domingo, 19 de fevereiro de 2023

Preço da liberdade


“Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Quando alguém deseja ingressar numa instituição de ensino, além de fazer a inscrição, paga uma taxa estipulada para a mesma, habilitando-se a devida matrícula.

Pois, como vimos, a matrícula para se aprender de Cristo é a perseverança; “se vós permanecerdes na Minha Palavra...”

A alma humana é volátil; como uma criança que vive sonhando com um brinquedo novo. Obtido esse, até se satisfaz, por um dia ou dois, depois, o tal entra para o rol dos “velhos” e outro ocupa o lugar do anseio superado.

Permanecermos na Doutrina do Senhor requer uma constante luta contra nós mesmos, nossa natureza, cuja inclinação se opõe à tal. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Sabedor disso, O Salvador Desafiou quem O quiser seguir, para que comece a caminhada enfrentando ao obstáculo principal; “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Se, só Ele Tem palavras de vida eterna, como disse Pedro, essas nos desafiam à renúncia do modo ordinário de viver; Paulo chamou de “Palavra da cruz”; vejamos: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o Poder de Deus.” I Cor 1;18

Colar o rótulo de cristãos é algo fácil, que a maioria o faz. O cemitério está cheio de sepulcros que trazem uma estrela figurando o nascimento, e uma cruz, a morte de alguém. Quem Veio precedido por uma estrela, e partiu numa cruz, Foi Ele. Então, os que colocam aqueles signos sobre os jazigos dos parentes pretendem identificá-los com Cristo.

Isso é uma decisão pessoal, que cada um toma em vida; após a morte já não há identificação factível. Paulo denunciou uns, que, malgrado a frequência nos ambientes cristãos, recusavam o preço. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.” Fp 3;18

Porque a maioria dos humanos, infelizmente, não apenas não permanece nas Palavras do Senhor; não faz isso nem em relação às próprias palavras. O Senhor ensinou: “Seja, porém, vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5;37

Afinal, o cidadão dos céus é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Quem do Senhor aprendeu um pouco, está em constante combate consigo mesmo, com a própria natureza pecaminosa; quem ignorou às Palavras do Salvador, geralmente combate aos outros; seu alvo não é melhorar, mas prevalecer.

A consequência prometida aos que permanecem no Salvador é a obtenção de uma luz que liberta; “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;32 Se, o agente libertador é a verdade, óbvia a conclusão que, quem aprisiona é a mentira.

Aquela, contada no Éden, que o homem não morreria desobedecendo, antes, seria autônomo para estabelecer valores conforme quisesse.

Embora os pecados da humanidade sejam como as estrelas dos Céus, impossíveis de ser contados, é esse, singular, que incomoda ao Eterno. Quando O Redentor Veio foi apresentado por João Batista, nesses termos: “Eis O Cordeiro de Deus que tira “o pecado” do mundo”. Pecado, no singular, como se fosse apenas um. Aquele, da autonomia suicida proposto pela oposição.

Nossos muitos são remidos por Um só Ato de Justiça, se, nos submetermos aos Ensinos e Mandamentos do Salvador. “... Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” Rom 5;16 e 17

Permanecermos na Palavra Dele, julgarmos a nós mesmos à Luz dos Seus Ensinos, livra-nos do juízo que oportunamente, virá; “Quem Me rejeitar, não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que Tenho Pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

A verdade geralmente nos deixa em maus lençóis; mas o arrependimento e a mudança recolocam as coisas no lugar.

Infelizmente, muitos dos matriculados serão expulsos, por se mostrarem refratários ao Divino Mestre.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tm 4;3 e 4

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

As necessidades


“... vosso Pai Celestial bem Sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Certa vez li algo, onde o autor defendia que as necessidades determinam os valores.

Usou como exemplo um explorador numa aldeia primitiva, possuidora de certa quantia em ouro; se oferecesse em troca do metal, alguns milhares de dólares, a oferta seria recusada.

Porém, se ofertasse armas, cobertores, espelhos e afins, obteria êxito.
Os nativos não necessitavam dólares, sequer os conheciam; mas essas coisas sim. 

Num primeiro momento esse raciocínio me soou lógico, convincente. Mas, como diz no Eclesiastes, “não é dos ligeiros a corrida.”

Pensando melhor, novo aspecto apareceu. Muitas vezes, nossa mais urgente necessidade nos passa despercebida. No caso dos nossos nativos, a carência era de conhecimento e entendimento. Se soubessem o valor do que lhes fora oferecido, teriam aceito; invés de optarem por coisas que, com os bens da primeira oferta, poderiam adquirir cinquenta vezes mais.

As privações relativas à luz é que nos fazem usar “diamantes em fundas”.

Preferindo o comodismo na morte, ao confronto que ilumina, o homem, traidor de si mesmo, se volta contra quem o tenta ajudar, na inglória sina de animal noturno. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Alguns estudiosos categorizam às necessidades como primárias; as que dizem respeito ao físico; alimento, água, procriação; secundárias; que atinam aos anseios da alma; afeto, relacionamento, aceitação, reconhecimento, estima... as coisas do Espírito, intuição, comunhão e consciência, a maioria dos filósofos e psicólogos, pouco menciona.

Embora muitos pretendam harmonizar a psicologia com O Evangelho, eventualmente, tais se mostram antagônicos. Para Abraham Maslow, psicólogo humanista, a autorrealização, estaria no ápice da pirâmide onde valorou as necessidades humanas.

O Evangelho de Cristo, invés de colocar o “auto” no alto, relega-o ao baixo: “Negue a si mesmo”. Invés de nossos mais caros anseios, a vida como Deus deseja; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo Foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Para Deus, nossas necessidades “primárias” são espirituais. “Primeiro, o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Se fôssemos moldáveis pelas adjacências, como disse Ortega Y Gasset, “O homem, é o homem e suas circunstâncias”, em quê superaríamos aos animais?

Não restou grande coisa em nós, após a queda, por causa do pecado; mas, O Criador nos preparou com condições bem mais ricas que os animais; “Pouco menor o fizeste do que os anjos, de glória e honra o coroaste.” Sal 8;5

Não, meros instintos, antes, o entendimento, o exercício da razão no Espírito, deve patrocinar nosso serviço ao Eterno; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

A oposição acoroçoa instintos, enquanto, tenta embaçar entendimentos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho...” II Cor 4;4

A fé que agrada a Deus, desafia-nos à firmeza baseada na Integridade Divina, não no que vemos. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A inversão de valores que grassa, onde autoritários são tidos por democratas, devassos, por expoentes culturais e corruptos, por benfeitores, não é reflexo de uma necessidade; antes, de uma inclinação global, do espírito do mundo, que usa rótulos de pretenso engajamento social unificado, para maquiar a ruptura contra O Ungido do Senhor, Jesus Cristo. “Os reis da terra se levantam os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Como nossos nativos ignorantes do exemplo inicial, outra vez estão os homens desprezando coisas valiosas em troca de quinquilharias pontuais, ordinárias.

Os mortos espirituais que precisam urgentemente de regeneração para a vida mediante reconciliação com O Criador, seguem em guerra contra Ele. Correm após prazeres e afirmação, de costas para o Príncipe da Paz. “Isto é: Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo; não lhes imputando Seus pecados; e Pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Essa geração Tik Tok, avessa à leitura, inepta para reflexão, não ousa além da superfície das coisas, como se as pérolas se extraíssem de cobras d’água.

A presunção pinta titãs onde vivem anões. Tais não necessitam dessas ninharias infantis, tipo, depender de Deus.

“As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.” Saint Exupérry

Taças da soberba


“Todos nós somos como o imundo; todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Na Terra há distinções por “honra ao mérito”, louros aos destaques em determinada área da cultura, ciência, como o Prêmio Nobel; feitos no jornalismo e artes cênicas, música, como o “Troféu Imprensa”, o “Grammy”, Oscar; exaltação à excelência no futebol como a “Bola de Ouro”, etc.

Os “critérios” para eleição dos melhores são confusos; às vezes, interesses econômicos via patrocinadores, favorecimento às empresas onde trabalham os “vencedores”; outras, de domínio mediante a promoção dos alinhados a determinada ideologia, fisiologismos vários... não raro, os que estão no topo trazem à lembrança, Ruy Barbosa, que se referiu ao “triunfar das nulidades.”

A Palavra de Deus é avessa ao aplauso humano, por causa das doenças que enfermam nossas almas. “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

“A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Do ponto-de-vista que conta, perante O Senhor da vida, todos começam no subsolo, gostando ou não. “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;2 e 3

Por isso, a sisuda figura usada por Isaías: “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.”

Geralmente, quanto pior uma pessoa é, mais ela se ofende se for arrolada entre os maus. Parte da sua maldade, a presunção, patrocina seus melindres.

Seguido deparo com uma frase: “Você não precisa de religião para saber o certo e o errado; isso não é questão de religião, mas de caráter.” 

Embora pareça uma ousada defesa filosófica, no fundo é só a reengenharia de uma antiga frase do capeta: “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal”.

Saber do certo e do errado é possível a todos sim, graças a um fragmento do original que permaneceu no homem após a queda, a consciência.

Entretanto, saber do mal, e mesmo assim incidir nele, mesmo contra vontade é a escravidão ao pecado onde erra o homem divorciado do Criador. “Porque o que faço não aprovo; o que quero isso não faço, mas o que aborreço faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 20

Quem não reconhecer que está sob esse rude feitor, jamais receberá a “carta de alforria” assinada pelo Sangue de Jesus Cristo.

Um dos efeitos colaterais de estar amasiado com o pecado é a cegueira espiritual, que, vê pureza onde O Santo contempla imundícia. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Daí, o antídoto à sugestão de independência do tentador: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Não basta saber diferir entre certo e errado. Em geral o homem presunçoso até pratica alguns certos que não lhe incomodam, como se, essa “obediência” lhe desse direito aos errados de sua predileção. Aqueles na vitrine, esses, no fundo da loja.

É preciso negar a si mesmo, abraçar como nossas, as predileções do Salvador. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Além de ampliar nossa percepção para vermos no prisma espiritual, O Salvador faculta poder, aos Seus, para agirem como Ele; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Nem é questão de religião, mas submissão. Ou, isso em Deus, e a vida, ou, mero Faraó embalsamado, cheio de ouro de tolos no sarcófago.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Morreu tá salvo?


“Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e o dos animais vai para baixo da terra?” Ecl 3;21

Essa pergunta busca pela sapiência humana, não por uma informação sobre, para onde vai o nosso Espírito após a morte. Se assim fosse, a pergunta correta seria: “Quem sabe se...” e não, quem sabe, que. Pois, Ele sabia disso, como deixou ver no fim de seu pessimista tratado.

Exortou ao homem a lembrar do Criador nos dias de seu vigor, juventude; antes que, o peso do tempo arrefecesse os apetites e o vigor do corpo e o lançasse nos braços da morte; ilustrou isso como sendo os dias maus, sob o peso dos quais, ao chegar ao fim, “o pó volte à terra, como era e o espírito volte a Deus, que o Deu. Cap 12;7

Não significa, como devaneiam alguns, que basta morrer para passar a estar com O Senhor. O sujeito vive todo tempo impiamente, abraçando e encorajando os vícios; findo o seu tempo de vida, ou, desperdiçado pelo modo errado, imprudente, ao partir, seus chegados dizem: “Foi pro andar de cima”; “Virou uma estrela a enfeitar as noites.” Está melhor do que nós”; será?

Há uma promessa estrelada para alguns, mas, anexa certas condições. “Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.” Dn 12;3

Para os que escolhem a impiedade, não há uma “escada” conduzindo ao pavimento superior. “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Sal 9;17

Quanto a estar alguém melhor que nós, é preciso considerar algumas variáveis. O que significa, melhor? Mesmo se partiu com O Senhor, salvo. Pois, isso não é um aferidor de como nós estamos. Se não era salvo, apenas apagou-se uma possibilidade.

Existe uma diferença entre terminar algo e acabar. Terminar é encerrar, independentemente de como esteja. Acabar é concluir com esmero, acabamento.

Quem partiu salvo, porque terminaram seus dias, mercê de escolhas erradas que fez “antes de Cristo”, sem ter vivido tudo o que poderia, se tivesse se rendido ao Salvador antes, terminou em paz com Deus. Outrem com idade semelhante, mas hábitos melhores, que alonga seu viver por isso, e ainda pode aprender do Senhor e ser aperfeiçoado, tem mais chances de acabar sua obra; não, apenas terminar. Assim, aquele que se foi não está melhor que esse.

Um fato relevante a considerar é que o homem é mais que corpo e espírito; é também alma. Se, o destino inevitável do corpo é o voltar ao pó, do espírito regressar a Deus, o das almas depende das escolhas feitas.

A Palavra exorta sempre rumo ao arrependimento para salvação das almas. O espírito não precisa ser salvo, pois, não peca. Porém, precisa ser vivificado; pois, a insubmissão da alma às suas diretrizes, o mortifica; no caso da sua faculdade mais perceptível, a consciência, cauteriza.

A carne nasce e vive no pecado; é seu habitat; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O novo nascimento regenera em nós, aquele que veio de Deus, o espírito, que tem prazer na comunhão em obediência, não no pecado. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Não se entenda com isso que estou afirmando que um convertido não peca; todos pecamos. Mas, quando o fazemos é nossa alma ou nosso corpo que pecam; jamais, nosso espírito regenerado. Por isso o ensino: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;13 e 14

Essa balela vulgar, tipo: “Também sou filho de Deus; Ele É Pai e não, padrasto;” não passa de um jogo de palavras inconsequente; quem ousa pertencer a Cristo, tem noção do que isso significa: “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele Andou.” I Jo 2;6 Ou, “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor Conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19 etc.

Corpo e espírito têm rumos certos; à alma, apela certo convite: “Vinde a Mim, todos que estais cansados e oprimidos; Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou Manso e Humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo é leve.” Mat 11;28 a 30

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Atores mortos


“... eis que brotavam do mesmo pé sete espigas cheias e boas. E sete espigas miúdas, queimadas do vento oriental, brotavam após elas.” Gn 41;5 e 6

Parte do sonho de Faraó.

De um mesmo pé brotavam sete espigas boas, cheias; após, outras sete, falhadas. O “pé” de onde brotavam aquelas coisas antagônicas eram os fenômenos climáticos e sua incidência sobre a natureza; mas, deixemos isso e passemos a considerar as contradições no âmbito do comportamento humano.

Tiago desaconselhou que erremos nelas; “... nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e amaldiçoamos aos homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e amargosa? Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Tampouco, pode uma fonte dar água salgada e doce.” Tg 3;8 a 12

No tocante à fidelidade ao Senhor, em muitos casos, os lábios eram céleres, enquanto, o procedimento era moroso, quando não, inexistente. Essa brevidade de disposição foi denunciada de modo poético; “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como orvalho da madrugada que cedo passa.” Os 6;4

Noutra parte, O Eterno asseverou que nem isso; nem uma breve disposição havia para a correspondência ao Seu Amor; apenas, uma máscara hipócrita. “... Pois que este povo se aproxima de Mim, e com a sua boca, com os seus lábios Me honra, mas seu coração se afasta para longe de Mim; seu temor para Comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” Is 29;13

Se, como Ensinou O Salvador, pelos frutos se conhece a árvore, qual o ser das que, ora dão espigas boas, ora, falhadas; ou, das fontes que vertem água doce e salgada, em momentos distintos?

Salva uma raríssima ocasião, por questão de uma investigação criminal, por exemplo, por uma brincadeira, um teste, alguém fingiria ser mau, não sendo. A maldade traz um efeito colateral de aversão, afastamento; mesmo os maus, se puderem posarão de bons, para fruir a reputação que a bondade traz.

Então, quando uma pessoa exibe em seu comportamento duas facetas antagônicas, uma assemelhada à virtude, outra, ao vício, em 99% dos casos a bondade é a falsa, a estranha no ninho.

É uma anomalia impensável um hipócrita do avesso; digo, alguém que, sendo virtuoso, pretenda aparentar o contrário. Salvo, em situações pontuais, reitero.

O reino das aparências é enganoso. Normalmente parecem mais maus os bons, do que os maus. Porque esses não vivem no teatro; aprenderam que ser é mais importante que parecer; então, eventualmente assumem lapsos, falhas, contra as quais lutam na busca por aperfeiçoamento.

Enquanto os hipócritas, esses atores, full time, sempre parecem envernizados, com as palavras certas, a postura correta, o discurso agradável.

Entretanto, quando as cortinas das relações interpessoais se fecham, a bruxa “má” da realidade os beija e os príncipes viram sapos, nessa fábula reversa.

Uma coisa que pareceu óbvia mesmo a homens incultos, em idos dias, ainda é ignorada por gente letrada; “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós, do que a Deus;” Atos 4;19

Ouvir a Deus requer de nós, honestidade de consciência, uma postura que se preocupa mais com essa voz interior, do que, com o aplauso humano.

O teatro aplaude aos mortos, a consciência desafia a um retorno pra vida. Mesmo os que creram, se, descuidados forem ignorando a Voz do Espírito que os adverte dos descaminhos, se perdem também. “Conservando a fé e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Vivemos na geração vídeo, onde tudo parece ser para consumo dos olhos. A fé se atreve a chamar seus filhos para uma arena diferente. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

A criação grita aos olhos sobre os Atributos do Criador; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende e claramente se vê pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Sua Palavra completa a revelação chamando à cena ouvidos e coração. Quem a recebe e se deixa moldar, é paciente de uma transformação que salta aos olhos, sem palavras. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

sábado, 11 de fevereiro de 2023

A Árvore perdida


“... sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;5

“Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;7 e 8

A fala procedente do inimigo, tentando seduzir à mulher para pecar.

Depois, o conselho do sábio, Salomão. Fácil a conclusão de que a sabedoria se opõe a Satanás.

O traidor imputou mentira ao Criador; “certamente não morrereis” disse.

A decisão baseada na percepção dos olhos é doentia, temerária; Salomão sentenciou: “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12 Isaías acrescentou: “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;21

Invés de “ser como Deus”, a desobediência fez o homem escolher o mal. “Aparta-te do mal...” Aliás, esse foi o único “ganho” com a pretensa autonomia. O Supremo Bem o homem já conhecia, comunhão com O Criador. O acréscimo foi o conhecimento do mal; escravidão a ele.

A “independência” traz consigo esse peso; submeter quem a segue, a quem está obedecendo. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis... ?” Rom 6;16

Como o inimigo não é onipresente, tampouco, tem consigo bens como, caridade, amor, misericórdia, cuidado, deixou o homem à deriva; entregue a si mesmo, sem acesso ao Criador. Amputou os braços humanos e desafiou a nadar. O máximo que logramos é flutuar de costas; de costas para Deus.

Tal ruptura, invés de um upgrade de conhecimento, não obstante, o que o inimigo tenha dito, continua matando; “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

O temor a Deus que me faria evitar as coisas como se apresentam aos meus olhos, traz consigo um antídoto, ao mal que se instalou na minha natureza caída; a enfermidade. “Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.”

Além da morte, a linha de chegada para quem corre na maratona do pecado, o percurso traz também doenças; sobretudo, as que vulneram à consciência pela certeza de estarmos em inimizade com Deus.

Por isso a promessa: “... o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, pelas Suas pisaduras fomos sarados.” Is 53;5 e a promessa Dele: “Tomai sobre vós o Meu jugo; aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11;29

O cansaço por estar sempre tentando silenciar a voz interior que acusa nossos descaminhos e as dolorosas consequências desses.

Alguns "supercrentes”, por uma interpretação rasa da passagem de Isaías, concluem que os servos de Deus não podem sofrer enfermidades. Afinal, Cristo levou sobre Si nossas enfermidades. Afirmam. Toda doença é do maligno; assim, em sua pretensa autoridade “exorcizam” a todos os males. Se esses obedecessem poderíamos fechar os hospitais.

O texto trata das enfermidades da alma, pois, a consequência da cura, invés de facultar saúde ao corpo, diz: “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele...” Paulo explica: “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19 É possível alguém estar enfermo no corpo e em paz com Deus, são coisas diferentes.

O Evangelho não é hospital, embora, a Graça Divina sempre esteja disposta a curar, quando oportuno, aos que nela confiam. Evangelho é resgate através de alto preço, para reconciliação mediante arrependimento, e regeneração via novo nascimento, em Cristo Jesus.

Ministros do Evangelho não são curandeiros, são serviçais do Mediador; “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cr 5;20 Os sinais que seguem são favores extras, segundo a Operação Graciosa do Espírito Santo. Uma ditosa possibilidade, não, uma necessidade.

Desgraçadamente derivamos num mar de religiosidade oca, na verdade, uma miragem, efeito do duro deserto de conhecimento bíblico e compromisso com O Santo. Um oásis aqui, outro acolá; mas a média é deplorável.

Foram os olhos que ajudaram seduzir ao erro; “Viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos...”

Os “videntes” erram de costas para a “porta” pela a qual a Luz costuma entrar, os ouvidos. Pelo bom uso deles, a Árvore perdida inda nos é dada.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, Dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, que está no meio do paraíso de Deus.” Apoc 2;7

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Jovens e velhos


“Da idade de oitenta anos sou; poderia eu discernir entre o bom e o mau? Poderia ter gosto no que comer e beber? Ouvir a voz dos cantores e cantoras? Por que será, teu servo, ainda pesado ao rei meu senhor?” II Sam 19;35

Barzilai declinando do convite de Davi, que o queria levar consigo para a corte. Os prazeres que a vida por lá teria não tinham apelo, a um homem com oito décadas de vida. Considerou que ele seria um peso desnecessário.

Quer dizer que, os que no auge do seu vigor se esforçam para “curtir a vida”, acertam? Aqueles que são propensos a isso, certamente argumentarão assim.

Entretanto, A Palavra de Deus propõe uma solução diferente. “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias; cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; antes que se escureçam o sol, e a luz; a lua, as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, se encurvarem os homens fortes, cessarem os moedores, por já serem poucos e escurecerem os que olham pelas janelas;” Ecl 12;1 a 3

Figuram várias mostrando o enfraquecimento do corpo, perda dos dentes, da visão... em suma: sinais da velhice. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venha a velhice.

Mas, se os prazeres, em busca dos quais, o homem costuma pecar, não têm mais seu forte apelo nos dias de senilidade, não seria mais fácil renunciá-los e se entregar ao Senhor, então? À uma lógica periférica, que considera as coisas do prisma matemático, sem atentar à complexidade do ser humano, pode parecer que sim.

Ninguém pode abrir mão do que não possui; tal “entrega” de um que desejasse “corresponder” ao Amor de Cristo manifesto na cruz, seria um erro que Davi recusou a cometer, em seus dias; “... pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo.” I Crôn 21;24

Que mérito teria alguém em “abdicar” da promiscuidade, quando a vigor do corpo já o fez? Outrem, renunciar à avareza e seus derivados, quando as posses materiais, às portas da morte mostram sua impotência? Que valor a “consagração” de um que, invés de poder adorar ao Senhor na congregação, apenas pode fazer reles súplicas em um leito onde carece de cuidados, mais do que outra coisa?

Não que O Amor Divino seja mercantil, baseado numa troca; Deus salva tantos quanto Pode, inda no Leito de morte; felizes o que se arrependem durante a última hora; mas, isso é raro.

Pois, a alma é “educada” pelo modo de vida que levamos; a resiliência no erro tende a fazer inda mais estreita à Porta Estreita, para aqueles que recusaram passar por ela em tempo oportuno.

“Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram quando podiam.” Rabelais.

Spurgeon conta que, certa vez viu na casa de alguém maçãs inteiras, dentro de garrafas. Intrigado pensou em como elas poderiam ter entrado, se, o gargalo era dez vezes menor? Seu senso lógico presto imaginou que as garrafas não eram como pareciam; deveriam ter um fundo falso rosqueado como parafusos. Tomou uma, olhou, em busca de uma fenda que provasse sua teoria, e nada. Sua inquietação aumentou.

Porém, num momento futuro, andando pelo pomar disse que viu diversas garrafas amarradas numa macieira. As mação eram introduzidas pelo gargalo quando pequenas e cresciam dentro das garrafas, que eram penduradas nos galhos; era isso que causava a espantosa “impossibilidade lógica", que o intrigara.

Pois, nossas almas, de certa forma carecem do mesmo processo; ser introduzidas no Corpo de Cristo, quando pequenas, moldáveis; “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Quando nosso prazer nas coisas do Senhor se revela mais forte que os apelos do mundo, nem a morte nos separa de Cristo, como tantos mártires já demonstraram.

Os que envelhecem sem Cristo inda poderão ser salvos, graças ao Divino amor; os que o fazem servindo-o, nem ligam para idade. “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que O Senhor é reto. Ele É minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;13 a 15

Se os jovens querem carta branca para os prazeres, têm; junto com outra, cinza, que atina às consequências; “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9