“Ímpios fogem sem que ninguém os persiga; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1
Assim, aos ímpios a fuga se apresenta como necessária, mesmo sem adversários; os justos usufruem uma serenidade destemida, como um leão. Natural pensarmos que, essa diferença derive das suas escolhas, que permitem adjetivá-los de modos distintos. Judas repensou após trair O Senhor; ninguém o perseguiu quando foi se enforcar.
O ser de cada um acaba patrocinando o agir. Das ímpias fugas, como a do referido traidor, a Palavra versa: “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17 Naqueles dias, parece que convinha deixá-lo ir.
Quando o pecado entrou, Adão, que sempre tivera um relacionamento de comunhão com O Criador, invés de receber ao Eterno como sempre, preferiu se esconder, fugir. Fica evidente que não carecemos inimigos visíveis, para sentir medo, e nos colocarmos em fuga. Essa pode se vestir de muitas maneiras; ocultar, negar, diluir, transferir, pretextar motivos... em geral os fugazes são bem criativos nas maquiagens.
Dos que reconciliam com Deus, e perseveram em paz com Ele está dito: “Ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e suas obras os seguem.” Apoc 14;13 Esses podem ter a serenidade leonina, não pelos próprios méritos, mas pela certeza de terem recebido a Divina Graça.
Se, aos “justos” suas obras seguem, parece necessário que, aos ímpios também. A diferença é que, invés de uma ventura, como vimos no caso dos justificados em Cristo, esses levam seus remorsos, suas culpas a amedrontá-los; basta o reflexo das suas ações em suas almas ímpias, para que o anseio pela fuga os acosse, numa inglória tentativa de escapar da própria sombra. “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde decoração; encontrareis descanso para vossas almas.” Convida O Salvador. Mat 11;29
Entretanto, ainda é menos ruim esse estágio no qual a culpa nos pesa, que, a total depravação que torna a consciência cauterizada, onde se faz as coisas más, como um direito, como sendo o modo “normal” de ser; para a sociedade esses são tidos como psicopatas; porém, a abordagem bíblica não tem nexo, necessário, com a psicologia.
Se fosse mera patologia, o tal seria um doente; portanto, alguém inimputável; e a coisa não é assim. A maldade como modo de vida é derivada de uma escolha moral; quem assim o faz, terá que responder por isso. Invés de uma geração de homens doentes, nos últimos dias, A Palavra de Deus vaticina de uma geração extremamente ímpia, para a qual, não haverá conserto.
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te.” II Tim 3;1 a 5
Invés de uma abordagem para transformação desses, como seria o normal em relação aos pecadores, “Prega O Evangelho a toda a criatura; Mc 16;15 esses são arrolados como um peste contagiosa, casos perdidos das quais convém manter distância. “Desses, afasta-te!”
São almas que recrudesceram de tal forma, no erro, que nem sequer apresentam os abalos de consciência como aqueles primeiros que se põem em fuga, à menor aproximação de alguma nuance de virtude, ou, de santidade.
Pior; alguns desses conseguem a proeza de tamanha insensibilidade mesmo vivendo em ambientes religiosos, onde, supostamente, as Divinas leis são ensinadas; afinal, “Têm aparência de piedade...” Isaías sentenciara: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10
Quando a dissolução chega a esse ponto, que, nem mesmo o “constrangimento” por estar perto de outros, de bom porte, os move mais, certamente é porque a “semente Divina” lançada nesses corações foi desprezada de modo cabal.
A perspectiva dos tais é apenas de juízo, sem esperança de salvação. “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada; perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8
Não é errado fugir do perigo; mas é desastroso, brincar com ele quando se veste de prazer, e fugir do socorro, porque esse requer alguns esforços.