“Meu coração ferve com palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei; minha língua é pena de um destro escritor.” Sal 45;1
Duas coisas básicas sobre o nosso coração; a) ele é nascedouro de todas as atitudes. Antes dessas tomarem o devido teatro, passam pelo crivo desse íntimo filtro. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração; porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23
b) aquilo que “ferve” neles, não pode ser ocultado. Mesmo que, por prudência mundana, possa alguém tentar dissimular o que pensa, direta ou indiretamente acabará abordando o que enche seu coração.
Se, “ferve com palavras boas”, como em Davi, eventualmente estará escrevendo ensinos, louvores, profecias, até; sob inspiração Divina. Porém, se a maldade se aninhar em nossos corações, nuances dela se farão visíveis. “Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias; são essas coisas que contaminam o homem...” Mat 15;19 e 20 Pois, “... do que o coração está cheio a boca fala.”
Infelizmente, a imensa maioria dispensa mais tempo e empenho, cuidando das unhas, cílios, cabelos, músculos, pele, que do coração.
Embora, órgão físico, todos sabemos que o “coração” é bem mais que um “motor” de bombear sangue. Refere-se ao centro da nossa personalidade, com pensamentos, emoções e vontades envolvidos. Aqueles que ousam ter Deus como Norte, meditam na Palavra Dele, invés de confiar nos próprios entendimentos, vigiam contra um inimigo íntimo que os pode colocar a perder.
Pois, desde aceita a sugestão maligna de independência, autonomia em relação a Deus, nossos corações tendem a usurpar o lugar que é Dele; o governo das nossas vidas. “Eu sei Ó Senhor, que não é do homem seu caminho, nem do que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23
Não é um fato de pequena monta, colocarmos nossos parcos entendimentos onde deveríamos dar ouvidos ao Eterno. A direção Dele nos chama aos caminhos estreitos, mas espiritualmente seguros; nossas inclinações erram pelo amplo comodismo dos pecados, rumando à perdição. Essa temeridade nos faz incorrer em maldição. “Assim diz O Senhor: Maldito homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço, e aparta seu coração do Senhor.” Jr 17;5 Tal postura, pois, requer uma ruptura com O Criador; “... aparta seu coração do Senhor.” Como foi o canhoto que sugeriu isso, sempre que nos apartamos do Senhor, nos aproximamos dele, do traidor que cega caminhantes, para segar vidas.
O ensino é categórico: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará as tuas veredas; não sejas sábio aos teus próprios olhos, teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7
O profeta Jeremias explica porque, na senda espiritual, a autoconfiança é perigosa: “Enganoso e o coração mais que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá? Eu O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10
O mesmo Davi, quando, invés de “palavras boas”, identificou no caldeirão do próprio coração a fervura de outras coisas, adultério, remorso, vergonha, assassinato, culpa, entendeu que o “carro” da sua vida já não poderia rodar com aquele “motor”, então suplicou: “Esconde a Tua Face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades; cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Sal 51;9 e 10
Basicamente a conversão é isso: Um transplante de coração, onde as nossas más inclinações são mortificadas em Cristo, “Ou não sabeis que todos que se batizaram em Cristo o fizeram na Sua morte?” Rom 6;3
A nossa maneira rasa de entender, pensar, é cambiada em prol dos pensamentos Divinos; “Deixe o homem ímpio o seu caminho e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, que É Grandioso em perdoar; porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8
Nossos vasos carecem o “fogo do Espírito” aquecendo a “Água da Vida” para ferver com coisas boas. “Aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e todos os vossos ídolos vos purificarei; dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo, tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne; porei dentro de vós O Meu Espírito, farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis Meus juízos, e os observeis.” Ez 36;25 a 27 Assim, poderemos adorar ao Santo, com o devido fervor.
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