“Está
escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus…Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Mat
4; 4 e 7
É
comum depararmos com coxos espirituais; digo, os que têm a perna da
graça “sarada” e a da sã doutrina, atrofiada. Chegam a opor Jesus à
Bíblia, quase, como se fossem excludentes. Essa seria legalista, fria;
enquanto Ele é amor, graça, salvação.
Afirmam a irrelevância da vida
pregressa dos candidatos a salvos como se fosse uma revelação ao invés
do “óbvio ululante”. Qualquer pecador, por mais sujo que esteja traz em
si os “méritos” necessários para ser salvo; está morto e precisa
reviver, como o pródigo.
Entretanto,
quando essa obviedade pacífica passa a ser argumento contra a
disciplina dos salvos, surgem as primeiras digitais da vigarice
espiritual e intelectual.
Como as instruções normativas aos salvos
derivam basicamente das epístolas, não diretamente de Jesus seriam
irrelevantes, de menos valia; quando não, contaminadas pelo farisaísmo;
de Paulo, sobretudo.
Ora,
nos textos supra, o Senhor derrota satanás com palavras “de Moisés”, ao
invés de criar algo novo, mesmo podendo. Mais que isso; quando o Allan
Kardec da vez tentou criar o espiritismo, o Senhor remeteu a Moisés e
aos profetas como melhor alternativa: “…Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16; 29
Embora, aqueles seriam do Velho Testamento, não estavam obsoletos a ponto de ser desconsiderados.
Suspeito
que essas ênfases na graça não visam colocar em relevo o óbvio; mas,
pacificar sem mediador ao pecador contumaz. Claro que renovamos todos os
dias nossos erros, e, paralelamente a misericórdia se “renova a cada
manhã”; como enfatizou Jeremias.
Isso não basta para que pretendamos
andar sem disciplina, como adverte a epístola aos Hebreus; “Porque
o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho
há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Heb
12; 6 a 8
Na
verdade Cristo tornou a Lei mais rigorosa em Sua releitura; ensinou a
ir além das expressões visíveis buscando as sementes, no coração. A
diferença em relação ao Antigo Testamento é que Seu sacrifício basta,
não carece ser renovado; nosso arrependimento, sim. O Advogado não cria
processo sem petição do cliente.
O
legalismo não consiste em observar a Lei; antes, em descansar na
aparente observância ignorando a intenção espiritual no preceito da
mesma. Por isso o Senhor advertiu: “Porque vos digo que, se a
vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no reino dos céus.” Mat 5; 20
Não
se trata de pleitear salvação pelas obras; mas, de evitar que a graça
seja barateada a tal ponto, que venha a prescindir dos devidos frutos
que testificam o que ela fez. “Porque somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas.” Ef 3; 10
O
Renovo da “raiz de Jessé” não brotou para fazer sombra nas árvores
adoecidas ; antes, para mudar suas naturezas. Onde isso não ocorreu,
resta trabalho a ser feito. “… todas as árvores do campo baterão
palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça
crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno,
que nunca se apagará.” Is 55; 12 e 13
Embora
seja muito mais confortável parecermos “legais”, por incrível que
pareça, somo desafiados a ser santos. Não, “canonizados” após a morte
dado o reconhecimento de dois milagres, como faz o catolicismo; antes,
demonstrando em vida a eficácia de dois milagres: A salvação, e a
santificação mediante o Espírito.
Isso deve ser tão visível, quanto uma
cidade edificada sobre um monte; radiante como a luz, relevante como o
sal. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus.” Mat 5; 17
Enfim,
não há dificuldade com o passado de nenhum pecador; antes, com o
presente de ministros que se esforçam mais em agradar aos homens que a
Deus. A Palavra de Deus foi rejeitada em Moisés, em Josué, em Samuel, em
Jesus, sobretudo; em Paulo… por que não o seria em nós?
Ainda
assim, nosso papel é anunciar retamente a mensagem da graça que desafia
o agraciado com um sonoro, “não peques mais”!
Se gastarmos nosso tempo
martelando a penha da doutrina para alargar o caminho estreito seremos
inúteis a Deus e aos homens. Esperar da graça mais do ela dá, acabará em
desgraça.