domingo, 3 de novembro de 2024

Interferência artificial


“Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fossem mortos todos que não adorassem a imagem da besta.” Apoc 13;15

A ideia de uma imagem falar, quando João escreveu o Apocalipse, era uma coisa absolutamente inconcebível. Imagens naquele tempo eram estritamente, esculturas. Fotografias, vídeos, hologramas são coisas da modernidade. Mais um aspecto a indicar a origem Divina do Escrito. Se fossem fantasias humanas, essas tenderiam a se mover no teatro do que era plausível, então.

Com o advento da inteligência artificial, a vida está ficando cada vez mais desalmada, mais máquina, menos natural, menos viva. Não poucos vídeos são produzidos, onde uma imagem virtual com movimentos mecânicos, desconexos, “narra” as coisas como se fosse uma pessoa. Programas de leitura computadorizada, ainda deixam visível algumas nuances da burrice artificial, quando pronunciam errado, plurais metafônicos, por exemplo.

Ontem fui responder a um “Quiz Bíblico”, e identifiquei que, era produto da dita inteligência; pois, havia questões mal formuladas, com respostas dúbias; uma em que a resposta dada como certa era flagrantemente errada. Seria mais uma burrice artificial, ou a coisa foi feita de propósito, para ensinar distorcendo, deturpando?

Dizem as cartomantes que as cartas não mentem jamais, o que não exclui que quem as lê, invente significados, mentiras. A carta é o que é; um sete de ouros sempre será a mesma coisa. O que farão com ele os “intérpretes” depende de cada um. Temo que a inteligência artificial ande nas mesmas pegadas. Reproduza fielmente aquilo para o que foi programada; quem a programa, é fiel ao quê?

No futebol criaram o VAR. Vídeo Assistant Referee. (árbitro assistente de vídeo) que, em tese acabaria com as reclamações de arbitragem. Pois, um lance decidido na urgência do momento, poderia ser revisto e corrigido, ante eventual erro. Entretanto, as reclamações seguem a mesma balada de antes. A interpretação segue humana; portanto, tendenciosa, falha, para não dizer, mal intencionada.

A Árvore da Ciência é impotente ante coisas que só se resolve na Árvore da Vida. Desde a queda, o homem que fora “formatado” para discernir o justo do injusto, se fez escravo do pecado e de interesses mesquinhos que não têm vínculo com a justiça, necessariamente.
O Salvador ensinou: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” Jo 7;24

Se há uma coisa que não se pode negar é que o Capiroto tem autocrítica. Nega a própria existência para dominar “no escuro”, ou camufla-se de agente de justiça; se aparecesse “in natura” facilmente seria rejeitados pelos ímpios até.

Sabedor da sua feiura, e consequente impossibilidade de atrair os que gostaria, fará seu efêmero reino, à base de coação. Imporá adoração à imagem que fará de si mesmo, um holograma onipresente, talvez; sob ameaça de morte para quem não se curvar.

A ideia que o homem topa qualquer coisa para preservar sua vida física ele defendeu desde antigamente; “... pele por pele, tudo que o homem tem, dará pela sua vida.” Jó 2;4 Enganou-se o canhoto. O Mesmo Jó tinha valores que iam além da vida; “Ainda que Ele me mate, Nele esperarei; contudo, meus caminhos defenderei diante Dele.” Jó 13;15

Pois, nós, cristãos dos últimos dias também carecemos da mesma ousadia confiante, que não duvida da Bondade e Sabedoria Divinas, mesmo em circunstâncias adversas; a verdadeira fé nos permite ver, mesmo o que não aparece. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando estiver em trevas, não ver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Não apenas uma contínua e dura batalha resistindo contra os prazeres ilícitos e sofismas da oposição; os veros servos de Deus, da reta final, serão mortos se não negarem a fé. “Em Deus faremos proezas, porque Ele é que pisará nossos inimigos.” Sal 60;12

Como nos curvaríamos ante uma morta engenhoca tecnológica que “fala”, se temos dentro de nós, O Espírito Santo, que nos fala o todo tempo, sem coagir, apenas convence? “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus; as quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que O Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2;12 e 13

Mais que inteligência, nos convém a sabedoria; acima do artificial, sobrenatural, do alto. “A sabedoria que do alto vem é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e nem hipocrisia.” Tg 3;17 Quem a tiver, não poderá ser morto. Apenas mudará de dimensão.

Você tem medo de quê?


“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Não é o normal uma criança ser sábia; ter em si mais conhecimento que um rei. Todavia, por andar no temor do Senhor, dócil ao aprendizado, maleável aos conselhos, certamente fará melhores coisas que aquele que, presunçoso acha-se acima do bem e do mal, portador de uma luz superior, sequer necessita conselhos, admoestações. 

Quem se enche de si separando-se do Senhor, escolhe a maldição; “... maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço e aparta seu coração do Senhor.” Jr 17;5

Não significa que a vantagem esteja no momento do “recorte” nas vidas dos dois em apreço. O “melhor” está no fim. Onde as posturas de um e outro os levarão. “Porque um sai do cárcere para reinar, enquanto outro, que nasceu em seu reino, torna-se pobre.” V 14

A arrogância põe a perder, enquanto a humildade recomenda a lugares mais altos.

Davi era um menino que cuidava rebanhos, tocava harpa e compunha cânticos de adoração ao Senhor. Saul, um guerreiro de grande estatura, que foi ungido por Samuel, para ser rei em Israel.

Quando advertido pelo profeta sobre a interdição dos despojos dos Amalequitas, durante uma peleja, ignorou o interdito e permitiu que o povo agisse como lhe aprouvesse. Isso bastou para que fosse rejeitado, o que culminou com sua morte, mais adiante, e a perda do reino. A desculpa de poupar aos animais para cultuar ao Senhor não ajudou. “Melhor é obedecer que sacrificar...” ensinou Samuel.

Davi foi exaltado na peleja contra Golias; depois, perseguido pelo próprio Saul, pelo ciúme, ao ver que o povo se inclinava ao filho de Jessé mais que a ele. No devido tempo, quando o “rei velho e insensato” caiu nos montes de Gilboa, Davi foi guindado ao trono.

Vemos a sina de um, melhor que a do outro, no fim, não durante o percurso. Salomão versou: “Melhor é o fim das coisas que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito que o altivo.” Ecl 7;8

Quantas vezes o rigor da caminhada enseja que gente insensata desacredite do propósito dela! Os que estavam migrando do Egito durante o êxodo, ante a mínima dificuldade logo acusavam a Moisés de os ter feito sair “errantes” deixando a “boa mesa” do Egito.

Ignoravam propositalmente que haviam deixado à escravidão sob açoites também. Marchar pra liberdade tem um preço, que alguns preferem seguir prisioneiros a pagar; quando convém, a desobediência usa meias verdades, para vestir-se de algo que não é. Uma criança não é “sábia” assim. Em geral inda tem a verdade como norte.

Por isso, Jesus requer dos Seus, que se façam como crianças, maleáveis, ensináveis, confiantes na voz dos mais velhos. “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes, e não vos fizerdes como meninos, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 18;3

Graças ao novo nascimento, da água e do Espírito, nossos “reis velhos” podem ser feitos crianças outra vez. Carece cada “monarca” “negar a si mesmo”, abdicar da presunção de saber das coisas, admitir sua crassa ignorância espiritual e se colocar dócil, aprendiz, aos pés do Senhor.

Ironizando a pretensão madura, e contrapondo com a pureza interior infantil que cada um deveria cultivar, Saint-Exupérry versou em “O Pequeno Príncipe:” “Os adultos nunca conseguem entender nada sozinhos; é cansativo para as crianças ter que explicar tudo o tempo todo.”

Pois, quem se converte a Cristo precisa assumir sua condição de adulto obtuso, rei velho e insensato, e deixar que a criança recém-nascida aprenda os novos caminhos; estreitos, é verdade, mas que no final acabarão num abençoado Reino.

Pedro aconselha: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo.” I Per 2;2

Cada idade tem seus anseios e medos. Stephen Hawking, célebre ateu, falecido, disse: "A fé é um brinquedo de crianças com medo do escuro." Um pastor americano respondeu: “O ateísmo é um brinquedo de adultos, com medo da luz.” Platão, como que antecipando-se a esse pleito sentenciara: “O trágico não é a criança com medo do escuro; antes, o adulto com medo da luz.”

O que luz tem de “ruim” é que mostra os descaminhos dos “reis velhos”; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Muito melhor temer o escuro, a ignorância espiritual, pois, que temer a verdade.

sábado, 2 de novembro de 2024

Templos errantes


“Porém, havendo nele algum defeito, se for coxo, cego ou tiver qualquer defeito, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.” Deut 15;21

Os sacrifícios de animais eram, a rigor, incapazes de remover pecados. Entretanto, evidenciavam o estado de alma dos ofertantes; se o faziam de modo piedoso, reverente, testificavam a favor de uma vida que tencionava agradar ao Eterno. Porém, se ofertados de modo relapso, mercantil, numa espécie de pagamento pelo “direito de pecar”, estariam tais mercadores sem noção, “vendendo as cascas do trigo”; oferecendo coisas vis, como se fossem valiosas.

O Senhor não comia as ofertas; antes, os próprios ofertantes, levitas e sacerdotes o faziam. Assim, a advertência para não ofertarem coisas de má qualidade era em defesa do interesse dos próprios adoradores.

Fazendo aquilo de modo relapso, invés de obter perdão pelos erros cometidos, acrescentariam novas culpas às já existentes. “O que desvia seus ouvidos de ouvir a Lei, até sua oração será abominável.”

Aqueles sacrifícios, reitero, não removiam pecados; “Porque é impossível que o sangue dos touros e bodes tire pecados.” Heb 10;4 Mas oferecidos no espírito certo, os cobriam, como que, os devedores assinavam um cheque pré-datado, a espera do que traria os “fundos”, Jesus Cristo.

O sangue dos animais era um rascunho pobre, um tipo profético apontando para necessidades, bem mais altas que aquilo. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus.” Heb 7;26

Para nossa redenção, Seu sacrifício basta; sua eficácia é suficiente e está ao alcance de todos. Porém, Ele nos convida a tomarmos a cruz, para lhe pertencer. A contrapartida do amor por nós demonstrado, requer que “crucifiquemos” às más inclinações em obediência a Ele. Nossa demonstração de afeto requer obediência; “Se me amais, guardai Meus Mandamentos.” Jo 14;15

Nossas vidas segundo suas tendências pecaminosas naturais são “sacrificadas”, para que nossa comunhão com Ele seja preservada. “... ofereçais vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Davi antecipou-se ao que deveras, interessa ao Senhor; “Pois não desejas sacrifícios, senão, eu os daria. Tu não Te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são um espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito, não desprezarás, ó Deus”. Sal 51;16 e 17

Após Cristo, já não há lugar para aqueles sacrifícios. Como a adoração deve ser em espírito e verdade, em qualquer paragem que O Espírito Santo nos mover, podemos adorar. Os servos da Nova Aliança são chamados de “Templos do Espírito Santo.”

Porém, alguns derivam dessa informação, consequências que ela não traz. Está na moda, os “desigrejados” que pelas suas idiossincrasias afastam-se das congregações; muitos, machucados pelos “irmãos” é verdade. A ideia de templo do Espírito alude à dádiva particular de cada convertido. A congregação é um mandamento, “não deixando nossa congregação como é o costume de alguns...” Heb 10;25 “Oh, Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união...”

Jesus virou mesas no templo, quando encontrou no mesmo, desvio de função, mercadores invés de adoradores. Pois, muitos “templos” atuais, também se desviram do propósito para o qual estavam sendo edificados. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios agradáveis a Deus, por jesus Cristo.” I Ped 2;5 

Ora, se somos edificados para que ofereçamos sacrifício, porque deixamos a congregação, quando o sacrifício de alguma vontade ou capricho é requerido? Fomos feitos templos do Espírito, ou proprietários, Dele?
O Salvador virou as mesas pelo profano desvio de função encontrado, então; o que encontra Ele, ao contemplar nossos templos em particular?

Se abandono à congregação porque algumas expectativas não foram atendidas, não estarei colocando minhas vontades acima das Divinas?

Claro que há casos em que não dá para se caminhar junto; sobretudo com lideranças sem caráter. Se algum líder atua de modo que percamos nosso respeito, já não o poderemos obedecer também. Mas, em casos assim, mudamos de congregação, denominação até, para servir sob melhores líderes, invés de, nos tornarmos inimigos da igreja.

Há muitos templos com mesas egoístas onde, mercadores vendem sofismas, camuflagens para o amor ao dinheiro, máscaras para fraudulentas razões, que precisam de um encontro dramático com Aquele que zela pela verdade.

Se na Antiga Aliança, animais com defeitos eram recusados, na Nova, onde a purificação das consciências é o alvo, Heb 9;14, desculpas esfarrapadas para desobediência, não passam de animais cegos, coxos, tentando figurar, onde a perfeição de motivos é necessária.

Ademais, não são os mais santos na média, que costumam debandar; antes, os que pela desobediência se tornam indignos da congregação. “Por isso, ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Os democratas


“Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Os homens tudo fazem pelo dito “poder”; onde, além de uma vida cercada de mesuras e comodidades, acabam tendo autoridade sobre os semelhantes. Usam meios fraudulentos até, para que a prerrogativa de mandar, lhes sorria.

Porém, no apreço das Escrituras, essa situação acarreta desgraça para os “poderosos”; por quê? Na parábola dos talentos A Palavra ensina que aquele que recebe mais, deverá prestar contas sobre o que recebeu. Tendo poder sobre outras vidas, o espectro do dever se amplia também. Mesmo aquele que numa relação particular esteja em paz com Deus. Se sua área de influência é sua “casa”; deverá estar ordenada também.

O rei Ezequias tinha uma relação saudável com Deus. No entanto, Isaías foi enviado a dizer-lhe: “... Põe em ordem a tua casa, porque morrerás...” Is 38;1 sua relação com O Eterno não carecia reparos, segundo Ele mesmo disse: “... Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de Ti em verdade, com coração perfeito; fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.” V 3

Como ele era rei, tinha poder sobre um reino e deveres também. Assim “sua casa” era bem maior que suas coisas particulares. Esse é um dos efeitos colaterais de se ter poder sobre os outros. Passa-se a ter deveres para com eles também.

Depois, concorre ainda, a lei da semeadura, aquela que garante que ceifaremos segundo nosso plantio; no caso de um empoderado sobre muitos, é necessário que “semeie” em muitos “campos”. O risco de cometer injustiças é maior, bem como, as tentações das vantagens pessoais, o assédio dos interesses escusos que costumam dar azo à corrupção.

Enfim, ser alguém quase anônimo, não ter poder sobre nada, exceto, as escolhas particulares, é uma grande bênção que bem poucos conseguem valorar devidamente.

Quem expõe seu nome para apreciação popular numa eleição, por exemplo, ciente que, se bem sucedido será servo de toda uma comunidade; imbuído de intenções retas, esse/a abdica do conforto de cuidar apenas de si, mergulhado em projetos que respeitam ao todo, abre mão em parte, de si, pelo bem comum. Sabedor que foi investido de deveres, uma vez eleito, não coroado de poder, como pensa o vulgo, esse/a albino, certamente fará bem à comunidade que lhe delegou responsabilidades. Infelizmente, mentalidades hígidas assim são coisas raras como o albinismo.

Os de má índole, a grande maioria, aqueles que tudo fazem para “reinar” a qualquer preço, pela sua “escala de valore$” farão bem a si mesmos e aos que usam como escada para subir ao trono. O município se lhes faz um meio, os munícipes, servos apenas. Comunidades reféns desses mini-ditadores tendem à estagnação; um mínimo que se pareça com serviço público é mantido, sem a ousadia empreendedora necessária, para conquistar o apoio majoritário dos munícipes. Colégios, postos de saúde funcionando, algumas ruas pavimentadas isso é básico; como uma dona-de-casa a varrer sua casa.

Para ter maioria, em geral compram ou coagem eleitores, invés de colocar a casa em ordem, como requereria a probidade. Se enchessem as medidas com trabalho não careceriam desses meios escusos que usam, sem vergonha, sem pudor.

Os tais, “fazem o diabo para ganhar uma eleição” nas palavras de Dilma Rousseff; contudo, são os primeiros a se abrigar atrás de palavras como “democracia”, uma vez saciada sua sede de poder, pelos meios mais espúrios e antidemocráticos possíveis.

O “diabo” uma vez feito, não desaparecerá num exorcismo fácil; o tinhoso cobra lá seu preço. Deixará rastros, vestígios; perturbará as consciências dos “empoderados” de modo indigno. Seu “poder” foi permitido e as desgraças concomitantes também o serão, no devido tempo.

Abusarão de eufemismos para esconder às coisas feias que precisarão fazer; seguirão mentindo como sempre, chamando atenção para onde pensam que lhes convém, e desviarão a mesma de onde mostraria seus erros.

Desgraçadamente as pessoas idôneas acordaram tarde demais para a política; os patifes que sempre parasitaram nela, criaram um sistema que lhes favorece, cheio de casuísmos que permitem a manipulação das coisas contra a vontade do povo. A democracia acabou se tornando uma formação de quadrilha consentida, onde os quadrilheiros se dão ao luxo de dizer como gostam de ser chamados.

Há tantas “excelências” que não entrariam em minha casa, por minha vontade ou convite, nas mãos dos quais, nossas coisas estão, vergonhosamente. Surja alguém adverso aos tais, e será apedrejado, ridicularizado, roubado.

Deus permite que frutifiquem algumas ervas bem daninhas. Porém, no devido tempo, fará um chá com as folhas dessas, e dará para beber, àqueles que as cultivam.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Boca fechada

“Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;5

Alguém disse: “O sábio fala porque tem algo a dizer; o tolo, porque tem que dizer algo.”

No primeiro caso, o teor do que vai ser dito justifica à fala; no segundo, pela inquietação, as falas brotam espúrias, sem nexo ou sentido; talvez, o desejo de ser visto, escutado, motivaria o tolo a se expor, mesmo quando o silêncio seria melhor.

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Jó não estava requerendo dos amigos, algo que eles não pudessem dar; na verdade quando vieram a ele e viram a grandeza da sua desventura, emprestaram seu silêncio solidário durante uma semana. “Levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; ergueram a sua voz e choraram, rasgaram cada um o seu manto, e sobre suas cabeças lançaram pó ao ar. Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Cap 2 vs 12 e 13

Admirável, a postura inicial deles! Uma solidariedade silente, empática, que recusava a falar, temendo aumentar à dor do já intensamente sofredor.

No entanto, chegou um momento em que eles falaram; invés de empatia com o desventurado, culpavam-no pelo que estava passando. Ele defendeu sua inocência e reclamou dos maus tratos que seus amigos lhe infligiam. Então, enfadado deles disse aquelas palavras desejando que eles calassem a boca. O ouvido prova às palavras como o paladar ao alimento, ensinou; as falas deles não tinham tempero nenhum.

Como é difícil ao ser humano pretensioso e falastrão, a honestidade sóbria de um “não sei”. Mesmo não sabendo se mete a especular, tecer conjecturas tentando explicar coisas para as quais, não tem uma explicação. A necessidade tola aquela, de ter que dizer algo, mesmo que esse não tenha sentido, ou não seja oportuno.

Na presença de Deus somos convidados à parcimônia nas falas; “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras.” Ecl 5;1 e 2

Eventualmente a consciência culpada cobra alguma coisa; informa seu hospedeiro sobre a carência de higiene moral, espiritual. Denuncia a um mau passo convidando ao arrependimento e à mudança. Quem não está habituado a banhar-se nessas límpidas águas, quando desafiado costuma se esconder atrás do biombo das falas; não fala para dizer algo; antes, para não precisar ouvir, uma denúncia íntima que o tenta corrigir. Sua agitação é sua fuga.

Por isso, a inquietação gratuita, além de ser uma característica dos tolos, é também uma denúncia de impiedade; “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Retratando a mulher adúltera, na ansiedade para “aproveitar” a ausência do marido, e se “divertir”, Salomão conta: “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Assim, os amigos de Jó, quiçá, assolados pelos próprios temores, tentavam “colar” nele alguma culpa, pelo que parecia um duro juízo que o infeliz estava sofrendo. Se, alguém da estatura dele passava por aquilo, o que seria deles, se fossem julgados, então? Talvez fugindo dessas íntimas questões, atribuíam pecados a Jó sem ter condições de demonstrar que falavam a verdade. Por isso, invés de falar assim, o silêncio seria uma postura mais sábia, ponderou aquele.

Às vezes, nem basta que as palavras estejam certas; é necessário que a ocasião seja oportuna também. “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25;11

Quando a plenitude da verdade seria uma carga mui pesada, O Senhor reteve parte, em atenção à fraqueza dos discípulos; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Não precisamos saber tudo, nem poderíamos. Mas, se conseguirmos entender quando é mais oportuno calar do que falar, esse discernimento já nos livrará de muitos males.

Às vezes, inadvertidamente falamos até o que não queríamos; depois, levamos uma surra do silêncio que ecoa nossa estupidez. Enfim, um provérbio hindu versa: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio".

domingo, 27 de outubro de 2024

Chegados incrédulos

“Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.” Jo 7;4

O Senhor queria mais, fazer conhecer ao Pai, que ser conhecido. Embora fosse o “veículo” necessário, desejava que O Eterno fosse visto, recebido através Dele. “... quem recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou.” Mat 10;40

“Manifestei Teu Nome aos homens que do mundo Me deste...” Jo 17;6
Embora O Senhor carecesse ser conhecido, a fama nunca foi Seu alvo. Usar alguma prerrogativa espiritual, em busca do aplauso dos homens é próprio de gente egoísta, cujas motivações inda são centradas em si mesmo. “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a Si mesmo...” Fp 2;6 e 7

“Se...”
mesmo os que eram chegados por laços de sangue, não acreditavam Nele. “Se fazes estas coisas...” A única forma de não estar fazendo o que todos viam acontecer, requeria ser, Jesus, um charlatão, dotado de rebuscadas aptidões para enganar. Tende o ímpio, a medir os outros com suas próprias réguas. Como eram sem escrúpulos em enganar o próximo, por que não supor que O Senhor também seria?

Quando Pedro desafiou O Senhor a ordenar que ele andasse sobre as águas, iniciou sua fala com o prefácio dos incrédulos. “Se, és tu mesmo...” Alguns intérpretes dizem que Pedro duvidou quando teve medo desviando o olhar de Cristo e olhando para as ondas. Não. Duvidou quando usou o “se”. O Senhor permitiu alguns passos, depois entregou o dúbio discípulo para um “batismo” de fé.

Os irmãos carnais do Senhor desejavam que Ele buscasse fama; quiçá, isso renderia algum dinheiro. Porém, duvidavam que Ele realmente fosse quem dizia ser, tivesse real poder para fazer o que fazia; coisa que o registro de João testifica: “Porque nem mesmo Seus irmãos criam Nele.” V 5

Chegaram a pensar que Ele estava “fora da casinha;” o desejaram prender; “Quando os Seus ouviram isto, (que uma multidão procurava pelo Senhor) saíram para o prender; porque diziam: Está fora de Si.” Mc 3;21

No meio de um sermão do Mestre “Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele, disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, irmã, e mãe.” Vs 31 a 35

Isso lança por terra o argumento falacioso de alguns padres defensores da eterna virgindade de Maria. Quando a Bíblia fala dos irmãos de Jesus, - dizem - se refere aos irmãos espirituais, pois todos que nele criam eram chamados assim. Que faremos então, com o texto que diz que nem mesmo seus irmãos criam Nele?

e que quando esses intentaram prendê-lo O Senhor os renegou, preferindo os irmãos espirituais? 

Outros dizem que parentes eram chamados de irmãos; como primos por exemplo. Isabel era prima de Maria a foi chamada assim. Luc 1;36 Num sentido amplo, todos os “filhos de Abraão” eram irmãos; mas, como vimos, não têm base nenhuma as argumentações vistas.

Criaram o dogma que o “Pecado Original” seria o sexo. E “concluíram” que Maria concebeu virgem, porque deveria ser, sem pecados. Não é esse o ensino Bíblico.

O pecado primeiro foi desobediência; a mulher pecou sozinha em consórcio com a serpente. O ter Maria, concebido de modo milagroso, virgem, foi porque a semente derivada de Adão estava corrompida. Um homem gerado dela herdaria sua corrupção. “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5;12

Não poderia nascer sob a sentença da morte espiritual, aquele que venceria a morte para nos dar vida. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os Céus;” Heb 7;26

Como um abismo chama outro, a má interpretação da queda deu azo à “doutrina” da eterna virgindade de Maria, não obstante ela ter tido vários filhos.

Esses se mantiveram incrédulos inicialmente, pois os laços que irmanam em Cristo são espirituais, não, de sangue.

Cristo ainda procura ser conhecido, não no sentido de obter fama e aplausos. Mas, que as pessoas ousem se aprofundar Nele e no Pai, para ver quão Belos e Santos são. “A vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste.” Jo 17;3

Filhos especiais


“Nós, cooperando também com Ele, vos exortamos a que não recebais a Graça de Deus em vão.” II Cor 6;1

Embora possa ter nuances particulares, num sentido amplo, todos recebem a Graça de Deus. Sol e chuva descem sobre justos e injustos. Os desavisados se portam como se, a incidência dessas coisas fosse um direito seu, a rigor, são um favor Divino. Não o recebermos em vão, seria viver de um modo aprazível àquele que nos gerou.

Mas quando a sina de alguém não parece nada graciosa? Os que recebem filhos especiais, por exemplo, estariam sendo punidos, ou agraciados?

Ante um cego de nascença perguntaram ao Salvador: “... Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as Obras de Deus.” Jo 9;2 e 3

A ideia corrente era que a deficiência do filho seria uma punição a eventuais erros dos pais. O Salvador ensinou que não. Que assim era, para que se manifestassem as Obras de Deus.

Naquele caso, o cego foi curado, o poder e a misericórdia Divina foram manifestos de modo extraordinário. Mas, quando os portadores de necessidades especiais não são curados, seguem assim, são para alguma outra finalidade, ou para que também se manifeste através deles, as Obras Divinas?

Tendemos a ser imediatistas, querermos a explicação simplista, rápida das coisas, mesmo as que têm suas raízes na eternidade. Ora, aquele que foi escolhido para ter um filho especial, o ama incondicionalmente, apesar das limitações dele; é agraciado com a capacidade de amar, um pouco, como Deus ama.

Afinal, diante Dele, todos somos portadores de necessidades especiais. Nenhum de nós, infelizmente, anda direitinho como o Pai gostaria. Sempre Ele precisa nos tolher de certos ambientes onde nos machucaríamos; oferecer o “andador” do perdão, sem o qual não nos manteríamos em pé; e diuturnamente sofre constrangimentos, por nos ver mexer onde não deveríamos. Apesar desses lapsos todos, nos ama; tudo nos faz para nos proteger.

Assim, as Obras de Deus se manifestam através desses escolhidos, ensinando às pessoas de carne e osso, uma centelha do amor Divino que supera lapsos, e se dá, como é próprio do amor, apesar da ausência de méritos, não obstantes, as imperfeições.

Quando O Criador quis que João visse as coisas desde Sua perspectiva convidou: “Sobe aqui.” Apoc 4;1 Eventualmente O Eterno nos convida a subir, deixarmos nosso mirante raso, e vermos às coisas de ponto-de-vista Dele.

Lá, nossa “lógica” perde o sentido; nossas queixas a razão, nossos argumentos, a voz.

Alguém fez um apanhado do Divino tratar em oposição às humanas percepções, que vale a pena citar. “Eu pedi a Deus por força, para que eu pudesse ser bem sucedido, foi e dada a fraqueza, pra eu aprender humildemente a obedecer; eu pedi saúde pra que eu fizesse maiores coisas, foi me dada a enfermidade, para que eu realizasse melhores coisas; pedi riquezas para que eu fosse feliz, foi me dada a pobreza, para que eu fosse mais sábio; pedi poder para que eu tivesse o aplauso dos homens, foi me dada a fraqueza, para que eu precisasse de Deus; pedi tudo o que existe, para que eu pudesse aproveitar a vida, foi me dada a vida, para que eu aproveitasse tudo o que existe; eu não recebi nada do que pedi, mas tudo o que esperei ter; e apesar de mim mesmo, as orações que eu nunca fiz, foram atendidas; eu sou, entre todos os homens, o mais abençoado.”

Não ignoramos que as coisas mais valiosas têm um custo maior. Assim, os pais de filhos especiais carecem nossa solidariedade e compreensão; mas quando tenderem a se sentir preteridos pelo Eterno, repensem. Deus está colocando preciosidades em suas mãos, e conta com os tais para que zelem por elas.

Embora ao simplista olhar do vulgo a sina desses seja uma “cruz”, ao apreço do mundo espiritual, a graça especial de melhor conhecer o Amor de Deus lhes foi antecipada.

Além disso a eterna vigilância que tais situações demandam, tolhe que a sonolência da omissão no pecado os arraste as dores irremediáveis. Como versa certa frase: “A calmaria que nos faz dormir é mais perigosa, que a tempestade que nos mantém acordados.”

Meu desejo é que O Espírito de Deus enriqueça a percepção dos escolhidos para tarefas assim, para que, como exortou Paulo, “Não recebais a Graça de Deus, em vão.”

Do mirante eterno, as dores “insuportáveis” daqui ficarão tênues, perderão seu aguilhão, então: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8;18