quarta-feira, 17 de setembro de 2014

pais separados

“Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” Êx 23; 9

Discute-se no meio protestante se as bases do cristianismo devem ser derivadas da ortodoxia doutrinária, ou, bastam as experiências com Deus, a despeito de outros acessórios.  O primeiro caso refere-se aos protestantes tradicionais; o segundo, aos pentecostais. Em síntese: O pleito é o mesmo que tomou tempo dos filósofos medievais e antigos também; entre o empírico e o racional.

No texto supra do Êxodo, Deus ordenou a evocação da experiência como suporte à razão;  poderia ser usado por um eventual empirista. Todavia, há outros que apresentam a primazia da Palavra em face à experiência, como o que diz: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.” Rom 10; 17, por exemplo.

Tendemos a movimentos pendulares pré-conceituando uma linha filosófica, ideológica, como errada; a partir disso, tudo o que servir de argumento ao “erro” precisa ser rejeitado. 

Esse tipo de peleja por exclusão ideológica invés da análise da plausibilidade do argumento tende a levar todos os pleitos ao empate. Meu ponto de vista está correto; portanto, o oposto é errado; dirá “legitimamente” qualquer postulante.

Não raro, a necessidade de um rótulo para nossas posições acaba tolhendo a razão. Isso vale para o tradicional x pentecostal; Arminiano x Calvinista; clericalismo x laicismo; etc.  Assim, a ênfase nos dons espirituais tende a desprezar o estudo da Palavra; por outra, os teologicamente destros, a desvalorizar experiências, ainda que autênticas.

Marcos apresenta a obra dos recém comissionados nessa ordem: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram.” Mc 16; 20 A Palavra confirmada por sinais da parte de Deus. Parece necessário concluir que havia espaço para o concurso de ambas as correntes sem conflito algum.

Houve muitos casos em que a experiência milagrosa precedeu ao ensino, como a cura do cego de nascença, ou, o paralítico de Betesda, por exemplo.  De modo que, se alguém quiser argumentar com meia verdade, haverá frações bastantes para os dois lados.

Separaremos ao que Deus uniu se tentarmos divorciar Espírito e Palavra. A Palavra de Deus é revelação mediante o Espírito Santo; tanto quando foi entregue; quanto quando é interpretada; não pode ser, corretamente, sem a luz Daquele. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1; 21 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.  Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” I Cor 2; 14 e 15
 
Por outro lado, os dons espirituais não excluem o conhecimento; antes, os dois primeiros no rol de Paulo atentam precisamente à destreza na Palavra; “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cro 12; 7 e 8 
 
Então, assim como a interpretação hígida das Escrituras requer contexto e esmero exegetico; operação de sinais espirituais em si não é selo de probidade espiritual nem o contrário. Deve ser escrutinada com cuidado, para rejeição do engano, ou, usufruto da bênção.

Pois, a Bíblia é contundente em advertir tanto contra o desvio doutrinário que viola a Palavra; quanto aos prodígios da mentira, cujos sinais induzem ao erro e derivam de fonte espúria.

Muitas vezes, posto que nos suponham racionais, tendemos a preferir ter razão, invés de luz. E “ter razão” assim é precisamente abdicar dela.

O Senhor ensinou que devemos nascer da água e do Espírito; ninguém destro nas Escrituras presumirá que tal água seja a do Batismo, que só confirma e testemunha publicamente o nascimento que já ocorreu; Paulo ensina: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” Ef 5; 26 

O próprio Salvador definiu Sua Palavra como sendo Água da Vida. Assim, nascer da água e do Espírito equivale a dizer: Da Palavra e do Espírito.

Enfim, se podemos formar uma “família espiritual” tendo Pai e Mãe junto conosco, por que optaríamos por viver numa família com Pais separados?

Afinal, não há disputa, controvérsia entre Eles; tanto o Pai quanto a Mãe falam a mesma linguagem; de modo que o conselho de Salomão ao seu filho, bem que poderia ser tomado para nosso viver espiritual. “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe,” Prov 1; 8

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O fanatismo nosso de cada dia



“Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.”  Pv 26; 11

O Salvador propôs uma questão aos seus opositores fariseus sobre dois filhos que receberam a mesma ordem; “vai trabalhar na minha vinha”. O primeiro disse que não iria, depois mudou de ideia e  foi; o segundo que iria, mas reconsiderou e não foi. 

Então questionou:  “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O primeiro. Disse Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.” Mat 21; 31

Quando a samaritana do poço de Jacó trouxe o problema da adoração para temas periféricos, como endereço, se, em Gerizim como faziam os samaritanos ou em Jerusalém como os judeus, Jesus propôs algo novo. “…os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” Jo 4; 23

Essa adoração em  espírito vai muito além de dizer a coisa certa, mas em produzir o Fruto do Espírito. No exemplo em relevo, cada um dos filhos disse uma coisa e fez outra. Mesmo os fariseus reconheceram que o que fez a vontade do Pai foi aquele que disse que não faria. Reconsiderou, arrependeu-se e foi.

Falar algo impensado, intempestivo, todos fazem, às vezes. Agora, depois de repensar, ainda confirmar a posição é atitude que recebe a pecha de cão voltando ao vômito, algo nojento só de imaginar.

Muitos dirão a coisa certa e ficarão fora, como ensinou O Salvador; “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mat 7; 21

Erram, pois, os caçadores de versículos que laboram com a meta de “provar” que os outros estão errados; desconsideram razões  válidas e os que as defendem. Debates até são úteis em alguns casos, mas, quando se trata de apego religioso, simplesmente, é pura perda de tempo e esforço.

Mesmo dizendo algo não muito ortodoxo por ignorância, alguém pode ser aceito se adora o Pai em Espírito e verdade; enquanto outro cujo labor é provar que é dono da verdade perde o rumo para mostrar que é “bom”, não para levar os maus a Cristo.

Às vezes a gente se ilude tentando ponderar sobre algo que surge como se fosse um equívoco, do qual se pode sair, uma vez ajudado. Aí emprestamos nosso parecer com intento de iluminar. Recebemos uma réplica do tamanho de um trem, quebrando tudo e provando que somos “satanistas” disfarçados, adoradores da besta etc… 

Aquilo que parecia mero engano se revela a ponta do iceberg, de monstruosa geleira de heresia, fanatismo. O fanático é o único ser que jamais erra, exceto, Deus. Assim, os Islâmicos que decapitam seus reféns por “culpa dos Estados Unidos”; como se, caso não fossem atacados eles deixassem de matar aos “infiéis”. Afinal, é tão confortável a culpa alheia, que nem percebemos a nossa.

O filho que disse que ia e não foi figurava justamente os zelosos de sua religião, os fariseus, que de lábios “serviam” ao Senhor, não passando de hipócritas, sepulcros caiados, como Ele mesmo acusou. Suas análises eram sempre “ortodoxas” não dos frutos. Jesus se atrevia a curar num sábado, era um endemoniado; não importava o resultado de sua ação.

De igual modo, hoje, não conta se nossos ministérios resgatam vidas da sarjeta, se cruzamos o Atlântico para levar o amor de Deus aos africanos; se eles disserem que estamos errados, só nos resta cortar os pulsos. 

Felizmente será Deus que escolherá quais servem e quais não servem para entrar na vida eterna. Fosse escolha humana e o “céu” levaria parca vantagem sobre o inferno.

Daqueles Jesus afirmou que prostitutas e publicanos entravam na frente; os últimos, socialmente falando, seriam os primeiros, porque desprovidos de pretensão, aceitavam o socorro de Deus como é. 

O homem espiritual tem a Lei escrita dentro de si, na consciência. Muitas vezes tem que abrir mão de coisas que julgava lícitas, por causa de um peso no interior que o Espírito Santo coloca; claro,  não será julgado pela mente alheia.

Paulo ensina como reconhecer um salvo; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19  

E um ministro aprovado também:  “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;’ I Cor 2;14

“O fanatismo consiste em intensificar os nossos esforços depois de termos esquecido o nosso alvo.”  ( George Santayana )

Desgraçando a graça

“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus…Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Mat 4; 4 e 7
 
É comum depararmos com  coxos espirituais; digo, os que têm a perna da graça “sarada” e a da sã doutrina, atrofiada. Chegam a opor Jesus à Bíblia, quase, como se fossem excludentes. Essa seria legalista, fria; enquanto Ele é amor, graça, salvação. 

Afirmam a irrelevância da vida pregressa dos candidatos a salvos como se fosse uma revelação ao invés do “óbvio ululante”. Qualquer pecador, por mais sujo que esteja traz em si os “méritos” necessários para ser salvo; está morto e precisa reviver, como o pródigo.

Entretanto, quando essa obviedade pacífica passa a ser argumento contra a disciplina dos salvos, surgem as primeiras digitais da vigarice espiritual e intelectual. 

Como as instruções normativas aos salvos derivam basicamente das epístolas, não diretamente de Jesus seriam irrelevantes, de menos valia; quando não, contaminadas pelo farisaísmo; de Paulo, sobretudo.

Ora, nos textos supra, o Senhor derrota satanás com palavras “de Moisés”, ao invés de criar algo novo, mesmo podendo. Mais que isso; quando o Allan Kardec da vez tentou criar o espiritismo, o Senhor remeteu a Moisés e aos profetas como melhor alternativa: “…Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16; 29  

Embora, aqueles seriam do Velho Testamento, não estavam obsoletos a ponto de ser desconsiderados.

Suspeito que essas ênfases na graça não visam colocar em relevo o óbvio; mas, pacificar sem mediador ao pecador contumaz. Claro que renovamos todos os dias nossos erros, e, paralelamente  a misericórdia se “renova a cada manhã”; como enfatizou Jeremias. 

Isso não basta para que pretendamos andar sem disciplina, como adverte a epístola aos Hebreus; “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Heb 12; 6 a 8

Na verdade Cristo tornou a Lei mais rigorosa em Sua releitura; ensinou a ir além das expressões visíveis buscando as sementes, no coração. A diferença em relação ao Antigo Testamento é que Seu sacrifício basta, não carece ser renovado; nosso arrependimento, sim. O Advogado não cria processo sem petição do cliente.

O legalismo não consiste em observar a Lei; antes, em descansar na aparente observância ignorando a intenção espiritual no preceito da mesma. Por isso o Senhor advertiu: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mat 5; 20
 
Não se trata de pleitear salvação pelas obras; mas, de evitar que a graça seja barateada a tal ponto, que venha a prescindir dos devidos frutos que testificam o que  ela fez. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 3; 10
 
O Renovo da “raiz de Jessé” não brotou para fazer sombra nas árvores adoecidas ; antes, para mudar suas naturezas. Onde isso não ocorreu, resta trabalho a ser feito. “… todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is 55; 12 e 13

Embora seja muito mais confortável parecermos “legais”, por incrível que pareça, somo desafiados a ser santos. Não, “canonizados” após a morte dado o reconhecimento de dois milagres, como faz o catolicismo; antes, demonstrando em vida a eficácia de dois milagres: A salvação, e a santificação mediante o Espírito. 

Isso deve ser tão visível, quanto uma cidade edificada sobre um monte; radiante como a luz, relevante como o sal. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5; 17

Enfim, não há dificuldade com o passado de nenhum pecador; antes, com o presente de ministros que se esforçam mais em agradar aos homens que a Deus. A Palavra de Deus foi rejeitada em Moisés, em Josué, em Samuel, em Jesus, sobretudo; em Paulo… por que não o seria em nós?

Ainda assim, nosso papel é anunciar retamente a mensagem da graça que desafia o agraciado com um sonoro, “não peques mais”! 

Se gastarmos nosso tempo martelando a penha da doutrina para alargar o caminho estreito seremos inúteis a Deus e aos homens. Esperar da graça mais do ela dá, acabará em desgraça.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Obra de arte restaurada



“Volta, minha alma para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem.” Sal 116; 7 “Senhor, meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.” Sal 131; 1 e 2 

Essa dependência infantil de um Pai, ou, mãe; a linguagem terna que o Salmista emprega em sua relação com Deus é um grande problema para velhos “lobos do mar” como nós.  

A docilidade dependente e obediente de uma criança é normal entre as tais; mas, levar um adulto, em face à iluminação espiritual a agir inocente assim é o grande desafio de Deus. As coisas que dependem apenas de Sua vontade e poder lhe são fáceis.  As que envolvem seres arbitrários como nós, não.  Se Ele está nessa peleja, dado não ser fácil, é possível.   

O Salvador nunca dourou a pílula para que parecesse palatável; sempre pôs as coisas como são, aos olhos Divinos.  “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10; 15   

Isso quanto ao retrato psicológico dos postulantes. No que se refere às causas espirituais, a coisa é  mais densa que mera humildade. Demanda um renascer espiritual mediante a fé. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3; 3 e 5  Primeiro disse que sem o renascimento ninguém pode ver; depois, entrar. 

O processo é como jardins com “esculturas” em ciprestes.  A cidade de Victor Graeff tem uma praça cheia de trabalhos notáveis que se pode ver na NET. Como conseguem moldar animais, casas, pessoas, objetos, apenas podando árvores? Fazem isso manipulando-as desde pequenas, quando ainda são moldáveis. Tente alguém moldar a um cipreste adulto para ver se consegue. Assim é conosco. 

Não importa se eventual convertido é  notável na sociedade;  famoso nos esportes, arte, política... à partir do momento que abraçou a fé é criança; precisa mamar. Figura que Pedro usa, aliás. “Deixando, pois, toda a malícia,  todo o engano,  fingimentos,  invejas  e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 1 e 2 Está claro que fala para crianças grandes, uma vez que exorta a deixar hábitos típicos de adultos; malícia, engano, fingimento... 

A autonomia que desconsidera a vontade de uma autoridade superior deriva sempre do orgulho. Aqui temos o início do drama. O primeiro casal foi incitado a agir de modo independente do Criador, ignorando Seu mandado.  

A consequência, como sabemos, foi a morte espiritual. A redenção, necessariamente demanda nascer de novo.  Se, o veneno primeiro foi o orgulho, o antídoto, naturalmente deve ser  oposto; humildade.

Paulo foi explícito quanto a isso. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus; mas, esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;  achado na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, morte de cruz.” Fp 2; 5 a 8 

“Esvaziou a si mesmo”;  é; uma pessoa cheia de si não tem espaço para nada interior, nem mesmo, uma criança. Então, a primeira condição proposta é “desocupar a casa”. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me,” Luc 9; 23 

Acontece que crianças espirituais são diversas das naturais. Essas crescem proporcionalmente ao curso do tempo; aquelas, à quantidade que “mamam”. Os Hebreus foram descuidados com o “leite” em seu tempo; não chegaram alimentos  sólidos; seguiam pequenos.

Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais os primeiros rudimentos das palavras de Deus;  vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14   

Vemos que crescimento espiritual traz aperfeiçoamento, discernimento de valores segundo Deus.  A Palavra vivida é a tesoura que apara nossos maus hábitos e molda como Ele deseja. 

Ou nos deixamos ensinar, ou, só serviremos para lenha; essa, presta apenas para queimar.

Biografiia espiritual

“Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e vinte e nove anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abi, filha de Zacarias.  E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai.” II Rs 18; 2 e 3

Com esse texto, o cronista começa a narrar o reinado de Ezequias. Forma comum, aliás, sempre que nova biografia fosse escrita; fulano tinha tal idade quando começou a reinar, e fez o que era reto, ou, mau, perante o Senhor.

Diferente das biografias de celebridades que contam peripécias desde o nascimento, a dos reis de Israel começava sempre que chamados por Deus. Embora tais não fossem homens espirituais, como se pretende os do “novo nascimento” em Cristo, já se via como é escrita a história dos salvos: Começa após o chamado de Deus; os feitos pretéritos, absolutamente, não interessam.

Mesmo quanto ao Senhor, há apenas relatos sobre seu nascimento, uma menção aos doze anos, de resto, a informação genérica que crescia em graça e sabedoria, ante Deus e os homens. No tempo de Deus, entrou em cena, e não saiu mais.

De Paulo, o maior dos apóstolos, apenas o incidente da morte de Estevão é mencionado antes da viagem onde se deu sua conversão. Foi ele, aliás, que chamou os atenienses a Cristo, dizendo que Deus desconsiderava o passado destes; Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17; 30

Exortando os romanos a andarem em novidade de vida, Paulo desafia-os a trazerem à luz, algum fruto do passado, se é que alguns se inclinavam a viver ainda daquela forma; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6; 20 e 21
 
Então, se o passado de um pecador o envergonha em face do novo nascimento, é uma graça extra de Deus, que ele  não conste em nossa biografia.

Entretanto, a conversão tem sido tratada de modo tão superficial, que sequer existe esse “divisor de águas”, entre o passado de erros, e a novidade de vida. Na maioria dos casos se verifica mera adesão eclesiástica, ou, sequer isso; apenas o rótulo de cristão, vivendo cada qual à sua maneira.

Conversão é algo sério, traumático; ruptura, novidade de vida! O abandono da nossa visão da vida, pela versão de Deus! “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele;…” Is 55; 7

Deus se dispõe a apagar nosso passado perdoando; mas, não,  abonar erros deliberados, ignorando. Alguns têm agido como se mudar o rótulo alterasse o produto; não! Nada muda, exceto a informação aparente que passa a ser uma mentira. Aquele que se diz cristão sem mudar de vida faz o mesmo; acrescenta aos seus pecados de antes, o da hipocrisia.

Argumentos em defesa de erros, tipo; eu nasci assim, ao invés de “santificarem” o erro, apenas identificam o hipócrita, que não nasceu de novo; quer andar segundo os instintos naturais, e exibir credenciais espirituais. Ante Deus, sua biografia sequer começou a ser escrita.

Biografia é história de vida, não contos de morte! Paulo ensina: “… quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” Ef 4; 22 a 24

Precisamos considerar, em âmbito ministerial, que a rejeição e perseguição do mundo identifica os servos de Deus, antes, que o aplauso. Sem essa escusa barata, porém, de descumprir até a imperfeita lei dos homens, e depois se dizer perseguido; a promessa de bênção incide sobre os que são vítimas de mentira, não réus transgressores; “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.” Mat 5; 11
 
Ainda que aceitação social seja agradável,  a aceitação Divina que é vital; ademais, a biografia espiritual, é escrita no céu; Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; e o Senhor atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do seu nome. E eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.” Mal 3; 16 e 17

Antes de nossos feitos registrados, é preciso nosso nome no livro de registros celeste, como ensinou o Salvador; “…Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3; 5

Ainda que tenhamos vivido muito, sem a “marcas de Cristo”, seguimos mortos.
“Nada é menos digno de honra do que um homem idoso que não tenha outra evidência de ter vivido muito exceto a sua idade.” Sêneca

domingo, 14 de setembro de 2014

A solidez da tenda



 “ A casa dos ímpios se desfará, mas a tenda dos retos florescerá.” Prov; 14; 11 

Sem dúvidas, se cotejarmos uma casa com uma tenda para ver qual sobressai em termos de resistência às intempéries, solidez, qualquer um apontará as vantagens da casa. Geralmente feita de pedra, naqueles tempos; ao passo que, a tenda padece a fragilidade que conhecemos, uma vez que, feita de couro e tecidos similares à lona, sustentada por cordas presas a estacas. 

Contudo, o provérbio supra, apresenta como melhor a tenda do reto, que a casa do ímpio. Assim, as qualidades morais do proprietário definem a solidez, ou não, da edificação. 

Um pouco antes, no mesmo capítulo, parece que o sábio preceitua certa “argamassa” intelectual como fator solidificante, diz: “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.” Prov 14; 1 Agora temos a sabedoria em oposição à estultice. Servindo, a primeira, para edificar; a segunda, para destruir coisas que eventualmente estejam em pé. 

Contudo, a abordagem Bíblica da sabedoria nunca se restringe a “uma mente brilhante”, como o filme homônimo. Antes, atrela ao fator espiritual, um modo de vida segundo Deus. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1; 7 Assim, o resumo da ópera é que: A morada sólida é a do justo, pois a edifica com sabedoria derivada do temor do Senhor. 

Por certo, muitos lembram que, há alguns anos ruíram dois edifícios no Rio de Janeiro que foram construídos por Sérgio Naya. Peritos concluíram que tal se deu por terem utilizado material de qualidade inferior para baratear custos.   

A Bíblia apresenta dois casos de edificação; um, onde o problema está na fundação; outro, na construção relapsa sobre o bom fundamento. vejamos:   E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.” Mat 7; 26 e 27  

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3; 11 a 13 

Se, na alegoria do Salvador a casa é testada pelos ventos e a chuva, na de Paulo o teste é pelo fogo. 

Cristo trata dos que apenas ouvem a Palavra e ignoram, edificam suas vidas do seu jeito, baseados na justiça própria; assim, desprezam ao bom fundamento, O Salvador. Paulo refere-se aos que creem, mas, são descuidados como o material de construção. Usam muitos meios humanos misturados à palavra de Deus.

Os rios e ventos que levarão a casa do ímpio será seu juízo quanto à salvação que desprezou. O fogo que testará os feitos do que creu tem a ver com galardão, recompensa pelo trabalho feito, ou não; caso o material não resista ao fogo das provações que testa a cada crente. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” I Cor 3; 15 

Muitos associam coisas totalmente diversas como se, semelhantes. A imperfeição humana permite que logremos melhoramentos científicos e tecnológicos a cada dia. Assim, muitas coisas rudimentares em face às novas acabam obsoletas. 

Igualmente, alguns transferem essa lógica indiscutível nas coisas humanas, para as Divinas que são perfeitas. Nesse espírito, liberalizam, flexibilizam à Palavra ao gosto humano corrente, como se, interpretações pretéritas estivessem ultrapassadas. Aqui começa a má qualidade no material de construção. 

Pedro alegorizou como alimento; vetou o “leite com formol” como alguns falsários fizeram no RS. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 2 

Enfim, o que é modernizável é refém do tempo; as coisas de Deus são eternas. Certo que a ditadura do “politicamente correto” aplaude erros e deprecia caráter segundo Deus. Parece mais simpático ser dos tais, tanto quanto, a casa do ímpio  mais sólida que a tenda do reto. 

Todavia, quem criou o Universo não carece lições de arquitetura. Tampouco, poderia ser suplementado por seres imperfeitos como nós.

Se, seguirmos ao Seu projeto, Ele edifica e garante; se preferirmos alternativas assinemos nós; pois, o Santo se eximirá de culpa por nossas escolhas. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam;...” Sal 127; 1