quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Ouro de tolos



“Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!” Lam 4;2

Quem jamais sofreu idêntica decepção? Ante pessoas que pareciam ter alto valor, de repente, algum fato novo veio à luz; o que se assemelhava a ouro, se mostrou argila?

Pela derrocada da vida, na ladeira dos interesses rasos, onde escorregam valores, dificultando a caminhada costumamos dizer: “Eu era feliz e não sabia.” Isto é: As coisas pioraram. Pois, quanto aos nossos “ídolos” que nos decepcionam, seu brilho era falso e desconhecíamos; não pioraram, necessariamente; a visibilidade aumentou.

Duas coisas ao menos, concorrem para as decepções: Uma; à medida que amadurecemos, deixamos de ser presas das aparências, porque somos treinados pela mão do tempo para identificar essências; da agudez perspicaz alguns dizem: Fulano conhece o rengo assentado e o cego dormindo. Outra; as dores que nos assolaram onde houve privação de caráter, contribuíram para que víssemos o quão preciosa é essa nuance da alma humana, e, quão nociva sua ausência.

Se, na nossa fase imatura nos impressionávamos mais com carisma, talento, do que com outro valor qualquer, ora, podemos colocar cada coisa na devida prateleira. Assim, um patife talentoso segue sendo um patife; se, outrora lhe pediríamos um autógrafo, quiçá, agora desejamos tão somente, distância.

Àquele que pagaríamos ingresso para ver, agora recusaríamos receber em nossas casas. Tanto mais, quanto, maior a fama, o alcance do canalha em apreço.

A diversidade em questões políticas é um direito social inalienável. Porém, quando determinada escolha traz no bojo, passar pano para ladrões e corruptos, pior que isso, alimentar a perseguição contra pessoas honestas, ao custo das vidas de gente inocente, aí deixa de longe de ser um direito, para se tornar cumplicidade, com o que há de mais abjeto no tecido social. A choldra dos sem valores.

No caso do Eterno, Sua bronca era com os do “povo eleito”, que tendo sido libertos por Ele, miraculosamente, da escravidão, e estabelecidos numa situação de honra, depois deixaram ao Eterno e preferiam cultos alternativos.

Pelo profeta Ezequiel, O Senhor figurou-os como uma mulher adúltera se esforçando apara agradar aos amantes.

“Mais ainda, mandaram vir alguns homens, de longe, aos quais fora enviado um mensageiro, e vieram. Por amor deles te lavaste, coloriste teus olhos, e te ornaste de enfeites. Te assentaste sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada; e puseste sobre ela Meu incenso e Meu azeite. Com ela se ouvia a voz duma multidão satisfeita; com homens de classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; puseram braceletes nas mãos das mulheres e coroas de esplendor nas suas cabeças.” Ex 23;40 a 42

Notemos que, embora se enfeitando para estranhos, havia um quê do “marido” no ambiente; “puseste sobre a mesa Meu incenso e Meu azeite...” A infiel ao Esposo estava preservado indevidamente elementos do Seu culto, como se, os tais fizessem sentido naquela prostituição. “Então disse à envelhecida em adultérios: Agora deveras se prostituirão com ela, e ela com eles? Entraram a ela, como quem entra a uma prostituta...” vs 43 e 44

A transformação para baixo, onde coisas que foram preciosas se tornaram sem valor, foi um processo reiterado, contínuo. Na introdução de Jeremias já encontramos a denúncia contra um povo que deixara ao Senhor pelas suas doentias e inúteis inclinações. “Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;13

Não apenas abandonaram ao Deus Vivo, como buscaram simulacros pífios sem nenhuma utilidade. Desses deuses Isaías versou: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira; rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20

Não que O Eterno tenha sido surpreendido pela apostasia. Ele É Onisciente. Todavia, estava em jogo Seu amor, mais que, Sua ciência. Por isso falou do modo humano, como se fosse um marido traído, para que o povo entendesse a gravidade do mal que fizera.

Se cultuar ídolos lhes era mais importante, que ao menos se separassem em definitivo do Eterno. “Quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Deus; Ide, sirva cada um os seus ídolos, pois, a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais o Meu Santo Nome com vossas dádivas e com os vossos ídolos.” Ez 20;39

Nabucodonosor sonhou com uma estátua que tinha cabeça de ouro e pés de barro. Pois, muitos que se dizem de Cristo, malgrado O “Cabeça de Ouro”, têm pés de barro, andando segundo a carne. E profanando ao Senhor. Na hora da verdade, cada um aparecerá estritamente como é.

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