quarta-feira, 2 de abril de 2025

O Divino QR Code


“Sucedeu que ao fim de dez dias, veio A Palavra do Senhor a Jeremias.” Jr 42;7

Nabucodonosor havia derrotado Israel; levado cativo o povo. Deixara apenas alguns dos mais pobres pra cuidar a terra, entre os quais, o profeta Jeremias; também, alguns soldados zelando pela ordem; nomeara a Gedalias como governador, dentre os que restaram.

Porém, certo Ismael rebelou-se e matou ao governador, os soldados caldeus, e dezenas de judeus; confrontado por Joanã, Ismael fugiu para as terras de Amon; o povo seguiu a Joanã, então, com intenção de fugir para o Egito, temendo represália dos caldeus, pelo que Ismael fizera.

Antes, decidiram consultar ao Senhor, sobre a direção a seguir; comprometendo-se sob juramento a obedecer o que fosse mandado, quer gostassem, quer, não. “Sucedeu que, ao fim de dez dias, veio A Palavra do Senhor a Jeremias.”

O Senhor ordenou que permanecessem na terra, pois, Ele lhes protegeria dando graça ante os caldeus; advertiu que, se fugissem ao Egito, mesmo lá, a espada os alcançaria. Como não gostaram da resposta, acusaram ao profeta de estar mentindo, foram pro exílio mesmo assim, ainda levaram Jeremias.

Não vou me ater a esse incidente, e a perdição que os rebeldes buscaram, em terra estranha; antes, a um incidente pontual: O Senhor demorou dez dias para responder a Jeremias.

Se, um profeta da envergadura dele, careceu ser paciente assim, diante do Eterno, mesmo numa situação de emergência, o que dizer das nulidades atuais, que fazem diariamente suas “lives proféticas” e entregam uma série de “revelações” todos os dias? (Não sei se gosto menos dos farsantes ou dos incautos que os compartilham.)

Seria O Todo Poderoso solícito assim? Estaria ao dispor de qualquer um, mesmo atuando por motivos torpes buscando engajamento virtual, e por consequência, dinheiro? A cada dia esses que possuem a “Linha Vermelha” do Reino Eterno entregam suas “revelações”; a maioria em termos difusos, genéricos, estilo Nostradamus, aos quais, depois, qualquer incidente poderá ser encaixado.

No contexto atual, “revelar” que “haverá um choque de forças contrárias, reboliço, turbulência nos três poderes; que coisas ocultas, documentos virão à tona; receberemos ajuda do exterior...” basta ser bem informado, saber somar dois mais dois; qualquer um sabe.

Um disse outro dia: “Se o Bolsonaro for preso O Senhor me mostra que...” Como assim cara-pálida? Deus não trabalha com “se”; Ele É Onisciente; chama às coisas que não são como se já fossem; Chamou Josias e Ciro, pelos nomes antes deles nascerem. Esses pilantras não são profetas! São chutadores, adivinhadores; se alguma força espiritual atua neles é da oposição, não, do Espírito Santo.

Outra dia, escrevi um contraponto ao verso: “Aquele que cuida estar em pé, olhe, não caia.” Porém, acrescentei, se estiver caído, deite-se; assuma sua situação, confesse, se arrependa; pare de usar o púlpito de modo indigno. Lembrei que, um assim, a cada mensagem pregada é desfiado ao arrependimento; por fim, citei a advertência de provérbios 29;1; “O homem que exortado muitas vezes endurece a cerviz, será quebrado de repente, sem que haja cura.”

O texto se revelou tristemente profético. Ontem, o líder duma convenção evangélica no Pará, foi denunciado por escândalos sexuais, mediante exposição vergonhosa em vídeos. Foi quebrado publicamente; já não resta cura ministerial para ele. Acaso sou profeta? Não! A Palavra de Deus é profética; sou mero intérprete.

É essa a profecia que evita a corrupção do povo; não as revelagens amorais e imorais da praça. “Não havendo profecia o povo perece; porém, o que guarda a Lei, esse é bem aventurado.” Prov 29;19

Se a antítese dos sem profecia, são os que guardam à lei de Deus, fica evidente a necessidade de que, a “profecia” em escopo seja A Palavra Escrita, não, o talento enganoso de algum guru mercenário.

Não significa que eu seja um cessacionista, quanto aos dons espirituais; creio que Deus ainda fala por vasos que Ele escolhe quando quer. Agora os “profetas” profissionais, que saem chutando pra todo lado para ver se acertam em alguém, mesmo quando acertam são mentirosos; pois não foi O Senhor que os enviou.

Na verdade, os profetas que Ele envia, trazem mais correção, exortação a mudanças, que predições de eventos futuros; “Não mandei esses profetas contudo, foram correndo; não lhes falei, porém eles profetizaram; se estivessem no Meu conselho, então teriam feito o Meu povo ouvir às Minhas Palavras, o teriam feito voltar dos seus maus caminhos, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Aquilo que está escrito, corretamente interpretado, é profético; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou O Senhor Deus, quem não profetizará? Am 3;8 O Eterno honra aos que O temem; que contemplam Sua Face; não, aos mercenários que nada veem além de cifrões.

A disciplina


“Mas se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;8

A disciplina, uma necessidade; a sua ocorrência, nuance da identidade dos filhos de Deus. Sem ela, nada feito; a pretensa filiação espiritual é falaciosa.

Somos, pela conversão, capacitados a agir como filhos do Eterno, porque Ele espera que assim o façamos; “A todos que O receberam deu-lhes poder para ser feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12 Logo, a disciplina é exigida dos filhos, porque foram capacitados a suportá-la. “Os Seus mandamentos não são pesados.”

Com a infiltração da psicologia, que trata erros morais como “transtornos, síndromes”, enfim, enfermidades; e do feminismo, que despreza o complementarismo entre os gêneros forjado pelo Criador, esposando o “igualitarismo”, a ideia de disciplina vem perdendo espaço.

Ora, perversões sexuais como homossexualismo, zoofilia, pedofilia, não são transtornos, derivações genéticas; são escolhas; escolhas erradas, na contramão do propósito do Criador.

Ao mínimo indício de correção, a mais tênue nuance de disciplina, presto alguns “gatilhos” disparam, nas almas dos contaminados por isso. O agente da correção é logo rotulado como “tóxico, legalista, religioso”; as aversões mais extremas chegam a abandonar à fé por isso. Muitos, pretendem frequentar igrejas, com os mesmos valores “politicamente corretos” do mundo ímpio.

No entanto, o sisudo texto aquele prossegue: “Sem disciplina sois bastardos, não, filhos.” Pode soar duro, o texto, mas ele foi dado para ser verdadeiro, não, carnalmente palatável.

Que homem e mulher são iguais em dignidade e valor, isso é pacífico; nenhum ativismo é necessário para demonstrar o óbvio. Porém, foram projetados para funcionar de maneiras diferentes. Para se completarem. E como dizia Aristóteles, “A pior forma de desigualdade, é considerar iguais, aos que são diferentes”. Por isso, o complementarismo é sadio, não, o feminismo.

Acaso as próprias mulheres não têm protestado pela desigualdade de competir em esportes com as ditas “atletas trans”, que, biologicamente são homens? Existe alguma forma mais eloquente de reconhecer a desigualdade, no prisma físico? Parece que não. Claro que não é apenas no aspecto físico que somos diferentes. Mas, esse basta para desfazer a falácia do igualitarismo.

Se, do ponto-de-vista dum pastor, ele deve ser exemplo, não um ditador, “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele; não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; não como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” I Ped 5.2 e 3
No prisma da ovelha, o exemplo observado em seu líder seve ser seguido, sob o risco de incorrer em disciplina, se agir de maneira distinta desse.

Jesus sempre foi severo com a hipocrisia, daqueles que colocavam pesadas cargas nos ombros alheios sem levarem as mesmas nos seus. Assim, não tem autoridade moral nem espiritual, para aplicar disciplina a terceiros, aquele cujo viver não for, disciplinado, irrepreensível, exemplar.

Paulo condiciona a autoridade para corrigir à prática, do que se requer; “Estando prontos pra vingar toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10;6

O mesmo que O Salvador ensinou com figuras bem eloquentes; “Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou, como dirás ao teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando com uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, então cuidarás em tirar o argueiro do teu irmão.” Mat 7;3 a 5

Assim, separamos o joio do trigo: A hipocrisia, a falta de noção é uma coisa deplorável, um mal moral que carece de cura; uma doença que costuma infectar, principalmente, aos líderes; a disciplina é uma necessidade vital dos filhos de Deus, à qual devem ser submissos, para preservação do seu relacionamento com O Pai.

Na Antiga Aliança, o sumo sacerdote Eli, que foi omisso na necessária disciplina dos seus filhos foi severamente advertido e duramente punido por isso; “Por que pisastes, o Meu sacrifício e a Minha oferta de alimentos, que ordenei na Minha morada, e honras teus filhos mais do que a mim... os que Me honram honrarei, porém, os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;29 e 30

O juízo por aquelas omissões do pai, ante as muitas profanações que os filhos cometiam, e seguiam impunes, terminou com a morte dos três; Eli, o pai, Hofni e Finéias, os filhos, todos, no mesmo dia.

Embora aos mais desavisados a disciplina possa parecer a castração dum direito, a rigor, é um limite, uma cerca que atua para a preservação das suas vidas. “vivifica-me segundo a Tua benignidade, assim, guardarei o testemunho da Tua boca.” Sal 119;88

terça-feira, 1 de abril de 2025

Frei Gilson e o rosário milagroso


“... quando orardes, dizei: Pai nosso que estás nos Céus, santificado seja o Teu Nome; venha o Teu Reino, seja feita a Tua Vontade, assim na Terra como no Céu.” Luc 11;2
“Orando, não useis vãs repetições, como os gentios que, pensam que por muito falar, serão ouvidos.” Mat 6;7

Deparei com um testemunho cujo título traz: “Evangélica recebe milagre durante o rosário do Frei Gilson.” A história refere-se a um suposto casal, ele evangélico e ela católica que, depois de se casar adotou à crença do esposo. Ele teria sofrido grave acidente e ficado em coma; convencida por terceiro e rezar o referido rosário, um dia obteve seu milagre.

Comentei minhas objeções; primeiro, porque pareceu mecânico, feito por inteligência artificial. A leitura era seca, sem emoção, com erros de acentuação e dicção, coisa comum quando feita pela máquina. Os nomes do casal, genéricos, sem endereço, hospital, cidade, nada, como demandaria algo que fosse veraz. Que pudesse ser comprovado.

Não ignoro que o referido frei tem estado em evidência pelo enorme número de pessoas que participam das suas “lives”, o que tem causado mal estar, noutros católicos, por razões políticas, não, espirituais.

Sendo a CNBB comunista até o talo, defensores da “Teologia da libertação” nome bonito com o qual rebatizaram à ideologia da escravidão, e tendo o citado padre, um viés conservador, ao qual dão rótulo de “Bolsonarista” por esse motivo tem sido alvo de muitas pedradas, daqueles que teoricamente seriam seus irmãos de fé.

Que a esquerda, com suas pautas identitárias, aprovação do aborto, supressão das liberdades, liberação das drogas, ideologia de gênero, destruição da família, dos bons costumes, etc. está na contramão dos valores cristãos, totalmente de acordo; se, (nunca assisti suas lives) de fato, se alinha com os valores conservadores, nisso lhe faço coro; estamos juntos.

Todavia, no prisma espiritual, o catolicismo, de esquerda ou de direita, tanto faz, não leva à Palavra de Deus com a devida seriedade, como deveria. Sobre a oração do “Rosário” basta ler os versos iniciais desse texto para ver quão distante está dos ensinos do Mestre.

Nós “protestantes” com essa mania de basear tudo na Bíblia!! Deve ser enfadonho para quem não faz o mesmo, e pretende ter a mesma situação diante de Deus, lidar com isso.

A tradição e o Magistério, equiparados a Deus, pelos católicos os coloca sob maldição, por desviar a confiança do Eterno, trazendo-a para o homem, que, subjaz a essas coisas. “Assim diz O Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor.” Jr 17;5

Que Deus em Sua Bondade infinita pode curar até quem está espiritualmente em trevas, ou pontualmente enganado, isso é pacífico. Certa vez O Salvador curou a dez leprosos e apenas um se converteu. Luc 17;15

Agora, certas coisas evidenciam as doenças humanas onde deveria ser lugar para a Glória de Deus. O simples acentuar na capa do vídeo que foi uma “Evangélica” que recebeu a cura milagrosa, justamente por um método que discordamos por ser contrário aos ensinos do Mestre, já deixa evidente o objetivo de quem publicou o referido “testemunho.”

Invés de combater pecados, cuja incidência incomoda ao Eterno, e cujos frutos levam à perdição, o catolicismo combate aos “protestantes” cuja existência incomoda a eles, pelo seu desvio doutrinário, e sua sede de poder total, parcialmente insaciada. O ecumenismo pretende “consertar” isso. Antes; “fora da igreja católica não há salvação;” agora; “todos estão certos, são linguagens diferentes buscando ao mesmo Deus!” Obscenos!!

Foi do Padre Paulo Ricardo que ouvi a citação: “Queres conhecer a motivação espiritual de alguém, observe contra o quê, ele está lutando.”

Os que lutam contra os que temem a Deus e não ousam fora da Sua Palavra, laboram a serviço de quem? A Palavra deixa evidente em qual arena deve ser nossa luta: “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

A luta que deve receber nossa atenção e devido engajamento, é pela verdade contra a mentira, não por essa ideologia contra aquela; uma religião contra outra. Adultério, mentira, desvio doutrinário, hipocrisia, idolatria, de ídolos mortos ou vivos, são pecados; detestáveis diante de Deus, sejam seus agentes, católicos ou evangélicos.

Se alguém acredita que se pode reduzir o vício e a virtude a meros rótulos, tipo, se é desse está certo; daquele, errado; ainda está cego no prisma espiritual. Nesse caso deveria cuidar da própria enfermidade, antes de pretender lidar com as alheias. “Deixai-os, são condutores cegos; ora se um cego guiar a outro, ambos cairão na cova.” Mat 15;14

“A pior cegueira é a mental, que faz com que não reconheçamos o que temos pela frente.” José Saramago

A doce corrupção


“Como o crisol é para a prata, e o forno para o ouro, assim, o homem é provado pelos louvores.” Prov 27;21

O crisol é um recipiente onde metais derretidos são testados, depurados; o forno, oferece o combustível ardente para possibilitar o processo. A ideia do símile é: Como esses metais, ouro e prata são derretidos para ser purificados, testados em sua pureza, assim o homem, diante dos elogios.

Geralmente, vemos os encômios como um “selo de qualidade” do nosso desempenho no teatro da vida; não são. Na verdade, são um teste à nossa sobriedade; rivais com potencial para emular nossa soberba, presunção; ou, como acontece na maioria das vezes, uma manobra diversionista para nos ludibriar, enfraquecer às nossas defesas.

Quantas vezes, os que se acercavam do Salvador preparando alguma armadilha, vinham cheios de fricotes, elogios, acreditando surpreendê-lo? Certa vez disseram: “... Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, de ninguém se te dás, porque não olhas a aparência dos homens, dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não?” Mat 22;16 e 17

Antes de armarem um laço mortal contra O Senhor, cobriram-no de elogios; Ele respondeu: “... porque me experimentais, hipócritas?” v 18 Discerniu a maldade, onde um incauto se derreteria, ante tais lisonjas.

Nem todo o louvor é danoso; eventualmente, é derivado da vera admiração, como fez Nicodemos quando buscou ao Senhor; ele falou: “... Rabi, bem sabemos que és Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que Tu fazes, se Deus não for com ele...” Jo 3;2 Disse que acreditava no Senhor, e expôs razões lógicas para isso; os sinais que Ele fazia eram de origem sobrenatural. Não era um elogio venenoso, pois.

Então, se somos provados pelos louvores que recebemos, a necessidade de discernimento sobre deles, faz parte da prova, também.

É prudente colocarmos os elogios na mesma prateleira que as vaias; como expressões do estado de espírito de terceiros; sem ter, necessariamente, ralação com os fatos, com a verdade. Sócrates dizia que, as pessoas por aplaudirem apenas as coisas com as quais se identificam, no fundo, aplaudem a si mesmas. Se, induzidas por alguma claque, o fazem sem querer, não passam de massa de manobra, sem nenhum valor em si. A “massa” representa os interesses do “padeiro” não, os próprios.

Porém, alguns são tão amantes de si mesmos, que se não receberem encômios, eles mesmo fazem em seu favor. Pavoneiam-se obscenos chamando atenção para o que pensam ser suas mais vistosas qualidades. A Palavra é categórica: “Que um outro te louve, não tua própria boca; o estranho, não os teus lábios.” Prov 27;2

Os mais escrupulosos pedem elogios de modo indireto, quando fazem suas “caridades” suas “boas ações” diante das câmeras, para que todos vejam.

Também sobre essa febre O Senhor ensina: “Guardai-vos de fazer vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto ao vosso Pai que está nos Céus; quando, pois, derdes esmolas, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas; para serem glorificados pelos homens; em verdade vos digo que, já receberam o seu galardão; mas tu, quando derdes esmola, não saiba tua mão esquerda, o que faz a tua direita.” Mat 6;1 a 3

Vistas essas variáveis todas, onde os louvores podem ser disfarces de armadilhas, manobras diversionistas, apreciação sincera, falta de noção pedante, arrogante obscenidade de alma, precisamos ser cuidadosos ao encontrá-los. Diante deles, tanto somos provados no prisma dos sentimentos, quanto, no discernimento.

Porque a natureza humana deseja ser bajulada, mais do que ser corrigida, os falsos profetas omitem à Palavra de Deus com sua sóbria porção de sal, e oferecem em seu lugar, simulacros adocicados, com profusas promessas fáceis, bênçãos sem renúncias, perdão sem arrependimento, aceitação sem mudanças, Evangelho sem cruz.

Diante de “elogios” dessa espécie, também somos provados, agora, num aspecto em que nossas vidas acabam em jogo. Invés de discernir o logro do inimigo e se afastar, a maioria o deseja e busca; “Porque virá o tempo em que não suportarão à sã doutrina, mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme suas concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Nos sacrifícios da Antiga Aliança Deus já deixou uma pista do que nos convém; “Todas as tuas ofertas dos teus alimentos, temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos, o sal da Aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas, oferecerás sal.” Lev 2;13

“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.” Santo Agostinho.

segunda-feira, 31 de março de 2025

As razões Divinas


“Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor.” Ef 5;17

Em geral, equilíbrio, bom siso, juízo, forjando um agir com lucidez e ponderação, segundo a lógica humana é a razão. Adotar posturas coerentes com os hábitos estabelecidos em nossa sociedade, no pleno domínio das faculdades, da prudência, seria a sensatez; enquanto, fora disso, loucura.

No prisma espiritual a situação diverge. Acontece que as coisas, nesse âmbito, são tributárias a outro tipo de saber. Por isso, sua “lógica” também é diferente. Paulo pontua: “Falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual, Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória, sendo que, nenhum dos príncipes deste mundo conheceu, porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 e 8 Embora da morte do Salvador tenha resultado a possibilidade da nossa salvação, alguém sábio, espiritualmente, jamais faria coisas contra a justiça, é a ideia de Paulo.

Se, a razão no escopo humano atina à preservação no comportamento estabelecido ao longo do tempo, a renúncia dos modos fúteis de viver, de quando, alienado da vida espiritual, é o “bom siso” no qual somos desafiados a permanecer, em Cristo; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Se, a vida “racional” é não sermos conforme este mundo, necessária a conclusão que, a vida espiritual tem razões que a própria razão, (natural) desconhece. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente; mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Os “loucos” estão numa dimensão distinta, onde, são os olhos da fé que veem, não os naturais.

“Porque a Palavra da Cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus.” I Cor 1;18 Vemos que a “loucura” não é em si mesma; mas, na apreciação dos refratários à Palavra da Cruz. Aos olhos dos que veem de fora. Deveríamos nos importar com a “visão” de quem não entende? Se, nas suas escolhas perecem, que autoridade têm para avaliar às nossas?

Paulo apresenta os Divinos motivos: “Visto com, na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele salvar aos crentes pela loucura da pregação.” V 21

Ainda, faz um desafio aos “sensatos” aos grandes expoentes do ateísmo, para que expliquem tudo o que existe excluindo O Criador; que mostrem seu saber, façam perguntas ante as quais A Palavra de Deus fique sem resposta; “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo?” v 20

Visto isso, acrescenta: “Ninguém engane a si mesmo; se algum de vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18

Assim, voltamos ao ponto de partida; que a sensatez dos renascidos é derivada de Mente Divina, não da nossa; “Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor.”

Os que pretendem fazer “boa figura” perante esse sistema iníquo, e ainda serem ministros do Evangelho, estão numa tentativa inglória de fundir água e vinagre. Terão que trair a uma das partes, ou a ambas, sendo uns farsantes que, como um camaleão, absorvem a cor do ambiente.

A “sensatez” mundana requer que sejamos conforme o sistema, porém, os de Cristo, não são. “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes, Eu vos escolhi dele, por isso, que o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Dizer que ama a Cristo é relativamente fácil; porém, viver isso deveras, pagando o preço que é requerido, aí é coisa para gente espiritualmente ousada, corajosa, com um apego às convicções maior que o medo das aflições. O Mestre preveniu: “Tenho vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo.” Jo 16;33

O mesmo Senhor ensinou como poderemos demonstrar amor por Ele: “Se guardardes os Meus Mandamentos, permaneceis no Meu amor; do mesmo modo que tenho guardado os Mandamentos do Meu Pai, e permaneço no Seu Amor;” Jo 15;10

Habilidade retórica, num debate, pode encenar que alguém tem razão; a harmonia em obediência com a Mente Divina, nos levará a viver, segundo as razões que Deus tem.
Gosto
Comentar
Partilhar

domingo, 30 de março de 2025

Os gritos de ninar


“Mas eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7;57

Reação ao discurso de Estevão, que fizera um brilhante resumo das Escrituras, então existentes, encaixando nelas, Jesus Cristo e Sua Obra. A plateia não estava nenhum pouco interessada em conhecer à verdade; silenciar à voz do diácono, bastava.

Quando alguém abdica das possibilidades cognitivas, cegado pelo fanatismo apaixonado, nem o mais eloquente dos pregadores logrará algum êxito. Como disse Spurgeon: “Basta um homem para levar um cavalo até às águas; cem homens não são suficientes para forçá-lo a beber.”

Assim, um mensageiro capacitado é suficiente para oferecer a Água da Vida; todos os pregadores juntos, mesmo os mais eloquentes, não bastam pra quem não quer.

Naquele caso, como em todos os que o fanatismo patrocina, não importava o teor do que estava sendo dito; eles tinham decidido que não desejavam ouvir nada sobre Jesus; assim, usaram três meios para esse fim; “... gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele...” Fizeram barulho, taparam os ouvidos e praticaram violência.

Há pouco escutava trechos de uma “pregação” que me inspirou a escrever sobre isso. O Sujeito se diz apóstolo, falou uma meia hora alistando grandezas que supostamente Deus está fazendo, “levantando uma geração, capacitando os pequenos, desafiando o Israel de Deus, porque afinal somos um Reino, não uma religião... blá, blá, blá...” Cansou a paciência da sua plateia por meia hora, sem mencionar um verso sequer, da Palavra de Deus.

Eis uma forma de abafar à Palavra aos gritos! Pois, o sujeito gritava e de vez em quando autorizava que “aplaudissem a Jesus”.

Se invés do vistoso pavão com toda pompa e circunstância o microfone tivesse sido dado ao mais simples dos irmãos, ao “Bastiãozinho da Guajuvira” que estava no último banco, seria melhor.

Talvez, tivesse dificuldade de ler no Salmo 23; “O senhô é o meu pastô, e nada me fartará.” Depois comentasse: “temo um grande pastô; mais é perciso que nóis seje oveia, pra que Ele cuide de nóis. Porque Ele disse: Minhas oveia ouve minha vóiz e me segue.” Pronto. Já teria pregado mais bíblia que o laureado apóstolo pavão fez, em meia hora, sem gerar um por cento do barulhão daquele.

A Palavra é categórica: “A fé vem pelo ouvir, e ouvir da Palavra de Deus.” Essa montanha de platitudes, artifícios falazes, enganosos, não desafia à mudança, não compunge, exorta, nem confronta, como faz o verdadeiro Evangelho.

Na verdade, esse “grito” abafa à Palavra de Deus; é uma forma oblíqua de “tapar os ouvidos” de quem carece ser desperto pela Genuína Palavra da Vida.

Espanta, o parco discernimento das pessoas, que consomem essas “drogas sintéticas” psíquicas, e saem garbosas como se tivessem sido alimentadas.

A maneira mais perniciosa de “tapar os ouvidos” é deixá-los abertos, impedindo que a Palavra da reconciliação chegue até suas portas.

“Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas” é uma sentença recorrente no Apocalipse; mas, de que vale as pessoas terem ouvidos, se o “espírito” da fraude usurpa ao espaço do Espírito Santo? As que caem nessa cilada, querendo ou não, têm tapados os seus ouvidos.

No caso de Estevão, nada a fazer; era um povo rebelde que nada queria com a mensagem de vida que ele tinha; mas, os que frequentam esses ambientes, é de se supor que desejem a salvação, que só a genuína Palavra pode oferecer.

Como a vontade dos mesmos não é respeitada, sendo oferecido um simulacro barato em vez do alimento veraz, acabam sendo também, vítimas de violência verbal; tudo aquilo que desconsidera nossa vontade e impõe outra coisa no lugar, é uma forma de violência. Assim, esses charlatães conseguem abafar no grito, tapar os ouvidos, e fazer violência, tudo ao mesmo tempo; enquanto encenam pregar o Evangelho, e deleitam-se com os aplausos que demandam, fingindo ser para O Senhor.

Desgraçadamente, na pior fase espiritual de todos os tempos, porque grassa toda sorte de heresias, falsos profetas e mestres, vivemos o mais alarmante nanismo espiritual; onde incautos sonolentos engolem qualquer porcaria, convencidos que estão comendo verdes pastos.

Porque o vero Evangelho exige renúncias, traz uma cruz, e essa geração mimizenta tem ojeriza ao mínimo sinal disso, os farsantes deitam e rolam, enquanto os probos são deixados de lado. “Os profetas profetizam falsamente; os sacerdotes dominam pelas mãos deles; e Meu povo assim o deseja; o que fareis no fim disto?” Jr 5;31

Até quando, ó sonolentos buscareis pelo engano, apegados ao comodismo? O tapa na mesa que Paulo deu um dia, estou repetindo, com as duas mãos: “... Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá!” Ef 5;14

Dá gosto vencer!!


“Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas; ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, que está no meio do Paraíso de Deus.” Apoc 2;7

Há pouco deparei com o GP de fórmula 1 do Japão. Assisti duas voltas e perdi o interesse. Como posso ter deixado de gostar, tão cabalmente, de algo que tanto gostava? Na época do Senna e do Piquet, assistia até treinos desejando que eles obtivessem boa colocação.

Mesmo nos tempos menos vistosos, do Barrichello e do Massa, assistia desejado ver alguma vitória. Pensando um pouco sobre isso, cheguei a uma conclusão de algo que, acredito, ocorre com a maioria das pessoas.
Não gostamos de determinado esporte, estritamente; gostamos de vencer. Quando havia possibilidades reais, como nos primeiros pilotos citados, ou mesmo remotas, como no segundo caso, havia sentido em “gostar” de Fórmula 1.

Tanto é vero que esse fenômeno é mais ou menos, geral, que, nos dias em que o Guga Kuerten era vencedor no tênis, grande parte do país se interessava pelo esporte; talvez se repita com o João Fonseca; nos dias em que Éder Jofre e Maguila foram campeões, muitos passaram a “gostar” de boxe; nos dias áureos da seleção de vôlei, quantos também assistiam eles jogarem. Atualmente nem a seleção de futebol interessa.

Assim, parece necessária a conclusão que gostamos mais da ideia de vencer, que, de determinado esporte. Futebol é uma exceção, talvez, porque nele todos possam vencer, mesmo os mais fracos. Alguns levam a necessidade de vencer a extremos tais, que validam erros a favor e os desejam contra adversários. Para “eles” nunca é pênalti; para “nós”, sempre. Desgraçadamente, os árbitros sempre “erram contra” os fanáticos.

Normal gostarmos de ser vencedores. O que pode ser danoso às nossas almas, é quando nosso “time” defende valores deturpados.

Por exemplo, em nossa política dual, do tempo presente, os que defendem o esquerdismo gritam a torto e a direito: “Sem anistia!” Fazem isso deixando patente sua aversão ao Jair Bolsonaro; ignoram que, há centenas de inocentes, muitos idosos, presos há mais de dois anos, sem crime nenhum. Que importa? É preciso que eles vençam o “bolsonarismo”, como adjetivam num reducionismo doentio, aos patriotas, conservadores.

Se eu estivesse do outro lado, não gostaria de ter uma “vitória” assim; ou, quiçá, seja exatamente por isso, por não gostar desse tipo de coisas que eu não esteja mais; afinal, já votei na esquerda um dia. Isso quando as unhas retráteis dos gatos estavam ocultas; agora que se fizeram quais as garras do Wolverine, defendê-los é obsceno, apoiá-los é cumplicidade.

Vista nesse prisma, acredito que a vitória também precise ser passada por um pente fino; ser “derrotado” nas circunstâncias e seguir fiel nos princípios, valores, é uma vitória de maior envergadura; pois, requer a resiliência das nossas almas, coesa com os valores que acredita, mesmo que esses estejam em descrédito, enlameados, caluniados.

Lembro um incidente que aconteceu no final dos anos 90, quando eu estava em Belo Horizonte. Um menino que torcia para o Atlético Mineiro, que naquela época não ganhava nada, disse-me: “Acho que vou mudar; vou torcer para o Cruzeiro”, que acabara de ser campeão nacional. Ao que respondi: “Deixa de ser bundão, rapaz! Daqui apouco o vento vira e teu time começa a vencer e o Cruzeiro a perder, daí vais mudar de novo?” De fato, isso aconteceu, o “Galo” se fez muito mais vencedor nos últimos tempos, que seu rival.

Então, há vitórias que consistem nas conquistas que logramos nos embates, nas escolhas da vida; outras, que se fazem ver, na convicção das escolhas mesmo em tempos adversos, pela resiliência de não ser conquistado.

A vitória que Cristo requer dos Seus é dessa estirpe. Habitar num mundo que canoniza vícios e prezar pela virtude; contemplar a opulência dos maus, e não abdicar da escolha de ser bom; olhar a mentira acumulando lautos frutos indignos, e seguir amando à verdade; sofrer a reiterada incidência de escândalos dos que profanam ao Nome do Santo, sem negá-lo em hipótese alguma...

Não são essas, escolhas naturais; mas, fomos capacitados de maneira sobrenatural, para as opções segundo padrões celestes, não segundo os amontoados fúteis e efêmeros da terra.

Nossas vitórias, eventualmente, estão em “stand by”, e a maioria acha que somos perdedores, por isso; não padecermos dessa cegueira, também é um aspecto da vitória de Cristo, na qual, estamos inseridos, da qual, fomos feitos participantes.

Uma das prerrogativas de ter recebido vida eterna, é não apostar nossas fichas nas circunstâncias, como se tudo o que há fosse o que podemos ver; “Se esperarmos em Cristo, só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19