domingo, 16 de junho de 2024

Marcas de vitória


“Disse mais Davi a Abisai, e todos seus servos: Meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lhe disse.” II Sam 16;11

Davi destronado pelo próprio filho, Absalão, fugia da cidade, temendo pela vida. Simei, um desafeto da tribo de benjamim o amaldiçoava, dizendo que ele merecia aquilo.

O rei ainda tinha um exército leal, consigo, o que fazia da atitude de Simei, uma temeridade. Tanto que, um dos seus valentes cogitou matá-lo; “Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.” V 9

Ter força para punir uma afronta, é fácil; muitos a têm. Agora, a força da mansidão, domínio próprio ante uma injúria sofrida, é coisa para poucos. O rei bem sabia das suas culpas pretéritas, pelas quais fora avisado que a violência não se apartaria da sua casa; invés de atribuir as maldições sofridas a uma iniciativa temerária e vingativa do benjamita, via nelas, uma porção do Divino juízo. “... Deixe que amaldiçoe, porque O Senhor lhe disse.”

Resignação ante o sofrimento, reconhecimento das próprias falhas são coisa valiosas diante do Eterno. Exercitando-se nelas, Davi confiou que, a Bondade Divina inda o encontraria. “Porventura o Senhor olhará para minha miséria e me pagará com bem, sua maldição deste dia.” V 12

Oportunamente, Deus teve misericórdia dele e foi restituído ao seu reino, cumprido o propósito didático daquele juízo pontual. “... Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará Seu povo.” Heb 10;30

Para os que esposam o suposto “poder da palavra”, resta considerar que, palavra nenhuma, de bênção ou maldição nada pode, contra a Vontade Divina, como, até o mercenário Balaão sabia; “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando O Senhor não denuncia?” Nm 23;8 O que tem poder é A Palavra de Deus; o resto é cisco que o vento espalha.

Ocorre com muita frequência, que, conceitos válidos no escopo espiritual, sejam apreciados por métodos distorcidos, numa anemia de significado que preserva o casulo enquanto joga fora a vida em gestação. Palavras como, “vencer”, são trazidas da arena espiritual para a imanente, o que deturpa completamente seu significado. A maior de todas as vitórias se deu na cruz; onde Cristo bebeu por nós, o cálice amargo de tantas dores.

Vencedores espirituais não são os que se vingam, dobram adversários, impondo seu poder; antes, os que renunciam aos próprios direitos, numa submissão confiante e incondicional ao Senhor, fiéis aos valores, dele, aprendidos. Enquanto o homem natural se jacta de “não levar desaforos para casa”, o espiritual não leva carne e sangue para a “arena” onde, o combate é do espírito.

Ciente do alvo, não sai errante dando golpes no ar, como disse Paulo. “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas contra os principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” Ef 6;12 e 13

Notemos que nossa “ação” no embate é de resistir, não, atacar. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Como a dança só faz sentido para quem consegue ouvir a música, também a luta espiritual só é compreendida por quem anda em espírito. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” II Cor 2;14 e 15

Aprendamos com Davi, pois: Quando desafetos gratuitos, invejosos reles tripudiarem acerca dos nossos nomes, sosseguemos fiados na sabedoria do Senhor; “Porventura o Senhor olhará para a minha miséria; e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia.”

Na verdade Paulo aconselha a irmos mais longe que, apenas sofrer à maldade sem pagar na mesma moeda, diz: “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

Outra vez, a distinção entre a vitória espiritual, e a natural. Não temos que vencer eventuais inimigos; antes, vencer o mal, com uma arma que lhe é letal; o bem.

Vencedores com Cristo não ostentam medalhas, mas, cicatrizes. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gl 6;17

A prioridade


“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, sabedoria, emprega tudo que possuis na aquisição de entendimento.” Prov 4;7

Em geral, vemos a ignorância como o oposto da sabedoria. É o aspecto primeiro e mais visível. Porém, em se tratando da aquisição do saber, em âmbito espiritual, o obstáculo é outro: A vontade. Basta que tenhamos índole incrédula, preguiçosa e o trevoso mor completará seu trabalho sujo: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nesse caso, os oponentes do saber são arrolados na prateleira da insanidade; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 Não são os ignorantes os refratários, mas, os loucos. Um lapso de sanidade moral, espiritual, mais que, de capacidade cognitiva. Desprezar é opção da vontade.

O Criador colocou uma pitada de lucidez na loucura, de modo que, desejando, mesmo os dementes podem abraçar à salvação em Cristo. “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Portanto, os loucos que evitam o “Caminho Santo” perdem-se pela rebeldia não, pela privação da capacidade para entender.

Concorre ainda certa ironia, apreciado o caminho da salvação com suas renúncias necessárias, desde o mirante dos rebeldes reféns do pecado. “... Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18 Nesse caso, a “loucura” deriva da valoração dos cegos espirituais.

A sabedoria não é uma palestrante que dá conferências em demanda por aplausos; antes, é uma senhora discreta, que patrocina atitudes dignas, em demanda por verdade e justiça; “... nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;8

O Salvador denunciou-os: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20 

Dado que, a luz permite ver, recusar a admitir o que vemos, é uma limitação das escolhas, não, das possibilidades. Eis a distinção entre as loucuras! Uma acerta, outra, erra o caminho.

Era busca relativamente comum aos gregos, pelo menos, os mais letrados, com seus sistemas filosóficos vários, sempre tentando entender o porquê das coisas, sua origem, propósito e fim.

Os hebreus, o povo eleito, contavam com a Revelação Divina, com seus rabis e escribas ocupados nela; mais que um desafio ao entendimento, como seriam os postulados filosóficos, trazia uma demanda por obediência, uma coisa com a qual, o ser humano nem sempre sabe lidar. Sua rebeldia quanto à obediência, não raro, era camuflada de ceticismo.

Colocavam Jesus Cristo como oponente a Moisés, ao qual fingiam obedecer. Uma das múltiplas faces da incredulidade, é desqualificar quem demanda crer; a isso atinavam os religiosos coevos do Salvador. A Palavra ensina: “Porque Ele (Cristo) é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3 Era o cumprimento do que Moisés vaticinara, não, adversário.

Os hipócritas preferiam transferir responsabilidade para o mensageiro Divino, exigindo “provas” da sua origem, a analisar os próprios caminhos com honestidade perante a luz, para ver se a cobrança por obediência fazia sentido.

Paulo sintetizou assim: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;21 a 23

A um povo, ou outro, a “receita” é a mesma: Jesus Cristo, Poder e Saber, Divinos, manifestos. Em submissão a Ele, domesticado o que há de pior em nós, a vontade rebelde, Ele fará com que, o demais seja fácil; “Porque O Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, equidade e todas as boas veredas. Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará; a inteligência te conservará;” Prov 2;6 a 11

sábado, 15 de junho de 2024

Filosofia de vitrine


“Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Um próspero do agro tivera uma super safra, e pensava depositar seus bens para folgar por muitos dias. Quando cogitava em seus pródigos planos de vida mansa, lhe foi apresentada a sentença acima.

Parecemos entender o exato lugar das coisas, na prateleira dos valores. Nos colóquios diários, versamos da superioridade do ser, ao ter; da qualidade à quantidade, dos dedos sobre os anéis.

O falar pode ser mero exercício intelectual, para alheio apreço; o que fazemos, em última análise, expõe quais coisas nos são caras. Como não lembrar a sentença de pregadores medievais, em suas diatribes aos hipócritas? “O que és, fala tão alto, que não consigo escutar o que dizes.”

Paulo denunciou uns, cujas atitudes e falas andavam divorciadas; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16 A aprovação deriva da obediência, não, da eloquência.

As ações mostram a quem servimos, não as falas; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Desafiados a por em prática nossas filosofias de vida, não raro, descobrimos que elas são de vitrines. Motejando dos que exageram nos tais “filtros” eliminando imperfeições em fotos, alguém definiu à presente geração, como sendo mui “filtrogênica”; aplicarmos a mesma “técnica” em nossas almas, também poderá “melhorar” nossa figura, aos olhos dos semelhantes; enquanto pioramos ainda mais, pela hipocrisia, diante de Deus.

Está na moda realçar pequenas porções, os chamados “cortes”, onde um palestrante, ou entrevistado, esposa algo de grande relevância, não pela relevância daquilo, propriamente, mas, pelos “frutos virtuais” de um “cristianismo” de performance, invés de compromisso, com a obediência, engajamento espiritual veraz, como nos convém.

Poderíamos por prudência, pegar, cada um para si, a sentença aquela, que acena com o estertor da vida terrena, e demanda pelos frutos que temos. “O que tens preparado?” Noutras palavras, se minha vida terminasse hoje, como eu romperia a fita?

Parece trágico, levar a preparação espiritual a extremos; todavia, é A Palavra que o faz. Sobre a efemeridade dos nossos dias, ensina: “Agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória assim é maligna.” Tg 4;13 a 16

O que se preparara para muitos dias, em acúmulo de posses, sem ter domínio sobre a vida, foi adjetivado como louco.

Em vista disso, A Palavra desafia-nos a uma resposta imediata quando a Voz de Deus, de alguma forma nos alcançar. “Portanto, como diz O Espírito Santo: Se ouvirdes hoje Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3;7 e 8 

Paulo também expôs essa urgência escrevendo aos cristãos coríntios: “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Quanto ao acúmulo de bens, para deixar vultosa herança também é duvidoso que seja a melhor coisa a se fazer. Há um provérbio japonês que diz: “Se o teu filho for mau, ele não merece tua herança; se for bom, ele não precisa.”

Logo, ensinar por todos os meios, especialmente o mais eficaz, o exemplo, para que valorizem mais o ser bons, que, ter bens, seria a mais proveitosa herança a deixar.

Os bilhões em prejuízos causados pelas enchentes recentes, mostram de modo doloroso, quão efêmeros são os bens materiais. O trabalho de muitas vidas foi desfeito de um dia para o outro.

Por isso, embora seja natural e saudável que trabalhemos visando prosperar, os valores eternos devem ser nossa prioridade. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Os bens materiais se exibem na abundância; os espirituais, podem fazer boa figura mesmo em momentos de privação. “... como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Apostasia


“Ai deles, porque fugiram de Mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra Mim; Eu os remi, mas disseram mentiras contra Mim.” Os 7;13

Três aspectos dos apóstatas: Fugiram de Deus; se rebelaram contra O Santo; disseram mentiras contra O Eterno. 

O pecado não é uma coisa inerte, que, se cometendo um ou dois erros graves, possamos “estacionar” ali, sem ampliarmos nossa distância de Deus.

Nas almas onde se aloja, as reduz à servidão, reféns da sua vontade doentia; “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Pecar é mais que mera escolha de homem livre; pode ser assim nos primeiros passos; depois, termina em servidão. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Começa tênue, apenas o abandono furtivo; o desejo de não cumprir o que sabemos ser a Divina vontade, escondidos pós um biombo qualquer; fugiram de Mim. Depois, o desprezo ao relacionamento, preferindo as coisas à sua maneira, tendo como válida a sugestão do canhoto, de decidir por si mesmo, bem e mal. Por fim, após esses dois estágios de afastamento, a “ousadia” cresce; o antes fugitivo e rebelde, se faz adversário de Deus. “... disseram mentiras contra Mim.”

Eis o itinerário da apostasia! que a Palavra de Deus versa: “Um abismo chama outro abismo”.
Nenhuma estranheza, pois, vendo tantos que, um dia batalharam pela fé, não mantiveram a bendita comunhão com O Santo, em tempos de provas; agora ressurgem, defendendo doutrinas antibíblicas, esposando a sina dos desigrejados, atribuindo falhas à Palavra do Eterno. Se afastaram da Luz. O “anjo” que se transfigura em luminoso, já os tem como sócios, de modo que fazem agora, a obra dele, com mais afinco que, fizeram um dia, a do Senhor. 

Desgraçadamente, o vício tem maior apelo que a virtude. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

A vida espiritual é como planta de vaso, que, carece ser regada frequentemente, para que não morrer. Se, deixarmos a meditação na Palavra, a oração em comunhão com O Pai, e principalmente a obediência, veremos uma crassa derrocada; de fujões no princípio, a perversos; depois, adversários de Deus, quando nossa insana fuga já nos tiver colocado sob o domínio de outro “Deus”.

A dependência filial, que não ousa coisas pequenas nem grandes, sem antes consultar O Pai celeste, é um sinal de saúde espiritual, de zelo com entendimento.

Quando alguém começa a se supor mui sábio, apto a decidir as coisas segundo seu próprio intelecto, deixa os verdes pastos, e entra pelos espaçosos caminhos da perdição; por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Sabedor que, o homem com vistosas aptidões naturais, é presa fácil para o orgulho, a arrogância, O Eterno “vacinou-se”: “... não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo, para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

A falta de apreço pelo que temos, em consórcio com devaneios que criamos, tendem a fazer febril a alma humana; levá-la a buscar pela cura, precisamente, nos locais que originam sua doença. Os descaminhos do engano.

Como o filho pródigo, bem podemos alçar voos mirabolantes, devaneando com grandes venturas, para depois dum tempo, voltarmos répteis, nos satisfazendo apenas com pão.

As decepções têm essa veia medicinal, para com aqueles que, mesmo tendo se desviado por um tempo do sadio caminho, não se afastaram por tempo suficiente, pra cauterizarem às próprias consciências; tais inda podem voltar à casa paterna, para, doravante ver as coisas com olhos melhores.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Nos últimos dias


“Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Ped 3;3 e 4

Advertência sobre, como seria a reta final da humanidade antes do Juízo Divino.

Escarnecedores zombando da Palavra de Deus, porque ela “não se cumpre.” Todos os dias vemos isso, infelizmente.

Ontem cruzei com um vídeo, que o autor titulou como: “Religião, rima com desunião.” Vi parcialmente, não tive estômago para tudo. Mas, a cantilena “racional” ia na direção prevista por Pedro.

Não se tratava de um incapaz mental, que, por lapso de conhecimento, coloca os pés pelas mãos, privado de meios para entender. Começou sua fala explicando que religião vem do latim “Re-ligare” pois, religaria o homem com Deus. Verdade, a origem da Palavra é essa. Logo, a única religião verdadeira, a única que religa é a Doutrina e o feito de Cristo no Calvário. Por isso, o “... ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Embora haja milhares de ritos, se dizendo religiões, não passam de simulacros; o lapso humano por Deus, “preenchido” com imposturas, de origem espúria.

Mas, voltando ao “Religião rima com desunião”, de onde o sujeito tirou que os ensinos de Cristo visam unir aos povos? Também apresentou uma lista das mazelas humanas, que não combinam com a existência de Um Deus amoroso, como “prova” que as religiões são meras tentativas de escape, inventos de gente que “precisa” acreditar em algo.

A Palavra de Deus explica onde estão as proverbiais “linhas tortas” pelas quais O Eterno escreveria. “São justas todas as palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento.” Prv 8;8 e 9

Muitos, não entendendo, não se atrevem a admitir; saem a plenos pulmões, propagando a própria ignorância, tentando revestir as suas falhas, com a suposta falibilidade Daquele que É Perfeito.

Deus não pretende salvar o planeta, o sistema como um todo; antes, tirar dele, uma minoria, infelizmente, embora a eficácia da Redenção de Cristo seja bastante para todos. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14

Deus nos fez arbitrários e respeita nossas escolhas; O Salvador convida a todos, mas quantos o querem? “Porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;14

Aqueles que encontraram a “porta” e por ela entraram, deveriam se unir aos outros tantos que a desprezam? 

Embora, ministerialmente sejamos chamados a iluminar, pregar, desafiar pessoas ao arrependimento para que também sejam salvas, no prisma dos valores, somos desafiados a nos separar, dos que adotam como modo de vida, práticas avessas aos ensinos do Mestre. “Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Eu serei para vós Pai, vós sereis para Mim filhos e filhas, diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;17 e 18

Os males do mundo na conta de Deus, ou, na negação da Sua Existência, é outra fuga disfarçada de “lógica” de gente nem sempre ignorante; mas, desonesta intelectualmente, culpando à oposição, pelos desmandos do governo. O príncipe desse mundo é o Capeta, segundo A Palavra de Deus. Portanto, toda injustiça e violência que há na terra vem dele.

Somos chamados em Cristo, para sermos oposição a isso tudo, realçando e preservando as Leis e ensinos do Eterno. Pela afinidade com os “valores” do referido governante, o homem escolhe para si a maldição, malgrado, O Eterno o queira abençoar.

A bênção não é uma coisa solta no ar, que bastaria pegar. Requer uma ruptura com o mundo do capeta, para, enfim, conhecer e cumprir à Vontade de Deus. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; não vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Jesus Cristo não fez o que fez, pela união dos povos, patrocinando o ecumenismo. Somos desafiados a reatar relações com Deus, com Quem havíamos rompido pela escolha do pecado. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Se, a questão é de rimas, podemos seguir na mesma pobreza; obstinação rima com perdição. Não é vontade do Eterno que façamos tal escrita. “O que encobre suas transgressões, nunca prosperará; mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

domingo, 9 de junho de 2024

Lentidão calculada



“Ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo que os profetas disseram!” Luc 24;25

O Senhor ressuscitado apareceu a dois discípulos no caminho de Emaús; eles não o reconheceram. Falavam da sua decepção, porque Jesus Nazareno, poderoso em palavras e obras, fora morto, para desesperança deles. “Nós esperávamos que fosse Ele que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” V 21 Acabou, vamos para casa.

Então, O Salvador disse as palavras acima; que, numa linguagem atual poderia ser dito assim: “Oh, gente sem noção, incapaz de entender o óbvio! Até quando?”

Tardos de coração, ou, lentos para entender. Embora, vulgarmente se tenha o coração como sede dos sentimentos, aqui, o temos como patrocinador do entendimento.

As coisas espirituais, por causa das nossas vontades envolvidas, demandam mais coração, que, intelecto. “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;” I Cor 1;27

Mesmo a resposta a eventuais pleitos perante O Eterno, requer coração, não palavras belas; “Buscar-me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes com todo vosso coração.” Jr 29;13

Quando se diz, “coração” figuradamente, refere-se ao centro de nossa personalidade, âmago da intimidade, envolvendo mente, emoções e vontade. Não, o coração, estritamente.

Por que, em geral, todos somos tardos de coração, para entender as coisas da dimensão espiritual? Porque, não raro colocamos nossas fantasias em lugar da Palavra de Deus. Invés de atentarmos para a Palavra, que diz como as coisas são, ou, deveriam ser, devaneamos com nossos ideais de mundo, a despeito do mundo real gritando aos nossos ouvidos moucos.

Quem jamais ouviu: “Se Deus existe, por que tanta fome, violência, injustiça?” A ideia é que, a existência Dele devesse acabar com todas essas mazelas, automaticamente. O que A Palavra ensina? “A terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as Leis, mudado os Estatutos, e quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Ou, "se Deus É Um só, por que tantas religiões?" A Unidade Divina tanto doutrinariamente, quanto, a exclusividade de Cristo como Salvador estão expressas categoricamente. Da salvação diz: “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6 

Da unidade doutrinária, traz: “Há um só corpo um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Ef 4;4 a 7

A diversidade denominacional não torna o cristianismo “muitas religiões”; antes, uma só, com múltiplas formas e conteúdo semelhante; o mesmo Salvador pontuou: “Porque quem não é contra nós, é por nós.” Mc 9;40

As muitas religiões falsas, que se dizem cristãs, mas deturpam à sã doutrina, também têm sua razão de existir, expressa na Palavra; “... o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros da justiça;” II Cor 11;14 e 15

Não há dúvidas honestas nas pessoas que se refugiam temendo a cruz de Cristo, acanhadas atrás dos seus “porquês”. Visam mascarar sua covardia, seu ceticismo, ou má inclinação, como sendo escolha legítima, sem sequer terem tentado a alternativa proposta pelo Salvador.

Sim, Ele fez um desafio, que, uma vez aceito pode tolher todas as dúvidas de quem tiver honestidade para lidar com os fatos; disse: “... Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17 Basta pagar para ver.

No caso dos discípulos a caminho de Emaús, por alienados do sentido das Escrituras, jogaram a toalha desesperançados. Os néscios de hoje, cônscios do que O Senhor requer para se pertencer a Ele, fogem fingindo escudar-se n’alguma lógica. Nos dias Dele já foi assim; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Não que A Palavra de Deus seja tão elementar, que não haja espaço para dúvidas honestas. Mas, o básico para salvação está ao alcance de todos, sem necessidade de intelectos gigantes, apenas, corações arrependidos, submissos.

sábado, 8 de junho de 2024

O oásis



“Não acrescentareis à Palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que vos mando.” Deut 4;2

Imutabilidade e perfeição são atributos esperáveis de um Ser Onisciente, como O Criador. Se, muda alguma coisa, em relação a nós, o faz em Sua Misericórdia, atento às nossas fragilidades; não por que, algum preceito Seu tenha sido precipitado, imperfeito, carente de alguma emenda. Isso é a segurança dos que se achegam a Ele. “Porque Eu, O Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” Ml 3;6 Esse sistema é líquido, mutante, volátil, inconstante; Ele É Rocha.

Fosse O Eterno dado a rompantes emocionais, iras pontuais, como nós, bem poderia Ele, num momento de rejeição aos nossos descaminhos, irritado, anular Suas promessas, “fechando a conta” a nosso respeito. Todavia, são age assim; “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13

Toda e qualquer emenda à Sua Palavra, por bem intencionada que pareça, visando uma adequação ao presente, dado que, “os tempos são outros”, não passa de uma temeridade profana. Por ousarmos contra algo infinitamente maior que nossos entendimentos, e trazermos O Todo Poderoso, para o nível raso das coisas imperfeitas.

Qualquer advertência para não ousarmos nisso, mais que um zelo pela Integridade Divina, é também, uma cerca para nossa própria proteção. “Toda Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6


Quando determinadas partes da Palavra da Vida, nos soarem obsoletas, incompreensíveis, por questão de noção e prudência, bem faremos em investigar melhor; tanto à Palavra para aprimorar nossa compreensão, quanto, nossas vidas, quiçá, elas careçam de mudanças, como disse Agostinho: “Lendo A Palavra de Deus, encontrei muitos erros; todos, em mim.”

Paulo também abordou as “discrepâncias filosóficas”, entre a humana compreensão e a Divina Revelação: “... sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” Rom 3;4

Em geral, ante à Palavra de Deus, devidamente interpretada e contextualizada, (coisas que eram rudimentares a mesma Palavra aperfeiçoou, ou descartou, na “plenitude dos tempos”) se alguma porção soa muito invasiva, é porque o leitor em apreço deparou com preceitos que o desafiam a deixar práticas pecaminosas que lhe são caras; tão caras, que prefere ousar “atualizando” ao Eterno, a negar a si mesmo.

Embora ame como ninguém, O Salvador foi categórico: “... qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 4;33

A renúncia de tudo não é o PHD espiritual, a maturidade cristã; antes, mero rito de passagem, a matrícula na escola do Senhor, para, doravante aprender como discípulo, os Divinos pensamentos. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Imaginemos um imenso deserto, no meio do qual, há um generoso oásis, que, pode matar a sede de todos os que desejarem. Caso alguém se afaste do tal, e em determinado tempo seja acossado pela sede, terá que voltar; embora podendo portar consigo certa quantia de água, não existe possibilidade de levar a fonte para o rumo em que quer peregrinar. Assim, A Palavra de Deus, nesse deserto de valores, verdade, que se tornou esse mundo alienado da Água da Vida.

Mudando do temporal para o eterno, a sina é similar ao que constatou o filho pródigo após sua prodigalidade inconsequente; “... Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;” Luc 15;17 e 18

Ele não cogitou pleitear por novas regras para herança; tampouco, requerer algum direito “esquecido” mínimo que fosse. Somente, voltou para casa, com a postura correta, humildade e arrependimento. “Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” V 19

À medida que o tempo passa, A Palavra de Deus ficará cada vez mais distante das vontades humanas; pois, tendem ao lixo, mais que à virtude. O fato de O Eterno não mudar, para proteção dos que agem de modo temerário, eventualmente, seria esquecido e “forçaríamos” à mudança Dele?

A mudança deve acontecer de nossa parte. “... perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16