Caso O eterno desejasse, poderia ter dito a Samuel: “Vai à casa de Jessé, em Belém, pois, lá tenho escolhido um rei dentre seus filhos; dos oito, escolhi o mais jovem, Davi.”
Tudo seria veraz, e pouparia ao velho profeta de cometer equívocos. Contudo, O Eterno revelou apenas o que era necessário, deixando o essencial para o momento que julgou adequado.
O homem pode se agradar com posses, renome, prazeres; dada sua percepção do imanente como a essência das coisas. O Criador que supera o logro das aparências se apraz noutras coisas. Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus...” Heb 11;6
Pois, a Abraão, o “pai da fé”, o tratamento foi semelhante ao de Samuel, quando da sua chamada; “... sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para uma terra que te mostrarei.” Gn 12;1
Foi revelado o necessário para sua ação inicial, reservando o devir aos cuidados Divinos. Deixar uma situação estável, e seguir rumo ao desconhecido fiado “apenas” na Palavra de Deus, sem dúvida foi uma demonstração de fé ímpar.
Se Deus nos disser para fazermos algo, ousado, meio temerário aos olhos humanos, quantos nos atreveríamos sem antes exigir “garantias”; tá eu faço, mas e depois?
A fé que agrada ao Senhor é como a vista nesses dois exemplos, de Abraão e Samuel; ao primeiro foi dito: Por agora, vai; quanto à terra, oportunamente te mostrarei; a Samuel; “vai à casa de Jessé; chegando lá, te instruirei e me ungirás a quem Eu te disser.”
Atrevo-me a dizer que não apenas Samuel estava na alça de mira da Divina bênção, com aquele incidente; estávamos todos. De que outra forma mais didática, aprenderíamos sobre a visão Divina que sonda corações, invés de se render às aparências, senão, através do engano do profeta, (que também cometeríamos) corrigido pelo Eterno?
Como dizia Spurgeon, “Deus nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa”; tanto aludindo às muitas “pedras do tabuleiro” que são movidas em direção a um alvo bendito, quanto, ao fato que essa bênção se pode multiplicar, atingindo a muitos outros mais.
Assim, embora a fé costume apontar suas setas ao devir, somos supridos mediante ela, de modo prático, quanto às necessidades imediatas; “basta a cada dia o seu mal;” e desafiados e descansar na Divina integridade, quanto às demandas, cuja necessidade virá no tempo futuro.
Quando Pedro, exortado a apascentar às ovelhas do Senhor, caiu em certo diversionismo, dando vazão à curiosidade quanto à sorte de João, O Salvador o exortou: “Que importa a ti? Segue-me tu.”
Não que seja pecado termos curiosidades; quem não as tem? Todavia, quem pretende andar pelas veredas da fé, precisa aprender a “ver” com os olhos dessa, também. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera; a prova das que se vê.” Heb 11;1
Não são anexas garantias circunstanciais, às promessas Divinas. Eventualmente, O Eterno dá alguns sinais, em atenção misericordiosa, às nossas fraquezas; como fez com Gideão, Manoá, Zacarias, etc. Porém a excelência da fé é confiarmos “apenas” porque O Senhor disse, sem carecermos de nenhuma muleta palpável para crer e seguir após. Por agora faça isso; depois te direi o quê, mais.
Deus não testa nossa fé para que saiba se ela é oca ou maciça. Ele já sabe. Não teria apostado Sua Honra, contra o inimigo, acerca da fé de Jó se não soubesse. Mas, eventualmente permite duros testes para que nós saibamos, e que, eventuais superficialidades pueris sejam purgadas, e não venhamos enganar a nós mesmos.
Do outro lado da prova Jó saiu muito melhor; “Eu te conhecia de ouvir falar; mas agora te veem meus olhos;” disse.
Então, se mesmo desejando com todas as forças ver luzes que nos apontem caminhos, quando O Senhor nos priva delas, não desfaleçamos; depois da prova sairemos melhores. Por agora, Isaías aconselha: “Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do Seu servo? Quando estiver em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o Seu Deus.” Is 50;10
Diferente da prudência natural que, pesa custos e benefícios, faz pesquisas de mercado, etc. antes de se aventurar nalguma empresa; aos que temem O Senhor, o essencial é que a direção prescrita tenha vindo mesmo Dele; no caso de dúvidas atinentes a isso, é prudente pedirmos algum sinal.
Porém, uma vez certos do rumo, imitemos a Moisés; “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme como vendo o invisível.” Heb 11;27