terça-feira, 23 de setembro de 2025

Razões da contenda



“... Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.” Jó 10;2

No caso de Jó, não era uma contenda do Eterno contra ele. Estava em meio a uma peleja maior, entre O Eterno e o inimigo; o tema era a fidelidade legítima, por amor a Deus e Seus valores, não, mero interesse mercantil, como acusara o canhoto. Jó fora posto à prova; O Criador pretendia desmascarar às falácias da oposição, como, deveras, o fez.

No nosso caso, a inclinação perversa dá trabalho ao Espírito Santo, pelo qual, O Senhor contende conosco visando nos apartar dos caminhos da morte.

Quando viu que, a humanidade escolhera ser resiliente no erro, nos dias anteriores ao Dilúvio, O Eterno “jogou a toalha” nesses termos: “... Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6;3

O Criador colocou um limite, no fim do qual, o livramento não seria mais possível, como não foi, para com os que se recusaram a entrar na arca que Noé fizera.

Nos dias de Jó, o conhecimento do Eterno era pequeno; mas, mesmo assim, O Senhor buscava iluminar pelos meios possíveis a quem lhe quisesse dar ouvidos. “... Deus fala uma, duas vezes; porém, ninguém atenta para isso. Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens; lhes sela Sua instrução, para apartar o homem daquilo que faz, e esconder dele a soberba.” Jó 33;14 a 17

O problema da alma guiada pelas inclinações carnais são as suas “certezas” suicidas, que a fazem se fechar aos conselhos, mesmo que, iluminados. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Não obstante O Eterno ter dado O Espírito Santo para ajudador de cada um que se converte ao Senhor, a perversa tendência da carne ainda concorre em demanda por primazia; ela deve ser “crucificada” isto é; deixada na irrelevância, pelas renúncias necessárias dos pecados, ao que, somos desafiados para servir a Cristo.

Da punção da natureza caída a Palavra diz: “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Esse fragmento diz para onde a carne se inclina, e a consequência disso, caso seguida; morte.

Por isso, somos chamados a fazer uma renúncia tão intensa, como se, também morrêssemos. Nossa identificação com O Salvador, pela obediência, deve ser tal, que nossa natureza perversa seja reputada como crucificada; isto é; mortificada por não cedermos às suas propensões; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo, na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Quantas vezes ouvimos pessoas se queixando de um convívio com outrem de difícil trato, nesses termos: “Essa é minha cruz.” Não. As limitações intelectuais, morais, espirituais, sentimentais, relacionais, motoras até, alheias, são problemas com os quais todos temos que lidar, estando em Cristo, ou não.

Nossa “cruz”, é um chamado íntimo, no recôndito das nossas consciências, onde reside uma “contenda” que visa nos apartar do modo natural de agir, constrangendo-nos a atuar segundo Deus.

Paulo considerou a posse de uma consciência diáfana, de importância tal, sem a qual, a salvação se perde. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual, alguns, rejeitando naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Às vezes, a “contenda” pode soar injusta para conosco, por exigir coisas que ao homem natural parecem exagero. É. Fomos chamados a um patamar que deve ver segundo o sobrenatural. “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;9

O Salvador desafiou-nos à excelência: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus... Sede vós, pois, perfeitos, como É Perfeito O vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;20 e 48

Portanto, sempre que identificarmos uma “contenda” em nosso espírito, busquemos em oração, meditação, por sintonia fina; seremos iluminados. No fim poderemos dizer como Jó: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora Te veem meus olhos.” Jó 42;5

Ou, quem sabe, como Davi: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

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