terça-feira, 30 de setembro de 2025

Tempo de misericórdia

 

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque Suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã...” Lam 3;22 e 23

Jeremias apresentou essa qualidade Divina como natural. Como o nascer do sol, a novidade que se repete cada manhã. Não estava aludindo a um modo de agir de Deus; antes, a uma nuance do Divino Ser. Deus é misericordioso sempre. Até quando castiga.

Habacuque, antevendo uma severa situação de juízo, orou nesses termos: “... na Tua ira lembra-te da misericórdia.” Hac 3;2

A Palavra não apresenta a ira como parte da Divindade. Os movimentos emocionais do Santo são bem estabelecidos, em face dos motivos que os despertam; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” sal 45;7

Invés duma repetição cíclica, como apresentou a misericórdia, a manifestação da ira espera por um dia específico. Advertiu Paulo aos que viviam impiamente; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

Embora, pontualmente, a ira Santa acenda todos os dias, por causa de resiliência humana na maldade, “Deus é Juiz Justo, um Deus que se ira todos os dias.” Sal 7;11 Nessas situações, lembra-se da misericórdia, como orou Habacuque; age em longanimidade; embora, o ímpio entenda mal esse rasgo da misericórdia que espera por eventual arrependimento e mudança; dele abusa em prejuízo próprio. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Quando Jeremias escreveu assegurando da Divina misericórdia que se renova diariamente, o fez num cenário de total devastação da cidade e do templo. Jerusalém se encontrava em ruínas; passeando sôfrego entre elas, o profeta das lágrimas ainda conseguia ver nuances da bondade Divina. Ele estava vivo, apesar de tudo e a grande maioria do povo, também; embora tivessem sido levados cativos para Babilônia.

Poderia ser pior, pensou; poderíamos ter sidos destruídos, mas a Divina graça não permitiu. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...”

O mesmo Jeremias fora instrumento de reiteradas mensagens exortando ao arrependimento, para que o juízo que então se ameçava, não fosse necessário. Quando cansara de falar à “raia miúda” não sendo ouvido, decidiu buscar pelos líderes, esperando que com esses fosse diferente, mas se decepcionara; “... estes são pobres; são loucos, pois, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5, vs 4 e 5

Ninguém melhor que ele sabia, que o juízo ainda tinha saído barato, poupando a um povo tão rebelde da destruição, e deixando uma janela futura aberta para a vindoura restauração.

Em geral, costumamos ver a Bondade Divina quando as coisas acontecem conforme desejamos; no entanto, mesmo em momentos adversos, Deus não muda Seu Ser. Até nesses nos abençoa, como ensina Paulo: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

Eventualmente, O Eterno acena com Sua Ira, para que consideremos quão grave é o pecado, e dele nos apartemos, como se deu em Nínive nos dias de Jonas. O Senhor enviara dura mensagem de juízo; dado o arrependimento e mudança dos ninivitas, tratou-os em misericórdia.

Somos chamados em Cristo a sermos também misericordiosos para com aqueles que falharam conosco e se arrependeram; como disse Tiago: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

No nosso caso a misericórdia não é parte do nosso ser; em geral somos vingativos; mas é um aprendizado que carecemos adquirir.

A bondade Divina sempre terá um espaço acolhedor para quem reconhecer suas falhas, se arrepender e buscar perdão. 

Misericórdia, pois, não é licença para pecar; antes, leniência gratuita para quem pecou e se arrependeu. Demanda uma mudança de atitude como testemunha de que o arrependimento é veraz; “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55.7 e 8

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Mat 5;7 Se, é vero que a misericórdia Divina se renova diariamente, também é, que, estará de férias no dia do juízo. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6

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