quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Os irracionais

 

“... se falei mal, dá testemunho do mal; se bem, por que Me feres?” Mat 18;23

Jesus, após ter sido agredido por um lacaio do sumo sacerdote, que, não gostou de uma resposta do Mestre àquele, acerca do teor dos Seus ensinos.

Gostar ou não de algo é direito inalienável. Agora, como manifestamos eventual desgosto é um derivado da essência das nossas almas, mostrando se essas são civilizadas ou bestiais. “Paixão e razão, não têm províncias distintas e separadas; mas, consistem na mudança da própria mente, para melhor ou para pior.” Sêneca

Enquanto a razão considera, pesando motivos e fatos, a paixão arde e dispara de modo automático, como se ela fosse o piloto das ações; seu hospedeiro, mero títere. Sina degradante de um ser com potenciais múltiplos, criado à Imagem e Semelhança do Eterno, que, pela desobediência contumaz se fez simples parasita no seio das próprias punções desordenadas.

“Aqueles que se jogaram num precipício, não têm controle sobre seus movimentos, nem podem parar ou abrandar o ritmo quando começaram, pois, seu próprio estouvamento precipitado, e irremediável, não deixa espaço para reflexão ou remorso...” Sêneca.

A razão aconselhada na Palavra, preceitua que cada um enfrente a si mesmo, sacrificando as más inclinações, submisso ao Divino querer; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A coisa mais “racional” que podemos esposar é que nós não temos razão; O Eterno a possui; dependemos Dele. Então, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos; Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Quando O Salvador requereu os motivos do Seu agressor, pois, evidenciou a cegueira apaixonada dele, num ambiente onde deveria ser assento da razão.

As bestas desse tempo que ancoram suas almas nas narrativas convenientes em prejuízo dos fatos, fizeram duma crítica de Kirkegaard, seu “modus operandi”; “Para dominar as multidões - disse – basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.”

Nunca a cegueira apaixonada foi tão pujante, quanto hoje. Basta discordar dum modo de pensar, para “cancelar” a outrem, invés de, contra-argumentar; alguns chegam aos extremos de desejar a morte dos oponentes. Quando foi que a verdade passou a ser crime, o convite à razão se tornou uma ameaça insuportável?

Isaías anteviu nossos dias: “Ninguém há que clame pela justiça, nem compareça em juízo pela verdade; confiam na vaidade e falam mentiras; concebem o mal e dão à luz, iniquidade... Por isso, o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar; sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal, arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59;4, 14 e 15

Malgrado, a clareza dos Seus ensinos, O Príncipe da Paz continua sendo esbofeteado por cegos apaixonados, cujo fogo que neles arde, gera calor sem produzir luz.

A cada servo que é sonegado o direito à justiça, é como se O Senhor fosse novamente agredido sem nenhuma razão, que não, o aflorar da enfermidade moral e espiritual que tomou as almas dos ímpios. “A condenação é esta: A luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Assim, o mero demandar pela razão de uma atitude animalesca é uma “agressão” ao reino das trevas, que não suporta o mínimo concurso da luz.

Alguns que se esforçam em “contextualizar” a mensagem de Cristo, adotando parâmetros mundanos para soarem mais “palatáveis”, deveriam prestar mais atenção na Palavra: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” II Cor 6;14 e 15

O fato do Senhor ser O Príncipe da Paz, não significa que seja um pacifista. Convida pecadores à paz com Deus, e ao confronto com as trevas. “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;” Mat 10;34

A espada da justiça fere aos que vivem na injustiça, sem carecer violência; apenas expondo a verdade.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Razões da contenda



“... Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.” Jó 10;2

No caso de Jó, não era uma contenda do Eterno contra ele. Estava em meio a uma peleja maior, entre O Eterno e o inimigo; o tema era a fidelidade legítima, por amor a Deus e Seus valores, não, mero interesse mercantil, como acusara o canhoto. Jó fora posto à prova; O Criador pretendia desmascarar às falácias da oposição, como, deveras, o fez.

No nosso caso, a inclinação perversa dá trabalho ao Espírito Santo, pelo qual, O Senhor contende conosco visando nos apartar dos caminhos da morte.

Quando viu que, a humanidade escolhera ser resiliente no erro, nos dias anteriores ao Dilúvio, O Eterno “jogou a toalha” nesses termos: “... Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6;3

O Criador colocou um limite, no fim do qual, o livramento não seria mais possível, como não foi, para com os que se recusaram a entrar na arca que Noé fizera.

Nos dias de Jó, o conhecimento do Eterno era pequeno; mas, mesmo assim, O Senhor buscava iluminar pelos meios possíveis a quem lhe quisesse dar ouvidos. “... Deus fala uma, duas vezes; porém, ninguém atenta para isso. Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens; lhes sela Sua instrução, para apartar o homem daquilo que faz, e esconder dele a soberba.” Jó 33;14 a 17

O problema da alma guiada pelas inclinações carnais são as suas “certezas” suicidas, que a fazem se fechar aos conselhos, mesmo que, iluminados. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Não obstante O Eterno ter dado O Espírito Santo para ajudador de cada um que se converte ao Senhor, a perversa tendência da carne ainda concorre em demanda por primazia; ela deve ser “crucificada” isto é; deixada na irrelevância, pelas renúncias necessárias dos pecados, ao que, somos desafiados para servir a Cristo.

Da punção da natureza caída a Palavra diz: “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Esse fragmento diz para onde a carne se inclina, e a consequência disso, caso seguida; morte.

Por isso, somos chamados a fazer uma renúncia tão intensa, como se, também morrêssemos. Nossa identificação com O Salvador, pela obediência, deve ser tal, que nossa natureza perversa seja reputada como crucificada; isto é; mortificada por não cedermos às suas propensões; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo, na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Quantas vezes ouvimos pessoas se queixando de um convívio com outrem de difícil trato, nesses termos: “Essa é minha cruz.” Não. As limitações intelectuais, morais, espirituais, sentimentais, relacionais, motoras até, alheias, são problemas com os quais todos temos que lidar, estando em Cristo, ou não.

Nossa “cruz”, é um chamado íntimo, no recôndito das nossas consciências, onde reside uma “contenda” que visa nos apartar do modo natural de agir, constrangendo-nos a atuar segundo Deus.

Paulo considerou a posse de uma consciência diáfana, de importância tal, sem a qual, a salvação se perde. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual, alguns, rejeitando naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Às vezes, a “contenda” pode soar injusta para conosco, por exigir coisas que ao homem natural parecem exagero. É. Fomos chamados a um patamar que deve ver segundo o sobrenatural. “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;9

O Salvador desafiou-nos à excelência: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus... Sede vós, pois, perfeitos, como É Perfeito O vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;20 e 48

Portanto, sempre que identificarmos uma “contenda” em nosso espírito, busquemos em oração, meditação, por sintonia fina; seremos iluminados. No fim poderemos dizer como Jó: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora Te veem meus olhos.” Jó 42;5

Ou, quem sabe, como Davi: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Instruções de vida



“... Porventura nunca aceitareis instrução, para ouvirdes Minhas Palavras? diz o Senhor.” Jr 35;13

Entre iguais, opiniões e valores distintos é absolutamente normal. Nada garante que a perspectiva de um, ou o ponto-de-vista de outro seja preponderante, ou, correto. No mundo das opiniões e das escolhas, é uma pancada no cravo, outra na ferradura. Isto é: Ora, acertamos, outra, estamos totalmente errados.

O que faz a fortuna das casas de apostas, senão, a ilusão humana de que suas opiniões são verdadeiras, em contraponto com os fatos que as revelam enganosas? Eventualmente, alguém acerta, mas a proporção de erros é infinitamente maior, para alegria dos promotores desses jogos.

Estribarmos escolhas vitais na “solidez” das nossas percepções naturais é como apostar numa loteria, com infinitas possibilidades de perder, e uma ínfima, de ganhar.

Entretanto, quando se trata de instruções procedentes do Senhor, isso passa longe da esfera rasteira das opiniões; verte da Fonte da Sabedoria; sempre tem como alvo o que é melhor para nós. “Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos.” Prov 2;6 a 8

Os que “canonizam” mortos bem que poderiam aprender o que é um santo. Todos os que abandonam o modo mundano de ser, e passam a andar segundo a Santa Palavra, são santificados em Cristo, ainda vivos, sem necessidade de processos humanos.

A ilusão que poderemos equiparar nossas rasas percepções às Divinas, ou quiçá, contrapô-las, verte de fonte espúria. Foi o inimigo que disse à mulher que desobedecendo seriam como Deus, aptos a discernir bem e mal. 

Contudo, mediante Jeremias, O Eterno ordenou que se faça distinção entre as coisas de origem rasa e as Suas: “O profeta que tem um sonho conte o sonho; aquele que tem a Minha Palavra, fale-a com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.” Jr 23;28

Ora, no que seria possível as criaturas serem como O Criador, nos Seus Atributos comunicáveis, Adão e Eva já eram; foram criados à Sua Imagem e Semelhança. O fato novo pela desobediência foi a ruptura da comunhão, a perda da vida espiritual. Medo de Deus, desejo de se esconder pela vergonha da própria culpa, vieram à baila, invés de deificação prometida pelo enganador mor.

O Eterno colocou cérebros em nossos crânios, para que os usássemos. Não deseja que creiamos de modo fanático contra evidências; não é errado termos dúvidas, questionamentos honestos; e para iluminar-nos os caminhos, enviou Sua Palavra, Sua Instrução. O entendimento dela, requer submissão, estudo, meditação, mas está ao alcance de todos.

A busca progressiva deve ampliar nosso entendimento da Palavra da Vida, não, propor “alternativas” a ela, como se, deveras, existissem. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Se, ao homem natural a “razão” aconselha coisas que lhe dão prazer, conforto, comodidade, ao espiritual, a razão requer renúncias da natureza caída, para que possamos ser guindados a uma dimensão superior. “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;9

Paulo aconselha: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Acatarmos as instruções Divinas é o que de mais racional podemos fazer. Desde dias idos as pessoas manifestavam uma tendência a evitá-las, para dano das próprias almas. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Tentar reduzir a Palavra da Vida ao rés do chão, equiparando-a às humanas percepções, é um truque de quem quer rejeitar a Deus, fazendo parecer que está contrapondo-se a mera opinião. “Cada um tem sua religião” dizem. Se a “esperteza” dos tais permite que diluam sua incredulidade, invés de assumirem-na, a rigor, estão usando-a contra si mesmos.

A pergunta inicial permanece, atinente a esses: “... Porventura nunca aceitareis instrução, para ouvirdes Minhas Palavras?”

Se as pessoas ousassem considerar o que está em jogo, certamente seriam mais prudentes. “A minha alma está pegada ao pó; vivifica-me segundo Tua Palavra.” Sal 119;25

domingo, 14 de setembro de 2025

O Mediador



“... Bendito o Rei que vem em Nome do Senhor; paz no Céu, e glória nas alturas.” Luc 19;38

Na entrada do Senhor em Jerusalém, e, iminência de completar Seu ministério. Quando da Sua entrada pelo nascimento, reduzido às limitações humanas, os louvores foram outros: “Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra, boa vontade para com os homens.” Luc 2;14

Os homens que exaltavam ao Senhor cantaram: “Paz no Céu.” Os Anjos que O louvaram recém-nascido, “Paz na terra.” Por quê?

Porque uma mediação carece atingir ambas as partes em litígio; então, a humanidade e O Criador. É necessário que as partes estejam dispostas à reconciliação; e os termos sejam apresentados a um lado e outro. Sobre, quem seja Ele, nenhuma dúvida: “Porque há Um só Deus, e Um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.” I Tim 2;5

Os “mediadores” alternativos para nada prestam. A cada dia “canonizam” mais um, para que os errados de espírito falem às paredes, invés de falarem com O Pai. “... Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultarão mortos?” Is 8;19

Sobre Sua Obra, temos: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Se o problema da inimizade, num sentido amplo, está resolvido desde a cruz; pontualmente, cada um precisa reagir acatando os termos do Eterno, para que a sua reconciliação se verifique. Por isso ficou com os servos do Senhor, a “Palavra da reconciliação”, para ser anunciada; que todos a conheçam reajam.

Não apenas entre a humanidade e o Criador; mas, entre judeus e gentios a vitória de Cristo também pacifica. Pois, Ele, “Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em Si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz; e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. Vindo, Ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;” Ef 2;15 a 17

Ao homem era preciso que trouxesse A Palavra de Deus; os termos do Eterno para que a reconciliação fosse possível; “... A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29

Atinente ao Altíssimo, a Divina Justiça requeria o pagamento do resgate, para que o homem fosse liberto do reino das trevas; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo a Si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Zacarias anteviu a abrangência do Sangue de Jesus. “Ainda quanto a Ti, por causa do Sangue da Tua Aliança, libertei Teus presos da cova em que não havia água.” Zac 9;11

Nossas misérias espirituais foram figuradas como estando nós, lançados ao fundo de uma cova seca, como foi, José. Justo para trazer suprimento a essa sequidão, O Salvador ensinou: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

O bendito ministério do Salvador, não apenas nos reconcilia com o Pai; também supre nossas carências espirituais, reabrindo, por Seus méritos, um acesso, antes, fechado.

O Texto Sagrado encoraja: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo Sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciência, o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel É, quem prometeu.” Heb 10;19 a 23

“De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cor 5;20

As condições para paz, tanto na Terra quanto, no Céu, foram plenamente satisfeitas pelo ministério e sacrifício de Cristo. A pergunta de Pilatos deve ser feita por cada um, ao qual O Mediador for apresentado. “... Que farei então de Jesus, chamado Cristo?” Mat 27;22

A quem prefere seguir inimigo A Palavra adverte: “... segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira na manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5
Porém, “... o que me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1;31

sábado, 13 de setembro de 2025

Os psicopatas



“Judas, que O traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com Seus discípulos.” Jo 18;2

Por que, Jesus, sendo uma figura pública, que ensinava abertamente, precisava ser “entregue” às escondidas por um traidor, como foi?

Para evitar alvoroço da multidão, tem um quê de lógico; Ele era seguido por muitos; mas, considerando que, depois, liderados pelos do Sinédrio, a plebe também pedia a condenação do Senhor, unindo seus gritos no mesmo propósito, isso torna a ideia de evitar tumulto, um motivo frágil.

Claro que, encontrado apenas com Seus discípulos, num lugar particular, isso facilitaria o trabalho sujo. Contudo, a fragilidade permanece.

Israel era vassalo do império romano, então. Eles não tinham poder de polícia sobre Jerusalém. O império o possuía. Como os “crimes” pelos quais pretendiam justificar a prisão, eram suas desavenças religiosas com a Doutrina do Senhor, isso seria argumento pueril para pedir ao regente de então.

Precisavam agir por conta própria; sem auxílio das autoridades romanas. “Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, archotes e armas.” Jo 18;3

Foram os oficiais a serviço do Sinédrio, a guarda pessoal dos sacerdotes que efetuaram a prisão; os romanos não participaram. Não apenas prenderam como “julgaram” às pressas, à noite; só então, depois de terem feito o conchavo, que foram a Pilatos no outro dia, apenas solicitando a execução do trabalho sujo.

“Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. Era pela manhã cedo. Não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa. Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?” vs 28 e 29

Tinham uma ideia bastante peculiar a respeito de contaminação. Entregar um inocente à morte por inveja, tudo bem. Agora entrar numa audiência com gentios, nunca. Precisavam estar “limpos” para participar da páscoa. Há certas “noções” de higiene, bastante sujas.

Qualquer semelhança com certos “defensores da democracia” atuais, é semelhante mesmo. Os crápulas não temem fazer as maiores patifarias, mas desejam que se cole rótulos limpos nos frascos das suas impudicícias. Gente asquerosa!

O governador ainda tentou evitar o problema transferindo de volta para o Sinédrio: “Disse-lhes, pois, Pilatos: Levai-o vós, e julgai-o segundo vossa Lei. Disseram-lhe então os judeus: A nós não é lícito matar pessoa alguma.” V 31

Disseram uma mentira; a Lei previa pena de morte para blasfêmias, feitiçarias, adultério... e, fica evidente que a pena capital já tinha sido decidida; o que estavam requerendo era que os romanos fizessem parecer, obra deles.

Enfim, burlaram a possibilidade da multidão atrapalhar na prisão do Senhor; saltaram sobre o obstáculo de não possuírem poder de polícia; por fim, maquiaram a culpa pelo que estavam fazendo, deixando a coisa de modo a parecer que teria sido obra dos estranhos.

Como num dito proverbial atual, “quando a pessoa quer, dá um jeito; quando não, dá uma desculpa.” Pois, os líderes religiosos de então queriam muito silenciar ao Senhor; deram seu jeito.

Precisaram do escurinho da noite, como O Salvador advertira sobre o “modus operandi” dos maus. “... os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Ainda hoje, muitos que temem se aproximar da Luz de Jesus Cristo, também usam seus subterfúgios; se possível, de modo que suas incredulidades usem roupas melhores.

Se adornam de ceticismo acusando escândalos que, infelizmente, acontecem; outros aquecem seus ombros avarentos com mantos, “teológicos” discordando dessa ou daquela doutrina, para disfarçar seu amor ao dinheiro; alhures, promovem todas as crenças, por espúrias que sejam, ao mesmo patamar; não negam o Singular; tentam fazer parecer mais do mesmo, ao nível de credos ordinários; desse modo, mais do que negar, profanam... 

no entanto, malgrado, os acessórios que lhes soam mais atraentes, segue o fato que todos usam o “pretinho básico” da impiedade; no fundo, bem sabem disso.

Cada um pode reverberar contra o que lhe aprouver, no reino das palavras. No entanto, no recôndito da consciência, o eco das suas “defesas” se fará uma pujante acusação.

Não existe maior perfídia do que quem trai a si mesmo. A desonestidade intelectual acostumada, cauteriza a consciência; faz de seu hospedeiro um zumbi moral, um ser que respira, mas sem vida, sem empatia, sem amor próprio. A sociedade chama de “psicopatas”.


Da aglutinação de duas palavras gregas que significam, almas doentes. À luz do Dia, o Senhor chama: “... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11;29

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Amor e disciplina



“Mas Deus prova Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

Alguns, movidos mais pelas íntimas inclinações, do que por uma interpretação sadia, derivam dum texto assim, o universalismo. Gente que lê “A Cabana”, invés da Palavra de Deus, tende a ver doçuras em toda parte, malgrado, não seja assim.

A doença de pautar escolhas espirituais por predileções pessoais, coloca multidões a perder, infelizmente. “... tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Pensam; uma vez que Deus ama a todos os pecadores, no fim, a todos salvará apenas por isso, não importando o que venham a fazer.
Tal conclusão evidencia uma compreensão errônea sobre Deus, sobre amor, e do próprio texto.

Que o Divino Afeto abarca a todos, isso é pacífico. “Pregai O Evangelho a toda a criatura.”

Todavia, se nós, imperfeitos, não nos contentamos com um relacionamento amoroso unilateral; antes, desejamos que o sentimento seja correspondido, por que Deus se contentaria com menos? Bastaria Ele nos amar, e mesmo voltando-lhe as costas, seríamos salvos?

Diferente do que possa parecer, o amor é mais que mero sentimento. Envolve uma decisão moral, com alguns valores anexos; o amor, “Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;” I Cor 13;6

Antes de entrar na esfera do amor, estritamente, precisa haver um concerto atinente à justiça. Somos chamados a reconhecer nossos pecados, nos arrependermos e mudarmos em Cristo; a reconciliação primeiro; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O Salvador nos convidou a tomar Seu jugo, para encontrar descanso; isso requer submissão incondicional ao Pai, como demonstração de que, tentamos corresponder ao Seu amor por nós.

Paulo explica algumas coisas necessárias, para que uma eventual decisão nossa se mostre veraz; “Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo o fomos na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Nos identificarmos com a Sua morte significa as renúncias das nossas vontades, pelo Divino querer para nós; andar em novidade de vida, requer, nos identificarmos com Suas pisadas, deixando patente mediante obediência, nossa correspondência ao Seu amor.

“... Se alguém me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Se, a entrega do Salvador em prol dos pecadores foi uma manifestação universal de amor, o restabelecimento da relação pessoal com O Eterno, dependerá da nossa reação diante de Cristo. Isso não pode ser evidenciado de outro modo, senão, pela obediência a Ele. “Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra...” Por isso, é uma decisão moral, mais do que um sentimento.

Se a manifestação universal nada requereu para isso, senão, o próprio Ser Divino, “Deus É Amor”, a relação particular com cada um, demanda que O amemos também. Invés de um andar desleixado quanto aos pecados, uma vez que Deus nos ama, seremos zelosos para não pecar, para não entristecermos a Quem amamos. Se assim não for, seremos falsos; o egoísmo seguirá no comando das nossas vidas.

O texto em análise esposa que O Eterno provou Seu amor para conosco com uma demonstração espetacular. Como provaremos o nosso, para com Ele? “Se me amais, guardai os Meus mandamentos.” Jo 14;15

Os bobos alegres que se escudam na “era da graça” como se isso significasse ausência de limites, libertinagem consentida, pretendem a insanidade de ter o Divino Amor como fiador, e a indiferença pecaminosa, humana, como contrapartida.

De um serviço relapso de má vontade na Antiga Aliança O Senhor disse: “... Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará a tua pessoa?” Ml 1;8

Ora, quem deveras entendeu O Divino Amor não fica se esforçando em provar sua incidência; antes, se sente constrangido a amar também e demonstrar tal sentimento, mediante atitudes.
Quem pretende que o amor seja fiador das suas extravagâncias pecaminosas, evidencia amar ao pecado, não a Deus.

Se alguém pretende ter relação com O Eterno, fiado apenas em sentimentos, sem comprometimento, aprenda algo mais sobre o Divino sentir; “Estas seis coisas o Senhor odeia; a sétima a Sua Alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e quem semeia contendas entre irmãos.” Prov 6;16 a 19

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Ouro de tolos



“Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!” Lam 4;2

Quem jamais sofreu idêntica decepção? Ante pessoas que pareciam ter alto valor, de repente, algum fato novo veio à luz; o que se assemelhava a ouro, se mostrou argila?

Pela derrocada da vida, na ladeira dos interesses rasos, onde escorregam valores, dificultando a caminhada costumamos dizer: “Eu era feliz e não sabia.” Isto é: As coisas pioraram. Pois, quanto aos nossos “ídolos” que nos decepcionam, seu brilho era falso e desconhecíamos; não pioraram, necessariamente; a visibilidade aumentou.

Duas coisas ao menos, concorrem para as decepções: Uma; à medida que amadurecemos, deixamos de ser presas das aparências, porque somos treinados pela mão do tempo para identificar essências; da agudez perspicaz alguns dizem: Fulano conhece o rengo assentado e o cego dormindo. Outra; as dores que nos assolaram onde houve privação de caráter, contribuíram para que víssemos o quão preciosa é essa nuance da alma humana, e, quão nociva sua ausência.

Se, na nossa fase imatura nos impressionávamos mais com carisma, talento, do que com outro valor qualquer, ora, podemos colocar cada coisa na devida prateleira. Assim, um patife talentoso segue sendo um patife; se, outrora lhe pediríamos um autógrafo, quiçá, agora desejamos tão somente, distância.

Àquele que pagaríamos ingresso para ver, agora recusaríamos receber em nossas casas. Tanto mais, quanto, maior a fama, o alcance do canalha em apreço.

A diversidade em questões políticas é um direito social inalienável. Porém, quando determinada escolha traz no bojo, passar pano para ladrões e corruptos, pior que isso, alimentar a perseguição contra pessoas honestas, ao custo das vidas de gente inocente, aí deixa de longe de ser um direito, para se tornar cumplicidade, com o que há de mais abjeto no tecido social. A choldra dos sem valores.

No caso do Eterno, Sua bronca era com os do “povo eleito”, que tendo sido libertos por Ele, miraculosamente, da escravidão, e estabelecidos numa situação de honra, depois deixaram ao Eterno e preferiam cultos alternativos.

Pelo profeta Ezequiel, O Senhor figurou-os como uma mulher adúltera se esforçando apara agradar aos amantes.

“Mais ainda, mandaram vir alguns homens, de longe, aos quais fora enviado um mensageiro, e vieram. Por amor deles te lavaste, coloriste teus olhos, e te ornaste de enfeites. Te assentaste sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada; e puseste sobre ela Meu incenso e Meu azeite. Com ela se ouvia a voz duma multidão satisfeita; com homens de classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; puseram braceletes nas mãos das mulheres e coroas de esplendor nas suas cabeças.” Ex 23;40 a 42

Notemos que, embora se enfeitando para estranhos, havia um quê do “marido” no ambiente; “puseste sobre a mesa Meu incenso e Meu azeite...” A infiel ao Esposo estava preservado indevidamente elementos do Seu culto, como se, os tais fizessem sentido naquela prostituição. “Então disse à envelhecida em adultérios: Agora deveras se prostituirão com ela, e ela com eles? Entraram a ela, como quem entra a uma prostituta...” vs 43 e 44

A transformação para baixo, onde coisas que foram preciosas se tornaram sem valor, foi um processo reiterado, contínuo. Na introdução de Jeremias já encontramos a denúncia contra um povo que deixara ao Senhor pelas suas doentias e inúteis inclinações. “Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;13

Não apenas abandonaram ao Deus Vivo, como buscaram simulacros pífios sem nenhuma utilidade. Desses deuses Isaías versou: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira; rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20

Não que O Eterno tenha sido surpreendido pela apostasia. Ele É Onisciente. Todavia, estava em jogo Seu amor, mais que, Sua ciência. Por isso falou do modo humano, como se fosse um marido traído, para que o povo entendesse a gravidade do mal que fizera.

Se cultuar ídolos lhes era mais importante, que ao menos se separassem em definitivo do Eterno. “Quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Deus; Ide, sirva cada um os seus ídolos, pois, a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais o Meu Santo Nome com vossas dádivas e com os vossos ídolos.” Ez 20;39

Nabucodonosor sonhou com uma estátua que tinha cabeça de ouro e pés de barro. Pois, muitos que se dizem de Cristo, malgrado O “Cabeça de Ouro”, têm pés de barro, andando segundo a carne. E profanando ao Senhor. Na hora da verdade, cada um aparecerá estritamente como é.