sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Medo da verdade

 “Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca; e diziam: Não é este o filho de José?” Luc 4;22

Jesus em Nazaré, cidade onde crescera. Depois de ler um fragmento do Isaías, apresentou o vaticínio como cumprido naquele dia, em Sua pessoa.

Espantados com as palavras que Ele falava, lembravam de que Ele era um morador da aldeia. “Não é este o filho de José?” Não pode que um galo dos nossos cante assim; deve ter algo errado.

Ciente dos desafios, e da rejeição que sofreria, O Salvador se antecipou: “... Sem dúvida Me direis este provérbio: Médico, cura a ti mesmo...” v 23 na parte seguinte do verso, o que significava o citado provérbio: “... faze também aqui na tua pátria tudo que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum.”

Se, não teriam grandes expectativas acerca do “filho de José”, que crescera entre eles, tinham sido informados de grandes feitos Dele, na cidade de Cafarnaum. Logo, a “honra” da leitura dos profetas, certamente não fora fortuita; escolheram-no, já informados de sinais operados na referida cidade; sinais, e possível concurso de alguns ensinos. Estavam testando-o.

A má disposição na qual fora recebido, pois, estava longe de lhe ser surpresa; disse: “... Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.” V 24 Até então, apresentara-se como profeta, apenas; como alguém escolhido e ungido pelo Espírito de Deus; mesmo assim, as nuances da rejeição já lhe eram bem visíveis.
Então, alistou dois profetas do Antigo Testamento, que foram rejeitados pelos seus, e serviram de bênçãos para estrangeiros. “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio.” Vs 25 a 27

Dois profetas de Israel, desconsiderados pelos seus, e usados para abençoar pessoas de outras nações; uma mulher sidônia, e um general sírio.
Quantas igrejas providas de obreiros aptos, idôneos, os ignoram em seus eventos, trazendo de longe ao custo de altos cachês, gente estranha; de moral duvidosa! Isso de um profeta não ser apreciado entre os seus, é um mal que perdura ainda.

Além de dizer que não se costumava receber bem um profeta entre os seus, O Salvador ofereceu exemplos inequívocos.
Qual foi a reação? “Todos, na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira.” V 28

Quando a exposição da verdade leva alguém à ira, necessária a conclusão que esse não possui um relacionamento sadio com “véritas”. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

A falta de argumentos contraditórios, quando, a vontade de contradizer é maior que outra qualquer, acaba ensejando um abalo emocional. Tal lapso de recursos dá espaço aos “argumentos ad hominem”. Não podendo combater aos ensinos, combatem à pessoa.
Na verdade, queriam um pouco mais que ataques pessoais contra O Senhor; desejaram matá-lo. “Levantando-se, o expulsaram da cidade, o levaram até ao cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem. Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se.” Vs 29 e 30

Pretendiam jogar ao Senhor do precipício; mas, aproveitando o tumulto Ele evadiu-se das suas mãos.

É fácil cantar loas a valores estabelecidos, como justiça, verdade, democracia, liberdade... difícil é quando, a livre expressão desses, eventualmente, nos desnuda; podemos já não defendê-los com a mesma ênfase, as mesmas certezas.

A rigor a inversão de valores grassa a partir disso. Quando interesses rasos, melindres periféricos recebem maior atenção que as coisas como são; os homens avessos a mudar, segundo a verdade, pervertem as coisas preservando os rótulos estabelecidos e alternando a essência dos mesmos. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

A Palavra de Deus genuína nunca nos será palatável, sempre nos confrontará, por causa do concurso da nossa natureza carnal; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

A tentativa inglória de ocultarmos esqueletos no armário, ante O Senhor não funciona. A prosperidade material até pode se dar, ao de maus passos; a espiritual, jamais. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Os benditos frutos



“... Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque; se der fruto, ficará, se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;7 a 9

O dono das terras possuía uma vinha. Sua produção em escala comercial era de derivados da uva. Entretanto, no meio das videiras havia uma figueira, da qual, o dono também desejava os frutos.

O fato de alguém ser diferente da maioria, sem aptidões para pregar, talento para cantar, perspicácia para dirigir, ainda assim, há frutos que pode e deve produzir para agradar ao Senhor.

“Por que ocupa a terra inutilmente?” Aquele que criou à Terra, O Eterno, tem total direito de exigir que os que residem nela exibam algum tipo de utilidade, de propósito. Os dons espirituais, aliás, são distribuídos com esse fim; “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12;7

As pessoas frustradas, tendem a pensar que a vida lhes deve; que vieram para ser paparicadas bem-sucedidas, felizes. À menor cobrança de responsabilidade, não poucos se eximem de modo desaforado: “Não pedi para nascer.” Eis, sua “defesa” do indigno viver!

Que cada um atue como aprouver, alheio às consequências, é permitido alhures; mas, nos que fazem profissão de servir e desejam conhecer ao Senhor, a relação é um pouco mais estrita.

Pois, antes dos nossos anseios particulares, os legítimos anelos do Criador precisam ser considerados. Nos plantou para que demos frutos, por certo tem razões para estar decepcionado, encontrando-nos privados desses.

Há uma responsabilidade especial, pois, dos que “estão plantados” na Casa do Senhor, a congregação dos salvos, na denominação que for; onde, todos são chamados a serem frutíferos para Deus.

“O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é minha Rocha Nele não há injustiça.” Sal 92;12 a 15 Se, até de árvores velhas O Senhor espera obter frutos, pois.

Então, passados três anos de espera vã, O Senhor da vinha pensava em cortar à figueira. Mas, surgiu um bendito intercessor; “Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque; se der fruto, ficará, se não, depois a mandarás cortar.” Ah, o valor da oração intercessória!

Certa vez O Eterno afirmou que se tivesse achado um intercessor apenas pelo seu povo ele teria sido poupado do juízo. “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” Ez 22;30

O intercessor não apenas rogou ao senhor da vinha em favor da figueira infrutífera; antes se comprometeu a ajudá-la. Ia escavar nas suas raízes, estercá-la. Com um toque de adubo orgânico, talvez começasse a frutificar.

Infelizmente, grande parte da esterilidade espiritual da presente geração deriva das raízes ruins, nas quais está firmada. Uma “teologia” adoecida, alienada da Divina vontade.

Ás vezes, desejos de prosperidade tomam o lugar da necessária santidade; mensagens humanistas, antropocêntricas, motivacionais, usurpam o lugar da Palavra da vida. Como poderiam dar frutos para Deus aqueles que são acoroçoados ao egoísmo?

A Palavra do Eterno, nada perdeu em sua Santa eficácia; “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, para lá não tornam, mas regam a terra, a fazem produzir, brotar, dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a Minha Palavra, que sair da Minha Boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, prosperará naquilo para que a enviei.” Is 55;10 e 11

O Salvador foi categórico sobre o propósito para o qual nos chamou: “Não me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda.” Jo 15;16 

Assim, antes de “colhermos” as bênçãos do Pai, devemos frutificar de modo que Ele colha o que espera das nossas vidas. Da videira da Antiga Aliança reclamou decepcionado: “Que mais se podia fazer à minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Is 5;4

Cada vez que chega ao nosso espírito uma mensagem falada, escrita, que nos faz meditar a respeito, é como se O Senhor adubasse nossas raízes. “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Mestres no escuro


“Porque Eu quero misericórdia, não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” Os 6.6

Entendermos o real teor disso, pode nos livrar de uma série de incompreensões.

A Divina vontade não está estabelecendo uma coisa, misericórdia, e banindo outra; o sacrifício. Antes, está apresentando a prioridade, acerca dos relacionamentos interpessoais aos quais somos chamados.

Afinal mesmo após a Majestosa Vitória de Cristo, ainda resta um sacrifício que cada salvo deve fazer, para viver de forma agradável ao Senhor. Ele chamou de “caminho estreito.”

A “imolação” das próprias tendências pecaminosas, a “mortificação da carne” na cruz; ou, como desafiou Paulo: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Logo, “não o sacrifício”, não tolhe seu valor nem o elimina; apenas, significa, não, prioritariamente.

Nos dois primeiros embates do Senhor com os Fariseus, registrados por Mateus, esse verso foi usado como diatribe à ignorância deles. A primeira acusação dos “Justos”, foi que O Senhor não mantinha distância segura em relação aos pecadores; pior, assentava-se com eles. “Os fariseus, vendo isto, disseram aos Seus discípulos: Por que come vosso Mestre com publicanos e pecadores?” Mat 9;11

“Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque Eu não vim a chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.” Vs;12 e 13

Para quem se pretendia lumiar espiritual, em meio aos pecadores, receber ordem de aprender o significado das Escrituras das quais, se diziam mestres, deve ter ferido fundo o orgulho deles.

Quando alguém se sacrifica, buscando maior consagração, jejuando, meditando, estudando, não significa que isso seja um erro; longe disso. Certo ascetismo relativo aos prazeres e maior aprofundamento espiritual pode nos melhorar para os necessários embates.

O problema acontece, quando, aquilo que deveria ser uma escola a me capacitar para melhor servir, se torna um fim, fazendo eu me sentir melhor que outros por isso. Se me sacrifico para melhor servir ao próximo, ainda será a misericórdia meu motivo. Se o faço apenas por vazia ostentação, não passo dum egoísta desejando aplausos. A diferença está nisso, entre pensar no próximo ou apenas em si.

Adiante, O Salvador usou o mesmo texto noutro embate: “... Eis que teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? Ou não tendes lido na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? Pois Eu vos digo que está aqui quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12;2 a 7

Outra vez a humilhante reprimenda aos “mestres”, “Não tendes lido... se soubésseis o que significa...”

De longe a impressão que dá é que aqueles “comiam sem mastigar” à Palavra de Deus; invés de buscarem as transformações que ela opera em quem a ouve, tinham pressa de se apresentarem como juízes de terceiros, sem sequer terem entendido os fundamentos da fé que professavam.

Quando O Salvador curou um paralítico que sofria havia 38 anos, num leito, num dia de sábado, invés de se alegrarem com tamanha misericórdia manifesta, censuraram à ”desobediência” do que, finalmente podia andar, levando seu leito.

“Por esta causa os judeus perseguiram Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” Jo 5;16 Sua falta de relação com a misericórdia era tanta, que viram numa espetacular manifestação dessa, um “crime” de morte. A cegueira religiosa fazia ritos, mais importantes que pessoas.

Certo que, A Palavra foi figurada como sendo a Espada do Espírito. Mas, antes, temos o cinto da verdade, a couraça da justiça, escudo da fé, capacete da salvação e o calçado da preparação do Evangelho. Ef 6;14 a 17 Devemos ser salvos invés de juízes; depois, poderemos apresentar ao Salvador com verdade.

Assim, antes de usarmos à Palavra como arma para ferir a outrem, usemos como sabão sobre nossas próprias almas. Afinal, o Ministério do Senhor também foi apresentado desse modo: “... Porque Ele será como fogo do ourives e como sabão dos lavandeiros.” Ml 3;2

Na primeira figura, derrete metais para retirar escórias; na segunda, esfrega firme o tecido das nossas almas para remoção das suas máculas.

Cada tentação é uma oportunidade da qual poderemos sair vitoriosos por amor a Cristo. Ide e aprendei o que significa.

Os bipolares



“Examinais as Escrituras, porque pensais ter nelas a vida eterna, são elas que de Mim testificam; e não quereis vir a Mim para terdes vida.” Jo 5;39 e 40

Essa bipolaridade dá o que pensar. Se, aqueles examinavam às Escrituras buscando pela vida eterna; o Príncipe da Vida viera a eles e se recusavam a recebê-lo, agiam como se, ora quisessem à bênção; outra, não mais.

Talvez a desejassem às suas maneiras, não à maneira de Deus. Paulo interpretou: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” Rom 10;3 e 4

Pesa o apego dogmático, superficial, pretendendo a imposição das diletas maneiras, invés de humildemente buscarmos a compreensão de Deus.

Eles eram zelosos de Deus; todavia, sem a luz necessária. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10;2

Escrevendo aos coríntios, Paulo usou uma pitada de ironia, chamado o caminho escolhido pelo Eterno, de loucura; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Não que não seja lícito termos, eventualmente, nossas predileções; todavia, quando essas se chocarem com a Divina direção, não venhamos ceder a um apego fanático, recrudescendo no erro. Muitos se atêm a dogmas, tradições religiosas, desprezando ao Senhor da vida como Ele se revelou, infelizmente.

Embora, Deus seja Grandioso em perdoar e em manifestar Sua misericórdia, a salvação graciosamente oferecida terá que acontecer nos Divinos termos, ou, jamais acontecerá. “O que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

Uma coisa é suprir graciosamente nossas necessidades; outra seria supormos que Ele, abriria mão dos Seus Eternos Decretos, para encaixar algo em nossas efêmeras vontades.

Os que frequentam igrejas acreditando receber nelas a Cristo, O Príncipe da Vida, se mostrando refratários à plenitude da Sua Doutrina e necessárias correções, também oscilam numa bipolaridade pendular, de quem quer algo, mas não ousa recebê-lo como é dado.

Assim agem os que pretendem “editar” à Palavra para encaixar seus pecados de estimação. Querem muito uma igreja, pouco, ao Senhor.

“O fim da Lei é Cristo”, não está advogando a ausência de lei, libertinagem; “estamos na graça, podemos tudo” como devaneiam incautos. “O dízimo era da Lei, - comemoram os avarentos – estamos na Graça.” Sua resposta à Divina Graça é pífia, doentia, materialista, mentirosa.

O fim, no argumento paulino, significa objetivo, não, término. A Lei foi dada revelando nossos pecados, para que entendamos por ela, o quanto carecemos do Salvador. “De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo...” Gál 3;24

Ele eliminou a necessidade de sacrifícios oferecendo a Si mesmo; sintetizou os dez mandamentos em dois; advertiu do risco duma compreensão superficial, meramente da letra; sobretudo, nos mandamentos de não matar e não cobiçar; assim, Seus ensinos são a Nova Lei, pala qual devem aprender a viver os que pretendem pertencer a Ele. “... não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da Lei de Cristo...” I Cor 9;21

Deu O Espírito Santo a cada convertido, para conduzi-lo sem necessidade de um rígido código. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12 Diz mais: “Esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei Minhas Leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles Me serão por povo;” Heb 8;10

A sensibilidade de quem ouve e voluntariedade de quem se submete ao Bendito Consolador, é chamado de “andar em espírito.” Quem assim faz, não precisam temer a lei nenhuma. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Como então, muitos, ainda, pertinho do Senhor da Vida, perecem pelo devaneio de desejarem as coisas às suas maneiras. Sempre que decidirmos investigar algo, devemos fazer, de tal modo desarmados, que estejamos prontos a descobrir coisas contrárias aos nossos credos. Quando acontecer termos a ousadia de mudar em direção à luz recebida.

Aquele que não o faz nessa disposição, a rigor, não investiga; apenas pesquisa onde pode melhor ancorar o barco das suas predileções. É fácil se aproximar do Salvador; Ele é acessível; é difícil fazer com verdade, pois, requer a eliminação dum ídolo entranhado, o ego. “Negue a si mesmo.”

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Reféns da "libertação"



“... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Infelizmente, tenho visto muitas cenas dos tais cultos de “libertação”, onde, o ministro revela e desfaz supostas macumbas, contra as vítimas do canhoto que vão a ele buscando socorro.

As pessoas são “reveladas” e após breve hipnose caem no chão, de onde levantam “livres” dos males. Assim fazem parecer os obreiros do engano que aprisionam suas vítimas, com esse chorume espiritual, invés de anunciarem a Palavra da Vida.

Benny Hinn fazia melhor seu teatro; derrubava muitos apenas acenando seu casaco contra as pessoas. Já participei de cultos assim, onde dezenas caem; depois de serem “libertas” levantam retornam às suas casas e seguem a mesma vidinha miserável de antes.

Invés de pregarem ao Evangelho, esses “obreiros” têm o “dom do tombo”. Derrubam pessoas por algum poder maligno, “revelam” feitiços, e “proíbem” a ação do inimigo contra aquelas vidas. Dá asco!

É mui conveniente ao homem, dado à promiscuidade, às drogas, furtos e vícios afins, “descobrir” que, aquilo tudo lhe acontece porque foi feita uma macumba contra ele. No fundo, ele é inocente. Não é assim!

Embora o exorcismo faça parte, eventualmente, do ministério cristão, há alguns registros de Jesus praticando-o, não é o normal; tampouco, o cerne da atuação de quem foi chamado a pregar O Evangelho.

Como vimos, o que liberta às pessoas é o conhecimento da Verdade, nas Palavras de Jesus Cristo. É mais fácil fazer uma sessão de tombos e revelagens, que uma sóbria ministração da Palavra do Senhor. Essa requer oração, estudo, pesquisa, prática, comunhão.

Como chegará alguém, ao estágio dito no salmo primeiro, de meditar na Lei do Senhor de dia e de noite, se, tudo o que aprende nesses lugares tem a ver com coisas espúrias, sem nenhum nexo com a Palavra do Salvador? Irá meditar em quê?

A vera libertação passa longe de deitar hipnotizado por alguns minutos, depois levantar “curado” e volver à mediocridade ordinária.

A que Jesus Cristo Opera pelo Seu Espírito e Sua Palavra, salta aos olhos; mesmo sem ser mencionada, apenas sendo vista já se torna uma poderosa pregação. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Lembro de estar num culto na zona sul de Porto Alegre há muitos anos, onde foi “pregar” um sujeito que soprava e derrubava às pessoas. Era sensação daquele momento por lá.

Embora imaturo, não senti paz naquilo. O sujeito ia soprando e as pessoas caindo para trás. Enquanto caminhava em minha direção, orei: “Senhor, se isso procede de ti, seja feito; senão, não permito que nenhuma sugestão espúria de mim se aproxime.” O sujeito “poderoso” chegou onde eu estava, olhou-me nos olhos e saiu sem soprar. Não sei o que viu, ou, não viu. Porém, assim foi.

Essas bagunças em geral tomam enorme tempo, que poderia ser muito bem utilizado pregando à Palavra de Deus.

Aliás, os ministérios de ensino visam exatamente isso; que sejamos edificados de tal modo, a não sermos mais vitimados por doutrinas espúrias. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia agem fraudulosamente.” Ef 4;14

Enfim, embora haja muitos casos genuínos de possessão demoníaca que devem ser tratados como tais, o que deve ser oferecido, via de regra, aos pecadores, é a cruz. O “negue a si mesmo”, mude de vida, deixando ao Senhor, doravante, as rédeas.

Enquanto isso não acontecer, com macumba ou sem, continuaremos escravos de nossa perversa inclinação que peca desde a queda. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e nem pode ser.” Rom 8;7

Portanto, quando virmos um poderoso “libertador” com o dom do tombo mais atuante que o da Palavra, tenhamos certeza de que estaremos diante de uma fraude, de um espertalhão cujo serviço não acrescenta nada ao Reino de Deus.

Geralmente, a falta de Paladar para a Palavra do Santo, é que enseja espaço e esses fraudadores. Essa doença vem de largos dias, infelizmente. “... eis que a palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, e não gostam dela.” Jr 6;10

O endemoninhado gadareno que O Salvador libertou de uma legião maligna, foi algo espantoso. Todos testemunharam e ele virou pregador, invés de volver à rotina antiga. “Ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam.” Mc 5;20

Nova mente



“Vos renoveis no espírito da vossa mente;” Ef 4;23

Além de deixar as práticas antigas onde viveram antes de Cristo, adotar uma nova maneira de pensar. Sendo os pensamentos os primeiros passos das ações, para que mudemos nosso agir, indispensável mudarmos também nosso modo de pensar.

Tendemos ao “efeito manada” onde, o que a maioria faz, acaba “normatizando” o comportamento social. Em Cristo somos chamados a dizer um sonoro não! ao jeito mundano; invés de anelar pelo encaixe, somos desafiados ao confronto; viver expondo valores Divinos na face desse sistema que “jaz no maligno.”

Isso demandará do fiel, abdicar duma série de práticas. Foi desafiado a empunhar uma cruz, não um rótulo. Ouçamos Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A palavra “conformar” pode ter duplo sentido; dependerá do contexto. Pode significar resignar-se a uma perda; ou, assumir a forma de. No texto que Paulo exorta a não nos conformarmos com o mundo, sugere que sejamos transformados por uma nova disposição mental, que nos levará a conhecermos a vontade de Deus.

Logo, o sentido aqui é, não andem conforme o mundo anda; não assumam sua forma, seu “normal”.

Há pouco deparei com uma postagem que me irritou um pouco, onde coloquei um comentário meio avesso. Dizia: “Telefone de homem é como time de futebol; tem as titulares, as reservas, as que estão sob cuidados e as que esperam ser convocadas.”

Escrevi que em meu tem apenas a minha esposa, e ela sabe a senha de tudo que tenho; que aquela definição não se tratava de um homem, mas de galinhagem, promiscuidade, vida vazia.

Não faltará um para dizer nos comentários que eu sou moralista, enviesado que era apenas uma tirada bem humorada. Sabemos que não é assim. Esse mundo padece falta de vergonha na cara, inversão de valores, cultua vícios, quase, como se fossem virtudes.

Quem tiver pruridos vários por medo de receber reprovação, maiores que seu amor pela verdade e pelo Salvador, se omitirá. Como não dou a mínima nem para aplausos nem para vaias, mas me interesso muito em que Jesus Cristo e Seus ensinos sejam conhecidos, digo o que penso e prossigo.

Lembro trecho de um diálogo do “Banquete” de Platão, onde alguns filósofos se assentaram à uma mesa e concordaram em falar todos, sobre o amor. Entre eles estava o grande Sócrates. Agatão, teatrólogo que na noite anterior levara a plateia ao delírio com seu espetáculo, quando chegou sua vez de falar disse que estava nervoso, encabulado.

Alguém objetou: Como assim? Ontem levastes centenas de pessoas a aplaudi-lo frenéticas tens medo de quê? A multidão é ignorante, disse ele; todo o homem ajuizado, teme mais o escrutínio de meia dúzia de sábios, que desfilar diante de uma plebe de tolos.

Para nós que fomos chamados por Cristo, os pareceres da multidão de desregrados, deve receber um apreço semelhante. O que os outros vão pensar ou dizer das nossas escolhas, tem a ver com o que eles são; não, com o que, essas escolhas significam, necessariamente.

Fomos chamados a deixar nossas rasas maneiras de pensar em prol das Divinas, e O Eterno explica o porquê: “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

Essa mudança de pensamentos, por outros infinitamente mais nobres, necessariamente fará com que mudemos nosso agir após a conversão. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Vemos, pois, que a “nova disposição mental” progride para “novidade de vida.” Os pensamentos pautam o agir.

Por isso a batalha espiritual ocorre dentro das mentes; de um lado o canhoto tentando nivelar a todos por baixo; de outro O Espírito Santo, tentando nos ensinar os pensamentos de Deus.

Quem foi convocado a isso terá trabalho sempre que a mentira for colocada em relevo. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

terça-feira, 2 de setembro de 2025

A temperança

“... pondo nisto mesmo toda diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança e à temperança a paciência...” I Ped 2;5 e 6

Dentre as qualidades aconselhadas por Pedro, vou me ater à temperança.

O que é um homem temperante? Alguém moderado, comedido, prudente, parcimonioso, equilibrado. A falta dessa virtude leva a exageros; de um lado patrocina o fanatismo; de outro, pode ensejar o ceticismo de negar a Deus, malgrado, as gritantes evidências.

Naturais as punções em direção à fé e à dúvida. Nada de errado em seres dotados de cérebros, que foram criados para ser usados.

Porém, é comum vermos pessoas pegando premissas verdadeiras, e por falta de temperança, arrastando-as a conclusões desastrosas. Que o sal é bom, indispensável à boa mesa, ninguém duvida. No entanto, caso não seja administrado na justa medida, estragará o alimento. Spurgeon dizia: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Nesse caso, fora da sua medida.

“Deus não precisa dinheiro”; verdade. Ele mesmo diz: “Se tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12 Soa obtuso como o sujeito que disse: “Não estou preocupado com a Petrobrás; eu não como petróleo.”

Os “bens” que O Eterno busca dentre os Seus, são afetivos; os que se apegam em materiais mais do que amam Ele, quando testados nessas coisas verão claramente a própria nudez. O Eterno não os desnuda para envergonhar; antes para que entendam que carecem ser revestidos.

“Não habita em templos feitos pelo homem”; outra afirmação verdadeira. O Salvador ensina: “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra; Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Escudados nessa verdade, alguns defensores dos “desigrejados” extremam tanto, que, se revoltam contra a ideia de congregarmos nalgum templo; fazem parecer que os frequentamos porque Deus moraria lá; nada pode ser mais estúpido. Cultuamos a Deus em união, como Ele disse que deve ser. Sal 133

“Dízimo era coisa da lei; vivemos na Graça”. Aqui nem é questão de temperança, mas de erro de interpretação. O dízimo começou com Abraão, alguns séculos antes da Lei. Foi normatizado nos dias de Moisés, para sustento da tribo de Levi, a “Igreja” daqueles dias.

O que fica nas entrelinhas é que, somente se formos obrigados a algo, o faremos; se Deus nos deixar liberdade de escolha, escolheremos o amor ao dinheiro. Que vergonha!! O mau uso que alguns fazem é outro problema; a falta de transparência é para ser combatida.

“Guardam os mandamentos”; essa postura em particular é dos adventistas; se acham o remanescente fiel. O Apocalipse apresenta o dragão indo “... fazer guerra ao remanescente... que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Apoc 12;17

Os mandamentos para eles, são os dez. Jesus reduziu a dois e liberou da guarda do sábado; eles resistem. Se lessem Gálatas e Hebreus com um pouco de luz... O Espírito de profecia, segundo eles, atuou em Ellen White, que teria escrito textos complementares iluminada por Ele.

Jesus ensinou diferente; “Mas, quando vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, Ele testificará de mim.” Jo 15;26 O Testemunho de Jesus é Obra do Espírito Santo.

“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21

Uma interpretação melhor temperada livraria aos adventistas de erros grosseiros.

“Pedro foi o primeiro Papa”
. Também um destempero teológico, ensejando mais um exclusivismo de salvação institucional invés de o ser, conforma a Palavra, na pessoa Bendita de Jesus Cristo.

Caso a afirmação da Igreja edificada sobre certa “Pedra” soe ambígua, se seria sobre Pedro, ou sobre a afirmação de Pedro que Jesus É O Cristo, Filho de Deus, basta investigar outros textos paralelos. Sobre a ausência de chefões humanos O Salvador disse: “... seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim...” Mc 10;42 e 43

Na hipótese de ainda restar alguma dúvida acerca da questão, ouçamos o próprio Pedro: “Chegando-vos para Ele, (Cristo) Pedra Viva, reprovada, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa.” I Ped 2;4

Enfim, a temperança requer interpretarmos à Palavra, sem contorcionismos desonestos tentando fazer com que diga o que não diz.

Pedro ensina que seremos conhecidos pela fé, não por uma instituição. “... Eis que ponho em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; quem nela crer não será confundido.” I Ped 2;6 Se a Pedra Angular da Igreja foi posta em Sião, por que foi parar em Roma?