Nas entrelinhas o verso deixa ver a quais riquezas alude. Contrapõe o justo ao ímpio, lembrando que, os ganhos desse trazem perturbação. Pelo outro lado da moeda, natural a conclusão que os ganhos do justo são abençoados. Esse é o tesouro dele, qualquer que seja o montante.
As coisas que conquistamos em justiça, certamente o fazemos com a bênção de Deus. Essas sempre vêm “vacinadas” contra o vírus das perturbações íntimas. “A bênção do Senhor que enriquece e não traz dores consigo.” Prov 10;22 Perturbações de outra ordem, de origem externa, motivadas pela inveja alheia, não têm a ver com o abençoado; mas com um eventual perturbado que o cerca.
Posses cuja origem não é limpa, trazem consigo a maldição pelo concurso da injustiça. Esse vício tem potencial para danar o planeta inteiro; “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna; por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6
Os transgressores colherão seu plantio; as consequências serão inevitáveis. “Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio dos seus dias a deixará; no seu fim será um insensato.” Jr 17;11 O direito à propriedade é um valor consagrado na Lei de Deus; “Não furtarás.”
As perturbações de quem escolhe a impiedade como modo de vida não são coisas que assomam apenas no fim. Concorrem em todo o tempo, inquietações pela resiliência maligna que recusa se deixar guiar segundo a boa consciência. Assim, quão mais ímpia uma alma é, mais tende a ser movediça, exibindo exteriormente sinais das sujidades que a incomodam.
“Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, as suas águas lançam de si, lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o Meu Deus.” Is 57;20 e 21
Por isso O Salvador fez questão de pontuar a diferença entre a Sua Paz, e a do mundo. Essa pode se firmar em engano, acordos interesseiros, poderio bélico... sempre uma relação interpessoal, institucional, ou internacional, a despeito do caráter de quem negocia; a paz de Cristo, traz a dádiva do perdão, faculta a reconciliação com Deus, sem nenhuma negociata; o perdão aquieta a uma consciência, antes, culpada. O Amor Divino nos é dado, e O Pai espera que correspondamos a ele. “Isto é; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo; não lhes imputando seus pecados e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
A relação de causa e efeito entre a justiça e a paz, não é uma possibilidade ancorada nalguma verossimilhança, nem uma conclusão filosófica de rebuscadas reflexões; antes, é uma verdade expressa com todas as letras. “O efeito da justiça será a paz; a operação da justiça repouso e segurança para sempre.” Is 32;17
Assim, além da boa escolha garantir vida eterna no porvir, também dá seus frutos desde já, nas consequências benévolas que enseja.
A vida eterna, quanto ao tempo, depende da eternidade; quanto à qualidade pode e deve começar desde já, nas sinas daqueles que a desejarem. Paulo aconselha: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo feito já, boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12
O tesouro do justo, pois, independe das posses materiais, é feito das coisas que vulgarmente se diz, “o dinheiro não compra”.
O Senhor aconselhou a agir assim; “Ajuntai tesouros nos céus, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, onde ladrões não minam nem roubam.” Mat 6;20
Paulo aludiu à essa mesma ideia: “Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não nossa.” II Cor 4;7
Mesmo para a prática da justiça, carecemos do poder de Deus atuando em nós; pois, nossa inclinação natural tende para outra direção; “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita À Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7
Enfim, O Salvador nos convidou a entrarmos pela porta estreita; óbvio que não é o mais fácil, que nos convém escolher. Entretanto, não devemos esperar por dádivas de eterno valor, sem custo nenhum. Há uma gama de renúncias necessárias; perder a vida natural, para ganhar à espiritual.
A intimidade com a justiça desde já vai nos treinado pera vermos a Face Divina, nos moldando de modo a sermos semelhantes a Ele; “Quanto a mim contemplarei Tua Face na justiça e me satisfarei da Tua semelhança quando eu acordar.” Sal 17;15
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