quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Água suja


“... muitos o verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Salm 40;3

A transformação de um que estava num charco de lodo; clamou ao Senhor, esperou nele pacientemente; foi ouvido, liberto, colocado sobre uma rocha, de onde passou a louvar seu benfeitor. A eloquência da transformação ensejaria que outros temessem e confiassem no Eterno, como expôs o venturoso liberto.

Entretanto, se um exemplo de transformação radical, possui a eloquência superior à das palavras, em muitos casos o mesmo não é suficiente, para convencer quem o observa. E quando se erra o diagnóstico, possivelmente a doença seguirá sem ser tratada.

Não que existência de bons exemplos seja farta; é algo de rara incidência, infelizmente. Porém poucos bastam, como emuladores em direção à virtude, caso, alguém não tema se aproximar dela.

Deparei com uma postagem pessimista que dizia: “É muita falação, muito mimimi, e ninguém é exemplo de nada.”

Me pus a pensar, no que deu origem a esse escrito. É vero que há muito barulho e pouca substância, pois, falar a coisa certa é mais fácil que fazê-la. Contudo se bastasse um bom exemplo para ensejar a adesão de imitadores, isso progrediria ao infinito, pela reprodução automática e sequencial, inevitável.

Em geral, temos exemplos tanto a imitar, quanto a evitar. Os bons, quanto melhores forem, mais tendem a afastar, os que se recusam a andar tão “certinhos” assim.

Quem foi maior exemplo, de andar mais correto que O Senhor Jesus? Foi bem recebido e imitado por isso? A maioria preferia se manter a uma “distância segura”, temendo as consequências; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas porque são feitas em Deus.” Jo 3;20
e 21 

Mesmo que a proximidade com a luz evidencie nossas imperfeições, somos desafiados a isso; “Sede meus imitadores como também sou, de Cristo.” I Cor 11;1

Os maus passos interessam aos de índole semelhante, mais do que os bons. Pois, esses permitem que os ímpios “se lavem com água suja”; enquanto eventuais, bons exemplos, acabam sendo denúncias oblíquas das suas escolhas errôneas.

É mais fácil projetar sobre terceiros nossos juízos, que apontar os mesmos aos nossos vícios; pois, o usual é as pessoas “enfrentarem” erros alhures, não em si mesmas. Alguém disse: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Enfim, as pessoas aplaudem as coisas com as quais se identificam, e criticam aquelas que as incomodam. É uma balela sem noção, supor que alguém seja originalmente bom, mas atue de forma má, vitimado pelos maus exemplos que observa. A Palavra de Deus é categórica: “Como está escrito: Não há um justo; nem um sequer.” Rom 3;10 Assim, o ponto de partida comum é a maldade; somos desafiados ao arrependimento e mudança de vida em Cristo. Embora, exemplos menores tenham lá suas funções, nosso exemplo a imitar é Ele.

Quem tem um caráter estabelecido, mesmo em ambiente hostil à boa índole, segue sendo o que é. De Ló está dito: “Porque este justo, habitando entre eles, (os ímpios) todos os dias afligia sua alma justa, porque via e ouvia sobre as suas obras injustas.” II Ped 2;8 A maldade circunstante não o forçou a ser mau.

Por outro lado, aquele cuja propensão para a impiedade, os descaminhos é seu traço mais forte, mesmo num lugar onde a retidão seja regra, dará um jeito de entortar, segundo seus anseios mais caros; Isaías o denunciou: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem assim, ele aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

Em última análise, pois, é Nele que nossos olhos devem estar, a despeito do que façam nossos semelhantes. O resumo da ópera é: Nascemos todos da carne, portanto reféns das más inclinações; “A inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Fomos desafiados à cruz, às renúncias para receber perdão e novo nascimento; mas bem poucos se atrevem a isso. Lamentar a ausência de bons exemplos é só uma máscara, uma tentativa de justificar às más escolhas, pela timidez e falta de ousadia rumo às boas.

Aquele que aprendeu do Senhor e preza o que aprendeu, ainda que todas as luzes do mundo se apaguem, poderá ver o suficiente. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

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