domingo, 9 de julho de 2023

Os apressados


“... muitos correrão de uma parte para outra, o conhecimento se multiplicará.” Dn 12;4

Características dos últimos dias da humanidade mostradas a Daniel. “... correrão de uma para outra parte...” uma geração apressada.

A pressa é neutra; pode ser meritória ou enfermiça, dependendo do motivo. A celeridade em socorrer alguém quando o tempo urge é uma pressa boa; todavia, a derivada de anseios vãos, tipo, ir veloz para chegar de uma vez a um lugar onde não se fará nada, exceto repousar, essa é doentia; e não raro, muitos morrem no trânsito nessa busca por “ganhar tempo.”

A pressa muitas vezes é um fator psicológico. Algo que muito desejamos, parece que alonga o tempo, demora a chegar. Por outro lado, quando estamos no desfrute de situações aprazíveis, o “tempo voa”; em ambas os aspectos, passa na mesma velocidade; porém, nossa percepção muda, de acordo com a presença ou ausência de prazer.

Dessa perspectiva parece lícito concluir que nossa geração apressada tem fome e sede de prazeres, e em demanda dos tais, corre.
Certa brincadeira antiga consistia em encontrarmos uma, ou sete diferenças entre dois desenhos idênticos; agora, deparei com, “encontre a diferença, num minuto.” Até o desenho está apressado.

Como o prazer é relativo, atinente à natureza e aprendizado de cada um, (Os asnos preferem palha ao ouro. Estobeu.) alguns podem correr em busca de coisas das quais, outros fugiriam. Embora nos botecos da vida ainda se diga que a qualidade é superior à quantidade, há muitos paladares estragados, que se aprazem em coisas nocivas, em quantidades insaciáveis. É preciso correr, mesmo que a “conquista” seja doentia.

Normalmente, a falta de paz de espírito, “faz a roda girar” sem um motivo mais. “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios...” Is 57;20 e 21 Sua pressa é como que, uma fuga de si mesmos, inglória fuga, como disse um gaiato: “Cansei de fugir de mim mesmo; aonde ia, eu estava.”

A mulher adúltera também é mostrada como uma que, inquietações internas lhe ensejavam movimentos; “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés.” Prov 7;11 A pressa “sem motivo”, revela motivações preocupantes.

A leitura edificante de um bom livro, um texto que nos faça pensar e avaliar as coisas é um prazer cada vez mais desconsiderado. Quando alguém escreve algo mais extenso, como faço, meio que se desculpa pelo “textão”, pela atuação desmancha-prazeres, nos domínios da geração “meme”. É como que, um ET, tentando abduzir algum leitor descuidado, para usar a esse em suas experiências de partilhar ideias.

Quem tem tempo a “perder” com algo assim? Quando Esaú convidou Jacó para que marchasse consigo o patriarca argumentou que não poderia andar rápido, seria um atraso; pois, tinha também, velhos e crianças; disse que seguiria “no passo do gado.” Gn 33;14

A jornada da vida não é uma corrida de cem metros rasos; “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha...” Ecl 8;11 Muito mais do que, quando chegar, importa, aonde chegaremos. Quem marcha no “passo do gado” desfruta melhor a paisagem, quiçá, a companhia e bem aquilata os objetivos, em sua jornada.

Quando alguém está no caminho errado, quanto mais rápido andar, mais se afasta do objetivo; buscar a Deus. Sim, muitos filosofam sobre o sentido da vida, como se isso fosse algo distante a ser encontrado mergulhando em profundas reflexões. Não é.

A Palavra Santa, que apresenta o homem como tendo caído da comunhão com o Criador, atribui a ele certa redoma de tempo e espaço, dentro da qual deve redescobrir o caminho de casa; buscar a Deus. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Se, dos ímpios a paz foge, com aqueles que ouvem os ensinos do Príncipe da paz, ela habita. “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar!” Is 48;18

Enfim, não tenhamos pressa, exceto, do que é urgente. “... Hoje, se ouvirdes Sua voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Superada essa urgência, podemos ir devagar; “... Eis que assentei em Sião uma pedra; uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

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