“Como livres, não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. I Ped 2;16
Uma “contradição” nesse verso. Aconselha que sejamos livres e servos ao mesmo tempo. A ideia vulgar de liberdade é fazer o que der na telha, sem dar satisfações a ninguém. Um servo não pode agir assim.
A liberdade proposta é em relação à escravidão do pecado, “... em verdade em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado, é servo do pecado.” Jo 8;34 a única liberdade possível atinente a isso requer servirmos Jesus. “Se, pois, O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36
O homem natural, simplesmente não pode servir a Deus. “... sem Mim, nada podeis fazer.” Jo 15;5 Mesmo que sinta um anseio interior eivado de boas intenções, não terá forças para cumpri-las, pois, o feitor da perdição, o pecado, dominará seu escravo.
Paulo esmiúça: “De maneira que, não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer o bem está em mim, mas não consigo realizá-lo. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não o faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20 Habita e escraviza.
Mesmo que estejamos convencidos que determinadas atitudes são erradas, que o certo seria deixá-las, essa compreensão no intelecto não basta. É no teatro das ações que evidenciamos a quem servimos. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos, para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou, do pecado para a morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16
Por isso, a primeira dádiva do Salvador, mediante o novo nascimento, visa potencializar ao renascido para a obediência. “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos do Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12
Sermos livres para servir, portanto, invés de ser uma contradição como poderia soar a uma análise superficial, é uma necessidade básica. Uma vez que só os libertos do poder do pecado, podem fazer escolhas agradáveis a Deus, mesmo na presença do pecado, que se insinua mediante as tentações. Agora, em submissão a Cristo podemos dizer não! a elas, e seremos fortalecidos na obediência.
Imaginemos um carro fabricado para funcionar à gasolina que seja abastecido com óleo diesel. Seu dono é livre para abastecer com o que quiser; com água até. Claro que o hipotético carro deixará de funcionar. O mau uso da liberdade do proprietário poria um bem valioso, a perder.
Nossas vidas, pois, são “carros” que foram projetados para funcionar segundo Deus. Cada um pode tentar “funcionar” como melhor lhe parecer. A ilusão de que se pode viver alienado do Criador não passa de uma miragem, derivada da sede de autonomia proposta pelo enganador. Quanto mais o sedento rasteja, mais sua sede se agrava, mais sua escravidão recrudesce.
Alguns ditosos têm suas vistas curadas do engano ainda em tempo; a maioria perde-se, no deserto da sequidão espiritual, apostando todas as fichas na vida terrena, onde confundem o temporário existir, com viver.
Devemos olhar mais longe, se estamos deveras, convencidos, pelas setas que apontam para a eternidade. Paulo sentencia: “Se esperarmos em Cristo só nessa vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19
Pois, se alguns equacionam a conversão com mudar de religião, “Passá pá crente” como dizem alhures, a coisa é muito mais séria que isso. O Senhor deixou claro que sua pregação buscava pelos mortos, e os convidava a passarem para a vida. “Na verdade, na verdade vos digo, que quem ouve a Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade em verdade vos digo, que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem, viverão.” Jo 5;24 e 25
Nossa liberdade, enfim, traz anexa a responsabilidade de atuarmos segundo as diretrizes Daquele que nos criou. “... não tendo a liberdade por cobertura da malícia...”
Quantos tentam grudar suas malícias em rótulos bíblicos, pinçando porções aqui, acolá, enfatizando o Amor Divino e esquecendo outras virtudes, para fazer parecer que, quem ama a todos, aceitaria a tudo, necessariamente.
A Palavra de Deus É a Verdade; a Verdade liberta aos que nela permanecem; esses maliciosos cogitam mudar a verdade, porque se recusam a mudar de vida. Malgrado, falsifiquem vistosas cartas de alforria, seguem escravos, prezando mais seus pecados de estimação que a liberdade em Cristo.
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