segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Nossa ingratidão diária


“Respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? Onde estão os nove?” Luc 17;17

Jesus curara dez leprosos. Apenas um, samaritano, voltou glorificando a Deus agradecido. Os demais sumiram. Ingratidão é um mal comum no seio da humanidade caída, infelizmente.

Um homem maduro não há de pautar o que é pelo que os outros são. Às vezes deparo com queixas tipo: “Que triste saber que pessoas que ajudamos estão falando mal de nós.”

Não digo que não seja triste; mas, “dos ímpios procede a impiedade”; ao ajudarmos um que é assim, natural que siga sendo o que é; eventualmente seu ferrão se voltará contra nós também, se, lhe parecer oportuno. Quem fala mal de terceiros para nós certamente o fará, de nós para terceiros.

Uma faceta é preciso considerar também; em muitos casos as pessoas agem mal. Daí, os que “falam mal” nada mais dizem que a verdade; embora pudessem ser lenientes e silenciar para com lapsos de que lhes ajudou, quando a agimos mal a culpa é mais nossa do que de quem reporta nosso agir.

Pois, quando decidimos ajudar alguém fazemos apenas isso; não contratamos um marqueteiro para que faça propaganda de nossa “bondade”; tampouco mercadejamos como se, nossa boa ação demandasse recompensas; na verdade, a Palavra preceitua que façamos assim até mesmo para com os inimigos; “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

Notemos que o efeito colateral de agir assim para com eventuais desafetos será “amontoar brasas sobre suas cabeças.” Ou seja: Inquietar seus pensamentos na tentativa de entender como, nós sendo seus inimigos agimos assim; quiçá o tal repense os motivos da inimizade, e a relação progrida para uma reconciliação, até.

Quem foi mais vítima de ingratidão que O Salvador? Entre os incendiados pelo Sinédrio para gritar: “Crucifica-o, crucifica-o!” certamente estava gente que Ele curou, tantos que ensinou, que comeram pães e peixes multiplicados por Ele.

Na agonia da cruz, ao manifestar sua sede deram-lhe vinagre. Mesmo assim, no auge da dor orou: “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem.” Isso foi mais que amontoar brasas, um incêndio sobre Seus algozes.

Paulo por ter sido partícipe no martírio de Estêvão, vendo ele também orar por seus verdugos, carregou um peso muito grande de humilhação, após convertido. Há quem diga que o “espinho na carne, o mensageiro de Satanás” que o mantinha humilde era a lembrança disso; dizia-se o menor dos santos pelos males feitos a eles; indigno de ser chamado apóstolo.

A prática do bem é o mínimo que se espera de alguém que pretende servir a Deus. Todavia esse deixa de ser, se for maculada sua essência com o concurso de algum interesse mesquinho. De outro modo: Se, faço o bem por interesse, recompensa, ele se torna mal; apenas um elemento comercial, um meio de escambo onde mascaramos nosso egoísmo com vestes de altruísmo.

Pensar que há “Igrejas” ensinando isso, dizimar não como gratidão pelo recebido, amor à Obra de Deus; mas, como “investimento” pra obter lucros; de igual modo, fazer grandes ofertas. Os que ensinam assim amontoam brasas sob seus pés; reservam para si um espaço no inferno.

Sendo a salvação pela graça, não requer o concurso de obra nenhuma; mas, da verdade sim. Essa, sobre nós mostra quem somos; consequentemente, de quê devemos nos arrepender; sobre Cristo, Quem Ele É; digno do senhorio sobre nossas vidas, doravante.

O fato da salvação não ser lincada às boas obras não as elimina; apenas define seu lugar em nossas vidas. É nosso dever. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Não dependem de eventual gratidão das pessoas por elas beneficiadas, mas de nosso reconhecimento pelo que Cristo fez por nós.

O Salvador ensinou que quem fizesse algo mínimo que fosse, a um dos Seus servos, de certa forma a Ele faria;
Nós, os convertidos, fomos por Ele curados de lepra também, o pecado.

Fazermos o que prescreveu é o mínimo, para demonstrar nossa gratidão pela cura, que tão alto preço lhe custou.

Vencer o mal com o bem é fazer esse, sem preço, apenas por amor; “... Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus; porque faz que Seu sol se levante sobre maus e bons; a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

O tribunal fora-da-lei

“O sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o azeite da unção, consagrado para vestir as vestes, não descobrirá sua cabeça nem rasgará suas vestes;” lev 21;10

“Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Ouvistes agora sua blasfêmia.” Mat 26;65

Toda a autoridade delegada deve atinar aos princípios e propósitos de quem a delegou. No caso de um sumo sacerdote, Deus.

Deveria ser como uma “embaixada” do Reino, onde, quem não soubesse poderia aprender sobre o Eterno. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2;7

Natural esperar-se dele, luz referente às coisas Divinas, não uma postura obtusa, passional, quiçá, ilícita.

Foi a outro que cometeu erro semelhante que Paulo denunciou, aliás; “... Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir?” Atos 23;3

Quando o sumo sacerdote que “julgava” ao Senhor rasgou suas vestes, deixou patente certo desequilíbrio emocional, como se sua “justiça” tivesse um quê de pessoal, não derivasse das Leis Divinas.

Quando inclinações particulares entram em cena, normalmente a justiça sai cedendo assento à vingança, perseguição.

Sabedor desse desiquilíbrio humano O Eterno reservou a si essa prerrogativa; pois, dada Sua Ciência e Poder, não sofreria abalos que prejudicassem à justiça; “... conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor. Outra vez: O Senhor julgará Seu povo.” Heb 10;30

A própria existência de leis escritas atina a isso; evitar que calores momentâneos de humanas propensões patrocinem casuísmos ou, injustiças; a frieza da Lei limita e prescreve a postura desejável, bem como, eventual punição por transgressão.

Tratando-se de leis meramente humanas, Montesquieu desenvolveu a ideia da tripartição do poder; um para gerir, o Executivo; outro fazer leis, o Legislativo; e outro intermediário, arbitral pra fiscalizar o devido cumprimento das leis, o judiciário. Isso permeado pela harmonia e independência entre os poderes; vetada a ingerência de um, onde a competência é do outro. Em sistemas democráticos, óbvio.

No absolutismo e ditaduras uma cabeça decide e as demais obedecem.

No Brasil a instância maior do judiciário é o STF; cuja função prioritária é ser guardião da Constituição Federal. Se, alguém tomar uma atitude qualquer que fira nossa Carta Magna, cabe àquela Corte, interferir para coibir a violação da ordem estabelecida.

Entretanto, nossos bravos juízes entenderam errado o sentido de “Corte”; pensam ser onze reis. São os primeiros a cometerem violações; usurpam funções do Congresso legislando sobre o aborto, casamento gay; forjam processos ilícitos, prisões ilegais; buscas e apreensões indevidas. E agora a cereja na torta; mandaram prender certo deputado Federal, que gravou um vídeo com críticas acres aos membros daquele Tribunal.

Isso, apesar do artigo 53 da Constituição rezar que os parlamentares são invioláveis por suas opiniões palavras e votos.

Embora o conteúdo da fala possa ser alvo de juízo interno na comissão de ética, seu direito de falar o que pensa é inviolável. Digo; seria se nosso país funcionasse democraticamente.

Os papa-lagostas de capas pretas se portam como se estivessem acima do bem e do mal; e defendem-se como se divindades incriticáveis.

Uma vez que são delegados para serviço público e por nós são pagos, deveriam saber que suas autoridades são derivadas e perdem sentido, quando atuam contrariamente a quem as delegou.
Já passou da hora deles saberem quem manda.

Vergonhosamente, o Congresso Nacional invés de uma veemente diatribe contra essa intervenção indevida em seus atributos, corroborou a prisão ilícita, por 364 votos à favor, e apenas 130 contra.

Inútil uma lei escrita, por justa que seja, quando, o que faz a roda girar são câmbios fisiológicos, compadrio e cumplicidade de gente com rabo preso, ou interesses escusos em voga.

Não caio nessa tolice de que não sabemos votar. A ideia inerente é que outros tantos que não foram eleitos seriam os bons; não são! São farinha do mesmo saco. Não temos escolha. É ínfima minoria que presta. O resto, malgrado pompa e circunstância, ternos importados e discursos pomposos, não passam de lixo envernizado.

Não são sistemas, governos, partidos, ideologias que estão falidos; é o ser humano.

Salvas raras exceções, somos um amontoado de gente rasa, camuflado atrás de pretensões profundas. Aquilo flutuando sobre águas sem pesos de valor para atingir o fundo.

Deus chama todos à graça de Cristo; mas, os termos do seu Amor inefável já são aquilatados por muitos como “discurso de ódio”.

Não sendo possível tratar mediante a Graça, restará a Ele a frieza da Lei. E lá, o que está escrito vale.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Embalagens feias

“Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, andam com falsidade, fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, os seus moradores como Gomorra.” Jr 23; 14

Interessante essa “qualidade” dos falsos profetas denunciada por Jeremias; “... fortalecem as mãos dos malfeitores...” Vemos aqui uma faceta do poder das palavras a serviço do mal. 

Pois, profetas usam palavras. O “fortalecem as mãos dos malfeitores” é uma metáfora que significa: Corroboram as más escolhas, confirmam; fazem-nas parecer boas.

A Palavra não diz que criam a maldade; antes, fortalecem. Ela está já no coração humano; o mesmo Jeremias denunciara: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá?” cap 17; 9

Alguns detalhes mais, do seu modo de agir: “Dizem continuamente aos que Me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.” V 17 Faziam parecer que os desprezadores do Eterno, de corações duros, estavam em paz com Ele.

A questão sempre foi um conflito entre verdade e mentira; não, entre, algo ser bom ou mau. Paz é uma coisa boa, claro! Mas, quando existe apenas o rótulo sem o produto, esse bem é pervertido, torna-se mal; mentira.

Jeremias, ainda: “Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Cap 6; 13 e 14

Assim, embora os profetas possam ver algumas nuances do futuro, quando Deus quer, seu ofício mas importante é conhecer o Caráter Divino denunciando os desvios dos que pretendem pertencer a Ele.

“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Mas, se tivessem estado no Meu Conselho, então, teriam feito o Meu povo ouvir as minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Vs 21 e 22

Vemos aqui que seu labor era, antes de aferidores morais, que, prognosticadores do futuro. Falar a Palavra e instar as pessoas a reverem seus caminhos segundo Deus; eis, o labor sadio de um profeta!

Embora, após o advento de Cristo e Sua majestosa Vitória, seja possível a comunhão de cada um com Deus, sem carecer intermediários, a imensa maioria depende do que ouve, não, do que está escrito. Não investigam.

O missionário fulano, o bispo sicrano, o apóstolo beltrano disse, tomam como verdade. Dada essa dependência preguiçosa, quase suicida, a idoneidade do profeta torna-se mais que necessária, vital.

A “ungidolatria” que grassa deriva da ignorância de uma geração a imaginar que, abençoar seja prerrogativa humana. Não é.

No sentido de orar, desejar o bem até aos inimigos, sim; mas, estritamente falando, apenas Deus pode abençoar, coisa que, até o mercenário do Balaão sabia; disse: “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando o Senhor não denuncia? Eis que recebi mandado de abençoar; pois, Ele tem abençoado, não posso revogar.” Num 23, 8 e 20

Então, essa doença de pensar que o “ungido” é um Midas da mitologia grega, o qual, tudo o que tocava se transformava em ouro, tem feito a fortuna de salafrários e perdição de muitos incautos. Quando o ministro não tem caráter, não honra a Deus em seu ministério, o que toca vira bosta; maldição.

Deixemos O Santo falar: “Se não ouvirdes, e não propuserdes no vosso coração, dar honra ao Meu Nome, diz O Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração.” Mal 2;2

Ninguém pode honrar ao Nome de Deus, senão, nos Seus termos segundo Sua Palavra. Assim, além de viver os preceitos, deve, o profeta, ensinar retamente, por antipático desmancha prazeres, que pareça. Não é para dar prazer, antes, ser medicinal. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2;7

Então, embora não seja pecado aplaudir, desconfio de profetas cujas mensagens colhem aplausos. Um pecador ante um profeta veraz deve sentir ameaça de morte, não identificação aprazível. Tal ameaça é a bênção de Deus, mediante seu servo, visando a preservação do bem maior, a vida.

Assim sendo, os que fortalecem às mãos dos maus ouvem aplausos mais fortes, óbvio; os que falam segundo Deus têm mais chance de ser vaiados. Mas, suas soturnas mensagens são embalagens feias contendo a valiosa pérola da Vida Eterna.

Traidores de si mesmos

 

“O que anda na retidão teme ao Senhor, mas o que se desvia de Seus caminhos O despreza.” Prov 14;2

O que anda... o que se desvia... Notemos que, nosso temor ou desprezo pelo Senhor se demonstram pelo agir, não pelo falar.

As melhores declarações de amor a Deus são feitas sem discursos, basta atuar conforme Sua Palavra. “Se me amais, guardai Meus mandamentos.” Jo 14;15

Ele mesmo denunciou aos solícitos de língua e relapsos no viver; “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a Vontade de Meu Pai, que está nos Céus.” Mat 7;21

Uma questão resulta, então: Se, falarmos a coisa certa, simplesmente, não basta, dado que O Eterno sonda nossos corações, por quê as pessoas falam, se O desprezam no agir?

De outro modo: Se, sei que determinado remédio não curará meu mal, por quê o tomo? Talvez, Adão atrás da moita tenha algo a nos dizer.

A Palavra ensina: “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13

O temor que Deus aprecia é uma santa reverência baseada na necessária separação entre frágeis criaturas dependentes que somos, e O Todo Poderoso, Senhor do Universo.

O medo que faz buscar esconderijos, como Adão, não deriva da honra ao Ser Excelso do Eterno; antes, da certeza de culpa e eventual juízo, contra nós. Estabelecida a distinção entre o temor do Senhor e o medo humano, podemos também encontrar as raízes da obediência e dos meros discursos hipócritas.

Não sem razão, pois, a sentença de que “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Prov 1;7 Faz com que o “sábio” ande na luz, invés de buscar impossível esconderijo.

Como um viciado em drogas que “foge” das angústias que o assolam camuflando-as após uma cortina de fumaça, invés de saná-las, o que, ouvindo as demandas da consciência por ter falhado, faz arder o fumo dos louvores vãos, onde deveria deixar passear a vassoura do arrependimento e da confissão.

Agindo assim se faz traidor de si mesmo, uma vez que, não podendo se ocultar nada do Santo, acaba descansando na “segurança” do auto engano; como se pudesse inocentar-se sendo falso, invés de buscar o perdão do Senhor que “Ama a verdade no íntimo.”

O Salvador ao ser rejeitado em Seus dias denunciou a esses que se abrigavam no “lado bom” das trevas; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Por isso, o inimigo quando cega aos que pode, o faz em relação à Graça Divina, para que, alienados dela que está ao alcance (pois, o Senhor “É Grandioso em perdoar”) o homem se faça fugitivo; um pródigo que sai de casa, quando O Evangelho coloca em realce o arrependido que volta.

“Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Foi por rasgar máscaras dos que agiam assim, (com discursos ortodoxos e vidas ímpias) que O Salvador acabou na cruz.

Chegou a abonar o ensino de alguns, enquanto desprezava o caráter hipócrita; “Todas as coisas que vos disserem que observeis, observai-as, fazei-as; mas não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não fazem; Pois, atam fardos pesados, difíceis de suportar e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;” Mat 23;3 e 4

Se, na esfera humana o reles compadrio, troca de favores e os discursos do engano elevam alguns a lugares altos na sociedade, mesmo na igreja, perante Deus, o critério é outro; frutos.

“... já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3;9 Dissera o precursor, João Batista; reiterado pelo Senhor; “Toda a vara em Mim, que não dá fruto tira; e limpa aquela que dá fruto, para que dê ainda mais.” Jo 15;2

Para muitos, infelizmente, a Voz do Pastor soa a ingerência indevida, intromissão; nesses nada a fazer; escolheram o pastor errado; “Mas, vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vos tenho dito.” Jo 10;26

Os que escolheram ao Bom Pastor, não têm problemas com disciplina, correção, ensino; “Minhas ovelhas ouvem Minha Voz, Eu conheço-as, e elas Me seguem;” Jo 10;27

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Santos; o que são?


“Ser-me-eis santos, porque Eu, O Senhor, Sou Santo; vos separei dos povos, para serdes Meus.” Lev 20;26

Normalmente a ideia de santidade deriva por caminhos espúrios, diversos dos prescritos na Palavra. Essa condição é demandada para ser servo, simplesmente, não um intercessor ou milagreiro como vulgarmente se crê.

A condição expressa evoca “separação” de outros povos não num sentido étnico, geográfico, mas, espiritual. Mesmo estrangeiros deveriam ser recebidos entre o povo santo, caso decidissem adotar seu Deus e modo de vida, como fizeram Raabe, Rute e outros.

Não é uma condição que nasceu sob os “rudimentos do mundo” cujo aperfeiçoamento civilizatório a faria prescrever, como escravatura e poligamia, por exemplo; antes, é tão imprescindível, que a prescrição foi reiterada no Novo Testamento, para todos os que, mediante Cristo, desejarem se fazer povo de Deus; “Porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Se, os “limpos de coração verão a Deus.” Noutra parte essa “limpeza” que Jesus Cristo faz, mediante ação do Espírito Santo foi chamada santificação; “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

A separação entre os salvos e o mundo permeia todo ensino cristão; “Dei-lhes Tua Palavra, o mundo os odiou; porque não são do mundo, assim como Eu não sou.” Jo 17;14

Paulo ampliou: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Essa distinção se verifica até na escolha da “matéria prima” para edificação do Reino; “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;” I Cor 1;27

Como a edificação é feita Pelo Senhor, não depende de qualidades humanas, mas, de submissão; parece que “as coisas loucas” se amoldam melhor.

Assim como o sal, sendo porção ínfima numa refeição é significativo, indispensável, são os santos na terra. Minoria, para aspergir o “sabor de Cristo”, nos valores que adotam, pelo modo que vivem.

Quando O Salvador orou pela unidade, “para que todos sejam um”, esse “todos” restringe-se aos que se separaram do mundo por amor Dele; o apelo à salvação deveria ser universal; “Pregai O Evangelho a toda criatura”; Todavia, regeneração seria pontual, dada a minoritária resposta positiva que receberia; “Muitos são convidados; poucos escolhidos.”

Portanto, são balelas satânicas com capas religiosas essas coisas de ecumenismo, “Fratelli Tutti”, Deus como você O concebe, Campanha da Fraternidade LGBTQI+ etc.

Embora, o convite à salvação busca todos, só uma minoria atreve-se a “perder a vida”; o desafio para ser santos está no pacote da escolha; os demais são apenas o mundo, que não está nem aí par a santidade nos moldes Divinos.

A salmo segundo vaticina a união dos reis da terra, não pelo bem comum como apregoam os globalistas; mas, contra Deus; “Os reis da terra se levantam governos consultam juntamente contra o Senhor; contra O Seu Ungido...” Sal 2;2

As pessoas até cristãs vem sendo manipuladas pelo mundo e têm se tornado ressonância de narrativas malignas, invés de o serem da Palavra de Deus.

Se denunciamos a manipulação de dados que coloca todas as mortes na conta de certo vírus da moda, ou recusamos a crer na eficácia de uma “vacina” feita às pressas, nos acusam de alienados, negacionistas, etc. Que triste ver pessoas com caixas cranianas sem nada dentro...

Os de Deus, além de santos foram chamados a ser sábios na observância dos Seus Ensinos; “Guardai-os pois, cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deut 4;6

A Palavra de Deus, que não volta a Ele vazia, foi dada para gerar santos, regenerando pecadores caídos, não para modismos pretensiosos, onde, qualquer falcatrua moral cita porções bíblicas profanando a Deus; “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus Estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti.” Sal 50;16 e 17

Enfim, santo não é alguém que, depois de morto se nos faz intercessor, tampouco opera milagres. Antes, é um que, quando vivo é uma denúncia contra a insensatez do mundo ímpio, que traz em si uma centelha viva do Espírito do Deus que faz milagres.

Assim, enquanto o mundo ímpio trabalha para unir cobras e lagartos, a Santa Palavra de Deus segue deixando patente a separação entre luz e trevas; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Os danos da pressa

 “Aguardo ao Senhor; minha alma o aguarda; espero na Sua Palavra.” Sal 130;5


Aguardar, esperar; qualidade rara na terra dos homens. Mesmo a fé, virtude passiva que deveria descansar sobre a fidelidade e integridade Daquele em quem se crê, em muitos casos é usada, (seu nome pelo menos) não para rogos confiantes de quem crê e submete-se ao tempo e Vontade do Altíssimo; mas, para arrogâncias blasfemas de quem não sabe esperar.

Se, como disse Oswaldo Cruz, “O homem prudente, observando aos erros alheios corrige os seus”, cheias estão as Escrituras de testemunhos dos que erraram precisamente, nisso: Não saber esperar.

Foi por desistir de esperar na Divina Promessa que Sara sugeriu a Abraão que tomasse à escrava gerando um filho dela; não são pequenas nem desprezíveis as consequências dessa precipitação do Patriarca que, por um momento preferiu ouvir sua mulher, invés de seguir confiando no Eterno.

Saul, por sua vez, acossando seus medos mais que a sensatez, profanou sacrifícios, incapaz de esperar por quem de direito, o sacerdote Samuel. Outra precipitação de consequências danosas.

Adonias, na velhice de Davi, invés de esperar o desenrolar dos acontecimentos decidiu que reinaria em lugar de seu pai; sem consultá-lo apressou-se à própria coroação, o que, adiante lhe custou a vida. Pois, o escolhido por Deus e confirmado por Davi, para tal, fora Salomão.

Há muitos exemplos mais; por hora esses bastam para deixar patente que fé não é um poder que faz nossos anseios acontecerem, como apregoam os mercenários; antes, uma confiança que nos mantém inabaláveis, mesmo que eles não aconteçam.

Certas petições, lícitas até, muitas vezes Deus veta-nos, pois, se nos atendesse nisso, antes de outros ajustes disciplinares e corretivos que acha necessário, Sua bênção não seria tão abençoadora como Ele Quer; “Por isso, O Senhor esperará para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam.” Is 30;18

Imaginemos um precipitonildo desses atuais no lugar de Davi; fora ungido para ser rei; duas vezes teve chance de matar Saul, então, rival gratuito, que o perseguia e não fez. O Criador prometera-lhe o reino; confiou na promessa, mas não “ajudou” Deus a cumpri-la.

Se atentarmos para o restante do verso em apreço, veremos que o que se dispunha a esperar não o fazia sobre um vácuo; antes, sobre uma Promessa que ele sabia ser fiel; “... Espero na Tua Palavra”.

O Todo Poderoso não se ocupa de suprir nossos anseios, muitas vezes doentios. Ele zela por algo maior; “... Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Cada vez que rebaixamos a fé do “atacado”, “Crede em Deus crede também em mim;” e demandamos nela, minúcias do varejo, ainda vige um quê da sugestão maligna, do “Vós sereis como Deus sabendo o bem e o mal” a poluir nossa fé.

Não poucas vezes já ouvi pregadores aconselhando a “colocar a fé em ação.” Se atentarmos ao contexto em que tal coisa é dita, querem que as pessoas façam mandingas, oferendas e escaramuças várias que “apressariam” a Mão Divina.

De minha parte diria que as pessoas colocassem em ação ao que creem; se acreditam mesmo que Deus É Santo, separado do pecado, que tomem semelhante caminho, separem-se também vivendo de modo a agradá-lo; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei Seu Deus eles serão o Meu povo. Por isso saí do meio deles e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Temas da moda são “inclusão, diversidade, ecumenismo”;
Entretanto, A Palavra de Deus não é biodegradável como as coisas humanas. Não temos permissão nem autoridade para incluir aos que O Próprio Rei exclui;

Pois, se há um esperar relativo ao tempo, também há outro conexo com o modo; dos Seus Deus espera que ainda chamem às coisas pelo que são, malgrado, o que pensam no mundo; “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

O papel da fé é agradar a Deus; cresçamos nela, deixando enfim, as coisas de meninos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A metade da verdade


“Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos; o véu com que todas as nações se cobrem. Aniquilará a morte para sempre; assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, tirará o opróbrio do Seu povo de toda a terra; porque O Senhor o disse. Naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, Ele nos salvará; este é O Senhor, a quem esperávamos; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.” Is 25; 7 a 9

Sem dúvidas, Isaías refere-se à obra do Salvador; remoção de uma cobertura da face humana, algo como uma máscara, e aniquilação do poder da morte.

Paulo perguntou isso, aliás; “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” I Cor 15; 55 Males que foram vencidos na cruz de Cristo.

Mais adiante Isaías apresentou Deus como estando encoberto e precisando revelar-se; “O Senhor desnudou o Seu Santo Braço perante os olhos de todas as nações; todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.” Is 52; 10 

Quem estava escondido, afinal? O homem, ou Deus? Do homem fala sobre uma cobertura na face; de Deus, apenas o braço oculto.

A face sugere honra, caráter, aceitação, favor; tanto que, a forma de abençoar era uma invocação da Face Divina sobre o povo. “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o Seu Rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante Seu rosto e te dê a paz.” Num 6; 24 a 26 

Por outro lado, esconder a face, dar as costas equivalia a desprezo, indiferença, queixa do próprio Senhor contra Seu povo; “…porque me viraram as costas, não o rosto...” Jr 2; 27

Até hoje usamos expressões tipo, mascarado, ou, de duas caras, para denunciar a falsidade.

Conheci alguns drogados que em seu idioma se diziam “de cara” quando sóbrios; e “viajando” se, sob efeito de drogas. De carona nessa figura podemos dizer que a humanidade estava “viajando” na nau suicida do pecado; Cristo deixou-a “de cara.”

Assim chegamos ao “Braço do Senhor”. Ele não estava oculto por usar uma túnica demasiado longa ou algo parecido; antes, porque existia um óbice à Sua bênção sobre os filhos de Adão, (uma herança maldita, como diria o PT) coisa que o mesmo profeta expôs: “Eis que a Mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59; 1 e 2 Agora a Face oculta como sinal de reprovação.

Mesmo estando tudo bem com a saúde do Senhor, havia algo em nós que nos privava de Sua face; noutras palavras, Sua bênção. Aliás, sempre que houver barreira entre nós e Deus, qualquer “detetive” minimamente sagaz deve procurar pistas no homem. Pois, mesmo tendo obrado Valorosa e amorosamente desnudando Seu Braço, expondo Cristo à violência extrema e infâmia, para muitos, Deus segue encoberto.

Claro que isso se deve às suas máscaras, não às vestes Divinas. “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor?” Is 53;1

O avestruz enterra a sua cabeça e imagina-se oculto; de igual modo, muitos alegam mil coisas para disfarçar a incredulidade; tão afeitos às máscaras que, é quase como uma segunda pele. Sim, a dolorosa cruz esfola nossas faces, mas a dor compensa; pois, permite ver a Bendita Face do Senhor.

Muito ouvi que a Bíblia é mero compêndio humano; entretanto, nenhuma explicação coerente; como sendo o ser humano tão atraído ao pecado, surgiria espontaneamente uma “elite espiritual” que produziria demandas tão santas, excelsas, como ela contém. Acho que a afirmação é filha da máscara.

Paulo chegou a cogitar a possibilidade de se chegar a Deus no escuro; “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 27

Vários postulados filosóficos antigos combinam com ensinos bíblicos; Cornélio, sem preciso entendimento buscava Deus; enfim, muitos chegaram perto sem ver. Que dizer dos que “não conseguem ver” em plena luz? O que o “Braço do Senhor” disse: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3; 19

Aqui chegamos ao cerne da questão; muitos que nunca acharão a “metade da laranja” espiritual; preferem fingir que meio é inteiro amando a cobertura do mal; quem trai escandalosamente a si mesmo, a quem acusará no tribunal?