terça-feira, 13 de maio de 2025

Casos perdidos


“Ímpios fogem sem que ninguém os persiga; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

Assim, aos ímpios a fuga se apresenta como necessária, mesmo sem adversários; os justos usufruem uma serenidade destemida, como um leão. Natural pensarmos que, essa diferença derive das suas escolhas, que permitem adjetivá-los de modos distintos. Judas repensou após trair O Senhor; ninguém o perseguiu quando foi se enforcar.

O ser de cada um acaba patrocinando o agir. Das ímpias fugas, como a do referido traidor, a Palavra versa: “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17 Naqueles dias, parece que convinha deixá-lo ir.

Quando o pecado entrou, Adão, que sempre tivera um relacionamento de comunhão com O Criador, invés de receber ao Eterno como sempre, preferiu se esconder, fugir. Fica evidente que não carecemos inimigos visíveis, para sentir medo, e nos colocarmos em fuga. Essa pode se vestir de muitas maneiras; ocultar, negar, diluir, transferir, pretextar motivos... em geral os fugazes são bem criativos nas maquiagens.

Dos que reconciliam com Deus, e perseveram em paz com Ele está dito: “Ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e suas obras os seguem.” Apoc 14;13 Esses podem ter a serenidade leonina, não pelos próprios méritos, mas pela certeza de terem recebido a Divina Graça.

Se, aos “justos” suas obras seguem, parece necessário que, aos ímpios também. A diferença é que, invés de uma ventura, como vimos no caso dos justificados em Cristo, esses levam seus remorsos, suas culpas a amedrontá-los; basta o reflexo das suas ações em suas almas ímpias, para que o anseio pela fuga os acosse, numa inglória tentativa de escapar da própria sombra. “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde decoração; encontrareis descanso para vossas almas.” Convida O Salvador. Mat 11;29

Entretanto, ainda é menos ruim esse estágio no qual a culpa nos pesa, que, a total depravação que torna a consciência cauterizada, onde se faz as coisas más, como um direito, como sendo o modo “normal” de ser; para a sociedade esses são tidos como psicopatas; porém, a abordagem bíblica não tem nexo, necessário, com a psicologia.

Se fosse mera patologia, o tal seria um doente; portanto, alguém inimputável; e a coisa não é assim. A maldade como modo de vida é derivada de uma escolha moral; quem assim o faz, terá que responder por isso. Invés de uma geração de homens doentes, nos últimos dias, A Palavra de Deus vaticina de uma geração extremamente ímpia, para a qual, não haverá conserto.

“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te.” II Tim 3;1 a 5

Invés de uma abordagem para transformação desses, como seria o normal em relação aos pecadores, “Prega O Evangelho a toda a criatura; Mc 16;15 esses são arrolados como um peste contagiosa, casos perdidos das quais convém manter distância. “Desses, afasta-te!”

São almas que recrudesceram de tal forma, no erro, que nem sequer apresentam os abalos de consciência como aqueles primeiros que se põem em fuga, à menor aproximação de alguma nuance de virtude, ou, de santidade.

Pior; alguns desses conseguem a proeza de tamanha insensibilidade mesmo vivendo em ambientes religiosos, onde, supostamente, as Divinas leis são ensinadas; afinal, “Têm aparência de piedade...” Isaías sentenciara: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

Quando a dissolução chega a esse ponto, que, nem mesmo o “constrangimento” por estar perto de outros, de bom porte, os move mais, certamente é porque a “semente Divina” lançada nesses corações foi desprezada de modo cabal.

A perspectiva dos tais é apenas de juízo, sem esperança de salvação. “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada; perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8

Não é errado fugir do perigo; mas é desastroso, brincar com ele quando se veste de prazer, e fugir do socorro, porque esse requer alguns esforços.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Engano doloso


“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” Ef 5;6

Nem todo o engano deriva da mesma origem. Em geral, pensamos que ele seja fruto da manipulação de gente má, que, a fim de dominar incautos, usa de fraude, no lapso da ignorância das suas vítimas. Em muitos casos é assim, mas nem sempre.

Pois, há um tipo de engano cujo acesso é moral, não, intelectual. Nesse caso, o enganado não é vítima. Antes, é coautor do próprio engano, como ensina Tiago sobre a gênese do pecado. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Figura como um processo, como se fosse uma gestação, onde, a vontade do enganado arbitra, invés de ser simplesmente, ludibriada; levada ao bel prazer do enganador.

Desse modo, o erro não anda sobre o lastro da escuridão espiritual; antes, sobre nossa imprudente temeridade, que, mesmo sabendo onde determinadas escolhas levam, prosseguimos nelas. Agimos como um candidato a drogado, o qual, vendo os veros zumbis em que se transformam os que erram aprofundando-se nisso, mesmo estando fora, decide entrar, acreditando que, com ele, será diferente. Fatalmente acabará no mesmo lugar.

Esse que trai a si mesmo, sofre a influência maligna, dum conselheiro invisível que, potencializa a curiosidade e minimiza os riscos, as consequências. “Certamente não morrereis!” Esse logro conta com a cumplicidade da carne, cuja inclinação se opõe à obediência, ver Rom 8;7 Se, tal engano não fosse resultado de nossa culpa, tampouco, ensejaria o juízo; “... porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência...”

Por isso, a justa punição; porque, mais que engano, a rigor, é desobediência. Trata-se, em última análise, de uma escolha moral, entre a Divina direção, e as sugestões do traíra, erro similar ao do primeiro casal. Deus não os deixara no escuro; antes, advertira contra o risco de se comer determinado fruto, das consequências disso.

Surgiu o “profeta alternativo” com uma segunda mensagem que se opunha ao dito do Criador. Mesmo sendo enganosa, a proposta, não forçou suas “vítimas”; careceu da escolha arbitrária dos enganados, que, deixaram a sóbria Palavra de Deus, pelo risco da nova e “atraente” possibilidade. O resultado, bem sabemos; o sentimos até hoje.

O engano do qual somos “inocentes” pela nossa ignorância, esse invés de chocar-se contra a ira Divina, conta com Sua leniência; pois, está dito que Deus “Não toma em conta os tempos da ignorância.” Atos 17;30 Não que erro não seja erro, porque ignoramos algo; mas não somos punidos pelas coisas feitas sem nosso conhecimento delas. Como um crime culposo é diferente de outro, doloso; também a insipiênsia é diferente da desobediência deliberada.

Embora seja cantada em prosa e verso a purificação que O Sangue de Jesus opera, mediante a conversão, onde somos salvos sem mérito nenhum, levados ao novo nascimento, ela requer uma contrapartida nossa, em obediência; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Malgrado, a salvação não seja pelas obras, são essas que testificam da remissão de Cristo. Primeiro somos iluminados acerca do querer Divino; depois, capacitados a andar nele; “A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Por fim, a obra é sintetizada condicionando nossa purificação, a andarmos na luz; ou, segundo a vontade de Deus que, em Cristo nos foi revelada. “Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;7

Sempre a mensagem dos falsos profetas nos soará mais agradável que a sã Doutrina. Por isso, o “negue a si mesmo”, prescrito pelo Salvador, não deriva do desejo do Santo de “eliminar à concorrência”, como poderia parecer ao mais desavisado. Trata-se de uma necessidade; sem isso, e consequente andar em espírito, seremos presas fáceis do engano, que tem no Capiroto seu astuto mentor, e na nossa carne perversa, o mais ávido consumidor.

Quando agimos segundo nossas respostas sensoriais, sempre tendemos ao engano; assim, o andar em espírito não é uma proposta da predileção Divina; é a única possibilidade de agradar a Deus.

Suas restrições não são castrações aos nossos direitos, antes, são cercas inibindo que demos vazão as más inclinações e caiamos na rede do enganador. “Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

domingo, 11 de maio de 2025

O perigo do sono


“Até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem.” I Cor 11;19

Sendo a heresia um abandono da sã doutrina, natural supormos que, a manifestação dos sinceros, seja no sentido da advertência contra ela, do combate em defesa da verdade. Pois, ela se há de manifestar como “alternativa” num ambiente onde, necessariamente, vige a ortodoxia.

Não basta sermos sinceros, contudo, para que não sejamos arrastados pelo erro. É necessário que tenhamos certa edificação, um quê de aperfeiçoamento espiritual, para que saibamos onde estamos pisando, e onde nos convém. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14

A sinceridade é uma virtude que capacita seu hospedeiro a se manifestar como é, se expressar segundo pensa, a despeito das opiniões circunstantes. Porém, não valora a qualidade do pensar, do mesmo. Podemos ser sinceros no engano, na ignorância. Dado que, a sinceridade é uma virtude neutra, atinente ao teor das nossas escolhas, e aprendizados. Expressa as coisas como as vemos, sem aquilatar a qualidade das nossas visões.

Os ministérios idôneos de ensino foram dados, como meios fomentadores da edificação, para que nossa eventual sinceridade, tenha conteúdo; “Ele mesmo (Cristo) deu uns para apóstolos, e outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

Pois, a edificação é que fará firmes nossas pisadas, a despeito do assédio de “doutrinas alternativas” que tentarão atrair nossa atenção. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia agem fraudulosamente.” V 14

Quando o assédio de heresias começa a causar divisões, invés de ensejar severas diatribes, como convém, isso acaba sendo uma denúncia oblíqua de que, a necessária edificação ainda não foi atingida por todos. Infelizmente, nunca o é.

A massificação, o “consenso” em nome da armadilha do “politicamente correto”, não, em torno da verdade, tem sido usado de maneira recorrente, e admitido em ambientes sonolentos, onde a omissão, para “não ser polêmico” ganha maior apreço que, o ser verdadeiro. As heresias grassam; os incautos dormem.

No contexto do Antigo Testamento as guerras eram literais, sangrentas mesmo; havia uma terra a ser conquistada e ferrenhos imigos derrotar. De uns que não foram à luta nos dias de Débora foi dito: “Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor, acremente amaldiçoai seus moradores; porquanto não vieram ao socorro do Senhor, ao socorro do Senhor com os valorosos.” Jz 5;23 

Nos dias de Jeremias o profeta ampliou a sentença a todos os omissos nas necessárias batalhas; “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente; maldito aquele que retém sua espada do sangue.” Jr 48;10

Na Nova Aliança, não se trata mais da “Terra Prometida”, antes, do Céu prometido. A batalha é outra: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, contra os principados, e potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12

Não significa sairmos “amarrando” demônios, exorcizando-os de modo imaginário como muitos incautos o fazem. A batalha se dá pela posse das mentes, que culmina no domínio das almas.

É na área da verdade x mentira, que somos chamados a lutar; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Assim como a sinceridade sozinha acaba inócua, o entendimento também carece determinado “consórcio”; com a obediência. Nada valerá termos o entendimento correto, sem a prática daquilo que entendemos ser a Vontade de Deus.

Então tenhamos cuidado com líderes demasiado cordatos, cheios de dedos ante assuntos “polêmicos” que poderiam ferir suscetibilidades. Muitos estão infiltrados a serviço da oposição, cantando calculados cantos de ninar, onde deveriam ser despertos os valentes para a devida defesa da verdade.

Escrevendo aos efésios Paulo fez barulho, visando estragar a soneca de alguns; “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14 Fomos chamados para sermos atalaias; gente que vê sinais de perigo e adverte aos demais.

Quem recebeu o “dom de ninar” não se aliste no exército do Senhor. “Se alguém também milita, não é coroado se, não militar legitimamente.” II Tim 2;5

sábado, 10 de maio de 2025

Santa imitação


“Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.” Prov 23;9

O tolo em apreço não é um que não sabe, simplesmente; antes, um que, despreza aos que sabem. Ele se basta na sua tolice, e moteja de quem o tentar ensinar. “A repreensão penetra mais profundamente no prudente do que cem açoites no tolo.” Prov 17;10 Nem sendo açoitado, como as consequências das tolices costumam fazer, esse aprende alguma coisa.

Um simples, privado de conhecimento, mas de índole dócil, ensinável, mesmo em suas privações é aquilatado como sábio; pois, ao menos sabe o que lhe falta e quando pode, adquire o que carece. Desse está dito: "
Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9 Diferente do tolo presunçoso, a aquisição de instrução lhe é um tesouro, não uma ofensa.

Quem desenvolve o gosto pelo aprendizado, jamais se satisfaz; sempre está em busca de mais, pelo hábito e a recompensa. O primeiro é como um paladar adquirido, que faz prazeroso aquilo que seria trabalhoso a outrem; os frutos do aprendizado deixam evidente que os esforços por ele, valem à pena.

“Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9;18

Todos estamos em situação intermediária quando o assunto é saber. Haverá muitos que sabem infinitamente mais do que nós, e alguns, que menos. Nosso parâmetro deve ser em relação a nós mesmos. Não estamos competindo; antes, somos desafiados a crescer no conhecimento. Os que aceitam esse desafio, não carecem de outra motivação, para assim o fazer.

Em geral, o escárnio, a zombaria é a resposta de quem não tem uma outra, e é orgulhoso demais para admitir suas carências; sente-se ofendido se alguém lhe tentar ajudar. Por isso, além de evitarmos o conselho dos ímpios, o caminhos dos pecadores, somos aconselhados, no salmo primeiro, a não nos assentarmos na roda dos escarnecedores.

O Salvador também desaconselhou o ensino em situações assim; “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos, vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.” Mat 7;6 Somos desafiados a pregar, quer seja oportuno, quer não; eis uma situação em que o silêncio é mais indicado!

A vasta difusão das coisas pelos meios tecnológicos, e o advento da Inteligência Artificial, pioram muito as coisas nesse aspecto; de admitirmos nossas carências, nossos lapsos de conhecimento.

Quem quiser fazer tipo, “intelectual” poderá encontrar toda sorte de artifícios, esboços disso, daquilo, para posar de mestre espiritual, até. Entretanto, se alguém supõe que a “Faculdade do Espírito Santo” é um vasto ambiente de múltiplas janelas decoradas com arranjos de plástico, vai se decepcionar mais rapidamente do que supõe em suas melhores autocríticas.

Não existe inteligência espiritual, sem a diretriz do Mestre, Espírito Santo. “Adivinhar” nomes, CPFs e outras frivolidades é possível via manipulação tecnológica como muitos pilantras o fazem; mas, sanar as dores profundas da alma, conhecê-las, revelá-las e medicá-las, não é um atalho acessível, mediante “aplicativos”.

“O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27 “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão O Espírito de Deus.” I Cor 2;11

Ante ouvidos espirituais, as coisas artificiais não têm nenhum sabor; por rebuscada que seja a linguagem, estruturada a forma do “ensino”, se não tiver o sabor de pão novo que só O Espírito empresta, quem escutar, facilmente identificará a fraude, dado seu paladar. “Porventura o ouvido não provará às palavras, como o paladar prova aos alimentos?” Jó 12;11

Enfim, usemos todos os meios para fazer a mensagem ir o mais longe possível; mas, tenhamos ojeriza aos artifícios mecânicos, se tratando do conteúdo; aos plágios virtuais tão em voga, de gente que, pela recusa de pagar o preço em consagração, e relacionamento com O Senhor, acredita que pode suprir a lacuna com reles imitação.

Assim como somos acordados pelo discernimento, quando uma fraude se nos apresenta, também estaremos nus, diante de pessoas espirituais, se fizermos uso de métodos fraudulentos. Se alguém deseja ser capacitado a tocar em almas com sua mensagem, antes carece que a sua seja tocada, ungida e habitada pelo Espírito Santo de Deus.

Não que possamos ser originais; mas, se os falsos ministros imitam ministros de justiça, o capeta, a anjos de luz, escolhamos algo melhor para imitar; “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” I Cor 11;1 Imitando ao Senhor, não serão possíveis, fraudes; como Ele É A Vida, é necessário viver.

O ouro maldito


“... Fala, Balaão, filho de Beor, fala o homem de olhos abertos; fala aquele que ouviu as Palavras de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso; que cai, e se lhe abrem os olhos.” Nm 24;3 e 4

Balaque rei dos moabitas tentara alugar a Balaão para que amaldiçoasse a Israel, porque temia. Acreditava que, a maldição por parte do profeta seria eficaz para enfraquecer ao povo hebreu. Mais de uma vez O Senhor o advertira para que não fizesse isso; aquele povo era bendito do Senhor.

Tanto porfiou amando às recompensas oferecidas que O Eterno se irou contra ele; colocou o anjo da morte no seu caminho com espada desembainhada, como sinal do juízo, e permitiu que sua jumenta falasse, num último aceno de misericórdia.

Após várias tentativas frustradas, e o breve “diálogo” com a cavalgadura, O Senhor permitiu que ele fosse; porém, só poderia falar o que, pelo Eterno lhe fosse dado. Mais que as palavras certas, O Senhor lhe permitiu ver às coisas como Ele vê; assim, invés de um estado de transe, de ver algo em sonhos, comum aos videntes, ele disse extasiado: “... fala o homem de olhos abertos...”

Em geral o sentido da visão não recebe maior relevância atinente às coisas espirituais. O reino das aparências é enganoso. Reiteradas vezes encontramos: “Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz.” Pois, “A fé vem pelo ouvir, e ouvir à Palavra de Deus.” Rom 10;17 Não tem relação com o ver.

Porém, quando pode um vidente acessar à dimensão espiritual de olhos abertos, uma graça extraordinária se lhe concedeu.

A visão no âmbito espiritual não é como no físico. Mais do que, o que vemos, pelo entendimento nós podemos ver. Dado que a “Fé é o firme fundamento das coisas que não se vê...” Heb 11;1

Quando a oposição faz seu trabalho de escurecer aos incrédulos, não oblitera retinas, antes, a compreensão espiritual; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Essa acuidade que pode ver às coisas como são, não, como parecem, também é chamada de discernimento, prerrogativa dos homens espirituais. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

A edificação, o crescimento no aprendizado das coisas espirituais, como que, abre nossos olhos, de modo a podermos “ver” muitas coisas de olhos abertos também. Algumas falcatruas são tão bisonhas, que de longe saltam às vistas.

A diligência no ouvirmos, e o desejo por buscarmos a Palavra de Deus nos deixando moldar por ela, nos lega a necessária maturidade, o aperfeiçoamento possível, vivendo num corpo de carne como vivemos.

E dos que atingem esse patamar, se exercitando de contínuo nas coisas espirituais, está dito que têm um paladar diferenciado: “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14

A Bíblia registra um longo diálogo do Senhor com Jó; o patriarca nada viu além dum redemoinho, e ouviu à voz do Eterno. Clareado seu entendimento em parte, acerca do que se passara, disse: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos.” Jó 42;5

Assim, uma compreensão de como as coisas são aos olhos Divinos, é a “visão” que podemos ter no âmbito espiritual. A falta dessa pode nos levar a embates vãos, suposições ocas, “dar golpes no ar”, como ilustrou Paulo.

Pois, no mesmo texto em que Balaão disse que falava de olhos abertos também encontramos: “... fala aquele que ouviu as Palavras de Deus...” portanto, sem nenhuma forçada de barra, podemos dizer que, quem quer ter bons olhos espirituais, carece antes, ter bons ouvidos.

Não fora o caso de Balaão que errou, obstinado, no desejo de vender maldições por ouro. Tardiamente entendeu e foi registrado para que entendamos também, que as coisas espirituais não são objeto de manipulação humana. “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando o Senhor não denuncia?” Nm 23;8

Por isso somos instados a vencer o mal com o bem; pois, aquilo que desejamos ao nosso semelhante acaba voltando para nós; a justiçado Eterno assim o faz.

Enfim, quem tem olhos abertos na dimensão espiritual, desconsidera às mesquinharias espúrias do inimigo, mesmo adornadas a ouro, como as prometidas por Balaque, e dá ouvidos à Palavra de Deus, fonte de todas as bênçãos.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

O diálogo insano


“Seja qualquer que for, seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem; que não pode contender com o que é mais forte que ele.” Ecl 6;10

Estobeu dizia: “Termina com má fama quem ousa duelar contra o mais forte.”

Que as criaturas não podem contender com O Criador deveria ser pacífico. Entretanto, quando alguém decide ignorar aos Divinos preceitos fazendo as coisas à sua maneira, contende com O Criador, violando restrições que Ele colocou na consciência. Fragmento do Seu Espírito em nós, que atua para nos persuadir rumo à virtude; isso prossegue até que a obstinação no erro, a cauterize.

Quando, em dias antigos O Eterno observou a resiliente escolha humana pelo erro, desistiu: “Então disse o Senhor: Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6;3 Tempo até o juízo mediante o dilúvio. Naquele caso, o fim da contenda trouxe o fim das possibilidades para os rebeldes.

Na inauguração do papado de “Leão XIV” ele mencionou mais de uma vez a sinodalidade e o diálogo, como norteadores do seu governo recém estabelecido. Significando seu desejo de discutir as coisas com as bases, e andar em comum acordo. Que mal tem isso? Depende do ponto de vista.

Inicialmente, o patrocínio de uma crassa desigualdade, ao trazer O Altíssimo ao mesmo nível dos homens; um grande mal. Na verdade, excluí-lo, malgrado, pretextando reger em Seu Nome. “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, às coisas diferentes.” Aristóteles.

O diálogo é uma coisa boa e necessária, entre iguais. As relações interpessoais se resolvem muito melhor, se essa forma respeitosa de interação, permear às mesmas.

Porém, em se tratando do relacionamento com O Eterno, não há espaço para troca de ideias quanto aos rumos a seguir. O “diá logos” (através das palavras) deve dar lugar ao “Theos Logos” ao que Deus falou; ou, à Palavra de Deus. “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5

As pessoas gostarem ou não, é direito delas; anunciar retamente, sem misturas nem malversações, é dever de quem fala representando ao Senhor.

Mas, O Papa representa o Vaticano, um Estado, com motivações de domínio político, não, de mediação espiritual entre o homem e Deus. Embora coloque rótulos religiosos em tudo, não se deixa limitar pela Palavra do Eterno. Nela encontramos: “Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;6

Pois, chamar homens pecadores a opinar sobre os rumos espirituais que pretendem para si, transformaria a Igreja em mera democracia. Nada superior, moralmente, aos governos humanos.

Aliás, essa é a mais reiterada acusação dos católicos contra os protestantes. “Sola Scriptura”; denunciam nossa ideia fixa, nosso “fanatismo”. Quem dera fosse mesmo, em todos os lugares! Infelizmente, não atingimos essa pureza doutrinária necessária. Há muitas falsas doutrinas e “revelações” poluindo ambientes que deveriam ser santos.

Onde erramos não dá para dourar a pílula. Mas, os limites colocados seguem lá. “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; isto faz Deus para que haja temor diante Dele.” Ecl 3;14

Embora seja desejável a convivência em tolerância com os que pensam e creem de modo diverso, o direito de sermos diferentes deve ser preservado. A isso chamamos liberdade de consciência, de crença.

Qual a possibilidade de diálogo, em questões espirituais, entre os que têm A Palavra de Deus apenas, por diretriz, e os que assim não fazem? O ecumenismo em gestação se imporá, tendo como elo, apenas a disposição que, todos concordarão em não discordar; será mui democrático, pois.

Se alguns desejam banir ao Eterno da Sua Exclusividade, colocando ímpias inclinações em pé de igualdade com A Palavra da Vida, que o façam; tão somente, não pretendam constranger outros a adotarem a mesma temeridade.

Aquilo que a Terra lê como união, algo belo a ser buscado, aos olhos celestes não passa de motim; um balaio confederado de ímpios, atentando conjuntamente contra o Governo do Senhor. “Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e Seu Ungido, dizendo: Rompamos suas ataduras, e sacudamos de nós suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará.” Sal 2;1 a 5

Ante a impossibilidade de sermos vencedores lutando contra O Eterno, Ele propõe uma alternativa mais amistosa: “... se apodere da Minha força e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;5

A bem da verdade


“Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi a Jesus Cristo Senhor nosso? Não sois vós minha obra no Senhor?” I Cor 9;1

Deparei com um vídeo onde um “mespone”, um mestre de... enfim, dizia que o cristianismo teria sido uma criação de Paulo. Tão fraudulenta, que o referido apóstolo, sequer teria visto ao Senhor pessoalmente. O que poria em xeque, a honestidade dos seus escritos. Seu argumento se baseia na omissão dos registros evangélicos sobre isso. De que Paulo tenha conhecido ao Senhor. Ora, a omissão não prova nada, exceto, ela mesma.

O texto acima, da pena do próprio, diz o contrário. A sua pergunta retórica implica que ele vira ao Senhor. Porém, argumentaria aquele, Paulo estaria se referindo ao incidente de Atos, onde O Senhor ressurreto, lhe teria falado; esse seria seu argumento de ter “visto” ao Senhor. Apenas uma luz dos Céus e uma voz, que ele extasiado ouvira, o que seria frágil como prova. Demandaria confiarmos no que ele disse. Lucas teria registrado o que ele dissera e ponto.

Ele falou mais do que isso; “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que, também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não O conhecemos deste modo.” II Cor 5;16

Ainda que O tenha visto fisicamente, não é isso que importa; antes, quem Ele É, espiritualmente, é que tem maior relevância; essa é a ideia.

Acaso, os milhões de cristãos que tiveram suas vidas transformadas pelo Senhor, careceram vê-lo pessoalmente para que isso acontecesse? “Bem aventurados os que não viram e creram”; como disse Ele a Tomé.
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Os evangelhos registram muitos embates do Senhor contra os fariseus, dos quais, Paulo era um. Se, não foi citado nominalmente, poucos foram, (Anás, Caifás, Jairo) se deu porque, então, não tinha relevância.

O fato de que se tornou o mais ferrenho dos perseguidores da Igreja embrionária, foi registrado por Lucas em Atos dos Apóstolos. Caso tenha decidido, em determinado momento da sua empresa perseguidora, a mudar de lado, poderia explicar o barbado mestre, como alguém deixa de ser mortal perseguidor, para se tornar um defensor, de forma a arriscar a própria vida, como ele fez? Pois, invés de um espertalhão, isso o faria um estúpido.

Se o seu intento fosse mera velhacaria, por que tamanho risco? Que velhaco mais bisonho seria!! Qual o incentivo para tão árdua empresa, saindo da facilidade de perseguidor oficial, com o beneplácito do Sinédrio, para a saga de perseguido sem nenhum auxílio humano?

Não pretende o aludido “mestre” que duvidemos da honestidade do apóstolo; é necessário que o façamos em relação à sanidade dele, para darmos algum lastro de verossimilhança a tamanhas sandices.

Ir a um podcast, sem nenhum contraditório, e vomitar um monte de baboseiras oriundas de “cérebros” crustáceos, qualquer um consegue. Agora lidar com fatos, com argumentos calcados na honestidade intelectual e moral, aí já não é tão simples.

O mesmo apóstolo, tão odiado por muitos advertiu: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Que direito tenho que tratar como fábulas às propostas alternativas e defender à Palavra como verdade? Os frutos que ela produz em cada um que a abraça, falam por si, como O Senhor mesmo desafiou; “... Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Crer ou descrer, é direito inalienável de todos. O número dos que duvidam é muito maior do que o dos creem, infelizmente; me refiro a crer de modo a se deixar transformar segundo a doutrina, não, mera articulação fonética para uma vitrine social.

Entretanto os que descreem apenas, seguem suas vidas às suas maneiras. Quando alguém, além de descrer parte para o ataque, formula uma “doutrina” para negação da verdade, por que o faz? Acaso reconhece que está a serviço da oposição ou ignora que é um fantoche dessa?

Sempre cito uma frase que escutei alhures; “Queres conhecer a situação espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.”

Pois os que lutam contra a difusão da verdade, o mesmo Salvador e Senhor advertiu, a quem servem: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” Jo 8;44