de Paulo, que, tendo sido perseguidor da Igreja, consentido na morte de Estêvão, aprisionado cristãos, após seu encontro com O Senhor, teve sua vida mudada totalmente. Com propriedade pode escrever: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17
Disse mais: “... Cristo será, tanto agora quanto sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim, viver é Cristo, morrer é ganho.” Fp 1;20 e 21
A transformação que O Senhor opera é de tal modo, eloquente, que salta aos olhos; “Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;3

Embora a fé venha pelo ouvir, vivendo essa mudança da água pro vinho, os que se convertem são um testemunho eloquente de Cristo.
“O fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19
O novo ser pautará o agir; esse por si só evidenciará o que aconteceu na alma do “agente”; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16
Bons tempos aqueles em que os convertidos mudavam de vida de tal forma que a coisa saltava aos olhos; ou, se alguém pecava de modo mais grave, assumia arrependido, confessando ao mundo, como fez Jimmy Swaggart!
Hoje, parece que ninguém peca mais; se comete abominações que A Palavra rejeita, cogitam os “convertidos” em mudar a Palavra de Deus, invés de mudarem de proceder. Deus seria muito radical; convém uma versão mais “inclusiva” da Palavra Dele. “Porventura tornarás tu, vão o Meu juízo, ou Me condenarás, para te justificares?” Jó 40;8 Esses condenam O Eterno à senilidade, para justificarem-se em suas escolhas.
Cantores mundanos e “espirituais” fundem-se nos mesmos palcos cantando as mesmas músicas, sem nenhum compromisso com O Senhor; palestrantes motivacionais, os “coachs” fazem pose de pregadores, massageando egos ímpios invés de desafiá-los à cruz, como Cristo fez; “negue a si mesmo.”
Adivinhos que lançam suas “previsões” ao vento, tipo arremesso de buquê de noiva, que pegar pegou, sem nenhum compromisso com Deus, tampouco, com a verdade; os “Profetas” dessa geração sonolenta, que, por preguiça se recusa a pesquisar a diferença entre as serpentes e os peixes. “Há uma geração que é pura aos próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12
Por isso, sempre oportuno lembrar certo conselho: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Ser testemunha do Senhor, em tempos tão sombrios como os atuais, requer ousadia, e uma entrega que desconsidera mesmo, a própria vida. “De todos sereis odiados por causa do Meu Nome.” Luc 21;17

A cristãos antigos que cogitavam desistir por coisas menores que essas, foi dito: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Enquanto “cristãos” moderninhos combatem contra A Palavra de Deus, somos desafiados a combater contra o pecado; e, bem disse o padre Paulo Ricardo: “Queres conhecer a essência espiritual de cada um? Observe contra o quê, ele está lutando.”

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Chifres de fumaça


Pela enésima vez, deparei com a seguinte frase: “Nós não vemos as coisas como elas são; nós vemos as coisas como nós somos”.

Sob essa legenda, um rinoceronte a pintar paisagens. A cada cena, além das demais coisas, pintava um chifre vertical, pois, esse estava entre seus olhos. “Rinoceronte” no idioma original significa, chifre no nariz.

Aí me pus a pensar: A coisa faz sentido, ou não? Como figura didática em defesa da ideia, é muito boa; porém, como um axioma filosófico, temo que não seja bem assim.

Quando Ortega Y Gasset disse, por exemplo: “O homem é o homem e suas circunstâncias”, não tencionava dizer, a meu ver, que as circunstâncias o fazem. antes, que terá que lidar com elas; elas não o moldam, apenas “pautam-no”. Apresentam o “quê,” sem ingerir no “como?” Esse, dependerá de quem, o hipotético homem é.

Que nossas experiências de vida têm peso em nossas escolhas, parece uma realidade inequívoca. Qual sentido de aprendermos as coisas, se não nos serão úteis? Todavia, não nos marcam ao ponto do “gato escaldado a fugir de água fria;” esse simplismo animal excluiria o cérebro e seu insondável potencial.

Assim, que as experiências restringem nosso modo de ver, a elas, é duvidoso. Eu vejo um ladrão como ladrão, um mentiroso idem; sem significar que eu sou assim. Meu ser lê, o que a cena vista é; não define quem sou. Mas, a coisa não seria tão mera; significaria que eu reajo a cada situação em vista do que sou; dos valores que esposo.

Não gosto da ideia de que algum ser humano seja uma obra acabada. Estamos todos “em trânsito” sempre desafiados a um vir a ser; o ignorante carece ser iluminado; o imoral, confrontado pela moralidade; o cristão é desafiado ao crescimento em santificação, e o “Padrão” a atingir é elevadíssimo; “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;13

Embora não leve a coisa ao eterno fluir de Heráclito, não se pode avaliar a alma humana como extática. A rigor, não somos, mas estamos. Podemos considerar as coisas que vemos, à partir do “mirante” atual; porém, nada impede que sejamos guindados a observatórios mais elevados. O curso da vida tende a isso. Podemos envelhecer infantes; mas é psicologicamente sadio e filosoficamente esperável que cresçamos um tanto, com as lições da vida.

Essa balela cansativa do seis e do nove, que dão “razão” a ambos em lados opostos é uma falácia que dá preguiça. Na imensa maioria dos casos, há como diferenciar um do outro, sim. Outros números ao lado, uma pauta, um traço sob, quando numa bola de bilhar, etc. resolvem. Entretanto, numa situação verazmente ambígua, ambos deveriam ter dúvidas, não “razão”; pois, não é próprio de um sábio a incerteza das apostas.

O que se pretende com postagens assim, não é difundir luz, antes, espalhar fumaça. A defesa mal-intencionada do relativismo, onde cada um teria sua “verdade” o que eliminaria a Verdade; isso faria, como disse Nietzsche, do homem, “a medida de todas as coisas.”

Ora, essa ideia foi plasmada bem antes do incensado filósofo, desde o Éden; “Vós mesmos sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Autor: Capeta.

O relativismo vem daí; da negação do Absoluto, Deus, com a divinização do homem caído. Não é apenas filosófico o pleito, embora pareça; antes, é espiritual. Uma luta eterna está no âmago.

Cada homem tem suas opiniões, suas comichões e seus gostos, porém, a Verdade existe a despeito dessas coisas.

Sequer a inversão de valores seria possível, sem um Absoluto que definisse quais os valores a preservar. Entretanto, há um “ai” aos que assim agem; “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

Que os “rinocerontes” saiam por aí pintando as gravuras e retratando nelas seus chifres é uma coisa inevitável. Mas, tais pinturas não têm um valor filosófico a ponto de definir outros “bichos”.

Muitos que pretendem ver as coisas a partir do que eles “são” não passam de trânsfugas morrendo de medo de ver honestamente, a si mesmos. O Evangelho de João relata de uma súcia de pecadores vendo uma adúltera como apedrejável. Desafiados a verem a si mesmos, soltaram as pedras.

O Ego no controle dos ímpios é o “chifre” que deforma a todas as pinturas deles. O Salvador desafiou a quem lhe ouvia a remover primeiro, o obstáculo principal; “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.” Luc 9;23

Recuo camuflado


“O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Viver da fé, embora não esteja pormenorizado o que significa, sendo o “recuar” a alternativa, implica, obviamente que, viver da fé é prosseguir, perseverar.

Concomitante à nossa perseverança, veremos O Eterno alegre conosco. Ele não tem prazer nos que recuam. Dos que perseveram, é lícito inferir que Ele diria algo semelhante ao que disse de Jesus: “... Nele está Meu prazer.”

Perseverar evoca a ação de esforçar-se, enfrentar adversidades por um objetivo.

Embora, a abertura das portas do Reino não seja por força nem por violência, o esforço dos fiéis é indispensável, dado o que está em jogo; forças opostas que os visam perder.

“Esforçai-vos, Ele fortalecerá vosso coração; todos que esperais no Senhor.” Sal 31;24 “Esforçai-vos, não desfaleçam as vossas mãos; porque vossa obra tem uma recompensa.” II Cr 15;7 “A Lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o Reino de Deus; todo o homem emprega força para entrar nele.” Luc 16;16

Quando A Palavra diz que, “O justo viverá da fé”, mais que o testemunho de uma qualidade dos que creem, temos a denúncia de um defeito dos que duvidam.

Esses, não obstante a imensa declaração de amor contida na Palavra, preferem dar assento ao ceticismo blasfemo, que imputa ao Eterno, mentiras; “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I jo 5;10

A possibilidade de o inimigo cegar suas vítimas requer cooperação humana; só pode fazer isso naqueles que optam pela incredulidade; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Se alguém, depois de ter andado no caminho estreito, quiser recuar e se misturar a esses, certamente o mestre da cegueira terá um espaço de recuo para ele. “Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;39

Os “justos” não o são por supostos méritos, antes, pela fé que os faz descansar na Integridade e misericórdia Divinas, pelas quais, a justiça de Cristo lhes é imputada, a despeito de seus erros passados. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós A Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Nunca A Palavra da Vida esteve sob ataque como agora. A perseverança que outrora requeria vitória sobre as próprias inclinações pecaminosas da carne, apenas, hoje tem demandas maiores.

Crer nos indispõe com a sociedade engajada em perverter a pureza doutrinária, e nos expõe a toda sorte de riscos; pois, a pretexto de legitimarem supostos direitos de agir, os tais se arvoram no direito de ingerir no conteúdo de nossa fé. Se, acham que O Deus da Bíblia é muito radical, criem outro, e o sirvam; deixem-nos em nosso inalienável direito de crermos no que quisermos. Não pensem que iremos recuar, porque eles não conseguem avançar até o nível das renúncias que A Palavra requer.

Infelizmente, a oposição mais ferrenha sofremos de “pastores” que outrora admiramos. Não sei se nossa admiração era desorientada, ou, se os tais desceram do patamar sadio, “recuaram para perdição”, intimidados pelas pressões, seduzidos pelos aplausos do mundo.

Qualquer cristão medianamente informado deveria saber quanto vale a humana aprovação. “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

A perseverança além de nos fazer resilientes nas lutas, também nos faz, nos aplausos e louvores de espúria procedência. “Como o crisol é para a prata, o forno para o ouro, assim o homem é provado pelos louvores.” Prov 27;21

Para um homem espiritualmente experimentado, aplausos ou vaias não são determinantes, a influir sobre eventuais movimentos em sua senda espiritual. Determinante é a direção Divina; “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

“Teus ouvidos ouvirão a Palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Pior que recuar, afastando-se simplesmente, é engajar-se em pautas mundanas, abdicar da integridade, fingindo prosseguir, quando, passou de servo do Senhor para serviçal do inimigo, transfigurado.

“Melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;” II Ped 2;21

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Urgência do diabo


“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta." Ecl 7;10

Entender que as coisas irão piorando continuamente, deveria ser trivial, para quem consegue ver. Por quê? Porque aquele que ilumina, O Eterno, avisou que seria assim.

Da inversão de valores; “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

Da sociedade dos últimos dias versou mais: “Porque nossas transgressões se multiplicaram perante ti, nossos pecados testificam contra nós; porque nossas transgressões estão conosco, conhecemos as nossas iniquidades; como o prevaricar, mentir contra O Senhor... Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; a verdade anda tropeçando pelas ruas, equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” Is 59;11 a 15

Paulo viu mais; “... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

A Palavra apresenta o mentor do pecado e sua urgência; “... Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que tem pouco tempo.” Apoc 12;12

Toda sorte de pecados é encorajada; mas, os sexuais são verdadeiros objetos de culto. Nudez e pornografia são expostas até em ambientes que usualmente deveriam ser sóbrios. O homossexualismo está sendo tratado, quase como uma coisa sagrada. Encorajado e glamourizado em tempo integral, em todas os meios de comunicação.

A verdade sofre ataques constantes sob as pechas mais nefastas possíveis; eventuais virtuosos que inda restam são alvos de ferozes ataques pelos expoentes da “guerrilha virtual”, com seu inequívoco talento para assassinar reputações. Enfim, a coisa está como o diabo gosta.

As crianças já entram no palco da vida, com um “script” formatado por uma sociedade imoral, avessa aos mínimos rasgos de decência, que ainda possam existir; o que será que elas irão ser, quando crescerem? “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

As noções de bem e de mal, como vimos, estão em prateleiras trocadas; assim, os pérfidos podem das asas às suas perfídias, e ainda colarem rótulos de virtudes.

“E vendo (O Senhor) que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso Seu próprio braço trouxe salvação, e Sua própria justiça o susteve. Pois, vestiu-se de justiça, como de uma couraça, pôs o capacete da salvação na Sua cabeça, e por vestidura pôs sobre Si, vestes de vingança...” Is 59;16 e 17

Porém, anunciando a vinda do Salvador, o mesmo profeta colocara a questão, ainda atual, a incredulidade; “Quem deu crédito à nossa pregação? A quem se manifestou o Braço do Senhor?” Cap 53;1

Chegaria a um ponto, a dureza dos corações da humanidade, onde, o mesmo Senhor falaria como, não esperando mais, que ninguém mudasse; apenas, encorajaria cada um a fazer firmes suas escolhas: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11

Se, o triunfo das nulidades, a prosperidade da desonra, o crescimento da injustiça, o gigantismo dos poderes nas mãos dos maus, nos dias de Ruy Barbosa, o fez cogitar em desanimar da virtude, rir da honra e ter vergonha de ser honesto; hoje, certamente acrescentaria muitas coisas de pior calibre, à sua vergonha.

Atualmente, ser honesto não é “apenas” vergonhoso; o governo como o diabo gosta se encarrega de tornar criminoso. A sociedade demanda que sejamos “fora-da-lei", se quisermos nos manter fiéis a Deus. Parece que certo salmista também viu nossos dias: “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal a pretexto de uma lei?” Sal 94;20

Enfim, os dias atuais são infinitamente mais tenebrosos que os piores, da antiguidade; monstruosidades pretéritas tinham um atenuante de que, então, não havia ao dispor, a luz que há agora. Essa é a geração que verte luz em escuridão; “... portanto, se a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

Essas, além de alienarem de Deus, alienam da realidade. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

segunda-feira, 10 de julho de 2023

A saudade de Deus



“Sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; no lugar onde a nuvem parava, ali acampavam.” Núm 9;17

Charles Spurgeon disse: “Deus nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa”. Eis um exemplo! A marcha dos israelitas precedida por uma “nuvem guia” que, além de mostrar a direção, trazia efeitos colaterais; cobria protegendo da calma no deserto durante o dia; e à noite resplandecia como que, em fogo, iluminando o caminho. Além de direção, a nuvem trazia refrigério. Seu estacionar significava parar; seu mover-se, partir.

Como seriam nossas vidas se, as pausas e partidas fossem segundo a Vontade do Senhor?

Dele temos na Palavra, luz, ensino, direção.
Naquele caso, a “lua de mel” com O Senhor durou pouco. Mediante Jeremias, O Eterno falou saudoso; “Vai, clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para O Senhor, as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz O Senhor.” Jr 2;2 e 3

Além das necessárias provisões, havia algumas bênçãos mais; proteção e juízo contra quem afrontasse o povo escolhido.

Todavia, como nas relações humanas baseadas em anseios carnais, simplesmente, invés do vero amor, passada a lua de mel, os olhos infiéis começam a buscar “alternativas”.

O mesmo Jeremias foi portador da denúncia de adultério. “Porque o meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram o manancial de águas vivas, cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas. Acaso é Israel um servo? É um escravo nascido em casa? Por que veio a ser presa?” cap 2;13 e 14 

Aqui temos a causa: Infidelidade; e a consequência: Escravidão. Mediante Moisés o Eterno dissera que seria assim; se fossem fiéis, bênçãos, proteção; senão, a servidão.

O mesmo Senhor lamentou que as coisas tivessem tomado outros rumos por causa da desobediência: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria a tua paz como o rio, a tua justiça como as ondas do mar! Também a tua descendência seria como a areia; os que procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de Mim.” Is 48;18 e 19

Naqueles dias, O Criador tratava com uma nação específica; hoje, com todas as nações, numa pessoa específica; Jesus Cristo; descendente de Abraão, no qual serão benditas todas as famílias da Terra.

Agora, a direção não deriva de uma nuvem, antes, da Sua Palavra. “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vos tenho dito. As Minhas ovelhas ouvem a Minha Voz, Eu conheço-as, e elas Me seguem;” Jo 10;26 e 27 Orbitavam ao Salvador dois tipos de pessoas; umas criam e obedeciam, outras duvidavam. Dessas, disse não serem Suas ovelhas.

Não há uma escolha antecipada como acredita o calvinismo; em Cristo, as pessoas escolhem crer ou não. As que creem se fazem ovelhas Dele. Em Sua bendita Palavra temos muito mais que na nuvem tinham os antigos; além de luz, refrigério, direção; sabedoria espiritual, conhecimento de Deus, vida eterna, edificação, segurança...

Também Ele manifestou sentir saudades de um bom começo de relacionamento, numa igreja que estava dando sinais de desgaste. “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te; pratica as primeiras obras...” Apoc 2;4 e 5

Parece que fidelidade ao longo do tempo é nossa maior dificuldade. O Salmista evoca essa fragilidade como razão da misericórdia Divina. “Assim como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se que somos pó.” Sal 103;13 e 14 Não significa que conceda “direito” a certos pecados; antes, que perdoa sempre que há arrependimento e mudança.

Então, compensa nossa fragilidade dando aos que Lhe obedecem, a assessoria do Espírito Santo; uma “nuvem” interior que dirige aos sensíveis e obedientes; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Os rebeldes de então, terminavam escravos dos midianitas, assírios, caldeus... Os de hoje, inspirados por satanás acabam reféns de si mesmos, da carne e do mundo.

domingo, 9 de julho de 2023

Os apressados


“... muitos correrão de uma parte para outra, o conhecimento se multiplicará.” Dn 12;4

Características dos últimos dias da humanidade mostradas a Daniel. “... correrão de uma para outra parte...” uma geração apressada.

A pressa é neutra; pode ser meritória ou enfermiça, dependendo do motivo. A celeridade em socorrer alguém quando o tempo urge é uma pressa boa; todavia, a derivada de anseios vãos, tipo, ir veloz para chegar de uma vez a um lugar onde não se fará nada, exceto repousar, essa é doentia; e não raro, muitos morrem no trânsito nessa busca por “ganhar tempo.”

A pressa muitas vezes é um fator psicológico. Algo que muito desejamos, parece que alonga o tempo, demora a chegar. Por outro lado, quando estamos no desfrute de situações aprazíveis, o “tempo voa”; em ambas os aspectos, passa na mesma velocidade; porém, nossa percepção muda, de acordo com a presença ou ausência de prazer.

Dessa perspectiva parece lícito concluir que nossa geração apressada tem fome e sede de prazeres, e em demanda dos tais, corre.
Certa brincadeira antiga consistia em encontrarmos uma, ou sete diferenças entre dois desenhos idênticos; agora, deparei com, “encontre a diferença, num minuto.” Até o desenho está apressado.

Como o prazer é relativo, atinente à natureza e aprendizado de cada um, (Os asnos preferem palha ao ouro. Estobeu.) alguns podem correr em busca de coisas das quais, outros fugiriam. Embora nos botecos da vida ainda se diga que a qualidade é superior à quantidade, há muitos paladares estragados, que se aprazem em coisas nocivas, em quantidades insaciáveis. É preciso correr, mesmo que a “conquista” seja doentia.

Normalmente, a falta de paz de espírito, “faz a roda girar” sem um motivo mais. “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios...” Is 57;20 e 21 Sua pressa é como que, uma fuga de si mesmos, inglória fuga, como disse um gaiato: “Cansei de fugir de mim mesmo; aonde ia, eu estava.”

A mulher adúltera também é mostrada como uma que, inquietações internas lhe ensejavam movimentos; “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés.” Prov 7;11 A pressa “sem motivo”, revela motivações preocupantes.

A leitura edificante de um bom livro, um texto que nos faça pensar e avaliar as coisas é um prazer cada vez mais desconsiderado. Quando alguém escreve algo mais extenso, como faço, meio que se desculpa pelo “textão”, pela atuação desmancha-prazeres, nos domínios da geração “meme”. É como que, um ET, tentando abduzir algum leitor descuidado, para usar a esse em suas experiências de partilhar ideias.

Quem tem tempo a “perder” com algo assim? Quando Esaú convidou Jacó para que marchasse consigo o patriarca argumentou que não poderia andar rápido, seria um atraso; pois, tinha também, velhos e crianças; disse que seguiria “no passo do gado.” Gn 33;14

A jornada da vida não é uma corrida de cem metros rasos; “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha...” Ecl 8;11 Muito mais do que, quando chegar, importa, aonde chegaremos. Quem marcha no “passo do gado” desfruta melhor a paisagem, quiçá, a companhia e bem aquilata os objetivos, em sua jornada.

Quando alguém está no caminho errado, quanto mais rápido andar, mais se afasta do objetivo; buscar a Deus. Sim, muitos filosofam sobre o sentido da vida, como se isso fosse algo distante a ser encontrado mergulhando em profundas reflexões. Não é.

A Palavra Santa, que apresenta o homem como tendo caído da comunhão com o Criador, atribui a ele certa redoma de tempo e espaço, dentro da qual deve redescobrir o caminho de casa; buscar a Deus. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Se, dos ímpios a paz foge, com aqueles que ouvem os ensinos do Príncipe da paz, ela habita. “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar!” Is 48;18

Enfim, não tenhamos pressa, exceto, do que é urgente. “... Hoje, se ouvirdes Sua voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Superada essa urgência, podemos ir devagar; “... Eis que assentei em Sião uma pedra; uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

sábado, 8 de julho de 2023

Liberdade; o que é?


"Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

A liberdade, não raro, é compreendida de modo superficial, quando não, incompreendida. Ouvintes do Salvador estavam privados da devida noção: “... nunca servimos ninguém; como dizes Tu: Sereis livres?” v 33

Eram romanos os governantes locais; em seu orgulho nacionalista sentiam-se livres; talvez, num conceito meramente religioso, de liberdade.

Serviam aos Césares, pagavam tributos a eles; portanto, em seus devaneios estavam presos a uma mentira. Se, César condescendia com a liberdade religiosa, seguia o fato que impunha seu domínio sobre os conquistados. A liberdade proposta pelo Senhor, excluía essa idosa senhora, a mentira, também; “... todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” v 34

Aludindo ao falso conceito, O Senhor disse: “Se, pois, O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” v 36
Por que, “verdadeiramente”? Porque o ser humano capitulou a uma falsa promessa de liberdade, quando da queda. Autonomia em relação ao Criador, proposta pelo inimigo, invés de liberdade acabou em servidão nas garras do pecado.

Paulo o definiu como um feitor poderoso que força sua vítima; “Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;20 Um conflito íntimo onde um “não querer” capitula ao poder do pecado.

Muitos filósofos gastaram massa cinzenta tentando definir a liberdade; a maioria não foi a lugar nenhum. Um pequeno do Senhor, Gandhi, que não pretendeu ser expoente de nada foi quem chegou mais longe: “A prisão não são as grades, a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.”

Paulo também pôs a consciência como leme na nossa navegação pelos mares da vida; “Conservando fé e boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19 Mas, aqui estaria falando de fé, não de liberdade. Acaso O Senhor não condicionou à permanência em Sua Palavra, o que requer fé, o conhecimento da verdadeira liberdade?

A ideia vulgar é poder fazer o que se quiser. Será que é isso mesmo? Não é adágio comum ao vulgo, que a liberdade de um, termina onde começa a do outro? Se eles próprios admitem que a liberdade tem limites e reponsabilidade, parece que, o homem deveras livre, é o que melhor consegue transitar dentro desses limites.

Não só evitando males ao semelhante, mas também a si mesmo. Quando O Salvador ordenou: “Ame ao teu próximo como a ti mesmo”, tomou o amor-próprio como ponto de partida, como referencial do afeto devido ao nosso igual.

Uma “liberdade” que faça danos ao amor-próprio, seria a verdadeira? Por exemplo: Acreditando que liberdade signifique fazer o que quiser, se alguém quiser consumir drogas pesadas, depois acabar dependente dessas coisas, não se há de concluir, necessariamente, que o tal, no presumido uso da liberdade rumou para uma prisão?

Assim, parece que nossa liberdade não é um bem absoluto. Antes, faculta irmos aonde quisermos, falarmos o que desejarmos, bem como, fazermos o que intentarmos, sem que nenhuma dessas escolhas, “acenda uma luz no painel da consciência”; pois, nele, os limites de nossa liberdade foram gravados pelo Projetista Original.

Como um vírus de computador pode pôr a perder todo o sistema, uma consciência culpada também tende a abalar uma alma em sua totalidade. Os “apedrejadores” da adúltera, registrados em João, largaram suas pedras, quando desafiados a julgarem-se, antes; perceberam que não aplicavam contra si o juízo perfeccionista dirigido ao semelhante.

Devemos agir de modo que, a reciprocidade nos faça bem, invés de nos incomodar. “Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Num sentido absoluto, nem O Altíssimo possui total liberdade, por limites que resolveu estabelecer para Si mesmo; “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim 2;13 “Disse-me o Senhor: Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la” Jr 1;12

Assim como a paz não é uma causa, antes, um derivado, “O efeito da justiça será a paz.” Is 32;17 também a liberdade se verifica numa consciência em repouso, de quem cortou vínculos com a mentira, e exonerou por santa causa, as menores nuances de desonestidade intelectual.

“Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.” Leon Tolstoi

“O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque O Senhor Me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos;” Is 61;1