domingo, 28 de março de 2021

Credenciais e louvores


“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Imaginemos, como ilustração, que o livro dos Salmos seja a Cidade dos Louvores ao Altíssimo; este, pela posição estratégica que ocupa seria o pórtico de entrada. 

Como os pórticos costumam ser temáticos, trazendo algum aspecto relevante na geografia, economia ou cultura locais, assim esse, destaca as qualidades que devem ter os que pretendem ingressar nas paragens dos louvores Santos.

Uma opção teórica; conselhos, ou ensinos; uma escolha prática; modo de ser, caminho; por fim, um lugar de convívio social, lazer; uma “roda” da qual fazer parte, ou não.

Um equívoco comum entre os que professam ser cristãos é confundir serviço com o relacionamento que devemos ter com O Pai, mediante Cristo. O risco é reduzirmos O Eterno às nossas tolices efêmeras, que, eventualmente se impressionam com encenações mais que, com a realidade.

De outro modo: É enfermiço imaginar que O Santo prefira cultos, meramente, antes que integridade; ou louvores, que a prática da justiça. Nosso culto deve ser consequência da relação, não a causa.

Temos exemplos antigos de gente que não se importava com os valores celestes, mesmo assim era religiosa, ativa em cultuar; O Eterno protestou: “De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, da gordura de animais cevados; não me agrado do sangue de bezerros, de cordeiros, nem de bodes... Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos atos de diante dos Meus Olhos; cessai de fazer mal.” Is 1;11 e 16

Parece que a artimanha de trair e depois levar um buquê pra aplacar remorsos diante do Senhor não funciona.

Através de Amós também desprezou a hipocrisia que chamavam culto; “Odeio, desprezo vossas festas; as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. Ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como águas, a justiça como um ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

O conselho dos ímpios, pois, faz parecer válida essa encenação que se prolonga ante o silêncio de Deus; mas vem a hora em que Ele julga e expõe. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que Era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos”. Sal 50;21

A Glória que Deus recebe vai além de palavras; tem a ver com nosso modo de vida segundo Ele; “andar na luz” par haurir a eficácia de Cristo. “Aquele que oferece o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena seu caminho Eu mostrarei a Salvação de Deus.” Sal 50;23

Por fim, o convívio social dos santos, a “roda” que eles devem formar também traz esses traços refratários à hipocrisia, de modo que, o de falas fartas e viver ímpio dever ser evitado por nocivo ao convívio.

“Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou os roubadores, ou idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;9 a 11

Como vemos, pois, a “roda dos escarnecedores” bem pode ser “gospel”. Afinal, os nomes que esposamos não definem necessariamente, nosso ser; “... Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apoc 3;1

Notemos que O Senhor não diz: “Eu leio teus rótulos;” antes, “Conheço tuas obras.”

A rigor, o louvor que O Poderoso mais aprecia nem vem diretamente dos Seus filhos; mas, dos que O Podem ver espelhado no agir deles; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Assim como para ingressarmos no estrangeiro carecemos o visto das autoridades locais, quem quiser migrar para louvorlândia, carimbe antes o passaporte no guichê do Jugo de Cristo, a cruz.

“Louvar” a quem recusamos servir, acaba sendo profano. Quem ousar nas coisas santas deve saber a diferença entre uma e outra. “Mediu pelos quatro lados; havia um muro em redor, de quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o santo e o profano.” Ez 42;20

sábado, 27 de março de 2021

Pães Velhos


“Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele (Deus) da tua mão?” Jó 35;7

Defesa dos Motivos Santos Divinos, feita por Eliú; ao demandar que Seus filhos sejam justos Ele o faz por amor à justiça, não por algum motivo raso, tão comuns nas “defesas virtuosas” humanas.

O mercenário realça a importância de sermos fiéis, quando, a nossa fidelidade lhe significa alguma vantagem. Há tantos “Profetas” virtuais entregando grandezas de plástico e profanando ao Santo, que a coisa nos envergonha; talvez seja por isso que vivamos um raquitismo espiritual tão grave.

Invés dos venturosos que evitam conselhos ímpios, caminho dos pecadores e a roda dos escarnecedores, para meditar na Lei do Senhor, temos os “grupos de profetas” mediante os quais “O Senhor” sempre oferece grandezas e vitórias incondicionais.

Os incautos que trocam o “Pão do Céu” por isso, natural que apenas acrescentem pecado a pecado.

Além de andar mal após inclinações do perverso coração, ainda se fazem consumidores de drogas espirituais em cujas embalagens figuram muitas profanações. “O Senhor me mostra alguém que...” O Pai não fala com “alguéns” Ele disciplina e abençoa Seus Filhos e o faz segundo Sua Palavra, não segundo cobiças de mercenários.

“Não mandei esses profetas, contudo foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

As virtudes preceituadas Pelo Eterno visam regenerar; após, melhorar as relações interpessoais; assim, nossa relação com Ele também se faz sadia. Pois, a equidade resultante seria a “vantagem” anelada pelo Senhor. “Tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” V 8

O quê será que há de errado com a Divina Palavra, que tão célere a trocamos por essas fraudes vulgares? “A lei do Senhor é perfeita, refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19;7 a 9

Com essas qualidades todas na Palavra, talvez sejam nossos paladares que estão estragados e já não possamos diferir o sabor dos ricos manjares celestes, os quais trocamos por gororobas humanas. Outrora já foi assim; “Dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.” Is 30;10

Esses dias de rejeição do Senhor por predileções naturais foram figurados no Êxodo já, quando, o povo chamou ao Maná de “alimento vil” em lugar do qual, desejou carne.

Uma das qualidades dos Mandamentos Divinos é que eles “alumiam os olhos”; e poder ver melhor a si mesmo quando não se está bem na foto, assusta ao homem natural. Foi assim quando da vinda de Cristo; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.”

Então, em lugar da reta mensagem que chama da morte para a vida, os que escolhem doutores segundo seus paladares adoecidos contratam os préstimos de maquiadores de defuntos, como se, certo arranjo circunstancial nas faces mortas lograsse a proeza de trazer vida. Esse “milagre” nem Deus pretende; antes, ensina: “... ninguém vem ao Pai senão por Mim." Depois propõe a questão: “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Embora nossas ações, justas ou ímpias, se reflitam sobre o semelhante, inicialmente, até nosso falar passa pelo crivo celeste. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele...” Ml 3;16

Desse modo, o homem prudente, ensinado pelo Eterno, embora saiba ser necessário ter ainda a Terra com teatro das suas ações, há de escolher os valores celestes como fiadores das mesmas; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

Pois, se é certo que nada podemos contra Deus, exceto, entristecê-lo frustrando Seu Amor, ou, irá-lo até, profanando Seu Santo Nome, pautando nosso viver pela Sua Vontade, não teremos medo da luz; nem carecermos desses pães bolorentos que o inimigo produz com rótulos roubados.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Campeões de Deus


“Então, também Eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.” Jó 40;14

O advérbio, “então” refere-se a determinado caso, ou, momento. As palavras acima são de Deus, que, após propor a Jó algumas tarefas Divinas, disse que se ele as executasse, O Próprio Criador reconheceria que o desafiado poderia salvar a si mesmo.

E olha que Jó era um do qual O Mesmo Senhor dissera que era reto, temente Deus que se desviava do mal.

Acontece que o mais alto padrão de justiça humana ainda fica mui aquém dos parâmetros Divinos. Isaías chutou o pau da barraca: “Todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Mesmo que sejamos justos em nossas relações interpessoais, e devemos ser, ainda estaremos distantes das aspirações do Santíssimo. O salmista expressou nossa impossibilidade redentora: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Esse valor, entretanto, não se mensura em bens, riquezas materiais ou mesmo, justiça horizontal; pois, nesse caso, um justo como Jó serviria para desfazer o mal feito por Adão.
A demanda celeste era “um pouco” mais alta.

Buscou para o Sumo Sacerdócio um, “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;16, 26 e 27

Gostemos da assertiva ou não, os melhores de nós não passam de meros layouts; esboços grosseiros da arte final almejada por Deus. “Os melhores homens que conheci, - disse Spurgeon - estavam sempre descontentes consigo mesmo, em busca de algo que os tornasse ainda melhores.” Eis uma virtude que Deus preza: Humildade, reconhecimento de nossas imperfeições e concomitante anseio por aperfeiçoamento.

Afinal, nosso parâmetro proposto não é Jó, malgrado sua retidão; antes, Cristo, Sua Justiça e Santidade. “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Um dos traços mais marcantes da Estatura Espiritual do Senhor era sua capacidade de manter-se Íntegro, Santo, em meio às controvérsias. Nós, por nossa natureza frágil e comodista tendemos a querer facilidades, mesmo em ambientes adversos.

Os vencedores da Terra ganham coroas, faixas, troféus, medalhas... os do Céu, chagas, perseguições, calúnias, ódio... Nossa vitória, enquanto na Terra, não consiste numa chegada, antes, numa travessia perseverante.

Quantas vezes contemplamos alguém sofrendo por causa da justiça e “ajudamos”: “Confie, vai dar tudo certo”. Ora, quem sofre injustiças, perseguições, danos, e não abdica de seu temor a Deus, da prática das melhores obras, não carece que “dê tudo certo”, para tal, já deu. Cristo vence nele!

Uma canção cujo autor ignoro traz: “Um campeão se mostra na derrota”. Não sei qual a luz espiritual tem quem escreveu; mas, se refere-se aos campeões de Deus, com certeza, disse muito bem. Aquilo que soa derrota aos olhos naturais é o triunfo dos de visão espiritual. Foi no auge da “derrota” que o Campeão do Campeões disse: “Está consumado”. Eu venci, acabou.

Paulo, na iminência de sua execução, invés de portar-se como perdedor, sua despedida foi de um grande campeão: “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual, o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas, a todos os que amarem Sua vinda.” II Tim 4;6 a 8

Em momento algum rogou pela sua vida; antes, descansou seguro na Justiça de Deus, mesmo em face à morte. Vencedores assim são os mais eloquentes. Nenhum deles carece sair apregoando que venceu, pois, a própria vitória se encarrega de exibir isso em alto relevo na rocha do testemunho.

Em suma, a justiça própria é incapaz, como Deus dissera a Jó; mas, a de Cristo imputada aos Seus, satisfaz ao pleito dos Céus. Nossa justiça é necessária, como servos que obedecem; porém, redentora é apenas a Dele, a do “Senhor, Justiça Nossa.”

domingo, 21 de março de 2021

À prova, pelo quê se aprova

“... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

A tendência natural do homem é justificar-se mesmo no erro, jamais condenar-se; quando não pode isso, não raro, transfere a culpa, como no incidente do Éden.

Então, quando A Palavra adverte da possibilidade de alguém condenar a si mesmo, usa um modo oblíquo de dizer que o tal aprova coisas reprováveis.

Contudo, o cidadão dos Céus seria um, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4 Em oposição ao réprobo temos O Senhor, e óbvio, Seus Estatutos, Ensinos.

É comum vermos desfilando nas redes sociais um reducionismo idólatra, onde de um lado estaria Bolsonaro, do outro Lula. As pessoas seriam meros “torcedores” tentando desqualificar um, promover outro.

Ora, há toda uma carga de valores morais, espirituais, no pacote que excede em muito às pessoas que os representam.

Lula vem de uma corrente ultra corrupta, que defende perversões sexuais de toda ordem, profanação religiosa, ateísmo, drogas, aborto, etc. (pensar que há cristãos que o aprovam)

Bolsonaro, malgrado seus muitos defeitos, defende valores como família, Deus, pátria, probidade... então não se trata de duas pessoas meramente, mas de tudo o que significam.

Esses discursos rasos tipo, “no tempo do Lula tinha dinheiro, gasolina custava tanto...” deriva de mentecaptos, gente incapaz de juntar dois mais dois.

As variáveis econômicas dependem de fatores internacionais, ora favoráveis, ora não; quando o governante tem um viés populista e desonesto como alguns, bem podem maquiar fatos para fingir que tudo está bem quando não está. (Eis pedaladas fiscais senhora Maria Flor)

Uma pessoa honesta, por outro lado, assumirá a realidade como é, de modo que seu senso de dever e valores superará o anseio de agradar, simplesmente. 

Nas filosofias de botecos todos esposam que preferem acres verdades à alegres mentiras; mas, “na prática a teoria é outra” como dizia Joelmir Betting.

Aqueles “cujo Deus é o estômago”, invés de pautarem suas aprovações ou reprovações pelo valores caros a Deus, morrem pela boca prostituindo-se por nacos de pão; “... mordem com os seus dentes e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” Miq 3;5

Para esquerdistas, exemplos fartos mostram que o poder conta, não os fatos. Se um deles manda, como em Cuba, Venezuela, é uma “democracia”, mesmo sendo crassa ditadura; onde um desafeto governa, como no Brasil, é “Fascismo” mesmo sendo o resultado das urnas.

Vivem como se, narrativas mentirosas mudassem fatos. Ora, podemos mudar os rótulos; os produtos seguirão sendo o que são. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

Quem disse que podemos aprovar ou reprovar ao bel prazer foi o inimigo. Para O Criador, o mal segue sendo o que é, apesar dos afetos dos defensores da maldade.

Dos cristãos se espera que tenham “A Mente de Cristo”; isso não se dá por um transplante de órgãos. É preciso ser convencido pela Palavra, de modo a mudar as inclinações naturais em favor dela. “... torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se alguém diz: ‘Fulano rouba mas faz’, está a dizer que não se importa de servir ao ladrão; seja esse do tamanho que for, é um representante do ladrão mor; e “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir...” Jo 10;10

Assim, aprovando tais coisas eu condenaria a mim mesmo, por deixar que minhas doentias predileções superassem À Vontade Divina.

Embora o preceito demande sacrifício do corpo, de certa forma também a alma que se inclina aos ventos do mundo precisa negar-se, caso desejemos mesmo, haurir da aprovação celeste; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Aos avessos a Deus o que se pode fazer? Mas, dos que tomam Seu Nome e Sua Palavra, desses Ele espera que aprovem apenas as coisas que Ele aprova. “Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos” Sal 50;18 e 21

“Filho Meu, se aceitares as minhas palavras... Então entenderás o temor do Senhor...” Prov 1;1 e 5

sábado, 20 de março de 2021

A vereda da vida


“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26;7

“... Porque os caminhos do Senhor são retos; os justos andarão neles, mas os transgressores cairão.” Os 14;9

Figuras fiéis da Integridade Divina; ora, Seus Caminhos são planos; sem acidentes verticais; ora, são retos; sem desvios laterais.

Quando se diz que Deus escreve certo por linhas tortas, significa que Ele interagiu conosco; Sua Escrita segue fiel; as linhas são por nossa conta.

Por isso quando da Sua busca pela humanidade para regeneração, Seu precursor começou a abordagem justo pelo “relevo” acidentado. “... Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” Mat 3;3

Não significa que então, ou agora, se possa fazer tal proeza sem auxílio Dele; o desafio de João era antes um convite ao arrependimento para que, desde então, os arrependidos fossem conduzidos mediante O Caminho, por veredas de justiça.

Mais ou menos como se deu com Ezequiel; O Senhor deu-lhe uma ordem; Seu Próprio Espírito ajudou a cumpri-la; “Disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

Nosso desafio é como certo preceito que está nos Provérbios: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

O combate se intensifica cada dia, pois, como aqueles coevos do Salvador que “amaram mais as trevas que a luz,” assim segue o mundo cada vez mais alienado da retidão, em busca de emoções fortes na “montanha-russa” dos desejos da natureza perversa.

A inversão de valores tão cara ao príncipe desse mundo e aos seus faz parecer que os caminhos tortos são retos, e vice-versa. Quem não guardar em si porções significativas do “bom depósito” corre risco de naufragar no mar de lama que cobre a terra.

Cada dia fluem mais céleres as águas dos vícios que, mediante tecnologia têm seus meios acelerados; a inversão de valores se ocupa de justificar seus fins.

Dias sombrios antevistos por Isaías; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59;14 e 15

A gente acaba se cansando de protestar contra injustiças pontuais, ao constatar que as mesmas parecem regra; os “grandes” da terra estão cada vez menores; os pequenos, em ampla maioria embasam os feitos dos maus, legítimos representantes dos que esposam os mesmos valores. “... enfraquecem os mais altos do povo da Terra. Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna.” Is 24;4 e 5

A “mudança de estatutos” não é uma coisa tênue, de difícil percepção; antes, Francisco, o argentino “representante de Deus” tem viajado pelo mundo validando todos os credos, por avessos que sejam À Palavra de Deus. Se, O Salvador ensinou que devemos trilhar pelo “Caminho estreito” agora em nome do ecumenismo ele está ampliando tal caminho e deixando semelhante à Avenida Nove de Julho de Buenos Aires.

Nesse balaio de gatos tenciona cruzar pombo com crocodilo; falam até em “Crislam” que seria uma religião mundial fundindo cristianismo e islamismo numa só tendo as menores como satélites.

Não importa a quais desdobramentos isso nos leve; no fundo, trata-se do mesmo incidente inicial de quando se deu a queda; Deus facultou liberdade ao primeiro casal, com limites, reponsabilidade; a oposição pregou seu vale tudo e prometeu bens que não possui.

Como o homem natural se apega aos esportes radicais, essa coisa de caminho plano, reto, parece sem atrativos; seu negócio é ousar. Suas proezas consistem e buscar novidades; a nossa, exibir traços do novo homem, em Cristo, não importa se soa antiquado a eles; importa que brilhe; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Aas mesmas coisas que parecem velharias aos que correm atrás das sombras têm sabor de pão novo, aos que conhecem a vereda da vida. “... todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Não adrenalina que turva a vista; carecemos da paz de Cristo que alumia. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

quinta-feira, 18 de março de 2021

O inimigo mais duro


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Um dos textos favoritos em autos fúnebres, sobretudo, quando parte um que serviu a Cristo. Assim, grosso modo subentende-se que o tal combate adjetivado como bom, é o mero fato de alguém professar fé cristã. Contudo, ouso propor que não é tão simples assim.

A qual combate somos desafiados? É comum vermos pessoas com austeras diatribes contra o inimigo, alguns se atrevem contra a miséria, desemprego, enfermidade... seu modo de atuar, reflexo do crer, deixa entrever que esse tipo de combate ocupa seus esforços.

Paulo usou como figura daqueles que erram o alvo do devido embate, o “dar golpes no ar”. Esforçar-se sem propósito, ou com o propósito equivocado.

Lembro um incidente de outrora; um culto no qual eu deveria pregar; o dirigente abriu o mesmo numa “oração” que parecia um ato de exorcismo; expulsou todo tipo de demônios, ordenou que os tais saíssem, “soltassem às mentes” dos presentes então, etc.

Quando me coube falar procurei as palavras para não ferir; mas, adverti que nosso culto é Ao Senhor; a Ele devemos orar; o inimigo não é convidado; mas, se vier será desmascarado; O Senhor tratará com ele.

Lembrei disso a propósito da figura do que dá golpes no ar; dez minutos de oração que poderia ser dirigida ao Senhor em adoração, confissão, súplicas que foram perdidos falando indevidamente com quem sequer deveria estar ali.

De igual modo, combatermos vicissitudes cotidianas, ou mesmo dirigir impropérios ao inimigo, invés de encetarmos o “bom combate” que A Palavra de Deus ensina.

Quando os grandes combatentes pretéritos são expostos numa galeria que usamos chamar de, “Heróis da fé”, seus feitos, martírios até, são expostos como o preço que pagaram por serem santos, fiéis ao Eterno em meio a oposições; “homens dos quais o mundo não era digno.” Heb 11;38

Cotejando suas tribulações violentas com as nossas, o autor faz ver que nosso combate anda não é tão intenso quanto foi o deles; se bem que, devemos lutar na mesma arena; contra o mesmo adversário, digo. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 

Dizer a Herodes que não era lícito possuir sua cunhada, por exemplo, custou a cabeça a João Batista. Às vezes a chamada de um homem íntegro requer que o mesmo se perca, para que a verdade, não.

Quando disse que buscava o devido alvo para seus golpes, Paulo também fez ver que a má inclinação humana, a nossa tendência pecaminosa carnal deve ser combatida, mortificada, por quem desejar um cristianismo genuíno; no caso dele, um ministério probo também. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar; antes, subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo, não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Quando os exércitos humanos preparam seus combatentes treinam-nos em batalhas imaginárias munição de festim e exercícios o mais próximo da realidade possível; ainda assim, é uma guerra de mentirinha; sisuda é a realidade quando, os corpos dos colegas começam a cair despedaçados ao seu lado num combate à vera.

Assim, nossa formação espiritual tem seu “festim” no aprendizado teórico das virtudes que devemos desenvolver; porém, sãos as provas do dia a dia as calúnias, perseguições, violências, maledicências, mortes, que nos imergem no calor das batalhas reais, dentro das quais devemos vencer o bom combate contra o pecado, mesmo em circunstâncias tão adversas.

Não é nos púlpitos, como nos apresentamos nas igrejas que exibe nossa essência; antes, como nos saímos na prova de fogo das tentações, cotidianas, que mensura com qual matéria prima nosso “templo” é feito; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Quando A Palavra ensina que cada um dará conta de si mesmo a Deus, Rom 14;12, tem a ver com termos lutado o bom combate ou não, pois é às nossas más inclinações que somos desafiados a vencer em Cristo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9