sábado, 2 de novembro de 2024

Templos errantes


“Porém, havendo nele algum defeito, se for coxo, cego ou tiver qualquer defeito, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.” Deut 15;21

Os sacrifícios de animais eram, a rigor, incapazes de remover pecados. Entretanto, evidenciavam o estado de alma dos ofertantes; se o faziam de modo piedoso, reverente, testificavam a favor de uma vida que tencionava agradar ao Eterno. Porém, se ofertados de modo relapso, mercantil, numa espécie de pagamento pelo “direito de pecar”, estariam tais mercadores sem noção, “vendendo as cascas do trigo”; oferecendo coisas vis, como se fossem valiosas.

O Senhor não comia as ofertas; antes, os próprios ofertantes, levitas e sacerdotes o faziam. Assim, a advertência para não ofertarem coisas de má qualidade era em defesa do interesse dos próprios adoradores.

Fazendo aquilo de modo relapso, invés de obter perdão pelos erros cometidos, acrescentariam novas culpas às já existentes. “O que desvia seus ouvidos de ouvir a Lei, até sua oração será abominável.”

Aqueles sacrifícios, reitero, não removiam pecados; “Porque é impossível que o sangue dos touros e bodes tire pecados.” Heb 10;4 Mas oferecidos no espírito certo, os cobriam, como que, os devedores assinavam um cheque pré-datado, a espera do que traria os “fundos”, Jesus Cristo.

O sangue dos animais era um rascunho pobre, um tipo profético apontando para necessidades, bem mais altas que aquilo. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus.” Heb 7;26

Para nossa redenção, Seu sacrifício basta; sua eficácia é suficiente e está ao alcance de todos. Porém, Ele nos convida a tomarmos a cruz, para lhe pertencer. A contrapartida do amor por nós demonstrado, requer que “crucifiquemos” às más inclinações em obediência a Ele. Nossa demonstração de afeto requer obediência; “Se me amais, guardai Meus Mandamentos.” Jo 14;15

Nossas vidas segundo suas tendências pecaminosas naturais são “sacrificadas”, para que nossa comunhão com Ele seja preservada. “... ofereçais vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Davi antecipou-se ao que deveras, interessa ao Senhor; “Pois não desejas sacrifícios, senão, eu os daria. Tu não Te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são um espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito, não desprezarás, ó Deus”. Sal 51;16 e 17

Após Cristo, já não há lugar para aqueles sacrifícios. Como a adoração deve ser em espírito e verdade, em qualquer paragem que O Espírito Santo nos mover, podemos adorar. Os servos da Nova Aliança são chamados de “Templos do Espírito Santo.”

Porém, alguns derivam dessa informação, consequências que ela não traz. Está na moda, os “desigrejados” que pelas suas idiossincrasias afastam-se das congregações; muitos, machucados pelos “irmãos” é verdade. A ideia de templo do Espírito alude à dádiva particular de cada convertido. A congregação é um mandamento, “não deixando nossa congregação como é o costume de alguns...” Heb 10;25 “Oh, Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união...”

Jesus virou mesas no templo, quando encontrou no mesmo, desvio de função, mercadores invés de adoradores. Pois, muitos “templos” atuais, também se desviram do propósito para o qual estavam sendo edificados. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios agradáveis a Deus, por jesus Cristo.” I Ped 2;5 

Ora, se somos edificados para que ofereçamos sacrifício, porque deixamos a congregação, quando o sacrifício de alguma vontade ou capricho é requerido? Fomos feitos templos do Espírito, ou proprietários, Dele?
O Salvador virou as mesas pelo profano desvio de função encontrado, então; o que encontra Ele, ao contemplar nossos templos em particular?

Se abandono à congregação porque algumas expectativas não foram atendidas, não estarei colocando minhas vontades acima das Divinas?

Claro que há casos em que não dá para se caminhar junto; sobretudo com lideranças sem caráter. Se algum líder atua de modo que percamos nosso respeito, já não o poderemos obedecer também. Mas, em casos assim, mudamos de congregação, denominação até, para servir sob melhores líderes, invés de, nos tornarmos inimigos da igreja.

Há muitos templos com mesas egoístas onde, mercadores vendem sofismas, camuflagens para o amor ao dinheiro, máscaras para fraudulentas razões, que precisam de um encontro dramático com Aquele que zela pela verdade.

Se na Antiga Aliança, animais com defeitos eram recusados, na Nova, onde a purificação das consciências é o alvo, Heb 9;14, desculpas esfarrapadas para desobediência, não passam de animais cegos, coxos, tentando figurar, onde a perfeição de motivos é necessária.

Ademais, não são os mais santos na média, que costumam debandar; antes, os que pela desobediência se tornam indignos da congregação. “Por isso, ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

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